Educação infantil a porta de entrada para um novo mundo.



Educação infantil a porta de entrada para um novo mundo.
Alexandre Cezar da Silva
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Desde o inicio de nossa colonização, o Brasil sempre vivenciou um grande vazio no campo que abrange as praticas de educação. Tomada inicialmente como um mero instrumento de colonização e domínio de nossas terras. Hoje, é vista por muitos como o único meio de se alcançar à verdadeira democratização, mas até nossos dias, essas em fatos, nunca passou de mero instrumento de controle e possessão de uma dada elite sobre uma maioria desamparada e desfavorecida.
A educação ou em outras palavras o ato de educar é compreendida como um fenômeno social, universal, presente em todos os grupos de indivíduos onde haja interação, sendo essa uma atividade humana necessária e que da sustentabilidade a própria sociedade como a conhecemos. Cada grupo existente hoje precisa cuidar da formação do individuo, auxiliando o desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a participação ativa e transformadora das várias instancias da vida social. Nesta concepção a prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também se constituem como processos que liga o individuo as diversas gerações que os antecederam.
Através da ação educativa o meio social exerce influencia sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem, essas influencias, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social, que sempre culmine em uma troca de conhecimento, em sentido restrito esta se limita as práticas presentes nas instruções ditas oficiais, as quais trazem consigo uma enorme gama de políticas sociais e administrativas, além de diversas ideologias partidárias, provenientes de esferas superiores, as quais normalmente vem em defasagem com as reais necessidades dos indivíduos que se encontram na base. Além dessas serem recobertas de uma sólida burocracia e ritos educacionais ultrapassados. É o que Freire reconhece e denomina de "educação bancaria". Como nos denuncia o citado autor é tempo de abandonar essa "educação tradicional" e retornarmos para o que realmente seja educar: Educar é antes de tudo conscientizar é envolver-se com o outro e levar o outro a envolver-se com o mundo (freires: 2002).
Infelizmente a nosso ver a educação bancária está presente em todas as etapas educacionais, sendo mais sentida, na instancia educacional tida como infantil. Atualmente de base meramente conteudista e não cognitiva como acreditam vários estudiosos: deveria ser essa a verdadeira base da educação nos primeiros anos. Acabou por gerar vestibulinhos, que a nosso ver nada mais são do que um retrocesso do nodo de se compreender a criança.
A educação infantil, para nossa compreensão e balizados nos diversos autores estudados, deve ser voltada para a profundidade da criança, para então a mesma mergulhar na magia do mundo que a envolve e que ela se encontra inserida. Essa consciência é o ponto de partida do aprendizado, em que o educador também é um aprendiz ? diria um eterno aprendiz, dada à infinidade do universo a nossa volta.
Assim, "educar é muito mais que trazer conteúdos ou informações aos alunos". Inicia-se pelo despertar da consciência profunda de si mesmo, como apontado acima. A criança precisa saber suas múltiplas dimensões e sentidos, o que a nosso ver ressalta o caráter cognitivo que deve abranger as aulas das primeiras letras. Para que a partir desse auto conhecimento ele possa atingir a sua autonomia, a ausência de tais procedimentos a nosso ver pode acarretar em dificuldades para o jovem na escolha de seu futuro.
Após o auto-conhecimento a educação infantil deve prosseguir, na magia e na beleza do universo infantil. Daí acreditarmos na necessidade da ludicidade nos primeiros anos de vida educacional, através de atividades que levem a criança a vivenciar a música, a pintura, o desenho, enfim, entrar em contato com a amplitude de seu ser em formação.
Essa atividade despertará na criança o indispensável sentido de habitar um universo em permanente transformação, no qual ele como artista é um dos principais atores neste grande espetáculo que é a vida. Assim compreendemos que a educação tem uma dimensão bem mais ampla do que trazida até agora pela chamada educação bancaria ou tradicional.
Balizados nisso acreditamos haver uma pungente necessidade de buscarmos processos educacionais diferenciados e mesmo uma nova didática, a qual não deve ser voltada para o individualismo, para a confecção de engrenagens para uma máquina que requer cada vez mais mão de obra. É necessário romper com tudo isso e o primeiro passo encontra-se indubitavelmente na educação infantil.
Na concepção de didática apreciada por nós, deveria trazer aquilo que denominamos de transgressão dos espaços bloqueadores de uma nova educação. Há que se rever, por exemplo, o uso do espaço dentro da sala de aula, que por sua vez devem ser compatíveis com os rumos de uma nova educação. Como as cadeiras em circulo em lugar de enfileiradas, a presença e a disponibilidade de livros, revistas, jornais, materiais lúdicos em fim tudo aquilo que possa ser aproveitado na ação de ensino aprendizagem.
Assim como os espaços dentro da sala de aula acreditamos ser necessário rever detalhes dentro da própria escola, há que se construírem espaços para o lazer, para a interação social, pois acreditamos que brincando também se aprende. Rever o próprio sistema de avaliação , a qual deve ser completamente reformulado. A grade curricular também deve ser mudada passando a ser mais flexível, construída em conformidade com a sensibilidade do professor, o qual obrigatoriamente deve reservar um considerável espaço para as artes como ressaltamos acima.
E fim rever a postura do professor com um todo, aprimorando suas sensibilidades, pois a infância é indubitavelmente a fase que requer mais cuidados, requer um preparo maior. Pois na mesma proporção que nesta etapa se encontra as maiores possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem é também neste período que podem ter origem os maiores traumas e que muitas vezes sequem o discente por toda a sua vida.
Balizados no exposto concebemos que uma nova postura docente é fundamental na criação de uma nova sala de aula, não mais voltada para uma "educação bancaria" como nos alerta Freire. A educação ? ou seja, a pratica educativa, deve ser compreendida como um fenômeno social e universal e como tal não está livre das influencias sociais e que por sua vez acaba por influencia todo o meio em que a educação formal e principalmente na modalidade infantil, pois a nosso ver é neste domínio onde mora os grandes tesouros e também os grandes estigmas que podem marcar mais profundamente toda uma vida.


Bibliografia

ESPÍRITO SANTO, Rui César do. Desafios na formação do educador: retornando o ato de educar. São Paulo: Papirus, 2002.
FREIRE, Paulo Reglus Neves. A Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.
REIS, Magali dos. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Educação & Sociedade, ano XX n.º 69 p, 209 ? 211, dez / 1999.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO, Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Brasília: MEC/ SEF, 1998.
CORRÊA, Cristina Bianca. Considerações sobre qualidade na educação infantil. Caderno de Pesquisa, n° 119, p. 85 ? 112, jul. / 2003.
RECH, Marlise Maria. História e Política da Educação Infantil na Produção Acadêmica no Brasil 1983 ? 1996. UFSC/ Centro de Ciências da Educação ? NEE 0 a 6, p.01 ? 06, (s/d).

Autor: Alexandre Cezar Da Silva


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