Estudo da aplicação da tecnologia RFID em Bibliotecas



RESUMO:

A tecnologia de identificação por Rádio Frequência (RFID) é a mais nova tecnologia que está sendo introduzida nas bibliotecas de todo o mundo, no intuito de prover uma melhor gestão eletrônica dos acervos e inovados serviços. Tendo em vista às grandes vantagens que esta tecnologia oferece e como esta tecnologia pode ser uma solução na captura de dados para automação, vários pilotos e projetos modelos foram e estão sendo desenvolvidos no intuito de promover a tecnologia e fazer medições dos seus ganhos. Este artigo trata sobre o estudo da utilização da tecnologia RFID em bibliotecas, abordando os equipamentos utilizados, suas vantagens, exemplos e outros resultados obtidos desta aplicação.

I. INTRODUÇÃO

RFID (Radio Frequency Identification) ou Identificação por Rádio Frequência é um termo que descreve qualquer sistema de identificação automática através de sinais de rádio ou variações no campo magnético para a comunicação e armazenamento (GLOVER; BHATT, 2007).

Segundo Silva (2000), a cada dia torna-se quase que impossível para as bibliotecas, realizarem um atendimento aos seus usuários compatível com as necessidades informacionais que eles necessitam se não houver, além de bases de dados, Internet, entre outras tecnologias da informação, um sistema de gerenciamento de bibliotecas, comumente chamado de softwares para automação de bibliotecas.

Imagine os seguintes problemas: Quem nunca ficou procurando um livro por um bom tempo, pois o livro não estava no lugar correto? Ou não tinha certeza se todos estavam alugados? Ou simplesmente não tinha certeza se a biblioteca possuía aquele livro?

Agora imagine a seguinte situação: Um rapaz precisa de alguns livros para concluir seu trabalho. No computador de sua casa, ele acessa o site da biblioteca e verifica se a mesma possui aqueles acervos, suas disponibilidades e suas localizações físicas. Apesar de serem 22 horas, o usuário resolve dirigir-se a biblioteca. Ao entrar, o rapaz é logo identificado como usuário e seu acesso é permitido. Ele dirige-se às prateleiras onde se encontram os materiais necessários e escolhe 2 livros. Realiza o empréstimo no balcão de auto-atendimento e retorna para sua casa.

Unindo as qualidades e vantagens da tecnologia RFID com a grande necessidade da automação em bibliotecas, estes somam, ainda mais, o quanto é possível e melhor a utilização desta tecnologia em bibliotecas. Com a utilização da RFID, estes problemas e esta situação, aparentemente futurística, seriam facilmente resolvidos.

II. IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA RFID EM BIBLIOTECAS

Em todo o mundo diversas bibliotecas têm implementado a tecnologia RFID para acelerar o registro de entrada e saída de material, o inventário de prateleiras e aplicações de segurança contra furtos.

Segundo Boss (2007), a RFID é a mais recente tecnologia para ser utilizada em sistemas de bibliotecas para detecção de roubo, auto-atendimento e gerenciamento em nível de item, de forma mais eficiente e com menos intervenção humana.

Identificadores flexíveis e de baixo custo são inseridos nos itens do acervo de forma que fiquem ocultos, pois para serem detectados não precisam do contato direto, evitando assim problemas futuros com usuários mal intencionados. Com a capacidade de armazenamento do tipo leitura/gravação dos Identificadores, seria possível reutilizá-los diversas vezes, reduzindo assim sensivelmente o número de identificadores a serem adquiridos. Para a implementação da funcionalidade antifurto, os identificadores reservam um bit de segurança para o EAS, cujos estados são (ativo=1, inativo=0), caso o EAS esteja ativo o item é detectado ao passar pelos portões de segurança.

Com a utilização do RFID os inventários são possivelmente realizados em horas ao invés de semanas como no caso do processo manual (SIRSIDYNIX; TAGSYS, 2006). Com um leitor manual, ou handhelds, o bibliotecário faz o inventário ou identifica itens erroneamente guardados apenas caminhando pelos corredores das prateleiras e estantes.

Com a implementação de um inovado serviço oferecida pela tecnologia RFID, conhecida como serviço de auto-atendimento, às bibliotecas podem oferecer melhores atendimentos e serviços extras como serviços 24h, sem adição de custos com horas extras de funcionários.

A. Detalhamento de Equipamentos 1) Portais Os portais são instalados na saída da biblioteca formando um ou mais corredores de passagem, desempenhando a função de segurança antifurto.

2) Leitores Manuais São leitores RFID portáteis, os quais possuem importantes funções: ? Rastreamento / Pesquisa dos acervos solicitados; ? Inventário do acervo; ? Levantamento estatístico dos acervos consultados.

3) Leitores de Mesa São os leitores RFID que ficam conectados nas estações de trabalho dos funcionários. Estes leitores possuem diversas funções: ? Edição e atualização do registro do cliente; ? Adicionar e excluir do registro do cliente; ? Gerar relatórios particulares através do histórico dos empréstimos; ? Armar/Desarmar o EAS dentro do material da biblioteca; ? Empréstimo/Devolução/Renovação para aqueles clientes que optam por não usar o sistema de auto-atendimento; ? Gravação dos dados nos identificadores.

4) Terminais de Auto-Atendimento Um tipo de Terminal bastante inovador que dá a capacidade para os usuários fazerem autonomamente as operações de empréstimos, devoluções e renovações. Um ponto importante para a produtividade da biblioteca, o qual evita as longas filas e diminui a necessidade de muitas estações de atendimento pessoal. Geralmente estão instalados em locais estratégicos provendo serviços de 24 horas para devolução.

III. VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA RFID EM BIBLIOTECAS

Melhoria significativa nos serviços de atendimento ao usuário. A tecnologia RFID possibilita a utilização de sistemas de auto-atendimento e sistemas automatizados de classificação na devolução de materiais do acervo da biblioteca (VIERA et al, 2007; SCHNEIDER, 2003).

Alta velocidade na realização de inventários. Uma das grandes vantagens dos sistemas de RFID é a sua capacidade de identificar os livros nas prateleiras sem derrubá-los ou removê-los. A mão com o leitor de inventário pode se mover rapidamente através de uma estante para ler as informações. É possível não só atualizar o inventário, mas também identificar itens que estão fora de ordem ou em locais incorretos (BOSS, 2007).

Longa vida do identificador. Por estarem ocultas e acondicionadamente protegidas, as etiquetas RFID duram mais do que os códigos de barras. A necessidade de substituição das tags vem com a quantidade de sua utilização, o que variam em cerca de 100.000 transações (BOSS, 2007).

Incorporação de novos itens ao acervo com maior agilidade (SCHNEIDER, 2003).

A reutilização da etiqueta RFID pelas bibliotecas, segundo Koyle (2005), devido esta possibilidade, a aplicabilidade da tecnologia RFID em bibliotecas é melhor do que no varejo, pois os itens vão e voltam muitas vezes reduzindo significativamente o custo de aquisição de novos identificadores.

IV. EXEMPLOS E OUTROS RESULTADOS OBTIDOS DE APLICAÇÕES RFID EM BIBLIOTECAS

A proliferação da tecnologia RFID e sua aplicação bem sucedida atraíram a atenção de muitas bibliotecas em todo o mundo. As quais começaram a explorar soluções RFID no intuito de automatizar e agilizar suas diversas atividades e oferecer novos serviços, entre eles: o auto-empréstimo e a auto-devolução; inventários mais ágeis; e uma maior segurança contra furtos (CHING; TAI, 2009; VIERA et al, 2007).

A primeira aplicação desta tecnologia foi em 1998, na Austrália, em Singapura, com o objetivo de testar a tecnologia e verificar a possibilidade desta utilização em bibliotecas. O sistema de RFID foi desenvolvido pela Biblioteca Nacional de Administração e Logitrack Cingapura Technologie e os componentes adquiridos foram da Austrália do Sul, na própria Singapura. Os testes realizados obtiveram bons resultados, porém acreditavam que esta tecnologia ainda estava demasiadamente cara para ser viável em bibliotecas (BUTTERWORTH, 1999).

Na Europa, a primeira biblioteca pública a implantar a tecnologia RFID foi a Hoogezand-Sappemeer, em 2001, na Holanda, onde os usuários tinham a opção de utilizar ou não a tecnologia RFID, como por exemplo: o auto-atendimento ou o uso de Handhelds, para localizar os livros nas prateleiras. Para sua surpresa, 70% utilizaram a opção de RFID, a qual foi adaptada rapidamente, incluindo as pessoas idosas (SINGH et al, 2006).

Segundo Viera et al (2007), no ano de 2004 a Biblioteca Pública de Berkeley (BPB) adquiriu um sistema RFID com um custo de US$ 650.000, no intuito de solucionar o problema da falta de fundos para contratar novos funcionários, devido sua ampliação em 2002, e reduzir os custos relacionados com lesão dos funcionários da biblioteca, os quais, apenas no período de 1998 até 2003, foi de aproximadamente dois milhões de dólares.

Com a tecnologia RFID a BPB pode aumentar sua eficiência adotando os serviços de auto-atendimento e aumentar suas horas de atendimento ao público, o qual tinha reduzido apenas em 2004 17%. Além de permitir a redução das lesões dos trabalhadores e consequentemente reduz seus enormes custos relacionados (VIERA et al, 2007).

V. CONCLUSÕES

Neste artigo foram abordados os principais aspectos para a implantação da tecnologia RFID em uma biblioteca, desde os seus componentes, principais equipamentos a serem utilizados, as vantagens na utilização da tecnologia em bibliotecas, à exemplos e outros resultados obtidos de aplicações RFID em todo o mundo.

A pergunta a ser respondida é, então, se é possível implementar a tecnologia RFID em bibliotecas: A resposta é sim. Como dito anteriormente, diversas bibliotecas de todo o mundo têm implementado esta tecnologia, mostrando-se bastante eficazes e satisfazendo as expectativas do mercado.

Consequentemente, outra pergunta é criada: é viável a substituição do código de barras pela RFID em bibliotecas? E sua resposta é: Sim, porém depende. Como existem diversos tipos e portes de bibliotecas, bibliotecas estas que podem variar de dezenas de empréstimos diários à milhares, faz-se a necessidade do estudo da viabilidade de implantação para cada caso. O que é possível se afirmar, com certeza, é que com instalação da RFID a biblioteca será capaz de oferecer além de melhores e inovados serviços, excelentes oportunidades de ganho de produtividade, como foi exemplificado anteriormente.

REFERÊNCIAS

[1] BUTTERWORTH, M. RFID in Singapore. 1999. Disponível em: . Acesso em 15 nov. 2009.

[2] BIBLIOTHECA-RFID. The BiblioChip RFID System Grows With You, 2009. Disponível em: . Acesso em 7 set. 2009.

[3] BOSS, R. W. RFID technology for libraries. 2007.

[4] CHING, S. H. e TAI, A. HF RFID versus UHF RFID ? Technology for Library Service Transformation at City University of Hong Kong. 2009.

[5] GLOVER, B.; BHATT, H. Fundamentos de RFID. 1ª Ed. Rio de Janeiro ? RJ; Alta Books; 2007.

[6] KOYLE, K. Management of RFID in Libraries. 2005.

[7] SHAHID, S. M. Use of RFID Technology in Libraries: a New Approach to Circulation, Tracking, Inventorying, and Security of Library Materials, 2005.

[8] SILVA, M. I. Critérios essenciais para o processo de automação da biblioteca Padre Lambert Prins. São Paulo; 2000.

[9] SINGH, J.; BRAR, N. e FONG, C. The State of RFID: Aplications in Libraries. 2006.

[10] SIRSIDYNIX; TAGSYS. RFID radio frequency identification. library white paper. 2006. Disponível em: . Acesso em: 7 out. 2009.

[11] VIERA, A. F. G.; VIERA, S. D. G. E VIERA, L. E. G. Tecnologia de identificação por rádio frequência: Fundamentos e aplicações em automação de bibliotecas. 2007. Disponível em: . Acesso em: 17 out. 2009.


Autor: Lucas Saback De Almeida


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