Educação de jovens e adultos: narrativa da emancipação do sujeito




A educação no Brasil sempre teve processos de exclusão permanente, o viés de nossa educação sempre esteve ligado a um contexto de dominação ,desde dos tempos da educação jesuitica, no poder persuasivo de imposição do pragmatismo religioso, o periodo do coronelismo pelo voto de cabresto, no contexto do capital levando que a função social da escola possuia vertentes para preparo do mercado de trabalho, e na visão neoliberal além do preparo é necessario ser competente suficiente para a competitividade.
"Através da manipulação as elites dominadoras vão tentando conformar asmassas populares a seus objetivos.E quanto mais iamaturas,politicamente estejam elas(rurais ou urbanas)tanto mais facilmente se deixam manipularpelas elites dominadoras que não podem quere que se esgote seu poder".(Freire,1987,p.82)

Nesta nuance a educação sempre esteve nas mãos do Estado como aparelho ideológico, o objetivo deste ensaio é traçar um paralelo especificamente sobre a educação de jovens e adultos,como esta modalidade pode ser entendida como prática de libertação e emancipação.
No contexto do eja fala-se do metodo freire,sobre o tema gerador porém entender a complexidade da Pedagogia Freiriana é entender que as facetas do ato de educar torna-se (trans) fronteisticas, este processo emancipa o individuo partindo da subjetividade do sujeito, respeitando sua leitura de mundo,ou seja, o processo de educar é fenomeno diáletico é práxis ( ação ? reflexão- ) comprendendo a realidade dos sujeitos para interigir. " É no respeito as diferenças entre mim e eles ou elas, na coerência entre o que faço e o que eu digo ,que me encontro com eles ou com elas?.(Freire,1996,p.85)
Neste sentido como professora de Ensino Superior leciono na disciplina de estágio supersionado, no curso de Pedagogia, uma destas etapas do etágio, é o discente de Pedagogia conhecer o cotidiano do Eja (o professarado ,a metodologia pedagógia, e os jovens / adultos que estão nesta modalidade de educação) porém na prática deste cotidiano os fazeres neste espaço-tempo é contraditório, no momento de compartilhar as vivências, as narrativas mostram um cotidiano fragmentado e cartesiano opondo-se aos estudos freirianos.
"Ao observar a educação de jovens e adultos percebemos que os professores não tem prática nenhuma,pega uma cartilha de 1 a 4 serie e ensina Vovó viu a uva."( fala da aluna do sétimo período de Pedagogia)
Diante deste paradigma na concepção de Freire está prática torna-se uma ? educação bancária " termologia que devido intelectual reporta para compreender a educação tradicional passiva, que aliena os sujeitos, pois só existe uma verdade a do professor,condenando esta faceta, pois devido seu pensamento não existe neutralidade politica, a educação é usada para libertar ou para alienar os atores envolvidos neste âmbito.
A educação de jovens e adultos entrelaça no contexto da educação popular,onde tem como objetivo principal uma educação de qualidade para todos cidadãos,tendo seus marcos voltados para o compromisso politico de emancipar os sujeitos para auxiliar no processo de re- construçao social, neste sentindo a decada de 60 foi crucial para a proposta de freire propagar no contexto do Eja.
Neste vetor inicia-se o processo da difusão de uma educação baseada na especificidade de cada sujeito,na sensibilidade de compreender sua leitura de mundo, onde não se tem um contexto, um mapa que inicia o caminho, mas a cartografia deve ter várias estradas como fenômeno multilfacetado.
Fundamentando sua estrutura na base legal o Eja é uma modalidade de ensino,amparada no discurso dos sujeitos terem acesso a educação ,devido a impossibilidade de não estudar na idade regular,porém apesar do direito a educação fora da faira etária é crucial debater que para ter um educação critica e emancipadora o professor é crucial neste processo pois ser educador exige a mediação, possibilitando as facetas das descobertas problematizando, neste paradigma o oposto acontece de acordo com depoimento da aluna do sexto periodo em 2010/1:
.. ".Os materiais utilizados em sala de aula eram cópias de atividades de livro de ensino fundamental regular,não era material especifico para o Eja.Os alunos mal sabiam ler e a professora enchia o quadro de conteúdo". (relato do cotidiano da sala do eja)
Nesta plenitude torna-se fundamental debater sobre a práxis do Eja como perspectiva de mudança e movimento contrário as praticas fragmentadas.
Eja : diálogos necessários.

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder seguir
É preciso chuva para florir
Sinto que seguir a vida
Seja simplesmente
Conhecer a marcha
E ir tocando em frente...
(Renato Teixeira)

Compreender a visão do Eja é ir ao encontro do sentindo etimológico da "Educação," vindo do latim " educare" significa abrir caminhos ,sabemos que há uma trilha para percorrer como vamos percorrer e como fazer a trajetória deste caminho, é que se estabelece os processos que diferenciam.
Freire em uma de suas obras nos coloca no seguinte paradigma enquanto "docentes somos eternamente discentes" ir ao encontro deste pensamento é romper vários paradigmas positivistas, impostos em nossa formação " o mestre detém a verdade," desconstruir esta verdade absoluta é ir ao encontro do pensamento Freiriano a práxis dialógica onde Oliveira(1996) contribui com o seguinte pensamento: "O diálogo constitui,pois, a essência da existência humana.O "Eu"jamais se completará por si só mas,tão somente,na comunhão com o "Tu".Por meio do diálogo o "Eu"individual experiência um chamado, um convite e um apelo ao "Tu".(p.08)
Partindo deste pressuposto ao vincular este ato dialógico,tomamos este fato como pratica pedagógica que olha o "ser humano" num contexto harmônico que obtém senso comum que envolve fatores afetivos/psíquicos,valores morais que devem ser levados em questão perante ao processo educativo onde referido autor coloca que para Freire o ato dialógico contrapõe as facetas pedagógicas de minimizar o ser humano com mero objeto.
Neste sentido Oliveira citando Freire:
O diálogo por conseguinte,é o único meio de serem estabelecidas as relações interpessoais A tradicional postura cartesiana Cogito ergosum-implica transferência de pensamento ? deve segundo Freire(1971:79),ser substituída por Cogitatum sum,pois se eu não posso pensar se outro não pensa.Se não posso pensar com o outro,não podemos conhecer. Não há mais um um "eu pensante" que transfere o seu pensamento. Pelo contrário existe um "nós que pensamos "o que torna possível a existência do "eu pensante".(1996,p.27)
A educação de jovens e adultos partindo desta premissa parte do projeto de romper os status quo dominante, onde função é seriar indivíduos alienados-passivos, o objetivo da práxis libertaria é ir caminhando,trilhando "abrindo possíveis caminhos " num processo coletivo entre professor-aluno/alunos. A proposta dessa faceta é o processo contemplar o aluno como "ser humano" que contempla suas experiências "gigantes,"pois a partir de sua vivência e leitura de mundo,posso emergir uma práxis de construção.
Visto à luz podemos contemplar que esta visão de Freire sobre o processo educativo contempla uma visão técnica ,política e filosófica,para o referido intelectual o ato de alfabetizar é contemplar a identidade do sujeito,saindo da "consciência ingênua para critica" não basta dominar códigos e necessário interpretar, para além do contexto escolar, que a educação faça um paralelo com as narrativas sociais onde o sujeito excluído possa ver na educação uma possibilidade de reconstrução de valores,direito dignidade e qualidade de vida baseado na dignidade de atuar e reivindicar socialmente como cantam Sater e Teixeira;
" Cada um de nós compõe
A sua própria história
E cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora"


Ou seja nesta, perspectiva de alfabetizador de de jovens e adultos a medida e que proponho a conhecer as subjetividade de cada sujeito,também me reconstruo transformando a práxis a favor do aluno, como politica de emancipação social.

Considerações finais
De fato é notório que no campo pedagógico fala-se muito da modalidade de educação de jovens e adultos, porém devido as narrativas contidas e empregnadas no cotidiano desta modalidade nunca se tornou tão crucial a retomada dos estudos Freiriano. É necessario comprender os processos educativos são cartografias de libertação através de uma postura dialógica,precisamos entender que o contexto pós ?moderno de avanços tecnológicos ,rapidez informação ,desencontros e encontros, achamos narrativas no cotidiano do Eja que precisam ser revisada para incluir os sujeitos socialmente excluidos.
A luta eo legado de Paulo Freire perante a educação, é que através de processos coletivos dentro do contexto escolar,posso construir um novo conhecimento e lutar por uma sociedade volatada ao ser humano,tirando a bárbarie do reinado do capital,partindo do pressupostos que envolva o bem-comum, através de um enredo envolvente do encontro do "Eu com o "Tu".
Bibliografia

Freire,Paulo. Pedagogia do oprimido.17 ed.Rio de Janeiro.Paz e Terra,1987.
__________.Professora sim,tia não.Cartas a quem ousa ensinar.São Paulo.Olho dágua,1997.
Oliveira,Admaro Serafim de. Educação : redes que capturam caminhos que se abrem,Vitória,EDUFES,1996.
Vieira,SofiaLerche.Desejos de reforma:legislação educacional no Brasil.Brasilia.LiberLivro,2008.
Sater,teixeira. Tocando em frente. Disponivel em : letras terra.com.br .acesso em:25/10/2010





Autor: Geisa Hupp Fernandes Lacerda


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