OS SOLOS DO ACRE SUA INTERAÇÃO AGROECOLOGICA E A APTIDÃO AGRÍCOLA.



A Amazônia sempre foi conhecida pela sua exuberante floresta rica em biodiversidade, mas essa grande floresta não é sinônimo de solos férteis como muitos pensam ou pensaram nos primórdios de ocupação da região. Até bem "recente" na década de 1970 o RADAM Brasil mapeou todo o território nacional, a região amazônica foi priorizada pela sua extensão territorial, pelo vazio demográfico e pela sua grande riqueza biótica, ou seja, havia necessidade de fixar pessoas nessa região, isso incentivou a estratégia de ocupação do poder público federal.
Com relação à fertilidade dos solos da região amazônica, constatou-se que esse é fértil enquanto houver matéria orgânica sobre ele devido à ciclagem de nutrientes realizada pela floresta. A ciclagem pela floresta ocorre com uma velocidade muito grande devido a sua localização na zona intertropical ou tropical, pois recebe grande radiação solar, energia, possui disponibilidade de laminas de água, evaporação, evapotranspiração, além de grande percentual de chuvas. Dessa forma a dinâmica de ciclagem da floresta é acelerada formando uma camada superficial de húmus.
No estado do Acre essas características citadas anteriormente não são diferentes, os solos são férteis em grande parte devido à ciclagem de nutrientes. Essa camada formada é superficial e em muitos casos quando retirada mostra a deficiência de nutrientes e minerais essenciais para as necessidades fisiológicas dos vegetais afetando assim seu desenvolvimento e produtividade.
A camada orgânica é importante para o solo, pois fixam nutrientes, protege diretamente da força cinética dos pingos da chuva, dos raios solares, mantém a umidade do solo, melhora a aeração e conseqüentemente o processo de infiltração da água no solo. Dessa forma observaremos um solo equilibrado. Caso o contrário ocorra, com relação a retirada da vegetação em grande escala e a conseqüente perda da camada orgânica observaremos um solo mais suscetível ao processo de lixiviação, compactação, erosão e aos efeitos de massa de uma forma em geral.
Isso demonstra que os solos do Acre são frágeis e com pouca aptidão agrícola. O Zoneamento Ecológico Econômico do estado classifica os principais solos em ordem decrescente: argissolos, Cambissolos, Luvissolos, Gleissolos, Latossolos, Vertissolos, Plintossolos e Neossolos. Percebe-se que os solos com maior percentual são os argissolos e os cambissolos que possuem algumas características inadequadas para atividade agrícola. Dessa forma devem-se utilizar os recursos do solo de uma forma manejada e sustentável. Ou ainda utilizando técnicas de conservação do solo como adubação verde, adição de matéria orgânica, além de outras tecnologias utilizadas pelo setor agrícola conforme necessidade da área.
A utilização de ferramentas ligadas ao Zoneameno Ecológico Econômico são fundamentais para futuros estudos e utilização das áreas com possível aptidão agrícola e florestal. Dessa forma algumas áreas poderão ser planejadas e manejadas antes mesmo de serem exploradas possibilitando o desenvolvimento econômico do estado.>


¹ ALEXSANDE DE OLIVEIRA FRANCO - Mestre Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, Professor Centro de Filosofia e Ciências Humanas Universidade Federal do Acre
² OSMAR COSTA DOS SANTOS - Graduando em Engenharia Florestal Universidade Federal do Acre

Autor: Alexsande Franco


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