A Música De Todas As Festas!



Hoje aqui, espero poder ser fiel portadora do colorido da nossa Cultura de Raiz Popular. Essa rica Herança que muito apreciamos, deixada pelo Povo, para o Povo.

E começo por introduzir um pouco de história, que é parte integrante da identidade da nossa gente.

Em meados do século XIX, quando se implantaram na Europa, mais concretamente no nosso País, as ideias liberais, verificou-se o aparecimento das Associações de Trabalhadores, que conscientes dos problemas que existiam entenderam, numa união de esforços, poder aspirar a uma qualidade de vida mais digna e mais culta.

Começara a constatar-se, de maneira bem vincada, a necessidade das pessoas promoverem a cultura. Uma cultura que fosse do Povo.
Pelo que uma das grandes prioridades foi dada à instrução Musical.

Foi então que começaram a aparecer, paralelos ás Sociedades e Associações, os chamados “Conservatórios do Povo”, fazendo brotar por todo o País as populares Bandas Filarmónicas, que, desde então, começaram a ser vistas como peças fundamentais do nosso Património Cultural.

Festa que se prezasse não se faria sem a Banda Filarmónica da Terra. Ou então, se lá não existia uma, convidava-se a da freguesia vizinha.

E lá iam lutando com enormes dificuldades, para fazer sobreviver esta parcela de importante nível cultural, numa tarefa contínua, assim erguendo sólidos alicerces.
O ensino musical abria horizontes, até então desconhecidos.

Exemplo dessas mesmas dificuldades foi que nos anos 40, só em Lisboa, foram extintas 32 Bandas Filarmónicas. O sistema fascista não perdoava ao Povo a criação da sua própria cultura, fazendo-o sofrer fortes censuras, com a redução da liberdade de reunião.

Entrou-se então num tempo que só existiam Sociedades do Povo e Bandas Filarmónicas á custa do sacrifício e teimosia de dedicados voluntários, que mesmo nessas condições precárias encontraram espaço para fazer sobreviver as lindas Bandas de Música, como popularmente lhes chamamos. Que eram, e são, a alegria e orgulho das nossas Festas.

E assim, ao longo de muitos anos, as Bandas de Música têm sido recebidas pela nossa gente como um factor essencial que anima os nossos lindos festejos, tanto religiosos, como populares.

Todos nós lembramos e com que alegria e emoção, a chegada da Banda de Música. Pois só aí começava a Festa!

Recordo, que, quando criança, ia assistir no maravilhoso
Jardim Público, que é um dos maiores orgulhos da linda cidade de Angra do Heroísmo, a magníficos concertos, por algumas das nossas mais distinguidas Bandas Filarmónicas.

Também, muitos de nós ainda devemos lembrar que começamos a dançar, nas Sociedades e nos Terreiros, ao som harmonioso das Bandas de Música.
Hoje, quanto daríamos para ter nos nossos Clubes e Associações bailes abrilhantados por Bandas Filarmónicas.

Foi logo após o 25 de Abril, com a renovação cultural que se empreendeu por todo o País, que as Bandas Filarmónicas ganharam novo rumo, novas energias, e muito maior estima do Povo. Porque dos organismos governamentais é mais que sabido que nunca tiveram apoio.

Aliás, toda a Cultura de Raiz Popular tem sido construída pelo Povo, sem ajudas nem subsídios, somente á custa de muito esforço e boa vontade.

Com o novo despontar da promoção cultural e a consciência de preservar heranças populares, despertou, também, a ideia de organizar Festivais de Bandas Filarmónicas. Isto a nível Nacional.

Nos Açores, como em qualquer outra parte do nosso País, sempre as nossas Bandas de Música tiveram para o Povo um destaque muito especial. Mas hoje em dia essa distinção e valorização é muito maior.

Todas as nossas Ilhas têm muitas e excelentes Bandas de Música e a nível de informação, só na Ilha Terceira, existem 20 Bandas de Musica, que é em quase todas as freguesias.

Essas Bandas Centenárias têm envolvido muitas gerações e são, sem dúvida, parte integrante da História Cultural do nosso Povo.

Também aqui, na diáspora, onde, orgulhosamente dito, temos do melhor em Bandas Filarmónicas, durante as nossas festas ao ouvirmos essa mesma música, que ouvimos desde crianças, vêem-nos as lágrimas aos olhos e as saudades são mais vivas, ao lembrar a nossa Terra. O modo simples das nossas vivências de tempos passados. E a grande Fé, que o nosso Povo compartilha.

Ainda são as nossas Bandas Filarmónicas que reúnem muitos jovens, que pela mão mestra dos mais velhos, aprendem o valor da nossa cultura, o convívio saudável e acima de tudo, o amor pela Música.
E assim seguem, motivados pelo intuito de preservar um dos pilares mais importantes do nosso Património Cultural!
Bem hajam!

Aqui, quis deixar esta simples mas sincera homenagem á nossa Cultura de Raiz Popular!

Por: Conceição Baptista
www.myportuguesespace.com

Autor: Conceicao B


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