RISCO DE QUEDA EM IDOSOS E A INTERVENÇÃO DA ENFERMAGEM



1. CONTEXTO ATUAL
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. No Brasil, em 1940 as pessoas com 60 anos ou mais representavam 5% da população geral, espera-se que em 2025 essa proporção seja de 14%1. Durante a fase de envelhecimento, fatores biológicos, doenças e fatores externos podem influenciar na ocorrência da queda.
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10)2, a queda é considerada causa externa. No entanto, Rubenstein & Maclean3 afirmam que as causas que provocam as quedas são múltiplas e podem ser agrupadas em fatores intrínsecos e extrínsecos. Entre os primeiros, encontram-se as alterações fisiológicas pelas quais o idoso passa, condições patológicas e efeitos adversos de medicações; ou uso concomitante de medicamentos, em excessos. Entre os fatores extrínsecos, destacam-se: perigos ambientais, calçados inadequados, entre outros. As quedas entre pessoas idosas constituem importante problema de saúde pública devido à sua alta incidência, às complicações para a saúde e aos altos custos assistenciais3.
Segundo Studensk & Wolter4, queda pode ser definida como um deslocamento não-intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade. Esses eventos estão relacionados com a diminuição da capacidade funcional, por exemplo, para a execução das atividades de vida diária (AVDs), destacando-se a ocorrência de quedas, bastante comum, temida pela maioria das pessoas idosas por suas conseqüências5-6.
Para Cunha & Guimarães7, a queda se dá em decorrência da perda total do equilíbrio postural, podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura.
Entretanto, Salgado & Guo8-9, entre os diversos fatores de risco para quedas, seguidos ou não de fratura, têm-se apontado o déficit cognitivo e a demência. Várias são as características e deficiências da demência que podem estar relacionadas ao aumento de quedas e fraturas entre idosos. Os déficits cognitivos englobam parte importante dessas características. O comprometimento da atenção e da memória, em especial a memória recente ou de aquisição, pode dificultar, por exemplo, a adaptação do idoso com demência a ambientes novos, Rocha & Cunha7-10. Comprometimento da marcha, desequilíbrio, instabilidade postural e diminuição do tônus muscular são também sintomas da demência que podem acarretar quedas. Idosos com déficits cognitivos podem também apresentar respostas protetoras comprometidas e um julgamento empobrecido da gravidade de seu quadro e de suas perdas, com pouca ou nenhuma consciência do problema. Isto pode levá-los a uma avaliação errônea de suas capacidades e a se engajarem em atividades arriscadas, acarretando acidentes7.
As conseqüências das quedas para os idosos podem ser bastante limitadoras e, em alguns casos até fatais. Os principais problemas decorrentes são fraturas, lesões na cabeça, ferimentos graves, ansiedade, depressão, o chamado "medo de cair" (medo de subseqüentes quedas), que também pode acometer idosos que nunca caíram11.

As quedas, além de produzirem importante perda de autonomia e qualidade de vida entre idosos, podem também repercutir entre seus cuidadores, principalmente familiares, que devem se mobilizar em torno de cuidados especiais, adaptando toda sua rotina em função da recuperação ou adaptação do idoso após a queda. Dessa forma o enfermeiro deve atuar de forma preventiva para que essas estatísticas possam ser modificadas, detectar os fatores intrínsecos e extrínsecos, a fim de modificá-los ou adaptá-los, diminuindo assim o grau de susceptibilidade para quedas em idosos.
Autor: Valeria Infantini Dos Santos


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