PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR



PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR: FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS

Lavínia Fragoso Siqueira


RESUMO
O artigo trata da diversidade atual no campo de atuação do Psicopedagogo, que além de atuar nas instituições escolares, consultórios e empresas, também vêm tendo um crescente avanço e um olhar para o campo da saúde, neste caso, a instituição hospitalar. O mesmo apresenta o olhar realizado na UTI-Neonatal do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, advindo de um projeto solicitado pela disciplina de estágio institucional da pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional, cujo objetivo foi vivenciar e observar as rotinas e normas do desenvolvimento institucional de um hospital e as variáveis inserções de um psicopedagogo neste contexto.

PALAVRAS-CHAVE: Escolarização hospitalar, transdisciplinariedade, psicopedagogo hospitalar, conhecimento empírico, um saber fazer.


1. INTRODUÇÃO

Com a correria da sociedade contemporânea, precisamos cada vez mais lutar para conseguir espaços, tempo e conhecimento. Podemos observar que algumas instituições estão se adaptando para atender essas novas demandas da contemporaneidade. Desta forma, viabiliza-se tempo, talves um certo comodismo e ainda mais conhecimento. Em muitos casos, seja por um motivo ou outro, sempre haverá espaço para novas possibilidades, novos saberes e novas buscas, pois sempre teremos que acompanhar o crescimento não somente tecnológico como cognitivo. Daí a importância de aprimorar o olhar e a escuta para a instituição hospitalar, no qual inegavelmente iremos por algum motivo transitar, seja por doença, por uma busca pessoal ou visitar alguém que nos é muito querido.
Alguns autores já vislumbrarão a necessidade de um profissional com conhecimento capaz e um olhar treinado para atuar na instituição hospitalar e trazer a inclusão do conhecimento, o atendimento humanizado e a transdiciplinariedade promovendo a inclusão, integrando o saber e melhorando as relações dos diversos sujeitos desta área, a "classe Hospitalar".



1.1 CLASSE HOSPITALAR.

Grande desafio e satisfação podem-se ter alguém que escreva sobre este tema. Primeiro por que não é comum encontrar escritores que falem sobre a escolarização hospitalar. Depois, por que quando se pensa que irá encontrar mais um texto cientifico, ou ate mesmo reprodução de algo já existente, e neste caso sem criticas, apenas uma constatação; pode-se deparar com gratas surpresas como a jóia rara da escolarização hospitalar, descrita pelo autor Julio Emílio Braz , O Olhar de Azul, (2002, São Paulo). Nesta obra em parceria com fabuloso, Rogério Borges (ilustrador O Olhar de Azul), nos remete para dentro de um universo repleto de emoção, dúvidas coragem, ansiedade e fantasias, porém com muita coragem e dignidade, de dois seres humanos que por uma infelicidade do destino passaram toda vida dentro de uma unidade de um hospital universitário de uma grande metrópole. Em O Olhar de Azul (2002 p 46,47,48,49,50) André Viana relata sob o titulo O Mundo de dentro do Quarto-o dia-a-dia de dois crônicos, os anseios destes pacientes, suas experiências de vida, relatos emocionantes e de como foram alfabetizados, como é importante alguém se preocupar com o desenvolvimento intelectual e de como o conhecimento se faz presente em nossas vidas.

Citando outros autores ainda, segundo MUGGIATI:

"... a questão da formação desse profissional constitui-se num desafio aos cursos de Pedagogia, uma vez que as mudanças sociais aceleradas estão a exigir uma premente e avançada abertura de seus parâmetros, com vistas a oferecer os necessários fundamentos teórico-práticos, para o alcance de atendimentos diferenciados emergentes no cenário educacional". (2001, p. 15).

E ainda, afirma que no contexto hospitalar:

"... oferecer à criança hospitalizada, ou em longo tratamento hospitalar, a valorização de seus direitos à educação e à saúde, como também ao espaço que lhe é devido enquanto cidadão do amanhã". (MUGGIATI, 2001, p. 16).

A classe hospitalar tem a finalidade de recuperar a socialização tanto de criança quanto de jovens e adultos por um processo de inclusão, dando continuidade a sua aprendizagem e interação com o meio. Busca abrandar muitas vezes algo que lhes é penoso, angustiante, a internação, quer por período determinado, quer por período indeterminado.
De um modo geral, quando trabalhamos com o ser humano, não devemos deixar que apenas a habilidade técnica permeie nosso trabalho. É necessário usar a sensibilidade e a compreensão quando se lida com vidas, seja na área educacional, seja na área da saúde.
O psicopedagogo ou até mesmo o pedagogo é um profissional que trabalha com questões de ensino e aprendizagem e, para tanto, deve estar preparado para trabalhar em qualquer ambiente em que possa de alguma maneira proporcionar aprendizagem, seja ela formal ou não. A aprendizagem pode ocorrer em um espaço institucionalizado, em um clima social, onde a interação com a cultura de forma articulada se faz presente. Dentro do hospital, o psicopedagogo/pedagogo tem a função de orientar, estimular e motivar a pessoa enferma e hospitalizada a prosseguir com seu aprendizado, afinal ela continua em crescimento e desenvolvimento. Muito antes de ser um "paciente internado" é um ser em aprendizagem, construindo entendimento e concepção de mundo, de vida e de sociedade.

Para Capra, (1982, p. 116):

"... o corpo humano termina considerado como "uma máquina que pode ser analisada em termos de suas peças" e a doença vista como "um mau funcionamento dos mecanismos biológicos e que deve ter o seu defeito consertado". Para o autor, a medicina atual não vê a pessoa "como um ser humano completo", chegando "até mesmo a reduzir a saúde a um funcionamento mecânico".


Ainda segundo Capra (1982, p. 314) quando este afirma que:

"... uma nova estrutura para a saúde só pode ser efetivada se baseada em conceitos e idéias que temos na nossa cultura". Estar saudável envolve muito mais aspectos do que somente o físico ou biológico. "São importantes também os aspectos psicológicos, sociais e vivenciais, todos interdependentes, com tudo faz-se necessário um esclarecimento sobre a instituição hospitalar e sua contextualização".

Para o Ministério de Saúde4 quando assim definiu o conceito de hospital; coloca que:

"O hospital é parte integrante de uma organização Médica e Social, cuja função básica, consiste em proporcionar à população Assistência Médica Sanitária completa, tanto curativa como preventiva sob qualquer regime de atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também, em centro de educação, capacitação de Recursos Humanos e de Pesquisas em Saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente". Então as funções hospitalares podem ser agrupadas segundo Lima Gonçalves (1983) em:
a) Prestação de atendimento médico e complementares aos doentes em regime de internação;
b) Desenvolvimento sempre que possível de atividades de natureza preventiva;
c) Participação em programas de natureza comunitária procurando atingir o contexto Sócio-Familiar dos pacientes, incluindo aqui a educação em saúde, que abrange a divulgação dos conceitos de promoção, proteção e prevenção da saúde.


Em seu recente livro "Psicopedagogia Hospitalar Intermediando a Humanização na Saúde", Porto (2008) muito sabiamente nos chama a atenção para as questões de relacionamento e as formas como este mecanismo complexo e delicado se constrói.


Cita ainda nesse mesmo livro que Shipka (1996, p.11) fala que:


Ainda para Porto, "o tu é um parceiro do eu, não um rival". (2008:17). Nesta afirmativa, a autora tenta dialogar sobre as relações, nossa linguagem e toda complexidade que pode haver de um sujeito para outro. Assim, vejamos então o quão complexo e necessário se faz a presença de um Psicopedagogo Hospitalar não só para a escolarização, e nem tampouco destinado somente a crianças, mas de uma atuação mais complexa, integralizadora na qual todo paciente de um modo possa ser beneficiado, com a humanização das relações, uma atividade destinada caso a caso, com avaliações permanentes, pareceres, laudos, enfim, tudo que demandar uma boa intervenção psicopedagógica.

"O homem é um animal inicialmente independente da interação entre os seus iguais. Da mesma espécie, precisando, de outras pessoas para receber cuidados, carinho, afeto e se manter vivo, tendo necessidades específicas que outros animais não possuem para se desenvolver plenamente, tais como: de relações sociais, de segurança, cognitivas e de capacidade". (Porto, O. 2008 p. 15).

Citam-se públicos onde o Psicopedagogo possa atuar em instituição de saúde e hospitalar: crianças (pediatria), jovens e adultos (unidade de internações e psiquiátricas), melhor idade (geriatria e unidade de internação), lembrando que as áreas de um hospital são vastas. Temos também a maternidade e o próprio corpo administrativo, porém este com um foco não clínico.

BOFF afirma que:

"... Cuidar do outro é zelar para que esta dialogação, esta ação diálogo eu-tu seja libertadora, sinergética e construtora de alianças perene de paz e de amorização". (2000:193)


2. UM BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE E DO HOSPITAL


O nome Hospital origina do latim, que significa "hospeda" e no decorrer das derivações passou a ser "hospitalis" e "hospitalim" e que no final de tudo quer dizer lugar onde se hospedavam pessoas, viajantes, desabrigados. Com isso, poderíamos dizer então que a palavra também poderia servir para hotel? De certa forma sim, embora a palavra hotel seja proveniente também do latim, porém com outro sentido, "locanda" lugar para pessoas pernoitarem, as antigas tavernas da idade média, o que não significa que esteja dissociada hotelaria de hospital, pois ambas andam atualmente juntas, hotelaria e hospitalidade na saúde.
No Egito e na Grécia antiga, a medicina era passada e repassada aos que se interessavam pela arte de curar. Provas estas que autores citam relatos de tais informações históricas em papiros antigos, e ainda conforme a época e a cultura foram sendo modificados estes conhecimentos, até que se chegou à medicina contemporânea que se tem conhecimento.

PORTO (2008):

"... o ambiente hospitalar exclui atividades da rotina de qualquer pessoa, seja ela criança, adolescente, adulto ou idoso... o homem é um ser social, necessita de outros para conviver em nossa sociedade. A comunicação é feita por palavras, gestos, escrita, enfim, por trocas, afeto, amor, raiva e todos os sentimentos pertinentes a espécie humana". (p. 21)

O que a autora nos mostra nestas palavras é pluralidade do ser dentro da instituição hospitalar, ou seja, aquilo que o "sujeito" é fora, certamente virá com ele para "dentro". Dentro de si próprio e para a instituição, não deixamos de ser porque adoecemos, ou pelo menos não desistimos de continuar sendo, sempre se buscará nossa identidade daquilo que se é, se faz e se pensa.

PORTO (2008):

"... a humanização começa pelos poderes públicos institucionalizados e pelos responsáveis das instituições? Será verdade? Esclareço que nós, profissionais da saúde, temos vontade e força política como cidadãos para modificar este quadro... a humanização começa na porta da entrada da unidade, com profissionais cordiais, esclarecendo e informando as necessidades dos usuários encaminhando-os para os setores responsáveis da unidade de saúde". (p. 26)


Em relação ao que Porto cita acima, concordo, porém acrescentaria mais, penso que humanização, começa em casa, nas relações familiares, no trato cordialidade com todos que nos abordam seja dentro ou fora de nossos lares. Logicamente que a autora descreve em seu livro a institucionalização e o atendimento, mas não podemos deixar de lembrar que antes do profissional temos que sobrepor o humano, as nossas experiências e vivências dentro daquilo que acreditamos ou fomos ensinados a ser e buscar.


3. PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR E SUAS COMPETÊNCIAS

Para Porto (2008)

Sobre esta análise de Porto em 2007, concordo plenamente, pois como já havia citado anteriormente, o ser humano não pode ser visto em partes, e como tal não se pode deixar de pensar que o conhecimento se adquire em qualquer idade e de diversas formas. Indo do empirismo aos processos formais.
Ainda em sua explanação sobre as competências da psicopedagogia hospitalar, Porto (2008 p 51, 52) elabora critérios, segundo sua perspectiva, método pelo qual um profissional pode começar a sistematizar suas competências no âmbito hospitalar. Dentro das especificações gerais, há que se preocupar com o tipo de publico que estaremos abordando, pois como sabemos, cada indivíduo é único, e como tal necessita de distinção conforme sua evolução cognitiva. Para isso, sugere-se um foco individual com as crianças, jovens e adultos e idosos. Com as crianças pode-se sugerir a arteterapia, por exemplo, como cita Coutinho:

Expressar-se simbolicamente, por meio das mais diversas formas criativas (pintura, dança, canto e outras), faz parte do repertorio humano desde as épocas mais remotas. Por meio da arte (aqui compreendida como todo produto da criatividade, utilizando-se as mais diversas técnicas e materiais), o homem sempre buscou se comunicar, compreender (assim mesmo, ao mundo, à natureza), se relacionar. Por vezes, uma imagem consegue provocar reações mais intensas do que as palavras, e parece carregar em sim mesma tantas mensagens subjacentes, que é capaz de causar emoção tanto em quem a criou como em quem a aprecia. (3c ed.2009 p 43)

Embora a autora Vanessa Coutinho em Arteterapia com crianças, sugira tal atividade para crianças, pode-se ainda utilizar esta técnica a jovens e adultos inclusive melhor idade. Não poderia deixar de lembrar a importância de uma brinquedoteca. Para Pain em A Hora do Jogo, (1986, p 16) "o jogo: atividade assimilativa através da qual o sujeito alude a um objeto, propriedade, ou ação presente por meio de um objeto presente que constituiu símbolo do primeiro e guarda com ele uma relação motivada".
Olivia Porto (2008, p 54,55), sugere um modelo de como pode-se criar este espaço físico de grande valia e significância para a construção do diagnostico psicopedagogico. Pode-se elencar diversas maneiras de se melhor as atividades psicopedagogicas e a qualidade de vida dos pacientes/clientes através do desenho, sucata, pintura, massa corrida, massinha de modelar, literatura, expressão corporal. Para finalizar este capítulo, Porto (2008, p 86):
"o fazer do psicopedagogo hospitalar: grupos de relacionamentos, grupo de escuta e acolhimento, atendimento individualizado (ao adulto e ao idoso), grupo interdisciplinar e multidisciplinar com a equipe hospitalar, grupo trabalhando A reaprender A viver (em casos de alta), grupos de histórias, musicas, pinturas, artes e outras atividades lúdicas que possam ser adequadas ao ambiente hospitalar".


4. POR UM INSTANTE DE REALIDADE.


Ao vivenciar as rotinas de uma unidade de cuidados intensivos hospitalar, pensou-se de que maneira o psicopedagogo estará atuando e que contribuições se dariam para a unidade e consequentemente para o profissional que se disporia a realizar esta experiência. Pode-se dizer que de várias formas e por vários momentos, encontrou-se mais de um papel para este profissional. Como estamos falando em UTI-Neonatal, imagina-se que o paciente são os bebês, porém sugere-se outro olhar, pode-se dizer que na origem de onde provem este sujeito indefeso, a mãe e a família. Neste "case"5 pode-se assim dizer, se experiencia várias demandas com a família, que por muitas vezes está presente, mas não consegue contribuir. Deixando a mãe por mais de uma vez aflita ou por sua ausência igualmente, pois há casos em que esta "mãe", proveniente de cidades do interior, e que por não terem infra-estrutura acabam demandando aos grandes centros certos casos. Pode-se ainda citar as próprias mães que muito jovens, algumas vezes não sabem lidar com este bebê, ou seja, manipulá-lo no ato de amamentação, trocar uma fralda, estimular seu bebê. O que para algumas mães seria muito natural, para outras nem tanto. Percebe-se que muitas são as demandas encontradas nesta unidade.
Ao passo que se lida com estas questões básicas do trato e relação de troca mãe-bebê, há outro fator preocupante, as questões sociais e de drogadição. Nas questões sociais se engloba a pouca idade das gestantes, muitas com menos de 18 anos. Já em relação à drogadição deve-se ao fato do elevado nível de jovens parturientes6 que fazem ou fizeram durante sua gestação uso de drogas, mais especificamente o crack. Impressionante é o nível de usuárias desta droga que se alastra por nossa sociedade, indiscriminadamente, sem distinção de etnia, nível social e quem sabe até de credo. Os profissionais desta unidade, com apoio de direção do hospital tomaram por decisão criar uma equipe multidisciplinar, onde pudesse haver uma contribuição e melhor qualidade de vida a estas usuárias que ali estavam pelo período de internação de seu recém-nascido. Geralmente, uma vez por semana, realiza-se este encontro com a equipe, composta por uma médica, assistente social, enfermeira, técnica de enfermagem, psicóloga, nutricionista, terapeuta ocupacional, estimuladora precoce e, pelo período de estágio observacional, uma psicopedagoga. Neste momento é aberto um espaço para escuta dos familiares que se encontram ali para visitas, juntos com as mães, que algumas vezes até estão amamentando, com objetivo de esclarecer, tirar dúvidas, dar um espaço para descontrair.


5. O PSICOPEDAGOGO NO CAMPO DE ATUAÇÃO.


"... como psicopedagogo hospitalar é imprescindível compreender todo o corpo de uma estrutura hospitalar, por se tratar de uma área relativamente nova, onde a instituição hospitalar em algumas situações não saberá o que pedir ao psicopedagogo e cabe a ele mostrar o que pode acrescentar em beneficio do paciente e da instituição. O psicopedagogo irá por em ação um questionamento e reflexão de como se adaptar a este novo ambiente, providos de regras, normas, valores e função social, o qual o mesmo o qual o mesmo deverá se conscientizar de sua identidade profissional, realizando o devido encaminhamento quando se fizer necessário. O psicopedagogo junto a equipe multidisciplinar atuará de forma coesa e nunca isoladamente ou fragmentada, é importante que haja um espaço para que os conhecimentos de ambos profissionais envolvidos neste contexto sejam integrados a novas idéias, compartilhadas e ressignificados, conhecer o olhar de cada um contribuirá para reconhecer as dificuldades pessoais e institucionais para pôr em ação uma atitude sistemática. Contínua e reflexiva, de maneira a contribuir para que o vinculo entre a equipe se consolide o mais prazeroso possível, visando um ambiente mais humanizado ao paciente pediátrico. O qual nos remete a ser uma ambiente impessoal, frio, hostil, assustador, incompreensível e depressivo, vivenciando e sentido na condição de hospital". (VASCONCELOS, S.M.F p. 7)

Vendo o que afirma Vasconcelos, podemos concluir que grande é o desafio do psicopedagogo no âmbito hospitalar. No entanto, este estigma de terror, medo e angustia a cerca dos hospitais está começando a ser modificado, graças a contribuição de uma nova tendência, a Hotelaria Hospitalar. Certamente que não se pretende aprofundar sobre este tema aqui, porém há que ser citada já que instituições particulares vêm adotando esta ferramenta como fonte de humanização nas relações hospitalares.



Segundo Brito (Estudante do 7° semestre do Curso de Turismo da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista ? Bahia. Artigo p 3.)

"... Hotelaria é a arte de oferecer serviços repletos de presteza, alegria, dedicação, respeito, amor, carinho, fatores que geram a satisfação, o encantamento da clientela indiscriminada... quem define se o hotel tem qualidade ou não, é o hóspede, ou seja, a excelência o cliente, a satisfação do mesmo é a resposta para o questionamento, e se por algum motivo o hóspede sair insatisfeito o hotel deverá rever os seus serviços, caso contrário o hotel deverá continuar aprimorando-se e não acomodar-se, pois nesta luta saudável pelo cliente, enquanto um hotel está acomodado considerando-se bom no que faz muitos outros estão pensando como fazer melhor, assim cabe ao gestor de meios de hospedagem estar continuamente si reciclando e fazendo o mesmo com seus funcionários para sempre buscarem a total realização dos serviços oferecidos e sempre alcançando cada vez mais lucro já que essa é a tendência da economia mundial". (p.4)

Nas elucidações descritas acima, pode-se ter uma breve noção das contribuições da hotelaria para a saúde, e o quanto vem a agregar para psicopedagogia. Pois, como se fala em complexidade de um "ser", deve-se levar em conta todo contexto do que venha ser e ter dentro das variações das instituições hospitalares.

Porto disse:

"... Para ser psicopedagoga hospitalar há de se ter muita coragem e determinação. É tirar o salto alto quando for preciso e usá-lo quando for necessário. É ter coragem e determinação aliadas ao embasamento teórico não só psicopedagógico, mas também patológicos e psicopatológicos. É arregaçar as mangas quando o serviço for pesado e, principalmente, não desanimar nunca. É difícil? É, mas não impossível. E finalmente é gostar de gente, do seu semelhante, como já dizia o poeta: "Quando queremos uma coisa, todo universo conquista a nosso favor". (2008, p. 99)


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.


A Psicopedagogia Hospitalar é inegavelmente uma realidade atual. Há ainda quem resista ou até mesmo desconheça, porém se o nosso objeto de estudo é o conhecimento em suas formas de aquisição e está inserida nas relações humanas, por sua vez não poderá estar do lado de fora da instituição hospitalar.
Penso que a psicopedagogia hospitalar tem sim seu papel de interlocutor de todas as relações humanas e para todas as idades. O que pretendo mostrar é que o conhecimento se faz presente em momentos, quando há alguém que "quer ensinar e outro com interesse de aprender", pois um sem o outro não existe.
Sabemos que não é fácil e que ainda há um caminho a ser trilhado, mas temos que despontar corajosamente, pois o conhecimento já se faz presente em nossa realidade. Pratica talvez? Bem, certamente esta necessita de profissionais capazes de desempenhá-la com tamanha competência quanto capacidade para desenvolvê-la no âmbito hospitalar, com as restrições e maestria que se faz necessário.


7. REFERÊNCIAS:


ABERASTURY, Arminda. A Criança e Seus Jogos. Porto Alegre: Artemed, 1992.
BARBOSA, Laura M. S. Uma Só Psicopedagogia e Vários Âmbitos de Ação. Curitiba.
BERGER, Kathleen Stassen. O Desenvolvimento da Pessoa da Infância à Terceira Idade. 5c Edição, ED. LTC.
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre. 2007.
BRAZ, Júlio Emílio. O Olhar de Azul. São Pulo, 2002, ED. FTD.
COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com Crianças. 3c Ed, ED Wak. Rio de Janeiro /2009.
ESTEVES, Claudia. R. Pedagogia Hospitalar: um breve histórico. http: qualievidanapedhospitalar/blogspot.com
MALUF, Maria I. Psicopedagogia Hospitalar: porque e para quem? Portugal: Evento Psicopedagógico Sedes Sapientiae, 2007.
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Hospitalar: intermediando a humanização na saúde. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Hospitalar: intermediando a humanização na saúde. Rio de Janeiro: ED. Wak, 2008.
WOLF, Rosângela A. P. Pedagogia Hospitalar: a prática do pedagogo em instituição não-escolar. Guarapuava: UNICENTRO, 2007.
http://www.urcamp.tche.br/hospital/historico.html
http://www.projetu.com.br/Hotelaria: A Arte de Oferecer Acomodações.

Autor: Lavínia Fragoso Siqueira


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