Como ensinar uma história de qualidade no Ensino Médio.



Com o fim da utopia socialista o ensino da história entrou em crise, boa parte dos seus professores era simpatizante do comunismo russo. A história, incluindo a sua pesquisa perdeu identidade, o positivismo que vigorou no país durante o período militar entrou em declínio nos anos 90 e embora o socialismo tenha ganhado força em um primeiro momento, na contramão da tendência mundial, o modelo perdeu muito do seu conteúdo ideológico.
A identidade e o espaço da disciplina estão numa profunda crise. O tempo reservado a ela nas escolas é muito pequeno e seu ensino é ministrado utilizando recursos que às vezes não permitem um aproveitamento adequado, como os sites onde o conhecimento é encontrado pronto, sem oferecer ao aluno o desafio de se tentar compreender e produzir o próprio saber. A exigência de se preparar para o vestibular no Nível Médio faz com que as melhores escolas ofereçam um ensino enciclopedista, onde o aluno apreende alguns aspectos da história sem a devida reflexão e deixa de lado a compreensão mais ampla do processo histórico que levou a construção do mundo atual. Nas escolas ruins, nem isso é oferecido.
A falta de uma utopia prejudica a formação dos cidadãos que deve ser uma das utilidades da disciplina histórica. Ela é a detentora do conhecimento dos processos de exclusão social que geralmente se originou no passado. Dessa forma é de responsabilidade do professor de história ensinar a se compreender a situação de minorias que ainda lutam por seu espaço na sociedade, como os negros, os índios e as mulheres. Também é dela o dever de formar a identidade cultural dessas pessoas.
A história social ainda possui representantes como Eric Hobsbawm, mas hoje se desenvolve a história cultural, que permite uma abordagem particular e a compreensão ampla de como os valores e o desenvolvimento do pensamento das sociedades do passado afetam a nossa realidade. O processo de desconstrução das ideologias não deve levar ao niilismo. O caso da idéia positivista de progresso é um exemplo, foi tão atacada por sociólogos e filósofos que hoje é negada até pelos professores marxistas, que esquecem ser esse conceito uma das bases fundamentais da ideologia. A desilusão do comunismo não deve fazer com que os bons professores deixem de lado a luta por um mundo melhor. Afinal o socialismo chinês sobreviveu e esse país deve se tornar nas próximas décadas a maior potencia econômica e a social-democracia européia parece ter se consolidado na política brasileira.

Autor: João Paulo Filgueiras


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