Educação versos desigualdade social: o confronto incansável



Percebemos que a escola possui o papel de adaptar o individuo aos valores da sociedade capitalista e essa instituição é responsável pela transmição dos valores da classe dominante. Meksenas menciona Marx, no qual ele afirma que: "(...) as regras de funcionamento da escola, os seus conteúdos de aprendizado dão meios para reproduzir a desigualdade da sociedade capitalista." A citação de Marx enfatiza nossa afirmação anteriormente, não resta duvida de que a escola serve aos interesses capitalistas, favorecendo assim poucos e desmerecendo muitos. Assim afirmam Establet-Baudelot.
(...) o processo educativo se dá dentro da escola também é desigual, pois a escola é instituição sob o controle da classe dominante reprodutora das desigualdades sociais. (...) a classe social- por ser dominante- teria acesso as melhores escolas, seus filhos teriam tempo e recursos para estudar, enquanto os trabalhadores, sem recursos financeiros e por causa das jornadas de trabalho, são obrigados a se contentar com as piores escolas, não atingem, as notas necessárias para entrar nas melhores...(Meksenas,1988,p.71).
Encontramos então a desigualdade social em auge n escola com relação ao contexto mencionado, onde a criança menos favorecida economicamente é submetida a condições de humilhação, preconceito e submição, pois a criança que detém do poder econômico se entende com o sendo o soberano de toda a escola e sociedade.
Há estudos que mostram que os professores se comportam diferente nas escola de alunos de famílias pobres e nas escola de alunos acomodadas.nas primeiras atuam segundo o estereótipos e visões negativas sobre os pobres e com baixas expectativas com respeito aos alunos e suas capacidades;ao mesmo tempo que é o maltrato aos alunos, é maior sua superproteção. Do aluno pobre considerado carente, exige-se menos e também menos lhe é oferecido. (Torres, 1996, PP.68-69)
Até o professor se torna um agente dessa desigualdade, através da transmissão de saberes que consistem na reprodução da sociedade de classes, principalmente o tipo de linguagem usada, que para Meksenas "é a soma dos recursos que no permitem divulgar informações, que o professor utiliza para com seus alunos.
(...) enquanto a criança da encontra diante de linguagem nova que terá de dominar com muito esforço e sacrifício. Esse fato se reflete no aprendizado dessas crianças, pois enquanto a primeira aprender com facilidade, a segunda terá muita dificuldade. É obvio que o desempenho da criança pobre na escola capitalista será diferente do desempenho da criança rica. (Meksenas,1988,p.74classe burguesa conhece essa linguagem, pois a vive no cotidiano, a criança pobre se)
Em resumo, a escola se configura sendo democrática, universal e atribuindo oportunidades para todos, no entanto essa visão é uma ideologia que a classe dominante nos impõe.
As crianças pobres, sem duvida, tem uma dificuldade muito maior de aprender o que a escola ensina. Seus pais não têm como lhes oferecer boas condições de estudo, trabalhar e estudar ao mesmo tempo são quase impossíveis. Os professores não estão preparados pra ajudar as crianças pobres e superar as suas dificuldades. Os regulamentos escolares transformam-se, muitas vezes, em obstáculos que muitos não conseguem ultrapassar. Mas será justo continuar a por a culpa do fracasso das crianças mais pobres inteiramente na pobreza e absolver a escola qualquer responsabilidade! Ou será a culpa do fracasso é a maneira como a escola trata a criança pobre! Na verdade, muitos dos problemas apontados acima poderiam ser resolvidos se escola tivesse outra atitude em face da pobreza. Até hoje a escola tratou a pobreza como se fosse culpa dos pobres, ou defeito de nascença que só vem atrapalhar a escola. E de fato, atrapalhar porque a escola não foi pensada para os pobres, a escola foi pensada para uma criança ideal, uma criança que não trabalha uma criança que fala "bonito", uma criança que pode estudar em casa com calma etc. em suma, a escola não foi pensada para a maioria, mas sim para os filhos de uma elite que por definição, são muitos poucos. (Claudius ceccon, Miguel e Rosiska de Oliveira, 1982, PP.47-48)
Temos que admitir que a escola é reprodutora de desigualdades, estar a serviço da classe dominante, no entanto há outras formas de conceber a escola, uma delas é a concepção progressista. Meksenas cita Georges Snyders.
Ao afirma que a escola pode ser instituição dinâmica que ajude nas transformações das desigualdades sociais, Snyders não esta negando o papel fundamentalmente conservador que ela desempenha: em ultima instancia, ela continua a ser reprodutora da ideologia da classe dominante. Porem a escola não se resume a isso, existem no seu interior forças progressistas atuando para transformação da própria sociedade. (Meksenas,1988, p.81)
Desde modo o nosso olhar diante a escola muda completamente, deixando de lado a concepção de apenas reproduzir as desigualdades sociais, entretanto passamos a reafirmá-la como instrumento de transformação social. Assim resta uma esperança na mudança da escola e da sociedade que mesma esta inserida, pois os atores sociais que nelas estão participando poderão ter uma educação mais justa. Oliveira afirma que: "Mesmo que saibamos que não é a partir da escola que a sociedade vai se transformar, podemos dizer que as mudanças que podemos produzir dentro da própria escola já modificam a sociedade".
Educação; a luz no fim do túnel ou a continuidade da obscuridão $
Para Brandão: a educação (...) "sua missão é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com imagens que se tem um dos outros..." tal definição de educação é de fundamental importância para compreendermos a educação na sua real dimensão, que forma indivíduos para a sociedade. Existe varias outras visões sobre a educação, mas todas tem a formação do homem para a sociedade, sendo ela capitalista, socialista, progressista conservadora, etc., como base de seus significados.
Vamos agora deter o papel da educação diante das concepções de outros autores. Comecemos falar sobre o sociólogo Émile Durkheim que tem uma visão bastante conservadora, no qual defende uma idéia de educação que tem como finalidade manter e reproduzir a sociedade instituída. Maksenas mostra o que Durkheim sobre a educação.
A tarefa que cabe a educação não é transformar ou revolucionar a sociedade capitalista,e sim reproduzir os valores morais dessa sociedade, integrando os indivíduos, tentando, no Maximo reformar alguns aspectos sociais considerados negativos. E, nesse sentido, podemos afirmar que sua visão sobre a educação também é extremamente conservador, pois para Durkheim, a educação não existe para mudar e sim para reproduzir. (Mekesenas, 1988, p.45)
Diante dessa concepção a classe dominante prevalece eternamente. Outro autor que é também sociólogo, estamos falando de Karl Mannheim, que defende a idéia de educação também conservadora, no qual afirma: "(...) o único caminho para a construção de uma sociedade e educação democrática se daria através do planejamento" , isso significa dizer que tal planejamento importante, segundo Meksenas,para: "controlar e organizar a vida em sociedade evitando os conflitos sociais".
Tanto Durkheim, como Mannheim defendem teorias conservadoras, pois não visam a transformação da sociedade capitalista, mas a reprodução de seus valores.
Karl Marx possui uma concepção de educação incubada de idais ideológicos da sociedade capitalista, no qual o mesmo afirma que; "(...)a educação escolar vem desempenhar o papel de transmissora da ideologia dominante ..." , percebemos que o mesmo é bastante critico sobre a educação capitalista, pois segundo ele, a mesma tem somente objetivos de dominção e desigualdade.
Meksenas deixa explicito tal afirmação ao mencionar idéia de Marx.
Para Marx (...), toda educação é de classe empresarial recebe é diferente daquela da classe trabalhadora. Enquanto os membros da primeira são educados para dirigir a sociedade de acordo com seus interesses, os membros da segunda são disciplinados e adestrados para o trabalho, para aceitarem a sociedade capitalista como ela se apresenta,sendo submissos.(Meksenas, 1988, p. 68)
Notamos que cada classe recebe um tipo e educação diferenciada, enquanto a classe dominante recebe a boa educação, que porventura ajuda na dominação, enquanto a classe de trabalhadora tem acesso a uma educação precária, incumbidas de problemas, tornando-a assim "pressa" fácil para dominação da classe anterior.
(...) emergem tipos de saber que correspondem,desigualmente a diferentes categorias de sujeitos(o rei, o sacerdote, o guerreiro , o professor e o lavrador)...outros ainda começam a aprender para serem "chefes", "feiticeiro", "artista", "professor", "professor"...(Brandão, 2007, p.28)
Desse modo é impossível combater a desigualdade social na educação, nem os mais otimistas encontram uma solução nessas teorias conservadoras. O confronto direto entre educação e desigualdade social na nossa sociedade é constante, e em muita vezes a desigualdade sai ganhado, para que isso mude nos sugerimos que abracemos as teorias progressistas, Maksenas expõe o objetivo de tal teoria.
A nosso ver,as tendências pedagógicas progressistas se constituem nas teorias que terão como objetivo central tentar conceber criticamente a educação e a escola na sociedade capitalista, buscando ainda perceber de que forma essa educação e escola podem ajudar no processo de superação das desigualdades sociais, contribuindo ainda para a construção de uma nova sociedade.(Meksenas,1988, p.86)
Em suma, as teorias pedagógicas não objetivam em adaptar o individuo na sociedade, muito menos busca reproduzir as desigualdades sociais, mas sim transformar a sociedade.
Autor: Marcos Bispo De Souza


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