O Marquês de Sade



O Marquês de Sade


O Marquês de Sade que viveu entre (1740-1814), tratava-se de um romancista francês, autor de Justino ou As Desgraças da Virtude. O nobre foi rotulado como louco na sua época, seus romances tinham conteúdo erótico (assunto reprimido na época pela falsa moral, era tido como indecente); críticas ao poder político; além de uma característica que lhe era bem própria, a dor ou o sofrimento alheio como fonte de prazer, daí a origem do termo, sádico: (adj., aquele que por anomalia psíquica, goza com o sofrimento alheio).
Ele era em síntese, tudo que não se adequava às normas das instituições de sua época, simplesmente não se deixava ser regrado pelos "princípios" da pseudomoral vigente naquela sociedade; ele escrevia peças teatrais, uma forma terapêutica segundo o padre que tomava conta do manicômio, dele mitigar-se, abrandar-se dos pensamentos e idéias que o perturbavam. Numa das peças ele evidenciava a maneira como a mulher era vista e tratada naquela época: uma mulher que vivia em um convento foi entregue pelas freiras a um homem de influência que lhes retribuiu com uma certa quantia. Na minha opinião o fato das freiras receberem dinheiro não deve ser tomado como algo que macule a sua imagem, se observarmos podemos constatar, apesar de toda crítica que se possa fazer a Igreja, que há a prestação de serviços como maternidades, concessão de casas populares para pessoas carentes, enfim, atendem as classes menos favorecidas; entretanto podemos perceber que a mulher era o que se chama de mulher-objeto, vista quase que unicamente para a satisfação sexual do seu marido, que na verdade agia mais como um proprietário dela, a partir das atitudes que a deixava usada e subalterna; mas em virtude dele ser um homem de poderio, isso ao mesmo tempo não era ruim para ela pois lhe dava alguma segurança, não estava desamparada, o homem no decorrer da história aparece muito com essa função de proteger, não sou contra isso mas observo que da a falsa impressão, quando oculta a força feminina, de que a mulher é o sexo frágil; as mulheres têm sua força revelada maior que os homens no ponto de vista psicológico conquistando e dominando os homens, mais ou menos como na História de Sanção e Dalila.
Em virtude de ser alcançada uma maior liberalidade em relação ao sexo nos dias atuais, se o imaginarmos vivendo e escrevendo na época atual, e se analisarmos a realidade da França dos tempos atuais, país no qual o erotismo assim como no Brasil, está povoando os anúncios publicitários dos mais variados gêneros de produtos, desde chocolates a perfumes; o uso de roupas mais sensuais como biquínis tidos como brasileiros, os chamados fio-dental (tipo bem provocante) são moda no País da Cidade Luz. Então hoje não haveria a censura aos seus livros, pelo menos por falar de sexo, mas até pelo aspecto de crítica ao poder político; a Igreja enquanto instituição e as falhas dos seus integrantes, bem como questionamentos desconcertantes ao modo de se colocar a questão do entendimento de Deus e da nossa fé, mesmo incluindo estas últimas características da literatura do referido romancista, mesmo com todos os temas polêmicos, ele não seria atualmente, podemos assim expressar, "castrado" em sua liberdade de expressão, não teria sua língua cortada como vimos na história, que deixa nítido o sentido não só denotativo, mas sobretudo conotativo do acontecimento, pois vivemos numa realidade democrática na maior parte do planeta na qual nós podemos expor nossas idéias mesmo que não sejam a reprodução do que convém ao poder político e a Igreja, apesar de muitas vezes o simples ato de dizer verdades inconvenientes, e é função dos verdadeiros historiadores a busca das verdades, muito embora saibamos que ainda nos nossos dias existam perseguições políticas e religiosas aos que revelam os bastidores destas instituições; outro fato inegável e negativo, infelizmente, é que apesar de toda essa aparente liberdade, lembrando uma cena do filme, na qual aparece um doente no manicômio transparecendo a idéia de estar pensando que é um pássaro engaiolado, podemos refletir um significado: em muitas situações de nossa realidade estamos numa espécie de "gaiola", um aprisionamento, porque apesar de termos a permissão de expormos nossas idéias e críticas, através das quais acreditamos ser possível uma mudança da realidade para melhor; entretanto se estivermos atentos à realidade da vida, verificamos inúmeros casos nos quais existem apenas a permissão da palavra da crítica, o que dá a falsa idéia de estar havendo uma liberdade plena, mas o fato por exemplo, de um poder desonesto ser alvo de críticas e nunca ser punido é o indício de uma liberdade incompleta, irreal, no sentido lato da palavra, nesse momento podemos também comparar os seres humanos como pássaros numa gaiola bradando o seu canto, mas sem ter direito de mudar a realidade que o cerca.






Autor: Martinho Soares Dos Santos Junior


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