A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: AINDA ESCREVEMOS COMO ESCREVIA AFONSO HENRIQUES?



1. INTRODUÇÃO

As línguas se definem, primeiro, por características externas em função dos grupos sociais que as falam e que determinam a extensão do seu domínio, a natureza de relação que elas assumem, seu fracionamento num número maior d
e variedades internas, sua relação com certas formas de civilização material e moral e, em segundo, por características internas, apresentadas por uma combinação de sons, inerentes ao sistema lingüístico.
Todos estes fatores ?internos ou externos- segundo Cardeira, "não são propriamente causas, mas condições de mudanças lingüísticas" (Cardeira, 2006, p. 14). A língua não muda porque se verificam modificações na estrutura da sociedade, mas uma mudança no terreno social pode ser propícia para mudanças no sistema lingüístico. São fatores que funcionam como selecionadores de inovações, como condições e limites da criatividade lingüística em determinada época. Ou seja, condicionam o como da mudança, mas não explicam o porquê.
Assim, como todas as instituições humanas, as línguas evoluem, mas de uma forma que lhes é própria. Cada língua tem sua história e as condições exteriores, sociais, de sua existência e a própria língua em seu sistema e em seu aspecto material, se transforma e passa por estados diversos.
"Contar a história do português é mostrar as mudanças lingüísticas que lhe foram dando forma" (Cardeira, 2006, p. 14). Que as línguas mudam, é uma evidência: as dificuldades encontradas na leitura de textos medievais revelam-nos como o português antigo era diferente do que falamos, ouvimos e escrevemos atualmente. É importante ressaltar também que, no período arcaico, o português ainda não explicitara a norma, os padrões de usos prestigiados escritos pelos gramáticos, pois, "o português arcaico escrito, representação do falado, move-se independente dos gramáticos e do ensino de português padrão nas escolas" (Mattos e Silva, 1992, p.13). Assim, o português arcaico se aproxima mais da fala do que dos textos escritos posteriores à normatização gramatical.
O presente trabalho surge a partir das dificuldades de leitura do primeiro documento régio, datado e escrito em português: o Testamento de Dom Afonso II, e irá concentrar-se, especificamente, nas semelhanças e diferenças vocálicas entre o português escrito em Portugal no século XIV e o português escrito no Brasil no século XXI.
No entanto, para compreender o Português atual, se faz necessário olhar para o passado percorrendo a história de uma antiga unidade portuguesa, a Península Ibérica, que se tornou independente, se virou para o mar e transcendendo a dimensão européia, se transformou em elo entre povos, culturas e nações.
Assim sendo, é importante mencionar que, a Língua Portuguesa formou-se na Europa devido à diferenciação que o latim sofreu na Península Ibérica durante as guerras Púnicas (séc.II AC.), por causa do processo de contato entre povos e línguas com a chegada dos romanos.
Autor: Daniela Oliveira


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