Inocência
Na TV um gato e um rato travavam uma briga eterna. O rato então pegou uma faca, grande e brilhante. Cravou a faca no peito do gato. O gato gritou. Alto. Engraçado.
O bebe riu sozinho.
O papai chegou e a baba foi embora. O papai pegou o bebe no colo.
_Vem cá campeão.
O bebe tem três anos, embora não saiba disso.
_Datinho!
Tentou explicar ao pai para este também desse risada. Mas ele não entendeu:
_É, campeão, você viu o gatinho? Vem o papai vai fazer alguma coisa pra você comer.
O papai pegou os legumes no refrigerador. E pegou também uma grande faca. Tão brilhante. Tão maravilhosa. Com ela descascou e picou os legumes. O bebe assistiu maravilhado.
De repente o telefone toca na sala ao lado. O pai deixa a faca, grande e brilhante em cima da bancada, ao lado da pia, e vai atender.
O bebe não alcança a bancada. O que ele vai fazer? Ele quer rir junto com o pai. Ele quer brincar.
O bebe arrasta uma cadeira para perto da bancada. Pega a faca. Tão linda. Tão brilhante. Ele se lembra de sua mãe lhe dizendo para não brincar com facas. Mas porque só ela e o pai podiam se divertir? Não haveria mal algum. Ele brincaria um pouco com o papai e a mamãe nunca saberia.
Com a faca em mãos desceu da cadeira.
O pai voltou da sala.
_Papa, ó.
O bebe mostra a faca triunfante antes de enfiá-la no peito. O pai grita. Não era um grito engraçado.
O bebe não sabe o que é morte. Mas ele logo saberá.
Autor: Viviane De Sousa Furtado
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