A radiação solar, fonte motriz do sistema planeta Terra



A radiação solar, fonte motriz do sistema planeta Terra

Anderson Azevedo Mesquita*
Elisandra Moreira de Lira**

A Terra pode ser considerada como um dos mais complexos sistemas já conhecidos, a dimensão deste é tão abrangente que até hoje é impossível ao homem desvendar todas as lacunas e engrenagens pertencentes a este sistema que acima de tudo é o resultado para que todas as formas de vida pudessem existir e se territorializar por toda superfície terrestre.
Assim, um sistema como o planeta Terra pode ser definido como "um conjunto de componentes ligados por fluxos de energia e funcionando como uma unidade" (DREW, 1998, p. 21). Logo, um sistema é composto por um conjunto de componentes que de forma integrada estão conectados e interagindo a partir de fluxos de energia, uma fonte irradiante de combustível que alimenta e dão, portanto, ao sistema, energia necessária para desenvolver suas funções.
O sistema é composto por um conjunto de elementos, que podem ser nominados como subsistemas, ou seja, complexas partes independentes e com características específicas, mas que agem de forma integrada para manter e estruturar o sistema com um todo. Na Terra encontram-se ao menos três subsistemas principais: o atmosférico, o continental ou litosférico e o aquático ou hidrosférico. (DREW, 1998)
Os subsistemas terrestres agem de forma distinta, apresentando funcionalidades e mecanismos específicos para manter a estrutura geral do sistema planeta Terra bem como as condições necessárias para a existência da vida. Os subsistemas atmosférico, hidrosférico e litosférico, agem de forma distinta sobre a superfície, entretanto, é a partir da interação destes que é formada a biosfera, ou seja, o ambiente onde a vida pode existir em todas as suas formas.
Portanto, a Terra é um sistema formado por três subsistemas principais, que interligados e interagidos formam a biosfera. Logo, têm-se um conjunto de componentes conectados que automaticamente são ligados por fluxos de energia, tais fluxos advêm de uma fonte motriz capaz de sustentar e manter todas as funções do sistema planeta Terra, essa fonte de energia motriz é a radiação advinda do Sol, estrela rei, do sistema solar.
O Sol, é a grande fonte de energia do universo, é considerado como principal e mais importante astro, sua origem está relacionada ao big-bang, é uma bomba atômica em constante processo de fusão nuclear, irradia cerca de 56 x 10²v calorias de energia, sendo que a Terra intercepta apenas 2,55 x 10¹x, o equivalente a 30 mil vezes o consumo de energia mundial, sua temperatura é de 6.000º C, e sua energia é transmitida e propagada no universo através de ondas eletromagnéticas que atingem velocidade aproximada de 299.300 Km/s. (AYOADE, 1986)
A energia que mantém o sistema planeta Terra advém da radiação solar propagada através de ondas eletromagnéticas de curto comprimento, principalmente os raios ultravioletas, infravermelhos e raios da faixa visível. Quando chega a atmosfera toda essa radiação interage com os diversos componentes que a forma, agindo de forma seletiva, através do processo de difusão, reflexão e absorção. Assim, parte dessa energia é refletida de volta para o espaço, outra porção é difundida ou espalhada em todas as direções, caso volte para o espaço é chamada de difusão ascendente, ao contrário, caso seja espalhada para a superfície terrestre é chamada de difusão descendente, e a absorção é realizada por todos os corpos que possuem capacidade de reter energia.
A interação da radiação solar com a atmosfera, litosfera e hidrosfera é essencial para que os diversos níveis tróficos da biosfera sejam mantidos, a radiação solar é a principal fonte de alimentação para os seres autótrofos como os vegetais e algumas algas, ou seja, a energia solar advinda por intermédio de ondas eletromagnéticas é fundamental para o processo de nutrição vegetal realizada através da fotossíntese. A existência deste mecanismo é essencial para a formação da biomassa vegetal, importante fonte de nutrição para os seres herbívoros, que por sua vez farão parte da cadeia alimentar, como fonte de nutrição para os seres carnívoros, enfim, é por intermédio da radiação solar que os diversos níveis tróficos são formados na biosfera.
A radiação solar é importante para os processos atmosféricos relacionados ao tempo e ao clima, a intensidade e a distribuição e o balanço da radiação solar na superfície terrestre, é que darão a dinâmica da circulação atmosférica, bem como da distribuição das precipitações e das zonas de temperatura. A atmosfera é capaz de absorver, difundir e refletir a radiação advinda do Sol, tal característica é essencial para que a mesma seja um ambiente não homogêneo, apresentando desta forma densidades, temperaturas e concentração de componentes diversificados.
A radiação solar também interage diretamente com a litosfera, através da formação dos solos, a partir é verdade da interação com a atmosfera e a hidrosfera. O solo pode ser considerado como o único ambiente onde estão presentes todos os elementos que compõem os subsistemas terrestres, assim para Guerra, o solo "é um complexo vivo elaborado na superfície de contato com a crosta terrestre, com seus invólucros: atmosfera, hidrosfera e a formação de organismos vegetais e animais que lhes dão a matéria orgânica" (2005, p.583).
Por fim, a radiação solar é fundamental para formação da hidrosfera, a disponibilidade de corpos líquidos está relacionada às diversos processos, sendo o ciclo hidrológico um dos mais importantes, a capacidade de "reciclagem" ou de retroalimentação da hidrosfera ocorre quando há a disponibilidade de vapor d?água na atmosfera, tal fenômeno só é possível devido à existência da radiação solar, que aquece as superfícies liquidas, que por sua vez, absorvem a radiação e ganham calor, quando saturados, os corpos líquidos, transmitem o calor excedente em forma de calor latente, ou seja, em vapor d? água, o ar aquecido sofre o processo de expansão adiabática, subindo em direção a porções mais altas da atmosfera, em contato com partículas orgânicas microscópicas e com a baixa brusca de temperatura, o vapor d?água se condensa, sendo posteriormente "precipitado" em forma de chuvas, que são infiltradas e escoadas no solo em direção aos lagos, rios, mares e oceanos. (AYOADE, 1986)
Portanto, a radiação solar claramente participa de forma direta e indireta de todos os complexos processos de formação, interação, alimentação, retroalimentação e fluxos, dos principais subsistemas terrestres. Assim, tanto a atmosfera, a litosfera e a hidrosfera, sofrem e dependem automaticamente da radiação advinda do Sol, para desenvolver seus complexos fenômenos.
Por fim, a radiação solar está presente em todos os segmentos que formam o sistema planeta Terra, dando a energia necessária, para os complexos e mútuos processos de seus subsistemas que em conjunto condicionam a existência de toda forma de vida, bem como sua distribuição na superfície terrestre. Portanto, pode-se afirmar que a radiação solar é a força motriz do sistema planeta Terra, é ela que condiciona todas as relações e fenômenos de ordem biótica e abiótica na biosfera.

* Graduado em Geografia, e professor substituto no curso de Geografia Licenciatura/Bacharelado da Universidade Federal do Acre ? UFAC
** Prof.ª do Curso de Geografia da Universidade Federal do Acre - UFAC

Referências Bibliográficas:
AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. São Paulo: Difel,1986.


DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. São Paulo: Difel, 1986.


GUERRA, Antônio José Teixeira; GUERRA, Antônio Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.


MARUYAMA, Shiegenori. Aquecimento global?. [Tradução: Kenitiro Suguio]. São Paulo: Oficina de textos, 2008.


MENDONÇA, Francisco & DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.


SALATE, Eneas et alli. Amazônia. Desenvolvimento integrado e ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1983.


TOLENTINO, Mario; FILHO, Romeu C. Rocha; SILVA, Roberto Ribeiro da. O azul do planeta: um retrato da atmosfera terrestre. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 1995.


TUBELIS, Antônio & NASCIMENTO, Fernando José Lino do. Meteorologia Descritiva: fundamentos e aplicações brasileiras. São Paul: Nobel, 1980.



Autor: Anderson Mesquita


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