Uma reflexão acerca das atribuições do Coordenador Pedagógico



OUTRO OLHAR SOBRE O COORDENADOR PEDAGÓGICO




Ana Paula Costa de Sousa
Pedagoga pela Universidade de Pernambuco - UPE. Pós-Graduanda do curso de especialização em Coordenação Pedagógica pela Faculdade Frassinetti do Recife ? FAFIRE. Email [email protected]

Cristianne Lopes
Professora orientadora da disciplina


Introdução

A presente pesquisa bibliográfica discute o papel do coordenador pedagógico no espaço escolar, contexto este de constantes mudanças na contemporaneidade. Com o intuito de compreender a atuação do coordenador pedagógico dentro do espaço escolar e desmistificar o pensamento de que a atribuição deste profissional é de fiscalizar e substituir professor na sua ausência faz-se necessário entender o que significa Coordenar e Coordenação.
De acordo com o dicionário Aurélio (1977, p.126), coordenar é o mesmo que "ligar, ajuntar, organizar, arranjar", já o termo coordenação significa "mediar, ligar, articular um trabalho em andamento". Historicamente, o papel do coordenador pedagógico foi questionado por diversas vezes, pois faltava especificidade nessa função.
Segundo Silva (1987, p.17), "a supervisão educacional é precipuamente política", ou seja, foram modificando-se ao longo do tempo, no entanto estão ligadas as suas raízes, pois esse profissional teve um caráter profundamente controlador e por isso, ainda se percebe certa desconfiança quanto a atuação dessa função no interior das escolas.
Mas afinal, quais as reais atribuições do coordenador pedagógico? Para tentar elucidar esse e outros questionamentos, este artigo abordará idéias de teóricos como ALMEIDA (2007), ALVES (2008), FREIRE (1982) e VASCONCELLOS (2007).

As atribuições do coordenador pedagógico

Assumir esse cargo é sinônimo de enfrentamentos e atendimentos diários a pais, funcionários, professores, além da responsabilidade de incentivo a promoção do projeto pedagógico, necessidade de manter a própria formação, independente da instituição e de cursos específicos, correndo o perigo de cair no desânimo e comodismo e fatores de ordem pessoal que podem interferir em sua prática.
Muitas vezes, a escola e o coordenador se questionam quanto à necessidade desse profissional e chegam à conclusão que esse sujeito pode promover significativas mudanças, pois esse trabalha com formação e informação dos docentes, principalmente.
O espaço escolar é dinâmico e a reflexão é fundamental a superação de obstáculos, socialização de experiências e fortalecimento das relações interpessoais. O coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade.
Para Freire (1982) o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no interior da escola. Ele deve levar os professores a ressignificarem suas práticas, resgatando a autonomia sobre o seu trabalho sem, no entanto, se distanciar do trabalho coletivo da escola.
Segundo Alarcão apud Vasconcellos (2007, p. 87) "A supervisão pode ser compreendida como um processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um outro professor no seu desenvolvimento humano e profissional".
É dessa forma, agindo como um parceiro do professor que o coordenador pedagógico vai construindo sua prática, com vistas a melhorar a qualidade de ensino ofertada pela instituição de ensino na qual atua. Sua práxis comporta várias dimensões: é reflexiva, pois auxilia na compreensão dos processos de aprendizagem existentes no interior da escola, é organizativa quando tenta articular o trabalho dos diversos atores escolares, também é conectiva, pois possibilita elos não só entre os professores, mas também entre esses e a direção da escola e entre pais e alunos com os demais profissionais da educação. A dimensão interventiva acontece quando o coordenador ajuda a modificar algumas práticas arraigadas que não traduzem um ideal de escola pensado pela comunidade escolar e por fim, assume um caráter avaliativo, pois exige que o processo educativo seja sempre repensado, buscando sua melhoria (VASCONCELLOS, 2007).
Freire (1982, p. 95) afirma que: O supervisor é um educador e, se ele é um educador, ele não escapa na sua prática a esta natureza epistemológica da educação. Tem a ver com conhecimento, com a teoria do conhecimento. O que se pode perguntar é: qual o objeto de conhecimento que interessa diretamente ao supervisor? Aí talvez a gente pudesse dizer: é o próprio ato de conhecimento que está se dando na relação educador/educando.
O coordenador pedagógico precisa focar seu olhar nessa relação entre professor e aluno e entender que, às vezes, alguns professores não sabem como se constrói o conhecimento. Torna-se fundamental então que o coordenador aja como professor, ajudando os professores na compreensão de sua práxis educativa. Por isso uma das principais funções da coordenação pedagógica é o processo de Formação Continuada dos docentes. o coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo do grupo para qualificação continuada desses sujeitos. Consequentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes.
As relações interpessoais permeiam a prática do coordenador que precisa articular as instâncias escola e família sabendo ouvir, olhar e falar a todos que buscam a sua atenção. Conforme Almeida (2007, p.71), na formação docente, "é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades", sabendo reconhecer e conhecer essas necessidades propiciando subsídios necessários à atuação. Assim, a relação entre professor e coordenador, à medida que se estreita e ambos crescem em sentido prático e teórico (práxis), concebe a confiança, o respeito entre a equipe e favorece a constituição como pessoas. Na parceria escola X família, esse profissional é requerido para estreitar esses laços e mantê-los em prol da formação efetiva dos educandos à medida que cada instância assuma seu papel social diante desse ato indispensável e intransponível.
Como ressalta Alves apud Reis( 2008), são os homens que através de sua ação transformadora se transformam e é neste processo que os homens produzem conhecimentos, sejam os mais singelos, sejam os mais sofisticados, sejam aqueles que resolvem um problema cotidiano, sejam os que criam teorias explicativas.
Portanto, o papel do coordenador é favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar, promovendo mudanças atitudinais, procedimentais e conceituais nos indivíduos. Segundo Vasconcellos (2007, p. 104): "No cotidiano escolar costuma haver uma expectativa instalada sobre o papel do coordenador pedagógico, de tal forma que quando ocorre mudança, a pressão é tão grande que o novo coordenador termina se enquadrado no modelo existente, naquilo que já se esperava dele: a expectativa formata o desempenho". Cabe ao coordenador atuar coletivamente e visualizar esses espaços como oportunidades para o desempenho das suas funções. Apesar das inúmeras responsabilidades desse profissional já descrita e analisadas aqui, o coordenador pedagógico enfrenta outros conflitos no espaço escolar, tais como tarefas de ordem burocrática, disciplinar, organizacional.


Referências

ALMEIDA, Laurinda R. O relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e o espaço de mudança.São Paulo: Edições Loyola,2007.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
FREIRE, Paulo. Educação: Sonho possível. In: Brandão, Carlos Rodrigues (org). O Educador: Vida e Morte. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
REIS, Fátima. Disponível em: www.webartigosos.com
SILVA, Naura Syria F. Corrêa da. Supervisão educacional: um reflexão crítica. Petrópolis: Vozes, 1987.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico. Do Projeto Político-Pedagógico ao Cotidiano de Sala de Aula. 8 ed. São Paulo: Libertad, 2007.

Autor: Ana Paula Costa De Sousa


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