A Batalha De Porongos E O Tratado De Ponche Verde: O Genocídio E A Anistia



Após ocupar a presidência da província e o comando das Armas, Luiz Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias tratou de fazer contatos diplomáticos com líderes platinos, mobilizar manobras militares dos rebeldes, e adquirir um grande número de soldados em suas tropas. Em 1844, ocupava o cargo de general-em-chefe do corpo farrapo, o general David Canabarro, que fazia parte de uma ala divisória dentro do corpo farrapo.

Antes de iniciar a revolta contra o Império chefes farroupilhas haviam prometido aos estancieiros e charqueadores que não usariam escravos como combatentes. Porém, logo que começaram as primeiras batalhas, os farroupilhas sentiram que possuíam um contingente tacanho para vencer os imperiais, o que os levou em 1837 a formar o 1° Corpo de Lanceiros Negros, comandados por Teixeira Nunes, o Gavião.

Os farroupilhas prometiam dar liberdade a escravos que batalhassem a seu favor. Ao final de 1844 já há 9 anos em conflito, a província desgastada, o Império adquirindo dívidas internacionais, a guerra perdida pelos farroupilhas. Com o intuito dar um fim David Canabarro manda na madrugada de 14 de novembro, tirar todas as armas dos escravos, utilizando como argumento o medo que estes se rebelassem. Por volta das 2 horas da manhã, as tropas de Francisco Pedro de Abreu, o Moringue, entram nos campos de Porongos, Moringue com as ordens vindas de Caxias, para que poupassem a vida de brancos e índios, portanto, não a de negros. O Corpo de Lanceiros Negros, desarmados, desprotegidos, foram dizimados, morreram 100 negros em Porongos, sobreviveram 20 que foram mandados para o Rio de Janeiro onde provavelmente voltaram a ser escravos. O único entrave que existia para as tratações de paz não mais existia.

Então, no dia 25 de fevereiro de 1845, nos campos de Ponche Verde é assinado o "Tratado de Paz", mais conhecido por Tratado de Ponche Verde, que nunca existiu, Caxias não estava presente, nenhum líder imperial assinou, o próprio Bento Gonçalves da Silva, não compareceu dizendo estar vítima de uma gripe. O Império jamais concederia a paz, pois paz só se da de nação para nação e não de nação para província, se o Império concedesse a paz estaria reconhecendo o Rio Grande do Sul como uma República, isolando-o de seu território. No tratado ainda constava no art. 4 "São livres, e como tais reconhecidos, todos os cativos que serviram à revolução". Bento Gonçalves da Silva o símbolo farrapo, depois que morreu em 1847, vítima de uma pleurisia, deixou a seus herdeiros 48 escravos. Esses são heróis que louvamos no dia 20 de setembro.


Autor: Jéferson Mendes


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