MANUEL E O CONTRABANDO



MANUEL E O CONTRABANDO

Um dia uma cambada de pinguço convidou Manuel para ir fazer compras no Paraguai e falaram-lhe das vantagens dos preços de lá. Eram quase de graça em relação aos produtos brasileiros. Ele aceitou na hora. Reuniu uma grande bolada de dinheiro e partiu. O ônibus andou dois dias, quase sem parar e chegaram a Pedro Juam. A cidade Manuel não gostou muito, porém o movimento sim. Havia mulheres bonitas para todos os lados. Ele estava encantado. Será que aquela mulherada também não estava a venda? Ele iria aproveitar a ocasião e comprar logo umas três. Não, não estavam a venda.

Manuel andou pra lá e pra cá,o dia inteiro.Tomou muita bebida importada. O uísque era baratíssimo, comprou logo três caixas. Comprou um computador, televisor, lanternas, filmadoras, uísque, rádios, relógios. Fez uma compra enorme, mesmo os colegas avisando que ele poderia ser barrado na estrada. Barrado nada, pensou Manuel. Até o motorista estava comprando. Depois das compras, passou a beber mais, cada vez mais, doido para trazer uma paraguaia daquelas. Uma paraguaia pulou fora na hora. Ser vendida como mercadoria? Que absurdo! Terminada a festança, o motorista reuniu o povão disse que era hora de vir embora.

Todos no carro se mandaram para o Brasil. No começo tudo transcorreu normalmente, até que chegou ao posto policial. O ônibus foi parado no posto para ser revistado. O povão desceu com a compra. Manuel desceu somente com uma sacola, o restante estava no porta-mala. A polícia entrou no ônibus e revistou tudo. Não encontrou nada de anormal. Revistou todos os passageiros e tudo estava certo. Foi revistar o porta-malas e deu de cara com a mercadoria de Manuel. Os policiais vieram como fera e perguntaram: de quem é aquela mercadoria no porta-mala? Manuel ia responder, mas os companheiros cutucaram o moço dizendo: se você falar,você e a mercadoria ficarão presos aqui. O melhor, é ficar quieto e fingir que não sabe de nada. E assim fez Manuel. Os policiais perguntaram de novo de quem era aquele pacotão de mercadoria no porta-mala do ônibus. Fez a pergunta várias vezes e como ninguém respondia, os policiais disseram:como a mercadoria anda sozinha e não tem dono, vamos ficar com ela. Podem descarregar.

Manuel ia reagir, mas os companheiros impediram-no. Desceram toda a mercadoria do Manuel.Mandaram o povão embarcar e seguir viagem. Manuel entrou no ônibus resmungando. Gastou um dinheirão com aquela compra e perder tudo agora. Iria presentear uns amigos e agora iria chegar sem nada.

Os amigos então perguntaram: ficou com pena do computador ou do televisor, Manuel? - Que televisor e computador nada. Fiquei sentindo foi pelas minhas duas caixas de uísque. Um uísque de primeira qualidade, legítimo escocês e tão barato, acabou mesmo ficando muito caro. Uma coisa aprendi agora, não volto ao Paraguai nunca mais.




Autor: Henrique Araújo


Artigos Relacionados


Manuel E O Delegado

Quantas MÃes Tem Manuel?

A Fazenda No Pantanal

Por Que Manuel Bebe?

Vai Com Deus

Pelados No Ônibus

O Barco Doido