Os Tenentes No Governo



Marx sintetiza a incapacidade política das "classes de apoio" ao dizer que os pequenos proprietários camponeses não podem representar a si próprios, mas devem ser representados. Seus representantes aparecem como senhores, os quais estão à cima de tudo e de todos.

O movimento tenentista dos anos 1930-34 surge aos olhos da pequena-burguesia brasileira, como uma "potencia governamental absoluta, que lhe envia do alto a chuva e o bom tempo".

Os tenentes, com postos importantes no governo Vargas, servem aos mandos do governo, neutralizam o poder das oligarquias e não mudam a estrutura socioeconômica brasileira.

A interventoria de João Alberto (julho de 1931) tem um fim melancólico, pois o mesmo demonstrou ausência de princípios e não tira qualquer vantagem política para o movimento tenentista. A evolução do "Clube 3 de Outubro" sintetiza a marcha do movimento, que se transforma em algo domesticado, até desaparecer. Ao tentar se impor o tenentismo sofre um processo de corrosão. Com isso, já que não encontra apoio, o tenentismo desaparece como força autônoma.

Os militares rebeldes formaram um grupo contraditório, com perda de identidade. A classe média opta pelos democráticos, onde estão os intelectuais. Já o Diário Nacional ataca os que chegando agora querem ditar suas regras, descontentando lavradores e fixando o preço de compra dos cafés em estoque.

A Revolução de 1932 representou o divórcio entre tenentes e classe média paulista. A pequena-burguesia de São Paulo constitui a base da articulação revolucionária, juntamente com a população do Distrito Federal, que simpatizava com os rebeldes.

O tenentismo dos anos vinte desponta como vanguarda na luta contra a hegemonia da burguesia cafeeira. Também serviu de instrumento de Vargas para impedir que grupos políticos assumissem o poder no Estado de São Paulo.

Após a Revolução de 1930, o movimento dá um salto que estabelece a distância ideológica entre o tenentismo e as classes dominantes. Os alvos nacionalistas se explicitam através da desapropriação e nacionalização das "minas, forças hidráulicas e demais valores naturais", com a possibilidade de indenização. Legitima-se o direito de greve e a concessão à classe de beneficio como salário mínimo, salário família, seguro social, participação no lucro das empresas.

A origem social pequeno-burguesa dos principais líderes rebeldes começa a ser duvidada, já que as origens sociais são uma variável importante para explicar o fenômeno tenentista. As relações entre classes médias e tenentismo não se concretizam.

 

 


Autor: Jéferson Mendes


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