Pensamento geográfico no Brasil




Os primeiros estudos geográficos publicados no Brasil, foram influenciados por duas Escolas Geográficas: O Determinismo de Ratzel e o possibilismo de La Blache. Os Discursos do Estado e do Exército e a criação da disciplina de Geografia foram muito importantes, mas a atuação do Professor Delgado de Carvalho, nascido e formado na França, foi determinante na aceitação da Geografia como saber escolar.
A primeira experiência acadêmica na Geografia deu-se na fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo e do Departamento de Geografia em 1934. Nessa ocasião professores vindos da França com forte influência da Escola Francesa, marcaram o pensamento geográfico brasileiro com as concepções de Vidal de La Blache.
A década de trinta marcaria o desenvolvimento do conhecimento geográfico, bem como a colocação da Geografia nos currículos de cursos superiores e a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ? IBGE, que se tornou rapidamente o grande Centro de Estudos Geográficos no Brasil. Nas décadas de quarenta e cinqüenta as principais contribuições para desenvolvimento do conhecimento geográfico estão contidas em teses ligadas à Universidade de São Paulo e publicações na Revista Brasileira de Geografia.
A partir dos anos sessenta sob influência das teorias marxistas surgiu uma tendência crítica à Geografia Tradicional e o objeto de estudo passou a ser as relações entre a sociedade, trabalho e natureza.
Os anos setenta foram marcados pela produção de livros didáticos e a Geografia ganhou conteúdos políticos. A partir dos anos oitenta houve uma nova forma de interpretar categorias do espaço, mas a influência da Geografia Tradicional, descritiva e despolitizada dissociada aos conteúdos dos livros didáticos gerava contradições, pois o discurso do professor diferia da Geografia condicionada, era um discurso mais crítico.
A influência do marxismo para a Geografia foi de suma importância, pois foi por meio dele que pôde-se compreender e explicar o processo de ocupação e produção do espaço, as desigualdades sociais e as contradições entre o espaço produzido pelo trabalhador e aquele de que ele se apropria. De acordo com MORAES e COSTA apud SANTOS (1996): "...temos um século e meio de produção geográfica, onde as menções ao marxismo, mesmo que para refutá-lo, estão ausentes; a discussão, escamoteada. Arriscaríamos dizer que este alheamento é, em si mesmo, um dos elementos fundamentais da crise que atravessa o pensamento geográfico."
Nos anos atuais a Geografia ainda busca a excelência e o rompimento com a chamada Geografia Tradicional. O fato é que a Geografia nas últimas décadas vem acompanhando a evolução tecnológica e científica e tem sido fortemente influenciada pelas mudanças ocorridas na sociedade e pelo processo de Globalização. A palavra chave da Geografia nesse início de século tem que ser dinamização e não mutação, e as produções acadêmicas têm acenado positivamente nessa direção.

Artigo publicado no Jornal O Imparcial (caderno de Opinião, pág. 7) em 30/03/2004, São Luís, MA.



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Autor: Ney Silva


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