LÍNGUA LATINA: NATUREZA, ORIGEM E EVOLUÇÃO



LÍNGUA LATINA: NATUREZA, ORIGEM E EVOLUÇÃO

1- MARA AP. PEREIRA DO NASCMENTO

RESUMO
Este artigo objetivou, com o tema: "Língua Latina: natureza, origem e evolução", formar um apanhado envolvendo a história e disseminação desta língua. Através de pesquisa bibliográfica, costuraram-se informações, análises e visões de estudiosos e lingüistas. No decorrer foi possível verificar a questão da língua como instrumento de domínio. Nesse sentido, a língua, ou, o próprio ato de falar é um ato político. A língua tem o poder de desenvolver sociedades, unir povos, como também extingui-los. Verificou-se também a importância de estudos iniciais e básicos do latim para dar um suporte a conteúdos da morfossintaxe da língua portuguesa, os quais são alvos de dificuldades e reclamação por parte de muitos estudantes do ensino Básico e mesmo acadêmicos. Concluiu-se que fatos históricos atestam o Latim como uma língua morta, mas a prática social da língua portuguesa no Brasil a mostram com vivacidade de uso pungente. Isso não somente por ter originado outras línguas como as neolatinas (português, francês, espanhol. romeno e italiano), ou pelo fato da própria língua universal, a inglesa, contar com uma grande porcentagem de latim na origem do seu vocabulário, mas por ser utilizado quase como um empréstimo lingüístico no cotidiano, no específico e muitas vezes, até no cotidiano.

Palavras-chave: língua latina - História - Disseminação - Importância.

1- Graduada em Letras Vernáculas e pós-graduanda em Docência no Magistério Superior pela Faculdade de Itaituba (FAI) e pós-graduada em Psicopedagogia e Lingüística Aplicada pela Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia Darwin de Brasília (FACETED).

1 INTRODUÇÃO

O latim é uma língua de origem indo-européia do grupo itálico, também chamado pelos filólogos alemães de indo-germânica. O indo-europeu é língua pré-histórica, seu tronco lingüístico pode ser percebido em diversas línguas européias e com base nas semelhanças gramaticais e lexicais denotando uma raiz comum, concluiu-se que deu origem ao hitita, germânico, celta, itálico, albanês, grego, báltico, eslavo, armênio, tocário, das quais descende a maioria as línguas faladas na Europa e dos países colonizados pelos europeus, como também em algumas partes da Ásia e da Índia.
Vale salientar aqui através de DUARTE (2003:29) que o indo-ariano, oriundo do indo-europeu, deu origem ao sânscrito (Índia), o qual ganhou muita importância por, especialmente, ter sido utilizado nas sagradas escrituras hindus. Samskrya significa purificado, apurado, esmerado. É considerada, portanto, uma língua sagrada e polida, e por tal bastante conhecida hoje pelos seus diversos sutras e mantras entre os estudiosos adeptos de ioga e de outras filosofias orientais.
Aponta DUARTE (2003:77) a seguinte curiosidade: o sânscrito deu origem, no português, a palavra jambo, do Kindi (jambu), e ainda, o termo bhagavati originou o pagode brasileiro, que antes disso passou por diversos idiomas dravídicos. O termo significa templo hindu, ídolo indiano e festa barulhenta.
No final do séc. XVIII lingüistas perceberam que algumas línguas antigas da Europa e da Ásia (latim grego, sânscrito), apresentam semelhanças notáveis em suas gramáticas que indicavam a existência de uma origem comum. A célebre observação (1786) marca o início do conhecimento oficial do indo-europeu como uma família lingüística. Mais tarde comprovou-se que várias línguas extintas na Anatólia e na Ásia central foram escritas em línguas européias. "Supõe-se que o indo-europeu foi falado por um povo que se dispersou, por razões até hoje desconhecidas, há alguns milênios antes de Cristo, espalhando-se pela Europa e pela Ásia". (CARDOSO, 2005:6). No caso, então, o indo-europeu é uma proto-língua, ou seja, uma ancestral comum de uma família lingüística. Dela não há registros escritos uma vez que era falada antes da invenção da escrita.
O latim era língua falada no Lácio, região central da Itália, onde na metade do sec. VIII foi fundada a cidade de Roma.
Por volta do segundo milênio a.C, o centro da península itálica (a qual avança pelo mediterrâneo, a leste é banhada pelo mar Adriático, a oeste pelo mar Tirreno), foi sendo ocupada por povos originários da Europa central: os italiotas (sabinos, latinos, volscos). Etruscos, talvez da Ásia, fixaram-se ao norte, migraram para o sul, dominando os italiotas, dando origem à cidade de Roma e ao período monárquico.
DUARTE (2003:29) ressalta que os etruscos habitavam a Etúria, antiga província italiana situada na atual região de Toscana. Antes dos romanos, os etruscos constituíram os povos da civilização avançada da península italiana e o seu grande império. Porem pouca coisa restou. Somente algumas tumbas e cerca de 10 mil inscrições, de linguagem bastante obscura para o homem moderno, que pouca coisa decifrou delas (aproximadamente 300 palavras). Estudiosos estão seguros de que o latim sofreu influência dos etruscos, como também do grego.
Conforme DUARTE (2003: 18), à medida que os romanos, habitantes da península itálica, livravam-se do poderio dos etruscos e dos gregos que habitavam dominando a região, foram conquistando territórios e se fortalecendo. Com eles se disseminou o idioma latino que viria a ser peça fundamental da cultura e identidade ocidental, o qual por muito tempo constituiu a única língua culta do continente europeu.
Para efeito de estudos, a evolução da língua latina, conforme CARDOSO (2003:7) caracteriza-se e divide-se nos seguintes períodos: pré-histórico (anterior aos documentos escritos pelos habitantes do Lácio sec. XI e VII ou VI a.C), proto-histórico (aparece nos primeiros documentos escritos, VII e VI a.C IV a. C), período arcaico ( por volta de III a.c e início de I a.C), apresentando epitáfios, textos legais , obras de Névio, Plauto, Enio e Catão. Apesar de vocabulário reduzido, desenvolveu-se, sobretudo, pela influência da literatura Helênica (Grécia antiga). O período clássico (desenvolvido a partir da quarta parte do sec. I a. C,) momento importante para a prosa e a poesia latina, com obras de Cícero, Virgílio, Tito, Horácio e Lívio. É artístico e diferente do latim falado até pela alta classe. Preservou-se graças as obras literárias e dele originaram os fenômenos gramaticais da língua latina. O latim vulgar (realmente falado pelo povo romano, plebe, soldados etc.), envolvido em diversas províncias do império, aquele que propriamente deu origem as línguas românicas (catalão, provençal, sardo, rético, dálmata e as neolatinas ( definidas como línguas originárias das nações cuja as línguas são procedentes do latim: espanhol, francês, romeno e português).
O latim cultural, inclui o período Patrístico (II a V), inclusive a Vulgata de São Jerônimo e as obras de Santo Agostinho. O período pré-clássico (VII a.C à II a,C), o Clássico idade dourada da literatura ( II a.C à II d, C), Latim medieval ( do século VI ao XIV), surgindo as línguas românicas, período renascentista ( de XIV a XVII). O neolatim ou latim científico (de XVII a XIX), deu origem as línguas neolatinas, as quais, penetraram primeiro na linguagem popular, depois nas ciências e artes e na maioria das disciplinas que se libertam da filosofia.
O apogeu e a decadência do latim assim se explicam: os latinos assim chamados por habitarem uma região da Itália, antigamente, chamada Lácio (em latim latium), onde fica a cidade de Roma, tinham como vizinhos territoriais os etruscos e os sabinos. Da união destes três povos (latinos, etruscos e sabinos) deu origem aos romanos, o povo que conquistou o mundo antigo pela arte da guerra.

O nome Itália, surgiu Np sec. VII a,C sé se estendendo pela península no sec. I a. C através da expansão político-militar, a pax romana, a qual impôs , alem de outras coisas, a lógica de seu Direito, o sobretudo os padrões da língua latina. (CIVITA, 1972: 268)

Com a expansão de sua língua e de sua cultura deu origem também às diversas línguas hoje faladas na Europa central e em numerosos países da América. São as línguas neolatinas ( italiano, romeno, Francês, espanhol e português) que resultaram deste caldeirão cultural imposto ao mundo ocidental pelos romanos ao longo de 500 anos.
Da inteligência e do talento político dos romanos nasceu o fruto que foi colhido por toda a humanidade: o Direito. Aquele Direito romano é uma das grandes fontes do Direito contemporâneo em todos os países e não apenas naqueles onde se faz sentir o efeito direto de sua cultura.
Após conquistarem todo o mundo antigo, os romanos submeteram a língua a todos os inimigos. Especializados na arte da guerra e não tendo mais contra quem guerrear, deixaram se trair pelas leviandades e pelos vícios que acompanhavam a opulência, vindo a ser derrotados pelos hunos pondo fim a uma etapa da história da humanidade.
Com a queda do império Romano (476 d. C) acaba a História Romana e um século depois, mais ou menos, termina também a História da Literatura Romana, mas o latim continua ainda, por quase mil anos, sendo em toda a Idade Média a língua da civilização Ocidental, inspirando assim todas as obras primas das Literaturas Modernas, da Europa e da América. (COMBA: 1991:23)

O latim não era a única língua falada na península itálica, onde também se falava o osco, o umbro, o etrusco e também o grego. No entanto, o latim prevaleceu sobre as demais, ajudado pelas grandes conquistas militares dos romanos. O latim, enquanto idioma existia desde os tempos pré-históricos, porem foi a partir do sec. III a.C que adquiriu uma forma literária, construindo aos poucos uma gramática com regras explícitas, cuja consolidação se deu por volta de sec. I a. C; que é considerado o período clássico do latim.
Quando referir-se ao latim clássico, refere-se ao latim da época de Cícero, Cesar e Sêneca, ou seja, ao da época do apogeu de império romano, No entanto, ao lado desta língua erudita castiça, falada e escrita pelas pessoas letradas, havia o latim popular, com formas mais livres e sem a precisão das regras gramaticais, falada pelas pessoas do povo e, principalmente pelos soldados romanos que participaram das guerras e conquistas.
Foi desta língua popular no confronto com outros idiomas falados nas diversas localidades por onde passou o rolo compressor das legiões romanas, que se originaram as línguas românicas, dentre elas as neolatinas.
Paralelamente a isto, a partir do séc. III d. C, com a expansão do cristianismo pelo Império romano, se tem período cristão da língua latina, representando pelos escritores eclesiásticos a partir de então, sobretudo Santo Agostinho, São Jerônimo, Tertuliano. Santo Ambrosio, dentre outros. Este latim com influencias eclesiásticas foi o que predominou no ensino do latim em nosso meio, de modo especial coma a matiz italiano da pronuncia, ensinada nas escolas brasileiras até o inicio de anos 60.
Portanto é possível concluir-se o latim pode ser distinguido em latim erudito em clássico e eclesiástico. Quanto aos dialetos: não há dialetos na língua latina uma vez que os dialetos se transformaram em outros idiomas autônomos.
O latim acabou desaparecendo como língua por conta da decadência do império romano. A história do povo romano como outras, é marcada principalmente por conquistas, revoltas, lutas e guerras. No período de 503 a 27 a.C os romanos sentiam a necessidades de ampliar suas terras, de obter mais escravos e por tal empreenderam conquistas militares no que fez Roma a sede do maior império do mundo antigo.
Primeiramente os romanos dominaram a Itália, mais tarde guerrearam contra Catargo (os fenícios), situados no norte da áfrica. Estes confrontos chamados de guerras púnicas duraram de 264 a 146 a.C do que se abriu caminho para a dominação de várias regiões do muno antigo.
Os limites conquistados se estendiam da distante Lusitânia ao oriente dos areais da Lívia às terras Britânicas, e da Germânia ao Ponto, e a Cítia. A extensão desses limites se define no séc. II a.C., abrangendo grande parte da Europa, o norte da África e parte da Ásia central.
O exército romano tornou-se muito importante, interferindo nos destinos da política romana, o que causou crises internas, o fim da republica e o inicio da era de césares, imperadores no governo.
Vale ressaltar que é possível visualizar no entendimento atitudes e o perfil do líder e de suas tropas, que demonstram como forte característica a determinação, a audácia e a autoconfiança, através de frases do grande imperador Julio Cesar, listadas por (DUARTE: 2003: 19 e 22 ),
? "Alea iacta est" (a sorte está lançada), Imperador Julio Cesar , (49 a.C), quando decidiu atravessar a frente de seu exercito o Rio Rubicon que dividia a Gália e o território romano.

? Vini, viti, vici" ( vim, vi, venci). Era de costume dos comandantes militares após uma batalha escreverem os atos das batalhas num estandarte. Após a vitória do Ponto Cesar fez desfilar laconicamente com essa frase.

Os romanos também sabiam da importância da linguagem para dominação de outros povos, visto que, e inclusive, segundo SOUZA (2001:11) "a questão lingüística não se limita à problemas de ordem natural, estrutural, ou de cultura." Conforme DUARTE (2003:18) diziam os romanos: "Ubicumque língua romana, ibi Roma", o que traduz-se como: "onde quer que esteja a língua romana ali estará Roma.
De 27 a.C a 476 d. C, após atingir sua fase de glória, Roma enfrentou inúmeros conflitos internos e externos, marcando assim o início e sua decadência, ou seja, o declínio do Império Romano. Aponta: se como causa dessa decadência a falta de escravos, o aumento de impostos, a revolta dos dominados, a invasão os povos bárbaros e as relações entre romanos e germanos uma além das fronteiras de Reno e do Danúbio que nunca foram pacíficas.
Durante o reinado de Marco Aurélio a tribo dos marcomanos juntou-se na província romana da Panônia e ameaçou introduzir a primeira cunha estrangeira na integridade do império. A luta para expulsá-la durou quatorze anos.
O começo do isolamento do latim vulgar da Gália foi devido influências do leste. Roma teve um período vergonhoso chamado anarquia militar, onde nos quartéis reinava a indisciplina, e a púrpura chegou a ser posta em leilão.
Entre as rebeliões que aconteciam surgiu um Aureliano, um probo e ainda um Deuocleciano. Este se associou a Maximiliano, seu companheiro de arma, tomando ambos os títulos de Augustus.
Deucleciano ficou no oriente, Niciméduas e Maximiliano ficaram no ocidente de Milão. Com encargos muito pesados chamaram para auxiliá-los no governo de herdeiros, Constâncio Cloro e Gatério. Com esta divisão Roma deixa de ser a capital do Império. Os Augustus renunciam e os césares assumem a direção do Império. Trava-se uma luta entre Constantino e Maxêncio, filhos de Constâncio Cloro e Maximiniano.
Após a monarquia ter eliminado a tetrarquia, Constantino funda uma nova capital em Bizâncio a qual recebeu o nome de Constantinopla. Ao morrer Constantino deixa seu império a seus três filhos, um deles, Juliano, assume. Devido as guerras civis, o império veio a consolidar o cristianismo. Antes de morrer Teodósio dividiu o império entre seus dois filhos. Honório ficou com o ocidente e Arcádio com oriente. A partir desse momento deixa de existir o Império Romano.
O maior império germânico do mundo ocidental dividia-se em duas tribos principais: a dos sábios e as dos ripários. O advento de 481 de um jovem regulus franco, então com apenas quinze anos de idade, imprimiu novos e decisivos rumos aos acontecimentos. Em 486 atacou o general Siárgio e o derrotou. Com este triunfo assegurou seu prestigio perante os germanos da Gália, inclusive até entre os então considerados poderosos, os visigodos. Afastados os romanos da competição pelo comando da Gália voltou-se para os rivais do mesmo sangue. Pelo acima exposto esmiúça-se a fragmentação da românia.
As guerras e as conquistas sempre foram fundamentais para o surgimento de novas línguas. Para Vidal e La Blache (apud SOUZA, 2001:12) "o papel de um país no mundo se mede pelo número de indivíduos que falam sua língua", afirmação feita exatamente durante a Primeira Guerra Mundial.
Constata-se, por exemplo, que a Constituição da Suíça, em 1874, oficializava o alemão, o francês, o italiano e o romanche, incluído em 1937. A Bélgica, 1930, reconhecia o uso facultativo da língua, porem limitando este uso ao francês e o neerlandês (valão), como língua oficial. Ainda hoje tenta instituir o bilingüismo nacional. A Irlanda (1922) reconheceu o irlandês como língua oficial e tolerou o inglês. A Finlândia reconheceu a língua finlandesa e a sueca como oficias em 1919. Pelo perigo de acirrar o regionalismo, a Espanha, sem sucesso, mudou o nome da língua espanhola para castelhano em 1946.
Conforme Souza (2001:11), na verdade a evolução, disseminação e extinção de uma língua se relacionam diretamente com o interesse do poder. A língua e a linguagem são, sobretudo, uma questão política. Como instrumentos de comunicação podem servir à imposição de um domínio político por meio da cultura, podendo isolar classes sociais, enfim perpetuar o poder. Uma língua desaparece quando é substituída por outra mais forte. O uso popular do latim terminou no Império Bizantino (476 a 1453 d. C), quando perdeu lugar para o grego.
O latim clássico, língua literária do final da República e início do império romano, ainda é ensinado em muitas escolas primárias e secundárias, embora seu papel tenha regredido desde o início do século XX.

A última geração de alunos de ginásio que aprendeu Latim no Brasil foi a da reforma de Capanema. Mas o reaparecimento da língua de Cícero não passou de breve interregno, Adversários encarniçados do esforço intelectual acusaram-na de sobrecarregar excessivamente as jovens inteligências e não descansaram enquanto não livraram o ensino moderno da "poeira sufocante da antiguidade. (RONAI, 1980: s/p)

As línguas neolatinas, sendo o português uma delas, tiveram sua origem do latim vulgar, devido a esta ser uma língua dinâmica, em processo de evolução.

Em nossos dias o latim não é mais falado em parte alguma, mas é a língua oficial da Igreja e é estudado em quase todas nações do mundo, por ser, com razão, considerado elemento precípuo e fator eficiente de cultura, instrumento indispensável para o conhecimento profundo das línguas neolatinas e( português, italiano, espanhol, francês, romeno etc.) e meio incomparável para a educação da inteligência, disciplina do raciocínio e formação do caráter. (COMBA,1991:13)

Uma característica marcante da viva presença do latim na língua portuguesa reside na própria composição das palavras. Juntam-se dois radicais para formar uma palavra nova. Esses radicais provêm em sua maioria absoluta do grego e do latim. Por exemplo:
? AGRI: CAMPO - AGRÍCOLA;
? ANGO: APERTAR - ANGÚSTIA;
? CALORI: CALOR - CALORÍMETRO;
? CIDA: QUE MATA - GERMICIDA;
? COLO: CULTIVAR - AGRÍCOLA;
? DUCO: DIRIGIR - EDUCAR;
? EQUI: IGUAL - EQUIVALENTE;
? IGNI: FOGO - ÍGNEAS;
? LAC: LEITE - LACTENTE;
? PATI: SOFRER - PAIXÃO;
? PEDE: PÉ - BÍPEDE
? PISCI: PEIXE - PSICULTURA;
? VIDI: VER - EVIDENTE;
? VORO: QUE COME - CARNÍVORO.


Sufixos latinos mais comuns: ADA - PEDRADA; AL - PRINCIPAL; ERIA - DOCERIA; EAR - CABECEAR; ÁVEL - LAVÁVEL.
No hibridismo (reunião de palavras de idiomas diferentes) encontra-se, por exemplo: Auto (grego) + móvel (latim): automóvel.
Na derivação prefixal, o latim também se mostra muito presente nos prefixos que se juntam aos radicais. Algumas mais usuais:

? AB-, ABS: AFASTAMENTO - ABSTER;
? AMBI- DUPLICIDADE - AMBÍGUO;
? ANTI- CONTRA - CONTRAPOR;
? BI - DOIS - BÍPEDE;
? EX - PARA FORA - EXTERNAR;
? I- IN- NEGAÇÃO - INÚTIL;
? IN - DENTRO DE - INGERIR;
? PRÉ- ANTES - PREVER;
? SUPRA - ACIMA DE - SUPRACITAR.


No Brasil, por exemplo, segundo RONAI (1980,s/p), abonações extraídas de escritores mostrando citações se inserem no contexto brasileiro com grandes espíritos como Rui Barbosa, Machado de Assis, Carlos Drumond de Andrade e outros que mergulharam suas raízes na cultura latina.

Mas se verificou que o latim não era apenas mistifório substituível. Séculos de convivência estremeceram-no com o tecido vivo do vernáculo. A lacônica expressividade do idioma antigo conservava rodeios e locuções de que de que os cultores do estilo elegante não abriam mão. Episódios da história pátria e da universal estavam associados a legendas latinas. Termos da Filosofia, de literatura, de medicina não se deixavam substituir. Provérbios tinham encontrado em latim a forma de lapidar. Quer dizer que o latim não sumia apenas se degenerava pela impossibilidade de aprendê-lo. (RONAI, 1980: s/p)






Conclusão
Em suma o latim foi a principal língua litúrgica até o Concílio Vaticano Segundo nos anos de 1960. A igreja o teve como idioma universal até 1961. Ainda é língua oficial do Vaticano e o Rito Romano da Igreja Católica. Foi a língua oficial de Portugal até 1296 e influenciou línguas como o alemão e o inglês servindo de nomenclatura científica utilizada em diversos países do globo.
A importância do latim, a partir da expansão do Império Romano pelo ocidente e parte do oriente, reside no fato de ter invadido o campo da erudição, das ciências, das Letras e artes, pois na religião já reinava.
Para concluir da forma mais didática que me ocorre neste instante, encerraria com a seguinte indagação reflexiva:
- Elvis Presley morreu?
Um coro de fãs de ontem e de hoje responderia:
- Não, Elvis não morreu. Ele vive nas lembranças da juventude de uns, de romances modernos de outros e nos seus milhões de discos vendidos e ainda procurados.
O latim morreu?
Respondamos-nós:
- Não o latim não morreu. Após sua transformação em línguas neolatinas, o latim continuou a fornecer um repertório de termos para muitos campos semânticos, especialmente culturais e técnicos, para uma ampla variedade de línguas.
A mídia trás o termo "habeas corpus" (latim: corpo livre) em suas diárias notícias policiais. O calendário trás o feriado anual de corpus Christi (latim: corpo de Cristo). Indústria de fósforos e lâmpadas etc. trás a marca Fiatlux (latim: faça luz).
Na atualidade políticos, jornalistas, advogados, filósofos e escritores não se cansam de recorrer a expressões latinas. Como em outros países cultos, não falta um repertório de palavras e frases, provérbios, máximas, lemas, inscrições, epitáfios, locuções e de ditos latinos usados quase que popularmente.
REFERÊNCIAS

CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao Latim. 5ª Ed. Editora Ática. São Paulo. 2004.
CIVITA, Victor. Geografia Ilustrada. Abril S.A Cultural. São Paulo. 1972.
COMBA, P, Júlio. Programa de latim. 1º volume: Introdução à língua latina. Editora Salesiana Dom Bosco. São Paulo. 1972.
DUARTE, Marcelo. Guia dos curiosos. 2003.
RONAI, Paulo. Não perca o seu latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1980.
SOUZA, Álvaro José de. Geografia lingüística: dominação e liberdade. 3ª Ed.- São Paulo. Contexto, 2001, - (repensando a Geografia)


Autor: Mara Nascimento


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