LULA COMO MITO, TOTEM E TABU









Universidade Aberta do Brasil

Polo Aracruz











LULA COMO MITO, TOTEM E TABU
















Claudia Dalila Ferraz Ciribelli dos Santos







2010











LULA COMO MITO, TOTEM E TABU


Neste texto pretendo demonstrar que o Sr. Luís Inácio Lula da Silva presidente do Brasil, ganhou as dimensões de MITO,TOTEM E TABU.

" Sigmund Freud- Em Totem e Tabu Freud compara os ritos de povos primitivos com a neurose, relacionando o significado original do totenismo com o processo pelo qual passa o desejo inconsciente. O totem ( divinização de escultura representando plantas , animais ou antepassado) pode ser definido como instituição primitiva que deixou indícios nas religiões ritos e costumes dos povos civizados contemporâneos e o tabu( o mais antigo dos códigos não escritos da humanidade) compreende prescrições rigorosas cuja violação traz sérias consequências e castigos para os membros de um grupo. Ao que tudo indica, o totem define uma consanguinidade na qual se inscreve uma lei para deter o incesto".

Falemos então do mito: 'O presidente dos pobres'. Parafraseando um verso de Fernando Pessoa "O nada que é tudo". Ou melhor se tornou tudo.
No entanto não seria inconsequente dizer que Lula supera a classificação de ser um mito e pela sua longa carreira política, que foi fortemente apoiada pela mídia e pelos bispos da Igreja Católica, ele se tornou um TOTEM e um TABU para grande parte dos seus eleitores que nunca ouviram falar de esquerda ou marxismo. Nestes últimos anos inclusive abandonou a dependência do PT e hoje como analisou muito bem a revista VEJA a algum tempo, o que existe é um lulismo exacerbado. Pesquisas realizadas em certas regiões do Nordeste e outras que vivem isoladas dos jornais e presas à televisão, geralmente colocada nos jardins destas pequenas cidades para que o povo veja as novelas da TV globo, revelam que o analfabetismo é muito alto e que adultos não chegaram a um nível de raciocínio lógico. Para estes brasileiros o presidente ganha a dimensão de totem, de um protetor, no sentido que ele cria uma nova lei e até uma moral e que sai da sua boca, apontando quem são os culpados, isto é, " eles, a elite". "Lula, como TABU, ganha a proibição de ser tocado, e desta forma coloca-se acima de qualquer lei e acima dos demais mortais"
Durante o período do governo militar de 1964, Lula surge com a retórica primária para levantar a bandeira das esquerdas sufocadas pelas manhas do General Golbery do Couto e Silva a eminência parda do regime autoritário instalado em 1964. Em torno de Lula, para apoiá-lo reuniram-se todas ou quase todas as facções da época, da luta armada ao esquerdismo Gramsciano, tendo como principal suporte os intelectuais marxistas da USP ? a bilionária Universidade de São Paulo ? todos os estatizantes e coletivistas, e com mais empenho, a igreja apostata da teologia da libertação, de natureza revolucionária e anticristã, integrada por gente fanática do tipo Leonardo Boff e Frei Betto. De lá para cá, escorado na proteção da mídia, o Mito Lula cresceu em força e substancia, chegando ao poder, afinal em 2002.
Mas o que leva um homem comum, ex operário, biótipo talhado ( barbudo, sem dedo ) a por de joelhos quase toda uma nação, e se transformar em um TOTEM para grande parte dos brasileiros?
Freud em seu texto sobre a psicologia das massas reconhece a:

"mentalidade da multidão", uma mentalidade hipotesiada. Ele tem uma interpretação dinâmica da descrição da mente da massa. Freud não despreza as massas, antes questiona o que transforma as massas em massas. Ele busca descobrir quais forças psicológicas resultam na transformação de indivíduos em massa. Qual o vínculo une esse grupo? Para Freud o vínculo que integra os indivíduos em uma massa é de natureza libidinal. Quando ele fala em vínculo libidinal entre membros de uma massa não é obviamente de uma natureza sexual desinibida. O problema se coloca em termos de quais mecanismos psicológicos transformam a energia sexual primária em sentimentos que mantém as massas unidas. Freud analisa os fenômenos cobertos pelos termos "sugestão" e sugestabilidade que ele reconhece como proteção, amparo.

( Será que isto se encaixa no fenômeno, lulismo?)
A massa o grupo tem necessidade dessa proteção ( herança arcaica ) ela busca o pai primevo, a quem ela deve obediência e que a ampara. A formação da imagem dessa figura paterna onipotente transcende em muito o pai individual e com isso apta a ser ampliada em um "eu" do grupo dissemina a atitude passiva-mazoquista, a qual a vontade tem que se submeter.
Seguindo a teoria de Freud vamos ver que:

" O mecanismo que transforma a libido na ligação entre líder e seguidores, e entre os próprios seguidores, é a identificação. (lembra? Lula, um homem comum) A identificação ' é a expressão mais primitiva de uma ligação emocional com outra pessoa' desempenhando um papel na história inicial do complexo de Édipo. Nesse caso a imagem do líder como a de um pai primitivo todo poderoso é separada da imagem paterna real. Além disso, o aspecto primitivamente narcisista da identificação como ato de devorar, de tornar o objeto 'amado' parte de si mesmo pode nos fornecer uma pista para o fato de que a imagem do líder moderno, às vezes parece mais ser a ampliação da própria personalidade do sujeito, uma projeção coletiva de si mesmo ( um igual a mim), fazendo do líder seu ideal que na verdade serve como um substituto do ' ideal do eu' inatingido".

A imagem do líder satisfaz o duplo desejo do seguidor de se submeter à autoridade e de ser ele próprio a autoridade. Todos os dispositivos padrão dos agitadores são projetados em acordo com a linha da exposição por Freud daquilo que mais tarde se tornou a estrutura básica da demagogia fascista, a técnica da personalização, e a idéia do grande homem comum; ( parece até que estamos falando de Lula!) igualitarismo repressivo ao invés da verdadeira igualdade pela abolição da repressão. "Dessa forma a assim chamada psicologia do fascismo é amplamente gerada por manipulação. Mesmo hoje os membros de um grupo necessitam da ilusão de que são amados igualmente e de forma justa por seu líder, mas o líder não precisa amar mais ninguém ele pode ser absolutamente narcisista, autoconfiante e independente". Aparecendo como o super-homem de Nietzsche, " especialmente entre os chamados homens superiores"[ Nietzsche, 1906-1968:463-464] o líder deve ao mesmo tempo realizar o milagre de aparecer como uma pessoa comum. O super- homem deve ainda se assemelhar ao seguidor e deve aparecer como sua "ampliação". Em acordo com isso um dos dispositivos básicos da propaganda fascista personalizada é o conceito do "grande homem comum, alguém que sugere tanto onipotência, força e poder, quanto a idéia de que é apenas um dos rapazes", saudável, um simples mortal, um homem do povo. A ambivalência psicológica ajuda um milagre social a se realizar..
Assim acontece a identificação da massa com Luiz Inácio Lula da Silva. Ele um igual a mim, mas ao mesmo tempo possuído de poder e autoridade, capaz de ser meu líder, meu protetor. Sendo assim eu governo através dele, meu igual.
O conteúdo da teoria de Freud, a substituição de narcisismo individual pela identificação com a imagem dos líderes, aponta na direção do que poderia ser chamado de opressores.

"A emancipação do homem do domínio heterônomo de seu inconsciente, seria equivalente à abolição no sentido oposto, pela perpetuação da liberdade potencial, pela expropriação do inconsciente pelo controle social ao invés de tornar os sujeitos conscientes de seus inconscientes".

Pois bem, analisando agora pela vertente do líder. O que leva um homem comum a querer tanto, a buscar ( provavelmente conforme todas as suas forças e chegar tão longe? Quem sabe o mesmo e então citado narcisismo, se amar através do outro. O outro nada mais é que uma fonte de amor e admiração voltados para ele mesmo." O outro é o meio, eu sou o fim"..
É precisamente a idealização de si mesmo que o líder fascista tenta promover em seus seguidores. As pessoas com as quais ele tem que contar geralmente padecem de conflito moderno e característico entre uma instancia do eu racional e auto preservadora fortemente desenvolvida, e o fracasso contínuo em satisfazer as demandas de seu próprio eu. "Este conflito resulta em impulsos narcisistas fortes que só podem ser absorvidos e satisfeitos pela idealização enquanto transferência parcial da libido narcisista para o objeto. A fim de permitir a identificação narcisista, o líder tem que aparecer como absolutamente narcisista, e é deste insight que Freud deriva o retrato do ?pai primitivo da horda" o qual poderia igualmente ser Lula. A parecendo como um super-homem o líder deve ao mesmo tempo realizar o milagre de aparecer como uma pessoa comum, da mesma maneira como Lula se apresenta de King-Kong e barbudo, sem dedo Analfabeto.Também isto Freud explica por sua teoria do narcisismo. De acordo com ele

"o individuo desiste de seu ideal do eu e o substitui pelo ideal do grupo tal como encarnação no líder. [ Porém] em muitos indivíduos a separação entre o ideal do eu não é muito avançada; os dois ainda coincidem prontamente; o eu frequentemente preservou sua autocomplacência inicial". A escolha do líder é facilitada em muito por esta circunstância. Ele só precisa, de possuir, de forma particularmente pura e claramente marcada, as qualidades típicas dos indivíduos envolvidos, e só precisa dar a impressão de maior força e maior liberdade de libido; e nesse caso a necessidade de um chefe forte vai a seu encontro e o investe de uma superioridade que de outro modo ele talvez não pudesse reclamar para si. Os outros membros do grupo, cujo eu ideal não teria, fora desta situação, se encarnado em sua pessoa sem alguma correção, se deixam, então levar com o restante pela "sugestão", quer dizer, por meio da identificação".

É assim que "Lula com seu interesse narcisista sofrendo de uma insanidade cósmica quer fazer uma sucessora que na verdade será um fantoche em suas mãos ou melhor servirá de escada para ele chegar onde quer: precidir o mundo via ONU". E olha que ele sendo eleito o fará.
Mas afinal, quem é esse homem "dono" de tanto corações e aclamado por quase toda uma nação? Simplesmente o homem mais popular do planeta.
" Ele cresceu tão pobre que somente descobriu o que era pão quando tinha 7 anos. Essa era a idade de Lula quando ele subiu em um pau-de-arara,com agricultores que fugiam da seca, para uma viagem até o sudeste do país, onde sua família instalou-se numa favela de São Paulo. Ele abandonou a escola na quinta série, foi engraxate e foi trabalhar como operário aos 14 anos. No início da carreira perdeu um dedo em um torno, em virtude de um acidente ocorrido no turno da noite, em uma fábrica de autopeças. Anos depois tornouse líder sindical respeitado internacionalmente. Isto porque em pleno regime militar, as greves eram ilegais,mas ele desafiou os generais e os patrões e praticamente paralisou a potencia do estado de São Paulo, a região do ABC, em nome do sindicado. Mas os anos se passaram e este sindicalista ousado enfim chegou não ainda ao topo pois sei que ele ambiciona muito mais, mas muito longe para aquele garoto de 7 anos que chegou em são paulo num pau-de-arara. Consolidando sua ascensão em uma Assembleia Geral da ONU em Nova York, não foi sobre o charme de Barak Obama ou sobre ditadores como Mahmoud Almadinejad, do Irã e Hugo Chaves da Venezuela, mas sim sobre a maior estrela do encontro que os holofotes se concentraram, Luís Inácio Lula da Silva que mesmo após 8 anos de tumultuado exercício continua com uma increditável taxa de em torno de 70% de aprovação. Sobre ela ainda disse o presidente Obama, na cimeira do G20 em Londres, " That´s my man" e ainda completou " O politico mais popular na terra". Mas como disse antes, ainda não é o fim. As coisas podem mudar como ele mesmo gosta de dizer citando Raul seixas, " Eu sou uma metamorfose ambulante". No exterior ele tem hoje pouca semelhança com o homem rudimentar de 30 anos atrás, ou mesmo para o político que se tornou nos anos 80 e 90. O antigo cabelo cacheado negro e uma barba desgrenhada, agora é aparada cuidadosamente e os cabelos bem cortados. Ao invés de camisetas surradas de trabalho e jeans boca-larga, veste-se bem em belos ternos sob medida." O homem que chegou dizendo que assumiu o cargo para melhorar a sorte dos pobres brasileiros, está convencido que o Brasil tem a missão de transformar o mundo". E ele tem levado isso a sério.
Freud salientava que os mitos mostram uma " ignorância consciente e uma sabedoria inconsciente.
O mito é simbólico, oculta e revela simultaneamente. O ser humano precisa desses dois sistemas de apreensão da realidade para sobreviver emocionalmente.

















BIBLIOGRAFIA:

Safatle, Vladimir; Freud como teórico da modernidade bloqueada/ Vladimir Safatle ? Vitória: Universidade Federal do Espirito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a distancia, 2010.
Autor: Claudia Dalila Ferraz Ciribelli Dos Santos


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