Nuno



Num berço dourado, um tenro bébé dorme calmamente, embalado pelos braços ternos da mãe.Nele tem embutidos todos os sonhos, todos os medos, todas as angústias, inerentes ao ser humano.Acarinhado diariamente pelos pais, a sua infância é um mar de rosas, onde a inocência e pureza habitam.Nuno, de seu nome, cresceu de forma saudável, sem doenças, tragédias nem nada dessa índole.Fez o seu percurso escolar de forma bastante razoavel, subindo etapa a etapa até ser formado Criminologia.Actualmente faz parte do departamento de investigação criminal do D.I.A.P do Porto, tendo chefiado já ínumeras apreensões, tais como: Drogas, armas ilegais, produtos contrafeitos e obras de arte furtadas de museus.Certo foi-lhe apresentada uma investigação duma complexidade brutal, desmantelar uma rede de tráfico de mulheres para actividades ilegais.Ao analisar o documento, o suor caía-lhe em bica da testa, tal a intensidade de pormenores lá descritos.

Ponderou dias a fio, fechado em casa, onde vivia só visto ser solteiro.Estruturou tudo de forma metódica e minuciosa e depois de elaborado o plano, apresentou-o no departamento a fim de se limarem as últimas arestas para a emboscada.A rede operava no Leste Europeu, trazendo depois as jovens para estabelecimentos de divertimento nocturno na zona de Coimbra.O D.I.AP em conjunto com a polícia judíciaria e com as autoridades dos países de Leste, Ucrânia, Letônia, Moldávia entre outros, criaram uma rede uniforme de ataque a este flagelo humano.O plano acentava na estratégia de agentes se infiltrarem nestas redes e consoante as movimentações destes, transpirarem informações vitais para o sucesso da operação.Calhou a Nuno o designío de membro infiltrado.

Viajou para a Ucrânia, lá residiu durante meses, estudando ao pormenor, hábitos, costumes, formas de actuar destes criminosos.Certo dia nas ruas, noite cerrada já, abordou um dos cabecilhas.Nuno vestia-se de forma mundana, roupas largas, sujas de óleo e pó, gorro na cabeça,luvas rasgadas nas unhas e a barba de vários dias.Disfarçe ideal que nem o mais astuto dos dissidentes desconfiaria, tendo tambem o investigador a vantagem de ser políglota, pondo em práctica o seu sotaque soviético aprendido na faculdade.Passado 6 meses estava já numa posição de alto pretisgio dentro da rede, tendo acesso a dicas e informações de alto teor de secretismo.Fazendo uso do seu Iphone, devidamente refundido numa gaveta no seu apartemento T1 degradado na baixa da cidade de Kiev.

Foi-lhe comunicado pelo cabecilha-mor, que havia um "carregamento"(desculpem-me a expressão) de jovens meninas pronto a ser levado ilegalmente para Portugal.Mal lhe foi transmitida tal ordem, Nuno nem hesitou em fazer passar, sigilosamente aos serviços de Portugal.Meteu-se a caminho com outros 6 membros do grupo armado, num camião sem referências a nada, podendo assim trespassar a fronteira sem intervenção das autoridades.Foram galgando quilómetros, até estacionarem mesmo no Centro de Coimbra, em frente a uma casa de divertimento duvidoso chamada "Noites Loucas".Vieram-lhe as lágrimas aos olhos, vendo estes homems tratarem as jovens meninas como se de mercadoria se tratasse, sem sentimentos, sem escrupúlos, respeito ou bom senso.A armadilha dos agentes policiais estava armada em torno deste Clube, com vários espiões em pontos estratégicos da área demarcada.Depois de entrarem todos os delinquentes, foram passo a passo acercando-se da casa, fazendo um cordão em seu torno.

Esperaram breves minutos cercando todos os ângulos da casa e sabendo de antemão que um dos seus permanecia no interior.Ao soar da ordem, entraram de rompante,partindo os vidros das janelas, só se ouvia os berros das miúdas, aterrorizadas com tamanho cenário de horror.Ouviram-se tiros entre os traficantes e os policias, Nuno tinha puxado também da sua arma, tentando fazer uma detenção limpa e sem feridos.Mas infelizmente, numa bala perdida, Nuno foi alvejado no abdómen, tendo ficado prostado num quarto, berrando insistentemente sem que ninguém o ouvi-se, esvaindo-se em sangue.Após todas as detenções, todos os membros tinha sido já levados para as istâncias legais, ouve-se um grito frágil e já intermitente.Todos pensaram o mesmo, era Nuno, correram em sua direcção, já acompanhados pelos serviços médicos, prestando ajuda imediatamente, sendo uma questão de segundos, quse se demorasse talvez já não fosse possível prestar serviços médicos ao heróico agente.

Depois de 3 meses nos cuidados hospitalares, conseguiu regressar a casa, sentado na sua cadeira de baloiço vêem-lhe á cabeça todos os olhos inundados de tristeza daquelas miudas levadas á força para um mundo de deboche, promiscuídade e falta de valores, onde só a sujidade da alma e falta de princípios torna real.Meditou no sentido de abandonar a sua profissão, mas a sensação de saber que todas aquelas tenras jovens estavam ja sãs e salvas nas suas casas longe das garras daqueles maníacos conferiu-lhe uma nova motivação para abraçar esta causa!

Autor: Rui Castro


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