RISCO DE INFECÇÃO RELACIONADO À PUNÇÃO DO CATETER VENOSO CENTRAL ? UMA REVISÃO DA LITERATURA.



RISCO DE INFECÇÃO RELACIONADO À PUNÇÃO DO CATETER VENOSO CENTRAL ? UMA REVISÃO DA LITERATURA.

UNINCOR, Universidade Vale do Rio Doce
Núcleo Universitário de Betim.

AUTORES: Elizabeth Clemente Carvalho

RESUMO; O cateter venoso central, e um dispositivo médico, muito usado no monitoramento dos pacientes em estado critico, na terapia intensiva, com a utilização deste dispositivo expõe o paciente ao risco de infecção. O objetivo deste estudo foi identificar os riscos de infecção durante a punção do acesso central na terapia intensiva. Este artigo revisa alguns dos aspectos que envolvem o risco de infecção relacionado a punção do cateter venoso central.

Palavra-chave: cateter venoso central, infecção,risco, assepsia.

ABSTRACT: SUMMARY: The central catheter venous is the medical device, very used in monitoring the patients in crict bad shape in intensive therapy, with use this device to jeopardize the patient in infection risk. The purpose this study was to identify the infection risks during central punch access in intensive therapy. This article to revise some aspect that to envelop the infection risk related an venous catheter central.

Key words: central venous catheters, infection,risk, asepsis.




Introdução:
A história da infecção hospitalar acompanha a história da própria medicina e para que se possam combatê-la é necessário conhecer e entender os princípios de como a mesma atua e sua forma de contágio (1). As infecções hospitalares são as mais freqüentes e importantes complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. No Brasil, estima-se que 5% a 15% dos pacientes internados contraem alguma infecção hospitalar. Uma infecção hospitalar acresce, em média, 5 a 10 dias ao período de internação. Além disso, os gastos relacionados a procedimentos diagnósticos e terapêuticos da infecção hospitalar fazem com que o custo seja elevado (2). Assim, os profissionais da saúde devem buscar conhecimentos específicos e aprimoramento constante, no intuito de proporcionar uma excelência qualidade nos serviços que prestam à saúde, bem como contribuir para o combate das infecções.
A expectativa em busca destes conhecimentos pode resultar em opções imprescindíveis para o tratamento seguro e uma assistência de qualidade humanizada ao cliente. Instituto nacional de saúde (2002) Estudos mostra as infecções nosocomiais como uma maior causa de morbidade e mortalidade o que resulta uma taxa elevada de infecções. Isso no faz refletir como tem sido a qualidade na prestação de cuidados de saúde aos pacientes (5) Vários fatores contribuem para a freqüência de infecções nosocomiais, os doentes internados estão freqüentemente imunodeprimidos, são submetidos a exames e terapêuticas invasivas, com isso estabelecem-se ações que podem desencadear procedimentos iatrogênicos, ou seja, infecções na corrente sanguínea, dependendo da forma de como são desenvolvidas durante os procedimentos realizados pelos profissionais, estes podem desencadear uma infecção (4). Atualmente O Cateter venoso central (CVC) vem sendo usado cada vez mais nas atividades de cuidados com o cliente em terapia intensiva, Os locais de escolha para a sua implantação são as veias jugular interna e externa, a subclávia e a femoral. Estes acessos vasculares são temporários ou provisórios, têm vida curta e estão sujeitos a um grande número de complicações Ver Bras Med (2008) (9) A utilização do cateter é essencial para o cuidado do paciente hospitalizado, suas vantagens são indiscutíveis, na verificação da pressão venosa central, para administração de soluções, com hiperosmolaridade (nutrição parenteral), administração de drogas vasoativas quimioterápicos, inserção de marcapasso transvenoso, realização de hemodiálise e na dificuldade de acesso periférico (13). Porém, podem existir complicações mecânicas ou infecciosas durante este procedimento, dentre as complicações mecânicas estão à formação de trombos, punção arterial acidental, pneumotórax, oclusão ou colapso do dispositivo, extravasamento de liquido, arritmias cardíacas, embolia gasosa, sangramento e formação de hematoma (3) Em relação às complicações infecciosas são as sépticas, variando desde uma supuração local até uma infecção sistêmica. As infecções relacionadas ao acesso central são descrita como: celulite no sítio de inserção, tromboflebite, endocardite, bacteremia, sepse, endocardite, e infecções metastáticas, como osteomielite, endoftalmite, abscesso pulmonar, cerebral e artrite, (3)
Segundo MARTINS, A, K, (2008)*** a pele é a principal fonte de colonização e infecção de cateteres, os microorganismo existem na pele e podem fazer parte da microbiota do paciente, carregados pelas mãos dos profissionais de saúde. A falta de padronização na assepsia, e na técnica de punção, com isso leva aos múltiplos erros dos médicos e quando ocorre varias tentativa de punção pode levar uma grande complicação ao cliente.
Os cateteres intravasculares estão relacionados com altos índices de infecções dentro das unidades de terapia intensiva, pode servir como fonte de infecção sanguínea. A contaminação pode acontecer da própria flora do paciente ao atravessar o exterior do cateter ou por contaminação de medicamentos, hemoderivados, soluções de nutrição parenteral, a transmissão de infecção através das mãos dos profissionais de saúde que e um fator conhecido e de grande importância, as mãos devem ser lavadas antes de se iniciar qualquer procedimento invasivo com substância anti-séptica a base de iodo ou clororexedina, (13)
Os microrganismos mais comuns nas infecções relacionadas a cateter venoso central é o stafilococus coagulase negativo, são os mais freqüentes, principalmente em cliente imunocomprometidos e com cateterizacão prolongada. Os Staphylococus epidermidis multi-resistente, e Staphylococus aureus e fungos são muitos freqüentes nas infecções de cateter (3 10). De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, (2001) durante a punção do acesso central o profissional de saúde deve-se trabalhar com conscientização na passagem do cateter, pois um procedimento sem técnicas assépticas leva a uma grave complicação para o cliente, Já ressaltamos que as mãos são o principal meio de infecção e devem ser lavadas com técnica adequada com anti-séptico PVP-I degermante ou clororexidina a 2% e a Seguir: usar paramentação completa gorro, máscara, capote, luvas estéreis, fazer a anti-sepsia com povidine-iodo a 10% ou clororexidina alcoólica em campo ampliado remover o excesso, com gás estéril, usar campos estéreis para passagem de cateter. Após a instalação do cateter, manter curativo oclusivo com gases seca ou curativo transparente, a vantagem do transparente é que permite a visualização do orifício de inserção, promove barreira contra sujidades e as trocas são menos freqüentes, uma vez que favorece a avaliação constante pelo profissional da saúde, e realizar a troca cada 24-48 horas e sempre que este se apresentar úmido, sujo, com presença de sangue ou secreções, realizar anti-sepsia com povidine-iodo ou clororexidina alcoólica em cada troca de curativo, após inspeção do local de Inserção, trocar a cada 72 horas, utilizar um equipo próprio e único para (NPT) nutrição parenteral, hemoderivados ou lipídios, que deve ser utilizado somente para esse fim e trocado a cada 24 horas24.(8 14)
De acordo com Revista Latino-Americana (2007) 10 é consenso os benefícios decorrentes de se usar curativo com clororexidina, no entanto, o álcool a 70% e o PVPI alcoólico a 10% também conferem proteção contra infecção. Neste estudo, foi observada a falta de padronização de anti-séptico utilizado no local da punção, tanto no momento da instalação do cateter como nas trocas de curativos, na maioria das vezes era usado PVPI e, na ausência desses, era realizada limpeza com soro fisiológico (10).
O Ministério da Saúde recomenda uso de degermantes químicos no cuidado a pacientes críticos antes da realização de procedimentos invasivos, porque eles agem na microbiota da pele e não dependem da ação mecânica da escovação, diminuindo a agressão à pele dos profissionais de saúde. Além disso, a maioria das formulações químicas dos degermantes possui efeitos residuais e cumulativos local, retardando o processo de re-colonização, que vária de quatro a seis horas. Não há indicação de troca rotineira de cateteres venosos centrais, estas infecções podem ser prevenidas com medidas básicas de assepsia e a conscientização da equipe hospitalar sobre os riscos inerentes a estes procedimentos. A equipe de enfermagem, e responsável pela assistência em período integral, tem importante atuação na Prevenção e controle do risco de infecção por este sítio, os microrganismos vão desde um quadro inflamatório não associado à infecção até um quadro de septicemia, com comprometimento do estado geral do paciente, causando até a morte (13)
Segundo QUESADA, et al, 2006, isso demonstra que além da preocupação com o cliente relativo ao seu prognóstico, deve-se observar que após uma infecção há um aumento na permanência deste paciente na unidade de terapia intensiva gerando custos de medicações e Monitorização invasiva. Por isso os treinamentos dos profissionais de enfermagem que manipulam diariamente estes cateteres, e a existência de protocolos rigorosos de cuidados, têm possibilitado a redução nos riscos de complicações infecciosas (3).
De acordo com o Hospital Libanês (2004) 6. A ocorrência das complicações está relacionada a erros técnicos, sendo que os mais comuns são as múltiplas tentativa de punção, o posicionamento inadequado do paciente e a realização de punção em situações de urgência, Por este motivo preconizou o uso de técnicas seldinger como descrita a seguir:
Paciente em decúbito dorsal horizontal com rotação lateral da cabeça para o lado oposto do procedimento
Paramentação do profissional com gorro mascara cirúrgica lavagem das mãos com escova e colocação de avental e luvas estéril;
Assepsia da pele abrangendo a área extensa e colocação de campos estéril protegendo o local da punção. Se necessário sedar o paciente,
Infiltração da pele e plano profundo com lidocaína 2% sem vasoconstritor. Com a agulha da à anestesia, tentar localizar a veia a ser puncionada;
Punção da veia com agulha 18G de 8,0 cm, de comprimento mantendo ? se pressão negativa no embolo da seringa. Quando houver refluxo de sangue, desconectar a seringa da agulha, introduzir o fio guia com a extremidade em "J"pela agulha por aproximadamente 20 cm existem conjuntos de cateteres cuja seringa dispõe de orifício central por onde se pode.
Introduzir o fio guia, sendo desnecessário desconectar- se da agulha. A introdução do fio guia deve ocorrer sem resistência, retirar a agulha metálica, mantendo o fio guia dentro da veia, dilatação do orifício da pele e da veia com dilatador próprio através do fio guia, colocação do cateter definitivo através do fio guia e retirada do mesmo.
A fixação do cateter com monofilamentado (nylon), seguindo-se as especificações do fabricante,
Curativo oclusivo sobre o local da punção,
Confirmação radiografia do posicionamento do cateter.
Estima-se que metade dos pacientes admitidos em hospital recebe algum tipo de terapia, quer seja intravenosa ou procedimentos invasivos, sendo que a presença de infecções no sistema venoso profundo representa um forte potencial de complicações infecciosas (3).
O diagnostico das infecções relacionada ao cateter e difícil porque nem todos os pacientes apresentam os sinais de inflamação no local de saída do cateter e quando os sinais estão presentes, a infecção só e confirmada apos a retirada do cateter colhido a ponta do cateter e três amostra de sangue enviado para laboratório.
Baseando-nos critérios laboratoriais e clínicos Considerou-se septicemia quando havia pelo menos duas culturas positivas para o mesmo microorganismo no sangue coletado através de punção do cateter e de veia periférica, associado à presença de sintomatologia sugestiva de infecção sistêmica, como febre e tremores persistentes (3). Justificativa e objetivo o cateter venoso central e um instrumento medico muito usados no monitoramento de pacientes em estado critico. O uso destes cateteres expõe o paciente ao risco de infecções levando a varias complicações locais e sistêmicas, com a pesquisa realizada podemos observar diversidades de conceito associado à infecção por falta de padronização na técnica, assepsia, preparação da equipe, sem duvida essa diversidade de conceito compromete o sistema de vigilância epidemiológica (3 12). A infecção da corrente sanguínea representa uma importância ameaça para o cliente e instituição com o prolongamento da internação, aumento do risco, a infecção, redução da disponibilidade de leitos e aumento dos custos hospitalares, gerando uma maior causa de morbimortalidade. O objetivo deste estudo foi Identificar os riscos de infecção durante a punção do acesso central na terapia intensiva.

Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com o propósito de reunir o conhecimento existente sobre o risco de infecção relacionado à punção do cateter venoso central. Foram seguidos os seguintes passos: seleção dos recursos disponíveis (bases de dados bibliográficas); seleção de termos a utilizar na pesquisa foram: cateter venoso central, assepsia, infecção, risco. EM seguida foi realizado uma leitura dos títulos para confirmação da sua pertinência. A pesquisa foi feita em bases de dados bibliográficas on line (WEB, BAV, LILACS, SCIELO, BIREME), durante o mês de março de 2010. Que resultou na seleção de 15 artigos que cumpriam os critérios previamente definidos, sendo que 15 artigos e de 2001 a 2009 que contribuiu para o desenvolvimento do artigo.

Discussão e conclusão

Os 15 artigos pesquisados apontaram dados relevantes que visam a prevenção da infecção do cateter venoso central. Sendo que 1 (6,7%) dos artigos relata que a infecção esta relacionada a gravidade da patologia do cliente, 6 (40%) apresentaram um foco alarmante com os profissionais de saúde por falta de assepsia das mãos,durante a punção e nas trocas de curativos, 2 (13,4%) indicam o aumento da morbimortalidade destes pacientes, 5 (34%) tiveram prolongamento da internação e aumentado o custo da assistência medica.
Segundo a Rev Bras (2008) A Infecção da corrente sanguínea associada ã inserção e manutenção de cateter venoso central e uma das mais graves complicações, o prolongamento a internação e aumento do custo da assistência medica, cada ano mais de 6000 pacientes desenvolve esta intercorrência nos Hospitais ingleses (15).
Baseado nos resultados encontrados verificou que a utilização de padronização de assepsia das mãos, o treinamento dos profissionais de enfermagem que manipulam diariamente estes cateteres, e a existência de protocolos rigorosos de cuidados, reduz as infecções, e, por conseguinte diminui a mortalidade, o prolongamento da internação, gastos hospitalares e aumenta a disponibilidade de leitos. Então as medidas que visam diminuir os riscos de infecção associada com a terapêutica por via venosa devem levar em conta a segurança do paciente e a relação custo-benefício. A educação continuada e a formação de equipes especializadas parecem ser uma maneira racional de prevenção dessas infecções. A elaboração de protocolos para a prevenção e o controle dessas infecções, deve fazer parte da rotina dos CTI.

Referências Bibliográficas

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2-Prevenção da Infecção Hospitalar Sociedade Brasileira de Infectologia Elaboração Final: 15 de Agosto de 2001.

3- CONTROLE-INFECÇÃO-RELACIONADA-CATETER-VENOSO-CENTRAL-REVISÃO
Maria Verônica Ferrareze Ferreira -. Id.: 29143949 
4- Biofilmes detectados em ponta de cateter venoso central por cultura usando
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 Adquiridas no hospital. UM GUIA PRÁTICO. Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge, Edifício LEMES, Avenida Padre Cruz.

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8-Uso de cateteres venosos totalmente implantados para nutrição parenteral: cuidados, tempo de permanência e ocorrência de complicações infecciosas Revista de utriçãoPrint version ISSN1415-5273 Rev:vol.18 no.2 Campinas Mar/2005
9-A utilização de cateteres venosos
Central em pacientes da UTI ADULTO
DE UM HOPITAL DE GRANDE PORTE.

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12-RISCO DE INFECÇÃO EM CATETER VENOSO CENTRAL NA TERAPIA INTENSIVA ? REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA SILVA, H.G.1; ANDRADE, M.R.2; CRUZ, I.C.F.3; OLIVEIRA, B.G.R.B.

13- CONTROLE DE INFECÇÃO DE ACESSO VASCULAR PERIFÉRICO PELOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Kelly Araujo Martins*Anaclara Ferreira Veiga Tipple**Adenícia Custódia Silva e Souza***Regiane Aparecida dos Santos Soares Barreto****Karina Machado Siqueira*****Jackeline Maciel Barbosa.


14- Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 abr/jun; 17(2):215-9. ? p.215 AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE CURATIVO EM CLIENTE COM ACESSO VENOSO PARAHEMODIALISE.


15-Rev Bras Clin Med, 2008;6:224-227 Infecções Sangüíneas Relacionadas aos
Cateteres*







Autor: Elizabeth Elizabeth Clemente Carvalho


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