OUTRO OLHAR PARA AS ESFERAS DE PRODUÇÃO



Nestas breves reflexões abordaremos as teorias de Frederick Winslow Taylor e Henry Fayol sob um olhar crítico que pretende entender e perceber as característica e intenções de suas obras. Em seguida, trataremos da apresentação de, O direito a preguiça de Paul Lafargue numa perspectiva diferente das apresentadas pelos primeiros autores.
É no contexto de desenvolvimento industrial, onde o trabalho operário se generaliza que os autores vão desenvolver suas idéias. Taylor procura apresentar alternativas que especializem as formas de produção e reprodução do capital através da disciplina da administração geral como ciência, que trouxesse técnicas de racionalização do trabalho, como pelo planejamento, estruturação das indústrias e objetivação de técnicas e métodos de trabalho.
Taylor quando pensava, em sua época, não pensava em preocupações e qualidade de vida da classe operária, a sua escolha passava prioritariamente pelas mãos da hegemonia burguesa. Por suas próprias palavras, preocupava-se em tentar eliminar desperdícios e perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade.
Objetivamente podemos descrever seus métodos, como a fragmentação do trabalho, especialização nas etapas de produção, controle do tempo, produzindo mais em menos tempo.
Com Henry Fayol vemos a reprodução da mesma lógica, o objetivo é ainda aumentar a produtividade, tornar eficiente a maximização do lucro e é também pela administração que se tenta ampliar os ganhos.
Nesse autor, objetivamente suas técnicas se mostram na divisão do trabalho, disciplina, unidade de comando, subordinação de interesses individuais aos interesses gerais, remuneração do pessoal, centralização, espírito de equipe.
Após breves descrições, já que não cabe aqui descrever apenas como se dão os processos, mas prioritariamente desvelar as intenções, pode apresentar Lafargue sob uma visão mais humana, mais justa e mais compreensível.
O capitalismo nunca quer que percebam que o sistema pode ruir. Na medida da reprodução da riqueza para o capitalista, a administração é um instrumento que se aperfeiçoou em criar formas de superar as crises cíclicas e gerar cada vez mais capital, o século XX é o período com maiores exemplos desse jogo de interesses.
Winslow Taylor e Henri Fayol são teóricos que se dedicaram a estudar o processo produtivo, no intuito de maximizar os ganhos, sem perceber, ou em boa parte ignorando e desconsiderando as contradições que tais processos foram gerando.
O que se percebe na pesquisa anterior detalhadamente é que sendo uma teoria clássica ou uma administração considerada ciência, as duas perdem o foco dos meios e fins das instituições ( empresas) e das pessoas que as constroem. Como se percebe no mesmo Chiavento que descreve e defende em seus livros a teoria da administração: " a administração cientifica tinha diversos defeitos dentre eles, o mecanicismo de sua abordagem, teoria da maquina, a superescalização que robotiza o operário, a visão microscópica do homem tomando isoladamente e como parte da maquinaria industrial, a ausência de qualquer comprovação cientifica de suas afirmações e princípios, a abordagem incompleta envolvendo apenas a organização formal, a limitação do campo de aplicação à fabrica, omitindo o restante da vida de uma empresa, a abordagem eminentemente prescritiva e normativa e tipicamente de sistema fechado."
Na mesma perspectiva crítica, no entanto, de forma mais, direta, concreta e considerando uma abordagem histórica, podemos perceber que nem tudo está perdido, já que Paul La Fargue em "direito a preguiça" nos apresenta uma perspectiva que tem como ponto norteador a qualidade de vida e a denuncia a opressão e crueldade imposta ao proletariado.
La Fargue apresenta uma nova teoria da adminsitração é usar o trabalho de forma consciente e por todos independentes de classe. E se usar de alguma burocracia ou planejamento científico, que o faça para equilibrar o tempo de ócio e outras atividades necessárias a vida social. A economia nesse sentido se desenvolveria junto com as pessoas.
O que fica em interrogação é se tal proposta, consideraria a contradição diferente das teorias de Taylor e Fayol, e ou até seria uma resposta coerente ao acumulo de miséria junto com a riqueza burguesa presente atualmente na forma gerencial neoliberal.
De imediato, por simples hipótese e com nenhum intuito de conseguir comprová-la, eu diria que o direito a preguiça é um direito que está conquistando espaço gradualmente e pode ser usado para as novas estratégias do capital, mas se torna realmente interessante quando se faz resistência, quando não quer reafirmar a ordem vigente, que sabidamente não nasceu pra ser justa, mas que quer ser instrumento de alternativas possíveis ao capitalismo.
Autor: Lucas Alecrim


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