Para muitos si mesmo basta




Para muitos si mesmo basta!
A certeza sombria do ser que se propaga.
Em sua descoberta mais precisa e vaga.
Deparou na periculosa e sórdida saga.
Si mesmo misturado com o todo vasto esparramado.
Tão vivo e insinuante tanto quanto inútil e desqualificado.
Amante da intriga e da promiscuidade avançada.
Emérito doutor do planejamento da alheia falsidade.
O patético sábio, o honorável idiota, o distinto defunto soldado.
Que lambe os portais do poder e os arcos das sinagogas.
Santo anjo pecador vil que rasteja até Deus.
Em nova roupagem de seis mil anos revela agora na carne.
Toda a infame escalada do reluzente e moribundo ego.
Até ao ponto aonde nos encontramos. Com a corda no pescoço.
De cabeça para baixo no calabouço. Nas trevas do fosso.
Aonde quase nada ou nada chega aos náufragos que derivam no caos.

Cheira à incerteza enquanto pragueja e rosna asneira.
Na úmida e escura noite... Como pedra nada percebe.
Nada sente e não se importa.

Decantado do pó da terra.
Germina do caos, do nada.
A conta gotas pinga da luz velada.
Preenchendo aos poucos a forma da alma.

Intemporal e temporal as duas faces da criatura.

Para uns si mesmo é nada. Um ponto fragmentado.
Só em seu mundo camuflado.
Demasiado ocupado criando personagens.
Sabe de cor e sorteado como aturá-los.
Lidar com o indesejado. Flertar com o abominável.
Fazer uso luxurioso do ego conquistado.

Uma escassa imagem que se reflete rala no ralo da mente.
Tua própria imagem reflete escassa e instável.
Arrastada pelas marés do tempo.

Em seu mundo rodeado de nada. Que dura apenas um fugaz instante.
Vive uma eternidade de fantasmas. Prefere fazer de conta para sempre.
Que nada sabe nada pretende saber. Nada quer nada precisa querer.
Enquanto por outro lado...
É arrastado pela forte atração da outra parte.
Cobiça todos os reinos anseia por poderes infindáveis.
Em uma lógica cega e completamente desajustada.
É levado para todos os cantos e lados.
Rasteja tomado por forças contrarias.

Uma desculpa cerimoniosa e chata.


Para muitos basta si mesmo. O inexorável, inexorável.
A metade da metade de nada. Fatia vazia e complexada.
Dividida em si diferencia as partes. Eu, Tu, Eles, Nós.

Para muitos só restará o desespero. O amargo gosto de si mesmo.
E a amarga certeza de não se querer. De esconder a vergonha de ser.
É o antídoto necessário, mas passageiro. Enquanto a feroz tempestade do espiritual.
Varre a mente e o corpo. Ferindo a carne imprimindo na testa a sina do Ego.
O pedinte faminto e luxurioso se prosta. Mil arrogantes faces se alinham.
Há procura da redenção final?

Escravo de uma força descomunal desconhecida.
O eterno presente ditador acima do bem e do mal.
Afirma e confirma tudo. És ti mesmo!
Para muitos, isso basta! Isto basta!

Mais, mais, mais, mais para mim.
O que significa nada menos nada mais que:
O contra veneno que se usa contra si mesmo.
Tal efeito e magnitude...
Entorpece quase tudo... Põe tudo a perder.

Tudo em um só nó.
Um nó cego.
O ego.
O contrario do certo.
O errado que pode dar certo.

O reflexo do sol.
A serpente que morde a própria cauda.
Derivado do todo incontestável velado e ocultado.
Nexos sem nexo, um paradoxo complexo.
Sem saber sua origem e identidade própria.
Flutua em uma tênue frágil bolha.
Mistura fantasias e sonhos. Pesadelos e incertezas.
No caos ilusório da existência.
Uma overdose do Eu. Possui a carne. Insinua-se para tudo.
Enquanto se mira no espelho. Nada enxerga além de si mesmo.
Tática manobra do ego. Em sua clara escolha tardia.
E a fugidia lembrança do que poderia ser.
A tolerância omissa ao ego carnal.

04-04-2009



Autor: Cesar Valerio Machado


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