OS HERÓIS AINDA SERÃO OS MESMOS?
Hoje, quase vinte anos depois, assistimos a ocupação pela Polícia Militar de algumas favelas que até então eram dominadas por traficantes, em especial as da região da Grande Tijuca. Pelas fotos estampadas nos jornais e reportagens nos tele-jornais, nos parece que o poder público está resgatando a cidadania daqueles que por décadas viveram a sob o terrorismo e ordem dos marginais que obrigavam os moradores a serem seus cúmplices, verem seus filhos se tornarem mais um "soldado" a serviço do tráfico e suas filhas ainda na adolescência serem submetidas a caprichos sexuais dos bandidos, tendo como única opção no caso de não concordarem, a de abandonar suas casas para salvar suas famílias.
Independente de ser partidário ou não do governo atual do estado do Rio de Janeiro, não se pode negar que as UPP?S são a única tentativa real nos últimos vinte anos para se resgatar o direito de ir e vir daqueles que, na maioria das vezes, por falta de condições são obrigados viverem em morros e favelas.
Até mesmo o argumento de que os bandidos estão apenas mudando de endereço migrando para outros morros não pacificados, não serve como crítica, até porque se estão abandonando seus locais de origem, é porque está dando certo e a polícia está vencendo essa batalha contra o poder e domínio do tráfico pela primeira vez na estória da cidade do Rio de Janeiro.
É claro que ainda é pouco, o ideal seria que todas as favelas fossem pacificadas, que as ruas e calçadas do asfalto fossem policiadas, que o número de homicídios, roubos, furtos e demais delitos caíssem a números de uma cidade da grandeza do Rio de Janeiro, mas para isso sabemos bem que também seria necessário uma UPP na própria polícia, outra para a política que usa as comunidades para angariar votos, outra para policiar os empresários do tráfico, que são os que realmente enriquecem a custa dele e principalmente uma UPP para policiar a sociedade em sua grande maioria, que só pensa em levar vantagens às custas do prejuízo de outros.
O primeiro passo está sendo dado, se merece reparos, que sejam feitos, se contém cunho eleitoral, mas traz benefícios à sociedade, tudo bem, porém o mais importante de tudo será o dia em que os meninos dos morros e favelas do Rio de Janeiro ao iniciarem uma brincadeira de "mocinho e bandido", briguem para ser o policial e não para serem os bandidos como era em nosso tempo de crianças. Aí sim poderemos dizer que o trabalho surtiu efeito, que valeu a pena e enfim que as crianças desses guetos a partir daí terão os mesmos direitos e facilidades para se tornarem cidadãos como qualquer criança do asfalto.
Tomara que esse dia não demore muito a chegar e que muito em breve possamos gritar aos sete cantos que " NOSSOS HERÓIS AINDA SÃO OS MESMOS"
Jorge Leite
Diretor Administrativo
Autor: Jorge Leite
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