Coordenação Pedagógica



COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: desafio interessante

Ana Cristina Oliveira Klava


RESUMO


Este artigo é resultado de um trabalho realizado durante 6 anos em uma escola pública e tem como objetivo principal mostrar que a relação de um coordenador pedagógico com os alunos e com os professores pode ser uma experiência das mais significativas e que nossos jovens precisam muito mais que apenas "Educação", precisam, clamam por atenção e carinho.




ABSTRACT


This article is a result of work carried out during six years in a public school's main objective is to show that an academic relationship with students and teachers can be one of the most significant experience and that our youth need more than only "education" must cry out for attention and affection.



INTRODUÇÃO


Muitas mudanças aconteceram no perfil da educação brasileira até os dias de hoje: diminuição do analfabetismo, aumento no número de alunos nas escolas e a exigência de professores e funcionários mais capacitados em sua formação para atender a demanda.
No entanto, deve-se ter em mente, tanto do professor quanto do funcionário, que a necessidade de formação contínua e consistente é fundamental, pois cada um deve estar atento às novas mudanças na educação, inclusão de novas tecnologias. Para isso, cada um deve considerar o investimento educativo contínuo. Essa formação não pode ser apenas acúmulo de cursos, mas uma mudança na prática educativa.
Diante dessas mudanças, o trabalho da coordenação pedagógica tem sido visto ainda por professores e funcionários e também por muitos pais, como sendo apenas o "controlador" de alunos indisciplinados.
Essa visão é centrada na pedagogia tradicional, onde o professor também tinha a função de vigiar, corrigir e ensinar.
Essa visão é justificada pelo fato de que, historicamente o supervisor é aquele que tem uma "super-visão" com o desejo de controle total dos outros. É como afirma Foucault

"Sabe-se que a Supervisão Educacional foi criada num contexto de ditadura. A Lei nº a instituiu como serviço específico da Escola de 1º e 2º Graus (embora já existisse anteriormente). Sua função era, então, predominantemente tecnicista e controladora e, de certa forma, correspondia à militarização Escolar. No contexto da Doutrina de Segurança Nacional adotada em 1967 e no espírito do AI-5 (Ato Institucional nº 5) de 1968, foi feita a reforma universitária. Nela situa-se a reformulação do Curso de Pedagogia. Em 1969 era regulamentada a Reforma Universitária e aprovado o parecer reformulador do Curso de Pedagogia. O mesmo prepara predominantemente, desde então, "generalistas", com o título de especialistas da educação, mas pouco prepara a prática da educação." (Urban, 1985:5)

O coordenador pedagógico é um gestor que deve coordenar um trabalho pedagógico buscando a identidade da escola de forma dinâmica, reflexiva e contínua, levando em conta os interesses de todas as pessoas da escola e a superação dos obstáculos.
O foco principal do trabalho do coordenador deve ser o processo de ensino-aprendizagem do aluno, levando em conta sua história de vida e verificar as suas dificuldades para poder ajudá-los.
O coordenador pedagógico é um líder com visão mais ampla, ou seja, voltada para fins pedagógicos de auxílio no processo de ensino-aprendizagem. Esse profissional é responsável por todas as discussões pedagógicas ocorridas dentro do âmbito escolar, inclusive a elaboração da proposta curricular e também pelo encaminhamento das alterações no Projeto Político Pedagógico da escola.
Celso Vasconcelos define o papel do coordenador pedagógico sob dois pontos de vista; o negativo e o positivo. Segundo o autor, a coordenação não é fiscal de professor nem de aluno, não é o dedo-duro, não é um tapa buraco e não é um milagreiro. Por outro lado ele afirma que a coordenação pedagógica é articuladora do Projeto Político Pedagógico, cabe a ela também a integração do trabalho no conjunto visando a interdisciplinaridade.
O foco do trabalho de coordenação deve ser individual e coletivo, e no aperfeiçoamento profissional de cada um dos funcionários da escola.
O coordenador é um intelectual no grupo e sua prática deve ser reflexiva, organizativa e interventiva.
O coordenador pedagógico deve estar atento a todas as coisas que acontecem na escola, no que diz respeito a alunos e professores. O seu trabalho, com o passar do tempo, acaba se tornando muito além do trabalho pedagógico, pois com o mundo onde na maioria das vezes deixou de existir o tradicional núcleo familiar, o coordenador, muitas vezes faz papel de conselheiro, psicólogo, amigo. Sendo muitas vezes o porto seguro de muitos alunos. Essa relação acaba se tornando uma relação de amizade e respeito. E é o que deveria acontecer em todas as escolas: a relação coordenador/aluno deveria ser totalmente de amizade, respeito e acima de tudo confiança. Acreditamos que assim a educação, de um mundo geral, irá melhorar, pois o investimento na educação não cabe apenas a coisas materiais, mas investir no ser "humano", na relação do ser humano com o próximo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O relacionamento do coordenador pedagógico com o professor deve visar uma relação de mediação, pois ele trabalha diretamente com alunos e pais também. Esse coordenador deve conhecer a realidade do professor, acolhendo-o e reconhecendo suas necessidade e angústias. Também deve buscar caminhos alternativos para resoluções de problemas, buscar materiais que provoquem o avanço, tanto do professor quanto de alunos e funcionário e acompanhar lado a lado a caminhada do coletivo escolar.
Para que a ação mediadora do coordenador aconteça é necessário que o mesmo construa um grupo de relações, conhecendo o que está por trás das queixas. O coordenador deve ter clareza dos objetivos da Educação e saber o que é realidade e o que é desejo.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho
pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de
aula. 9ª ed./ São Paulo: Libertad Editora, 2008.


HOFFMANN, Jussara, Avaliação Mediadora: uma prática em construção
da pré- escola à universidade. Porto Alegre: Editora Mediação, 1993.
20ª Edição revista, 2003.

Autor: Ana Cristina Klava


Artigos Relacionados


Qual O Verdadeiro Papel Do Coordenador Pedagógico No Espaço Escolar?

As Contribuições Do Coordenador Pedagógico Na Prática Do Professor No Ensino Fundamental Do Colégio “x” No Município De Riachão Das Neves

A Coordenação Pedagógica E Os Seus Questionamentos

Uma Reflexão Acerca Das Atribuições Do Coordenador Pedagógico

A Função Do Coordenador Pedagógico

Coordenador Pedagógico: O Centro Gravitacional Da Escola

Contraponto De Finalidades: O Coordenador Pedagógico