Caminhos da Psicopatologia: Uma abordagem fenomenológico-existencial...



Caminhos da Psicopatologia

(uma abordagem fenomenológico-existencial...)

A relação entre a nossa subjetividade individual e o contexto sociológico em que vivemos e estamos inseridos pode e desencadeia psicopatologias...
A saber, a vida social nos coloca diante do Outro. Existem muitos Outros... E neste encontro com o Outro, somos remetidos à experiência essencial de tudo o que a gente tem e é --- O Outro me afeta, me atinge, e me solicita criar novas "organizações psíquicas" em face destes encontros e tentar estabiliza-las, temporariamente, porque as relações estão sempre mudando... Percebemos, então, que o Outro não é só alguém... Ou algo...
São acontecimentos de toda a espécie: movimentos econômicos, políticos, sociais, culturais, inovações tecnológicas, modos, modas, comportamentos, valores --- Tudo se fazendo e desfazendo, se misturando... O Outro, aquilo que nos é diferente, sempre, se apresenta como um problema-desafio...
O nosso repertório mental com o qual estamos dotados para reagir, "às estas novas demandas", requer uma nova configuração de forma para que possamos nos articular às novas exigências de Ser e Fazer --- relacionar-se, adaptar-se, sobreviver... O efeito destes encontros com o Outro vai materializando mundos psíquicos, inéditos, à nossa gênese constitucional. Isto significa que a nossa identidade sofre abalos ao nos serem impostos novas formas somático-existenciais para se integrar aos novos encontros com o Outro... Esta nova ecologia das subjetividades desorienta as matrizes de nossa constitucionalidade --- capturam-na, canalizam-na para dentro de "outras redes de sentido", e a moldam... Em outros caracteres! O espaço de nossa percepção tenta converter-se aos novos valores para produzir em nós, "a ilusão de inclusão neste novo Mundo!". A reconfiguração de nosso território existencial, continuamente, se refaz na velocidade dos novos acontecimentos... Ou seja, há sempre uma nova sobrecodificação sobre o nosso processo vital (que comporta a nossa vida psíquica...). Diante de tantas experiências, inassimiláveis, produzidas pelo vertiginoso processo de modelagem do mundo, o corpo, esta "anatomia emocional" --- construída pelos processos seletivos da evolução biológica, rompe a sua homoestasia, produzindo SINTOMAS que são a metáfora bio-simbólica do organismo, "em crise". Ocorre, por conseguinte, uma redução na capacidade bio-psíquico-somática de gerar novas imagens de si, organizadoras de novas ações, e de novas ligações... Não conseguimos mais, sustentar os nossos territórios existenciais, e sucumbimos. Há um bloqueio na continuidade em seguir confirmando a nossa essência original, formativa... Adoecemos. A preocupação do corpo, não é apenas sobreviver, mas, sobreviver através de uma relação "consigo mesmo", organizando a experiência em formas somáticas e comportamentos, assimilando os eventos que nos chegam de instâncias "pré-pessoais" --- nossa herança genética e constitucional --- e de instâncias pós-pessoais --- as figuras da subjetividade, disponíveis no Social.
O corpo organiza um substrato pessoal psiconeuromotor de múltiplas linguagens a que chamamos sujeito ou pessoalidade...
O corpo, compulsoriamente, organiza-se a si mesmo, e este processo vivo tem um investimento total em continuar a perseverar no seu Ser... O corpo fala por sensações, sentimentos e pensamentos, portanto; ele se comunica consigo mesmo para que possa influir em seu comportamento... Este diálogo (interno) é sempre sobre o que fazer a respeito de minha situação imediata (a partir de seus próprios conteúdos... interiorizados). Esta mediação se faz, através de um sofisticado sistema de feedback neural que chamamos... Cérebro!
O modo de produção da nossa imagem corporal, também, está intrínseco à nossa cartografia neural (experiência excitatória, inibitória e motora vivida) o que permite formar diversidade...
Diante de tantas formulações, cobranças, ameaças e o devir... Irreversível... Os nossos "mecanismos de defesa" ficam exacerbados e entram em colapso! Desse estado de coisas, advém o stress...
A cronificação destes estados sensório-afetivos gera psicossomatizações e, obviamente, distúrbios psíquicos como subprodutos. Ocorrem, também, doenças auto-imunes e patologias orgânicas decorrentes do superávit metabólico...
A cristalização dessas (psico) patologias altera o equilíbrio neuroquímico, maximizando os conflitos psíquicos e amplificando os SINTOMAS.

Reinaldo Müller

Autor: Reinaldo Müller


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