FORMAÇÃO DOCENTE E A ECOPEDAGOGIA NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO



FORMAÇÃO DOCENTE E A ECOPEDAGOGIA NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO

Rosemary Santos
Universidade Federal de Sergipe
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Resumo

O presente artigo tem a gritante necessidade de pensar a educação ambiental do ponto de vista inclusivo, como um problema de todos e onde os habitantes do cosmos, pos-sam estar engajados numa corrente em busca de soluções que contribua para um planeta futuramente ecologicamente sustentável. O problema ambiental e o desenvolvimento sus-tentável são antagônicos e por preponderar o desenvolvimento e o crescimento da econo-mia, a sustentabilidade deve ser analisada com muita responsabilidade por todas as pessoas. De nada adianta o desenvolvimento sem que ele sirva para uma melhoria da qualidade de vida. Só existe desenvolvimento se este servir de forma igual para todos os habitantes dessa aldeia global. No mundo onde a globalização é palavra de ordem, deve-se globalizar não apenas a economia, mas também as ações das pessoas em busca de um mundo com susten-tabilidade.
Palavras-chave: Formação docente. Desenvolvimento Sustentável. Inclusão

Problemática Anunciada

O presente artigo surgiu depois da leitura do livro "Ecopedagogia e Cidadania Planetária", de Francisco Gutiérez e Cruz Prado, e observar a necessidade aprofundar nessa temática de modo que outras pessoas pudessem conhecer um pouco mais sobre educação ambiental dentro do tema Ecopedagogia e Sociedade Sustentável. E depois porque o tema educação ambiental precisa adentrar com muita força no ambiente escolar. O pedagogo precisa ser o protagonista dessa história, contribuindo para a formação dessa mudança de atitude nos educando.
Tornar o aluno conduzido por uma metodologia onde o professor de formação consciente da cidadania e da necessidade de uma mudança paradigmática, consubstanciado com uma proposta pedagógica que possa contribuir para o desenvolvimento da sociedade sem de-gradar o ambiente, analisando as causas sociais da classe pobre, que vive abaixo do índice da pobreza e oferecer uma educação que promova um desenvolvimento centrado no em-prego e renda e na mudança de hábitos, cabendo à escola conduzi-los.

A Ecopedagogia

É onde entra a ação da ecopedagogia. Um movimento que busca trabalhar com um novo enfoque. Que observa o mundo como sustentável na medida em que ele seja sus-tentável para todos. Seria um esforço global para melhoria das condições sociais de toda ordem. Seria por exemplo, ter um emprego sustentável, uma vida sustentável, uma moradia sustentável. Percebe-se conforme parafraseia o texto, não se pode pensar em desenvolvi-mento sustentável sozinho, descentralizado das outras pessoas.

A cidadania seria primordial para que todos pudessem usufruir dos seus direi-tos, enquanto cidadãos da mesma aldeia. Se todos pertencem a uma só aldeia, supõe-se que devem possuir os mesmos direitos, a ecopedagogia se preocupa em despertar nas pessoas esses direitos, de forma solidária.

Educação Ambiental e Currículo

Só nos anos, marcadamente por volta de 1975, começaram a surgir no Brasil os primeiros projetos de educação ambiental em escolas municipais, estaduais e nas institui-ções de educação privadas de maior conceito no mercado.
(Colocar referência) Em 1977, dois anos após, surge no currículo à disciplina "Ciência do Meio Ambiente", sendo incluída no currículo do curso de engenharia. A partir de 1994, algumas universidades renomadas elaboravam os primeiros trabalhos sobre eco-logia. Hoje são realmente um número mais relevante de universidades públicas e particula-res que oferecem cursos de graduação pós-graduação e mestrado em ecologia e meio am-biente, mas ainda de forma incipiente, apenas para atender as necessidades atuais. E mesmo a oferta de vagas nessas duas áreas é bastante pequena, dado a demanda nos cursos e a aplicabilidade nas empresas.

"O desafio da inversão da temática ambiental nos currículos escolares deve procurar abordar as ques-tões ambientais em sua totalidade, evitando enfoques de temas isolados, mesmo que relevantes. São as inter-relações de causa e efeito, são as interdependências das questões diversas que caracterizam e funda-mentam o caráter dialético da temática ambiental. Portanto deve-se procurar trabalhar os problemas do meio ambiente na perspectiva de amplitude da temáti-ca ambiental. Deve-se buscar trabalhar questões am-bientais que explicitem situações ? problemas concre-tos da realidade, fazendo evidenciar os elementos de vínculo de múltiplas outras questões das quais os problemas se interrelaciona".

Os conteúdos de meio ambiente conforme orientação dos PCNs deve ser inse-ridos no currículo independentemente do nível de escolaridade e da disciplina. Partindo do micro ao macro, ou seja, abordando a realidade de cada localidade e enfocando as situa-ções maiores, fazendo um paralelo entre o local e o global. De forma que os conteúdos estejam harmonicamente organizados nos planos de aula. Partindo desta premissa, preten-de-se formar uma pedagogia multidisciplinar,
Já em 1970, momento em que a população não estava preparada politicamente para questionar, para buscar subsídios que favorecesse a problemática decorrente dos fato-res que causavam dano ao meio ou até mesmo para fazer cumprir o que estava prescrito na legislação vigente daquela época, a qual dizia no seu art. 225, "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qua-lidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e pre-serva-lo para as presentes e futuras gerações".
Porém, precisamente em meados de 1985, por determinação do (CFE) Conse-lho Federal de Educação, a ecologia não seria organizada como disciplina na grade curricu-lar pela sobrecarga de disciplinas já organizadas no currículo e abrangência de conteúdos contidos nela. Com a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 do MEC, estabelece que a educação ambiental tomou novos rumos. A ecologia portanto está inserida neste contexto, pois falar de ecologia é falar do estudo do meio e dos seres vivos que fazem parte. O MEC criou os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). E criou os temas transversais para servir de ferramenta de suporte atendendo a realidade local e partindo para a esfera global. Hoje com o avanço do tema meio ambiente, o qual, inclusive tratamos de forma errada, porque meio e ambiente significam a mesma coisa, mas por ter sido consagrado como meio ambi-ente em todos os vínculos de comunicação, inclusive nos livros faz-se uso deste, como meio ambiente senão veja, segundo Aurélio: meio ? lugar onde se vive; ambiente. Ambiente; aquilo que cerca ou envolve os seres vivos.
E criou-se outros parceiros, bem como foi criada a agenda 21 da Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente e desenvolvimento, onde orienta os educandos e os cidadãos da terra a trabalhar o tema meio ambiente, sobretudo os alunos na escola, os conteúdos inseridos de forma multidisciplinar, depois interdisciplinar, atendendo com base no currículo a realidade local, para depois buscar desenvolver essas disciplinas usando a transversalidade como eixo para abordagem dos temas dentro das disciplinas afins ou não.

"Esta opinião fundamenta-se num entendimento da interdisciplinaridade que não dilui as abordagens es-pecíficas e as perspectivas próprias de cada ciência. Ao contrario, o trabalho interdisciplinar toma sentido como a associação de análises peculiares, como uma conjunção que afirma individualidades. O resultado desse trabalho aparece como um somatório dos enfo-ques individuais de cada disciplina, que nesse cruza-mento adquire qualidades novas. O interdisciplinar é constituído sobre e a partir das análises empreendidas pelas várias ciências. Desta forma, não prescinde dos conhecimentos particulares (e parciais frente a temática em questão), mas alimenta-se deles (do re-sultado de sua aplicação ao tema em foco).".

A Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade está ligada a trabalhar os conteúdos programáticos de várias disciplinas e busca desenvolver um determinado tema, como no caso meio ambiente, dentro de uma concepção de conhecimento pertinente as disciplinas relacionadas ou não. Os conteúdos devem ser inseridos de forma integrada atendendo as áreas de conhecimento, fazendo um paralelo com as diferentes culturas e dos diferentes usos que os humanos vêm fazendo do meio ambiente.

"A interdisciplinaridade é um processo de conheci-mento que, utilizando uma estrutura multidisciplinar, procura estabelecer vínculos internacionais na apre-ensão e explicação do universo da pesquisa, superan-do dessa forma a excessiva compartimentação cientí-fica provocada pela especialização das ciências mo-dernas".

A transversalidade

Dessa forma os conteúdos a serem trabalhados atravessa todas as disciplinas em sistema transversal. E os PCNs colocou cinco temas os quais serão trabalhadas parale-lamente em conjunto com os demais que são: meio ambiente, orientação sexual, ética, plu-ralidade cultural, saúde e ainda sugere que deve ser inseridos além desses os temas locais dentro dessas disciplinas.

Caberá ao professor mobilizar tais conteúdos em torno de tendências escolhi-das, de forma que as diversas áreas não representem continentes isolados, mas digam res-peito aos diversos aspectos que compõem o exercício da cidadania.
A elaboração coletiva do aluno de fazer seus próprios conceitos leva-os a re-pensar sua prática. Quando o aluno é capaz de produzir seus conceitos em busca de uma prática com vistas a melhoria que contribua para uma mudança individual e coletiva, esse aluno está desenvolvendo uma aprendizagem progressista, libertando-se da opressão, dei-xando de lado a coisa pronta e questionando, buscando soluções para os problemas.

É importante trabalhar seguindo determinados parâmetros, porém não se deve seguir o modelo de currículo pronto, estanque. Os conteúdos precisam ser trabalhados vi-sando uma educação integral que possa nelas trabalhar atividades envolvendo atitudes e valores humanos, os quais denominamos de temas transversais, que busca atender todos os temas pretendidos, inclusive e sobretudo as questões ambientais.
A FALTA DO EXERCÍCIO DA CIDADAN
A Educação Hoje

A educação conquista novos conceitos e significados (Medina, 1996) para con-seguir uma sociedade sustentável, liberal, sobretudo para que no futuro as gerações possam usufruir de um mundo mais solidário, com igualdade de um mundo digno para todos, é necessária uma mudança de conceitos que atenda o binômio "local-global", a fim de con-servar os recursos "sócio-culturais" e naturais.
Houve a reforma curricular, mas ainda de forma incipiente. É por meio dela pode-se começar a definir as atitudes e os valores muito ausentes na sociedade hoje. O que falta para ensinar sobre a natureza, é uma educação que trate da a importância da natureza na vida do ser humano, na biosfera e consequentemente nos modelos de desenvolvimento econômico adotados por diferentes grupos sociais.
A educação precisa aprender a pensar e agir, para o hoje, visando o amanhã. Porém, ela já avançou muito, mas para Naná Minnini Medina (2000).

"O papel da educação atual, se não for o de resgatar o ser humano desta podridão, será nenhum, especialmente da chamada educação ambiental (pois esta foi criada pelo reco-nhecimento da ineficácia da educação). Não se consegue ver relevância em qualquer atividade da Educação Ambiental que não conduza as pessoas a esta reflexão".

As coisas não acontecem como deveriam acontecer. Interessante que o papel da escola é de promover um ensino que seja útil para a vida dos indivíduos. Se o papel da escola é formar cidadãos para viver dignamente na sociedade, de maneira que esse ensino e essa aprendizagem sejam válidos para a formação da pessoa, enquanto cidadão consciente no exercício de sua prática, de grande relevo para cumprir com responsabilidade a solidari-edade de modo que condicione esses indivíduos ao exercício do cumprimento de estruturas ética, e intelectual necessário à aplicabilidade de uma vida sustentável possivelmente não será outro.
"Há de se buscar novas alternativas de aprendizagem, que vislumbrem e incorporem as mudanças pre-tendidas na formação deste indivíduo idealizado para o mundo atual". (p. 25).

O pedagogo precisa ao ensinar, transmitir exatamente aquilo que a sociedade precisa de forma mais emergente para aplicar em sua vida cotidiana, aquilo que lhe foi transmitido e que a partir dele exista mudança significativa, tanto de comportamento como de hábitos e costumes, que interfira no meio ambiente.
Segundo os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) Brasília, 2001, 3ª edi-ção, o papel da escola é de resgatar valores, preparar o educando para ser capaz de exercer a cidadania capaz de enfrentar os desafios que o mundo capitalista propicia, buscando usu-fruir boa qualidade de vida frente a esses desafios do mundo moderno, capitalista. Signifi-ca dizer que o papel da escola é preparar o aluno em todos os aspectos, a fim de que ele exerça responsabilidade no mundo em que vive.
Enfim, o pedagogo não mais traz conteúdos prontos e acabados. Inclusive a escola deixou de ser conteudista para aplicar uma metodologia progressista libertadora ou libertária, onde esses conteúdos não deixaram de existir na escola progressista, mas estão voltados para outro enfoque. O aluno não apenas reproduz o conceito passado pelo profes-sor, mas é condicionado a construir seus próprios conceitos..
Fica mais fácil o professor trazer esse aluno para uma realidade que priorize a educação ambiental como objeto de reflexão. O aluno precisa estar atrelado aos aconteci-mentos do mundo, relacionados às causas ambientais. O pedagogo precisa estimular o aluno a fazer uso dos veículos de informação de toda a natureza. Trabalhando de forma inter-disciplinar no campo ético, conceitual e político, já que como diz Pedro Demo, a educação é um ato político.
Segundo Viola (1996), não se admite mais a desculpa do "não sabia" para as absurdas agressões causadas ao ambiente. A questão ambiental está no mundo inteiro, e todos os habitantes do planeta já têm conhecimento do que causa ruína ao ambiente. É a partir do exercício da cidadania que os humanos irão mudar o modo de viver do mundo, começando dos hábitos, a partir de uma formação docente centrada em uma proposta PE-dagógica que respeite o indivíduo enquanto ser plural e diverso. Se esse aluno é aliciado a esse aprendizado, ele já é capaz de fazer mudança, começando de si mesmo e depois ser multiplicador dessa transformação. Se o aluno reconhece sua identidade, ele vai aprender a "amar uma árvore" Conforme diz Reynol. Se esse humano possui amor, ele vai reconhecer o outro como sujeito. Ele vai valorizar o cidadão como cidadão. Reconhecerá então enquanto pessoa, sujeito útil e de valor em uma sociedade o outro como "legítimo outro".

A (re)educação da Sociedade não é só da Escola

"(...) A superação dos impasses que permeiam atual-mente a busca de um projeto descentralizador, através do qual a participação de grupos organizados da sociedade civil possa transcender o nível da mera mobilização tecnoburocrática de recursos humanos para alcançar o nível do exercício da cidadania ple-na".


Para Gutiérrez, parece de certa forma impossível construir um desenvolvimento sustentável, sem que os indivíduos estejam preparados para o exercício da cidadania.
O que para ele, o desenvolvimento sustentável é o princípio de uma ação mobi-lizadora deste final de século. Uma ação que deve envolver a todos. Não é papel apenas da escola nem das ONGs, resolver as questões ambientais. Mas devem ser através de um tra-balho de construção de rede inseridos nesse processo, que pode envolver, os empresários, e estes por sua vez levem seus empregados a desse movimento participarem, esses emprega-dos têm seus familiares, os quais, ao chegar em casa, discutirão em conjunto: esposo, es-posa e filhos a importância de se fazer uma ação mobilizadora coletiva, em busca do bem sustentável para o meio ambiente. Pode acontecer de existirem famílias que não possuam ninguém empregado, inclusive o chefe de família. Cabe à escola fazer essa conscientização. Em toda a família tem sempre alguém que freqüenta uma escola. O que não é correto é deixar a sociedade aquém da situação. As igrejas também devem participar de forma or-ganizada e sistemática desse movimento de intercâmbio organizacional, talvez o começo parta daí.
O problema ambiental deixou de ser apenas uma questão social cidadã e trans-formou-se acima de tudo em uma questão inclusiva que envolve a todos "abalou todos os autores envolvidos", segundo Francisco Gutiérrez (1999, p. 13). A problemática envolve a geração de hoje e as futuras gerações.
Para que as pessoas possam exigir os seus direitos, antes é preciso conhecer quais são. Antes também de saber os riscos relacionados ao ambiente, é imprescindível que se conheça, para depois ter autonomia grupal para, em cima dos seus direitos, trabalhar em busca de uma ação responsável de consciência, que beneficie o ambiente e consequente-mente a todos os envolvidos nele.

O Cidadão Planetário

O cidadão planetário é o sujeito que já tem conhecimento do que são valores, tem consciência técnica do que é um ambiente sustentável. Esse sujeito já adquiriu o saber tecnoburocrático nesse enfoque da sustentabilidade, porém, o que falta para sua participa-ção na aplicabilidade de ecodesenvolvimento deve partir de uma ação conjunta, capaz de reverter a crise ecológica que se tem enfrentado na conjuntura social contemporânea.
É imprescindível uma ação mobilizadora que construa um tipo de educação onde todos são capazes de controlar sua própria vida. São capazes de detectar as falhas da classe dominante e o poder que essa exerce sobre todos. As pessoas que exercem a cidada-nia planetária estão preocupadas em construir um mundo mais humano que possa servir de "veículo" apropriado para descentralizar o poder.
Enfim, o cidadão planetário é autônomo, exerce sua autonomia a partir de idéi-as fundamentalistas que visam o bem comum entre as diversas classes, independente de situação econômica, visa o cidadão como habitante do planeta, por meio de uma visão par-ticipativa da sociedade planetária.

O Cidadão Comprometido de seu Papel

Conquistar a cidadania é aquecer o lado experimental de cada um. Se o apren-diz está educado para o exercício da prática da cidadania, não importa para ele se as bilhões de pessoas, habitantes do planeta, não estiverem fazendo o mesmo. Não é ético procurar saber se todos estão fazendo cumprir os seus direitos, prescritos na Constituição Federal, onde diz: "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (...)". o importante, segundo Joseph Cornel (1995)" é que cada um comece fazendo a parte que lhe cabe fazer para defender a natureza".
O aluno quando começa a cumprir o seu papel na defesa da aprendizagem , ele deixa de ser aluno aprendiz para ser um educador praticador. Então dessa forma todos são alunos e ao tempo em que praticam o que aprenderam são educadores. Todos são aprendi-zes e educadores. É a partir da educação que se começa a caminhar. A educação é o meio pelo qual se constrói uma sociedade ecologicamente sustentável, socialmente consciente e desencadeadora de ações construidoras.
Para começar essa ação transformadora é preciso, além de uma preparada consciência, a boa vontade seria condição básica para o "fazer fazendo" (Freire, 1999). O ideal é procurar fazer um levantamento daquilo que se pretende fazer para ir começando, se possível, convidando as pessoas interessadas. Um daqui ou mais de um, um de outra parte soma-se dois, significa que já são duas ou três pessoas em duas partes do mundo que estão comprometidas com uma mudança de ordem mundial, de atitudes, valores e compor-tamentos que estão semeando, para usufruir de uma nova ordem planetária.
Tem uma história extremamente importante e de grande valor para o aprendiz cidadão no site do projeto cidadania, cujo principal objetivo é estimular a criação de órgãos como comitês e ONGs, por exemplo, com a finalidade de que cada vez mais, pessoas este-jam engajadas na luta a favor dos benefícios para si e para a natureza. Essa história é de grande relevância porque a partir dela se adquire coragem para seguir adiante, que diz o seguinte:
Certo escritor residia em uma praia, onde era vizinho de uma colônia de pesca-dores. Pela manhã ele andava na praia e à tarde costumava "ficar escrevendo" até que um dia observou um pescador à beira da praia pegando estrelas-do-mar, pegava uma a uma e jogava de novo no oceano. Ao ver isso o escritor aproximou-se do pescador, curioso com o que via e perguntou: - O que você quer conseguir fazendo isso? Você não está vendo? "A maré está baixa e o sol está brilhando, se eu não colocá-las de volta ao mar, elas irão secar e morrer aqui na praia".
O escritor ficou admirado com que tinha visto. "Olha, existem milhões de es-trelas-do-mar espalhadas nas praias do mundo inteiro, que diferença faz? Você pega umas aqui e joga no oceano. De qualquer forma nas outras praias a maioria delas irá morrer de qualquer maneira". O jovem pegou mais uma estrela-do-mar e lançou no oceano e virando-se para o escritor disse: - "Para essa aqui eu fiz a diferença..." À noite o escritor não conse-guiu escrever, sequer dormir. Ao acordar, voltou à praia à procura do pescador, juntou-se a ele e começou a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano. Sejamos mais um dos que estão dispostos a fazer a diferença no propósito de transformar o planeta em um mundo melhor.
Se ficarmos esperando, talvez não chegue a segunda pessoa para lhe ajudar a lançar as estrelas-do-mar de volta ao oceano, mas se você, por sua conta, começar a lançá-las de volta ao mar, consciente dos benefícios que trarão para si e para os outros que habi-tam neste planeta, irão sim, fazer a diferença e sempre surgirá um para se unir a você. se-gundo Joseph Cornell (1995) "ter entusiasmo é o princípio para continuar caminhando".

CONCLUSÃO


O que ficou observado com este trabalho é que a ecopedagogia trabalha de forma conjunta com a cidadania por ser um movimento que contribui para promover uma ação através da práxis pedagógica, por meio de uma cultura que garanta a inclusão de todos em um movimento único e global em busca de uma economia e um ambiente sustentável.
Ela está atrelada ainda a uma mudança paradigmática orientada através da edu-cação, a fim de construir um mundo com desenvolvimento, porém justo e socialmente igualitário.
Temos através de uma (re)educação da sociedade, que enfrentar os problemas vividos no planeta, buscar melhoria para o destino futuro de toda humanidade.
A ecopedagogia é um movimento pedagógico onde todos devem estar envolvi-dos, tanto educadores como todos os povos que habitam no cosmos.
Concluímos que trabalhar com o tema ecopedagogia é um desafio e uma grande responsabilidade, é trabalhar sobretudo com a inclusão e a consciência. Principalmente no tempo de hoje, onde tudo gira em torno do efêmero.
A educação ambiental enfrenta problemas diversos e não é apenas a devastação de matas ciliares, do lixo e da escassez de água. A situação é muito mais agravante e a maior parte da humanidade não vive de forma sustentável. Como ajudar a tornar o ambien-te sustentável, visto que nem mesmo esse cidadão consegue viver com sustentabilidade?
Muito mais agravante e que danifica o ambiente é o modo como vivem as pes-soas, com relevância nos países desenvolvidos, seus hábitos, o modo exagerado pelo qual consomem os produtos.
Enfim, trabalhar educação ambiental é prazeroso, é saber que de alguma forma ou de outra você contribui para fazer uma mudança de hábitos, começando por você.
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Autor: Rosemary Santos


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