As Palavras São Sutis



As palavras são sutis e facilmente podem nos levar de volta ao auto-engano.
Dizer que o Eu imortal é "nosso", que a essência é "nossa" poderia nos levar a entender que o ego possui isso. Também pouco resolve pronunciar o famoso clichê "Eu Sou" tendo a mente identificada com o ego. Os jogos dele são sutis, inescrupulosos e cruéis ao máximo, pois trata-se de sua sobrevivência como "entidade", uma coisa que engana o universo inteiro, no sonho da existência separada de Deus, em inúmeras supostas dimensões. As entidades que se manifestam em centros espíritas e igrejas são uma identificação com o sonho de si.
A vida como a vemos com os olhos não tem existência em si, é mantida à força, à custa de medo e culpa num processo auto-hipnótico em cadeia universal. Por isso os grandes sábios do oriente não se envolvem com o reino das mentalizações, dos pensamentos e da energia , mas buscam o Samadhi, o Nirvana, o Tao que é o nosso Reino dos Céus a que Jesus se refere na nossa cultura, onde em Um Curso em Milagres ele diz que no Céu não há necessidade de milagre nem perdão. Nele toda ilusão, todo sonho e todo o tempo são dissolvidos.
O perdão aplicamos ao nosso dia-a-dia para dar início ao desmanche da rede onírica, fazendo primeiro o sonho feliz para depois nos desfazermos de tudo no Reino dos Céus com a ligação ao Espírito Santo, nosso Eu interior.
"Perdoar, não sete vezes, mas setenta vezes sete".
O perdão é a receita maravilhosa de Jesus para iniciarmos a eliminação do passado de nossa mente caminhando para a realização da mente onipresente de Deus em nós na libertação de toda dor, sofrimento e mágoa.
Por isso sempre digo que Deus é onipresente; não onipassado ou onifuturo.
Quando o tempo começa a ser dissolvido pelo perdão a força da mente relativa, sempre baseada no passado, no que aconteceu e não é mais, começa a diluir-se. Apenas permanece o que sempre foi, a verdadeira maravilha sem começo nem fim do Reino dos Céus em nós.
O Eu imortal é o que você É, a essência é o que você é. Resta aí apenas uma questão de identificação equivocada.
O corpo não é nada, é um sonho da mente restringida ao ego, não tem conexão com o que somos, a menos que estabeleçamos a conexão através da identificação com ele, e é o que infelizmente fazemos.
Resta agora tomar ciência e iniciar o desfazer dessa loucura onde só se busca e nunca se acha efetivamente uma felicidade suprema, que sabemos que é nossa, mas equivocadamente buscamos na rede auto-hipnótica.
Para o ego este desfazimento é uma questão desesperada de morte certa e quem dominou por milhares de encarnações não irá querer entregar-se simplesmente sem reação nenhuma. Sua intenção é dominar por mais centenas de milhares de outras, sempre na mesma ilusão: dá mas toma, espera e não vem, busca e não acha. Devemos ver sua falta de existência absoluta e seu jogo insano que não mede esforços para continuar nos mantendo presas da loucura deste mundo. E foi também por isso, e não por outra razão, que Jesus disse que o reino dele não é deste mundo, do mundo do ego, que foi quem o tentou na cena bíblica do deserto.
O demônio é o ego, não existe um demônio como se pensa e nem um Deus no tempo pronto a nos julgar no futuro e estabelecer se somos merecedores de sua graça. Isso foi invenção da igreja, a sede-mor do ego neste mundo.
Deus é o que você é. É esta "sua essência" que permanece e sobrevive a todas as alegrias e tristezas. É a paz, o alívio que te salvou em todos os seus piores momentos.
A felicidade e a maravilha infinita da vida são suas "agora" e nada nem ninguém podem tirar isso de você.
Só você mesmo pode tirar isso de si olhando para o ego, para o que você pensa que é, em vez de olhar para o que você é.

Riva

Autor: Rivaldo Andrade


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