O APRENDIZADO E ALGUNS CONCEITOS PSICOLÓGICOS



O APRENDIZADO E ALGUNS CONCEITOS PSICOLÓGICOS*

Valtey Martins de Souza

Este trabalho aborda temas dos processos de aprendizagem que estão relacionados com os modos de comportamento dos seres humanos. Dentre eles, tratarei dos conceitos de psicologia, psicologia na educação, psicologia da educação, psicologia e subjetividade, psicologia e desenvolvimento, psicologia da aprendizagem, o ambientalismo, o inatismo, o interacionismo.
Nessa perspectiva, Antonio Severino conceitua a psicologia como o ramo das ciências humanas que estuda os fenômenos e as operações psíquicas. Diz ainda, o referido autor, que se trata de uma forma sistemática de conhecimento, apoiada nos procedimentos metodológicos da ciência que busca dar conta dos processos relacionados com a conduta dos sujeitos humanos, à medida que eles estão vinculados a sua vida psíquica.
Dessa maneira, para o autor em destaque, a psicologia da educação é a disciplina que sistematiza os conhecimentos práticos e teóricos sobre o educando, como ser subjetivo em suas relações com o meio que o envolve, consigo mesmo e com os outros.
Nessas condições, o mencionado autor entende que a psicologia da educação, possibilita a compreensão global do processo de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, a partir do momento em que se colocam ao alcance do educador os conhecimentos da teoria e da pesquisa, viabilizando assim, maior eficácia em seu trabalho de interação entre as pessoas. Para esse autor, os processos psíquicos são apoios valiosos e imprescindíveis para que educadores e educandos percebam seus valores, dignidade e sensibilidade, respeitando as diferenças existentes nos relacionamentos dos sujeitos com seu ambiente natural e social.
Além disso, o autor aventado anteriormente entende que é através do processo de aprendizagem que se dá a apropriação dos diversos conteúdos de nossas experiências naturais ou culturais, que só pode se realizar em função dos recursos da personalidade dos sujeitos.
Nesse cenário, Antonio Severino entende que foi somente a partir da consolidação da pedagogia escolanovista, que a psicologia foi considerada como uma ciência fundamental dos processos educativos e, que sobre seus conhecimentos, se deveria fundar toda a pedagogia.
Nessa conjuntura, o autor destaca que o educador não pode conceber e praticar sua atividade como se tratasse de uma manipulação mecânica dos sujeitos educandos, pois, o educador deve ter sempre em mente que estudar psicologia, conhecer eventuais teorias de seu campo, não tem por finalidade transformá-lo em um especialista em clínica psicológica, nem em teorias. Até mesmo porque, o papel da psicologia no âmbito educacional, é o de mediar o conhecimento dos sujeitos educandos enquanto pessoas subjetivas, pois, a subjetivação humana deriva das atividades que os homens desenvolvem, sejam elas sobre a natureza ou com seus semelhantes.
Nesses termos, esse autor diz ainda, que não se pode reduzir à educação a mera aplicação dos processos psicológicos, pois estes são apenas mediações e devem-se levar em conta outros aspectos igualmente fundamentais, como uma atividade de trabalho e uma prática política.
Nessa mesma linha de raciocínio, as autoras Cláudia Davis e Zilma Oliveira em obra intitulada Psicologia na educação, dizem que num processo de democratização das oportunidades educacionais, a escola deve considerar em seu trabalho as características psicológicas e socioculturais dos alunos que atende, buscando uma adequação pedagógico-didática à sua clientela, tornando possível e significativo o processo de aprendizagem. Essas autoras dizem ainda, na medida em que aumentam os problemas que as escolas têm de enfrentar, tornam-se mais relevantes os estudos psicológicos para a área da educação e, a necessidade de se efetivar maior intercâmbio entre a psicologia e a pedagogias.
Dessa maneira, as autoras citadas acima, afirmam também que é na interação com outras pessoas que as necessidades dos seres humanos tendem a ser satisfeitas, e é por intermédio do contato humano que a criança adquire a linguagem e passa a se comunicar com outros seres humanos e a organizar seu pensamento, pois o aparecimento da consciência deriva das condições criadas no convívio social.
Assim, para essas autoras, investigar as modificações que ocorrem nos processos envolvidos na relação do indivíduo com o mundo, analisando seus mecanismos básicos, é o papel da psicologia. Sendo que, as áreas da psicologia que são mais importantes para o trabalho do professor, são os conhecimentos advindos da psicologia do desenvolvimento e a da aprendizagem. Dessa forma, desenvolvimento é entendido como o processo através do qual o indivíduo constrói ativamente, nas relações com o ambiente físico e social, suas características.
Nessas condições, as autoras conceituam psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Para elas, a psicologia do desenvolvimento estuda a evolução da capacidade perceptual e motora, as funções intelectuais da sociabilidade e da efetividade do ser humano. A psicologia da aprendizagem é entendida como o processo através do qual, a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece.
Além disso, quando as autoras falam da psicologia na educação, deixam transparecer que a criança começa há aprender muitos anos antes de entrar na escola. Nesse período, um conjunto de noções e de conceitos já se encontra estabelecidos, pois, a tarefa de ensinar concentra-se não somente nas mãos das escolas, mas também faz parte das tarefas da família, dos amigos, de pessoas que ele, o educando, considera significativa, dos meios de comunicação de massa e de outros. Porém, é no ambiente escolar que existe uma intenção prévia de organizar situações que proporcionem o aprimoramento dos processos de pensamento e da própria capacidade de aprender.
Nesse contexto, as autoras analisadas passam a apresentar às diversas teorias de desenvolvimento, como a concepção inatista, a concepção ambientalista e a percepção interacionista de Piaget e Vygotsky.
Dessa forma, ao falarem da concepção inatista, as autoras a conceituam dizendo que o ser humano já nasce com as qualidades e capacidades básicas já prontas, sofrendo pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da existência. Nesse caso, os fatores endógenos são primordiais, se sobrepondo aos exógenos, que são considerados de menor importância.
Nessa perspectiva, ao tratar da concepção ambientalista, as autoras atribuem o desenvolvimento das características humanas, às condições presentes no meio em que se encontra. Visto a partir dessa ótica, essa concepção valoriza os fatores exógenos e é chamada também de comportamentalista ou Behaviorista.
Desse modo, para os comportamentalistas, através da manipulação dos elementos presentes no ambiente, é possível controlar o comportamento. Mudanças no comportamento podem ser provocadas de diversas maneiras, sendo que uma delas requer uma análise das conseqüências ou resultados que o mesmo produz no ambiente. As conseqüências positivas são chamadas de reforçamento, as negativas recebem o nome de punição.
Nesse caso, a concepção interacionista pregada pelas autoras em destaque lembra que o desenvolvimento apóia-se na idéia de interação entre organismos e meio.
Visto a partir desse cenário, as autoras apregoam a respeito da abordagem sobre dois grandes estudiosos que tem marcado, ultimamente, a teoria e a prática educacional com teorias psicológicas desenvolvidas por dois defensores da concepção interacionista. São eles Piaget e Vygotsky. O primeiro mostrou que os estágios do conhecimento humano correspondem às etapas do desenvolvimento genético por que passam tanto a vida psíquica, quanto a inteligência. O segundo, em seu trabalho, mostra uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um organismo ativo, cujo pensamento é construído paulatinamente num ambiente histórico e em essência social.
Dessa maneira, Cláudia Davis e Zilma Oliveira tratam ainda das etapas do desenvolvimento cognitivo da criança, a etapa sensória motora, a pré-operatória, a operatório-concreta e a operatório-formal. A compreensão dessas etapas leva o educador por caminhos do compreender o educando, através da interação dos mesmos, com o meio e consigo mesmo.

A AÇÃO DE UM PROFESSOR APÓS O CONTATO COM O CONHECIMENTO

Os dois textos tratados nesse trabalho, além de desenvolver conceitos até então desconhecidos por mim, irão ajudar de maneira decisiva na compreensão e desenvolvimento do meu trabalho como educador, pois até então, eu concebia e praticava a educação, como se tratasse de uma manipulação mecânica dos sujeitos educandos. Apesar de já militar na educação por quase 15 anos, o curso que fiz no ensino médio não foi o magistério, e sim o científico.
Dessa forma, fui um professor muito autoritário durante muitos anos, isso por influencia do meio no qual vivi durante algum tempo, a Caserna. Assim sendo, passo a analisar o meu comportamento como educador, em um primeiro momento, onde o autoritarismo era predominante no meu relacionamento com alunos e, também, com familiares. E em um segundo momento, onde passei a ter contato com novas práticas e teorias. Portanto, acredito que meu comportamento tem se modificado na medida em que as disciplinas são ministradas, levando-me a acreditar na significância da psicologia da educação no aprendizado de educador/educando.
Desse modo, entendo que a paciência, até então, nunca havia sido uma das minhas virtudes, mas, como o ditado popular diz "o professor é um espelho para o aluno", passei a me policiar na intenção de servir como um bom exemplo a ser seguido. Principalmente, exemplo de paciência e conhecimento de que o aprendizado também se dá pela interação com o meio.

BIBLIOGRAFIA

DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993.
SEVERINO, Antonio. Educação e subjetividade: a hora e a vez da psicologia da educação. In:_____. Filosofia da Educação: construindo a cidadania. São Paulo: FDT, 1994, p. 128-135.

* Adaptação de trabalho elaborado como requisito de avaliação da disciplina Psicologia da Educação, ministrada pelo professor João Miguel Batista Guerreiro, durante a 6.ª etapa intervalar do curso de Licenciatura Plena em Geografia, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no pólo de Brejo Grande do Araguaia-PA.


Autor: Valtey Martins De Souza


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