DROGAS X FAMÍLIA



DROGAS X FAMÍLIA

UMA VISÃO PARTICULAR A RESPEITO DO TEXTO ABAIXO.

A implicação da família no uso abusivo de drogas: uma revisão crítica: Miriam Schenkerl; Maria Cecília de Souza Minayo;

Por: Régina Sélia Durães Amaral ? Psicóloga CRP-03405

O texto supracitado faz uma abordagem bem realista do que vivemos na clínica. De fato, concordamos que a família é um fator de risco e de potencial destaque quando o adolescente convive com pais, familiares e amigos próximos que fazem uso de drogas, seja ela lícita como a bebida, ou não. Se o jovem tem convívio com pessoas queridas em casas recheadas com bebidas, o adolescente terá estimulo para usar ou até abusar do álcool e outras drogas.
Acreditamos que a questão da droga está relacionada com o desequilíbrio, um momento de instabilidade, no quesito "limite". A família hoje se depara com a dificuldade de impor regras e limites para os seus filhos, que por falta de um vínculo forte, buscam experimentar "o novo" com o intuito de preencher um vazio que nem realidade social e nem mesmo a família preenche ? em virtude da fragilidade do vínculo-.
Outro ponto abordado no texto muito comum no discurso da família: Imputação da responsabilidade do tratamento, única e exclusivamente, a uma equipe de profissionais ficando em "casa" aguardando que "curem" o seu filho.Eles não querem comprometimento e acreditam, talvez, que a responsabilidade do contexto familiar é custear o tratamento.Por vezes percebemos que esse "filho usuário" da droga é tratado pela família como um objeto.
A necessidade de resgatar a família para a formação de vínculos é de suma importância no trabalho de recuperação desse filho.
Não podemos negar que o adolescente busca a droga, também, por conflitos na família. Temos, entretanto, que deixar um espaço para aquele jovem que vive sem conflito familiar e busca a droga para se inserir em um grupo social, por busca de prazer, para aliviar dores de "amor", angustias etc..
Tratando-se de adolescentes, uma característica dessa fase não abordada vale destaque: "O otimismo irrealista". Essa é uma fase em que o jovem se acha imune aos males do mundo, e acreditam que os perigos não existem; período de transição no desenvolvimento entre a infância e a idade adulta, que envolve grandes mudanças físicas, cognitivas e psicossociais, deixando-o mais vulnerável dificultando a prevenção.
Por prevenção, às vezes a família costuma reduzir a discussão sobre as drogas, quando deveria aumentar a informação uma vez que a prevenção do uso de drogas, não necessariamente passa pela repressão. É mais rico e mais interessante a família trazer o assunto pra mesa de jantar, lugar onde todos estão reunidos e com possibilidade grande de confirmação do vínculo familiar.
Concordamos que a família deve ser conscientizada de que é também parte da problemática do jovem e deve assumir sua parcela de responsabilidade na solução do problema. A nossa experiência clínica demonstra que existem boas chances de êxito terapêutico quando a família é implicada no processo.
Concluímos que, quando há construção de vínculos saudáveis pela família a probabilidade do jovem buscar a droga diminui consideravelmente. Vale lembrar que a experiência em clínica mostra que o uso de drogas pode ser também resposta ou compensação a conflitos e disfunções familiares dada talvez (?) aos novos "modelos" de família desse novo século em sinal de desajuste pessoal e familiar que os pais de forma inconsciente, se recusam a ver.
O uso da droga quase sempre vem traduzir um agonizante pedido de socorro. Sofrem todos: Família e filhos. Daí a importância, como reporta as autoras do artigo em referencia, da forma de criar os filhos com limites, com segurança, para que não haja desvios de condutas. Afinal a busca pela droga pode ser um sintoma de um desequilíbrio familiar, ou simplesmente pode ser algo associado à crise da adolescência e em qualquer caso, a família deve se manifestar presente sem preconceitos.
O texto não apontou a "cegueira familiar". Esse fenômeno, muito freqüente entre famílias de usuários de drogas, indica uma dificuldade dos pais para enfrentar os problemas do filho. A cegueira familiar advém de desinformação ou até mesmo de posicionamento moralista e preconceituoso da família do usuário em relação à problemática das drogas.
Acreditamos que devemos seguir a linha sem culpados, nem vítimas, isto porque às vezes nos deparamos com discursos moralistas imputando a responsabilidade ora simplesmente nos filhos, ora nos pais. O importante é intervir na estrutura familiar fazendo com que todos impliquem no processo terapêutico; o texto aponta essa importância. Ratifico.
Boa abordagem das autoras.

Régina Sélia Durães Amaral
Psicóloga CRP-03405
Especialista em Dependência Química






Autor: Régina Sélia Durães Amaral


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