Gatos



Silenciosamente a casa repousa

Na solidão que a noite traz

Não ouço passos, ninguém cochicha segredos alheios

Não vejo os risos que o dia esbanja aqui e ali

A noite é um grito aterrorizante nos meus ouvidos

Despertam nela fantasmas antigos

 

Também lá fora a rua escura dorme

Enquanto um gato passeia ao longe da minha janela

Um pio estridente corta o silêncio dessas horas mortas

 

E enquanto o gato vai de um muro a outro

O vento desarruma as folhas ajuntadas pelo varredor

Sopra o maestro desta triste sinfonia de ausências

Em que me encontro acomodada!

 

Longe um apito faz renascer o desejo de eternizar o dia!

Para que afugente tantos silêncios e a dor desse meu existir

Já não suporto a longa estrada, tantas curvas, tantas pedras

Quero descer desse trem ainda em movimento!

Quero agora a presença do cobrador!

Quero apresentar as minhas contas a pagar ou a receber!

 
Autor: Nara Junqueira


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