O PODER DEVASTADOR DO CRACK



Eduardo Veronese da Silva

Estamos assistindo diariamente noticiários dando conta do desespero de várias famílias, tentando tirar seus filhos da dependência do crack. Semana passada, uma mãe pediu ajuda numa delegacia da Serra/ES, para tentar acabar com sua agonia, tendo que trancar alimentos, roupas e a pouca mobília que resta em um quarto, para não ser vendida por seu filho para comprar a droga.
O domingo espetacular, apresentado pela Rede Record, registrou matéria exclusiva sobre o uso do crack em alguns estados brasileiros. Do noticiário, destaca-se o caso de dois jovens usuários da droga e o desespero das famílias na tentativa de tirá-los desse submundo, mas, com resultados muito distintos.
Raphan Gibson, de 19 anos, morador da cidade de Santos/SP, estava a mais de uma semana sem dar notícia e havia vendido quase toda a mobília do apartamento da mãe para comprar a droga. Ela resolveu pedir ajuda a justiça, na tentativa de interná-lo numa clinica de reabilitação. A matéria apresentou três formas de internação do dependente: voluntária: o pedido parte do usuário; compulsória: ocorre por determinação da justiça e a involuntária: por determinação da justiça com o consentimento da família.
Ele foi encontrado numa boca de fumo, resistiu, mas foi levado a força para a clinica. Dias depois, estava cinco quilos mais gordo e com ótima aparência. Sem o uso da droga, pensa em fazer medicina e constituir uma familia. Sonhos que são esquecidos quando está sob o efeito do crack.
Tobias Hahn, de 24 anos, morador da cidade de Porto Alegre/RS, não teve a mesma sorte de Raphan. Depois de oito anos de dependência e passar por sete internações, causando grande sofrimento aos pais, teve interrompida uma carreira promissora. Sua mãe, Flavia Hahn, tirou a vida de seu próprio filho, para não ser morta por ele.
Segundo ela, todas as vezes que estava sob o efeito da droga, ameaçava matá-la se não desse dinheiro para comprar a droga. Ás vezes, liberava o gás de cozinha e pegava o fósforo. Outras vezes, batia em sua cara, espalhava álcool pela casa e ameaçava botar fogo em tudo. Certo dia, ele a atacou com uma faca, para se defender, ela pegou a arma de seu marido e desferiu dois disparos que o levou a óbito. Flávia responde processo em liberdade por ter cometido crime culposo (sem intenção de matar).
Com certeza, ela não precisa receber condenação da justiça pelo crime cometido, pois já recebeu uma pena muito severa: carregar pelo resto da vida a dor e a angústia de ser a autora da morte de seu único filho.
Pode-se afirmar que o crack é a forma impura da cocaína. Entre os componentes usados para sua preparação, destaca-se a mistura de pasta base (resíduos da cocaína) com bicarbonato de sódio. Seu uso comum se dá pela via inalatória, fumado em cachimbos improvisados (marica) ou em objetos de uso diário: latas de refrigerantes, garrafas e copos plásticos. A fumaça produzida pela queima da pedra, chega ao sistema nervoso central (cérebro) em aproximadamente 10 segundos, devido a grande absorção pulmonar e seu efeito dura cerca de 5 a 10 minutos.
O crack não pode ser usado para se descobrir o "barato" que é promovido pela droga. Ele aumenta a concentração de dopamina (responsável pela sensação de prazer), ativando o sistema de recompensa cerebral. Isso faz com que o usuário volte rapidamente a usar outra pedra. Assim, muitos se arriscaram por esse barato e se tornaram dependente da droga. Hoje lutam desesperadamente para sair, mas não conseguem.

EDUARDO VERONESE DA SILVA
Licenciatura em Educação Física - UFES
Bacharel em Direito ? FABAVI/ES
Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas - PROERD
Subtenente da PMES
Email. [email protected]
Autor: Eduardo Veronese Da Silva


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