Em meios a tantos desafios:avaliar com novas possibilidades



Em meio a tantos desafios: avaliar com novas possibilidades.


Liérgina Pedrosa Alves e Silva¹

Ana Christine Pitombeira Façanha²
RESUMO
O presente artigo objetiva refletir sobre as práticas avaliativas desenvolvidas no ambiente escolar, questionando o real sentido da avaliação e favorecendo aos educadores uma análise sobre suas tomadas de decisões pedagógicas que viabilizem uma maior qualidade no processo ensino e aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE-Avaliação- Formação Docente- Ensino-Aprendizagem.

ABSTRACT
The present article deals with the evaluation of the teach-learning, as something excellent in the pertaining to school life them pupils, specifically on the reflection and pedagogical action them professors, as for the evaluation.

KEYWORDS: Evalution,Teacher Formation ?Teach-Learning.

A avaliação está marcada pela subjetividade. Por se tratar de uma prática humana, nela estão inseridas as concepções de mundo e as práticas sociais e políticas. Bock, Furtado e Teixeira, (2004, p.76), apud França,afirmam que:

A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; (...) Essa síntese - a subjetividade - é o mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais (...).


____________________________________________________________________________

¹ Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e aluna do curso de pós-graduação em Formação de Formadores-UECE. E-mail: [email protected]
² Pedagoga, Supervisora pedagógica, Especialista em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio e aluna do curso de pós-graduação em CoordenaçãoPedagógica-FA7.E-mail: [email protected]

Avaliar o processo de ensino-aprendizagem tem sido uma constante angústia, tanto para os educadores como para os alunos.
Há muito se vem trabalhando com a prática avaliativa punitiva, como afirma Luckesi (2002 p.37):
(...) a avaliação está sendo arbitrária no que se refere ao aspecto de julgamento e classificação deixando de lado todo o real sentido de avaliar (...) Esse tipo de proposta avaliativa deixa de ser uma construção pedagógica e passa a ser considerada uma pedagogia de exame.

Desta forma, a avaliação assume um papel disciplinador e classificatório enfocado nos aspectos quantitativos da aprendizagem. Avaliar, nesse sentido, não é um ato de investigar a qualidade dos resultados intermediários ou finais de uma ação, nem subsidia uma melhora e nem contribui para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional do aluno. E qual será mesmo o real sentido da avaliação? Para Maia (2003, p.154):
A avaliação tem de estar a serviço de algum objetivo, não tem sentido por si mesmo. Se o objetivo é a formação integral do aluno, há de se avaliar essa integridade. Não basta avaliarem só o conhecimento: a avaliação não pode ocorrer em um só momento, mas sim, ao longo de todo o processo.

A partir do século XX, percebe-se a preocupação com uma proposta avaliativa que amplie o sentido de medir e testar, que tem apenas a finalidade de julgar, passando a ser olhada como parte integrante do processo ensino e aprendizagem.
Segundo Hoffman (1993), o reducionismo da avaliação, na concepção de medida, denuncia uma consciência ingênua do educador, sendo simplista e não se aprofundando nas causas e consequências de tais fatos. A avaliação é essencial para a educação desde que seja concebida como problematização, questionamento e reflexão sobre ação. Para avaliar, faz-se necessário que o educador tenha clareza dos seus princípios norteadores da sua práxis, pois avaliar é um processo contínuo, sistemático e reflexivo, na busca incessante de uma perspectiva construtiva da aquisição do conhecimento do aluno e do educador.
Contudo, a medida não deve perder sua verdadeira função que é mensurar erros e acertos. O que é inaceitável é que ela seja o centro do processo avaliativo. A medição passa a ter sentido a partir da reflexão feita pelo professor do que ela representa para a construção do conhecimento do aluno. A quantificação deixa de ser essencial, mas não é dispensável. Portanto, pressupõe a relação tríade entre o professor, o aluno e o conhecimento, tendo o aluno como construtor do seu próprio conhecimento, e o professor como mediador que orienta e possibilita o acesso ao conhecimento. Dessa forma, professor e aluno buscam coordenar o saber conjunto.
Tendo a avaliação esse enfoque, seu objetivo principal é o direcionamento da aprendizagem e seu consequente desenvolvimento. Nessa perspectiva, a avaliação terá um caráter mediador, investigativo, sendo um ponto de partida para a aquisição de novos conhecimentos no processo educativo.
Percebe-se que o assunto avaliação é uma constante inquietação docente, devido aos desafios enfrentados pelos professores e à subjetividade do mesmo, instigando questionamentos do tipo: Quais conteúdos são significativos para serem abordados? Que metodologia utilizar? Como equacionar o tempo e a atividade? Como elaborar e qual estrutura que o instrumento avaliativo deve ter? Que medida adotar na flexibilidade nas correções? Como sistematizar a análise dos resultados e discutir sobre o desempenho dos alunos? Como fazer para transpor a concepção mediadora do campo conceitual para o atitudinal? E, principalmente, como tornar a avaliação um elemento de transformação?
Na contemporaneidade não existe mais espaço para uma prática avaliativa autoritária e arbitrária, pautada exclusivamente na quantificação do conhecimento. Contudo, para transformar essa prática é necessário que todos os envolvidos reflitam sobre o real sentido da educação, considerando as condições objetivas, subjetivas, históricas, políticas e sociais, dentro de uma perspectiva dialógica e contínua. Segundo Vasconcelos (1998) é necessário romper o paradigma da avaliação estritamente quantitativa para uma avaliação diagnóstica, que servirá como parâmetro redimensionador do planejamento pedagógico, possibilitando de fato o aprendizado acontecer. De conformidade com esse pensamento de Hadji( apud DEPRESBITERIS 1994, p.105), diz que: "a virtude está na atitude de colocar a avaliação a serviço da promoção e da melhoria da aprendizagem, buscando estratégias que possam concretizar uma maior qualidade educacional".
Portanto, avaliar é necessário, partindo do princípio de que o objetivo maior é o crescimento do aluno em todos os contextos, (social, psicológico e cognitivo), além de ajudar o aluno a progredir na aprendizagem e o professor a aperfeiçoar sua prática pedagógica.
Entende-se a complexidade da transformação na forma de avaliar, pois é uma mudança de paradigma. Mudar um paradigma é alterar a essência de verdades arraigadas no indivíduo. É bem mais amplo do que estabelecer estratégias, modificar instrumentos, é refinar o olhar e deslocar o foco. Os educadores precisam mudar de postura, pois a avaliação é um elemento essencial em todo o processo de ensinar e aprender. De acordo com Zabala (1998, p. 220) a função da avaliação é atribuída a esse processo, pois "... exige uma atitude observadora e indagadora por parte dos professores, que os impulsionem a analisar o que acontece e a tomar decisões para reorientar a situação. Esta atitude se aprende".
Pensar na avaliação é muito mais que a soma de tudo isso. É, em última instância, desvendar o sentido profundo da existência do fenômeno educativo, do educar e do educando. É, na sua essência, questionar o sentido da vida humana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base o conceito de Avaliação, na formação dos educadores e no mundo contemporâneo, observa-se que estamos caminhando para uma prática avaliativa mais consciente e aliada ao processo de aprendizagem. Porém, a ação avaliativa não é simples de executar. É preciso refletir, principalmente, sobre o valor que uma avaliação pode produzir na vida escolar de um aluno.
Durante este estudo, ficou explícito que os cientistas em educação estão propondo uma análise mais crítica sobre o assunto, instigando a reflexão dos prejuízos que uma avaliação equivocada ou mal aplicada tem para a escola e para o aluno.
Apesar de todos os esforços em propor uma avaliação justa, com critérios definidos, ainda se encontra, na atual realidade, um distanciamento entre a avaliação realizada na maioria das escolas e aquela que consideramos ideal para uma educação de qualidade.
Vale ressaltar a necessidade de observar e refletir as práticas avaliativas atuais desenvolvidas no âmbito escolar, propiciando aos educadores subsídios para orientar suas tomadas de decisões durante os planejamentos didáticos, bem como, ajudá-los a superar os antigos modelos avaliativos e alcançar em um formato crítico, reflexivo e mediador de avaliação.

REFERÊNCIAS.
ANDRIOLA, Wagner, (org) Avaliação: múltiplos olhares em torno da educação.
Fortaleza: UFC, 2005.
BRASIL.MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:SEF,1997.
BRENDA, Coleman (org.). Esboço em avaliação educacional. Fortaleza: UFC, 2003.
FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama do Brasil, in:Psicologia: teoria e prática; vol.6,nº 1, jan/ jun,2004.
HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.
HOFFMAN, Jussara. Contos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.
______________. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação & realidade, 1993
LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2002.
MAIA, Adeodato. Avaliação do processo ensino-aprendizagem: Avaliar para crescer.In: ANDRIOLA, Wagner;Brendan Coleman Mc Donald (orgs.)et al. Avaliação. Fiat lux em avaliação. Fortaleza:UFC,2003.
PIAGET, Jean; Inhelder. Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
VASCONCELOS, Celso. Avaliação da aprendizagem e práticas de mudanças; por uma práxis transformadora. São Paulo, Libertad, 1998.(Coleção de Cadernos Pedagógicos Libertad; v.6).
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Autor: Liergina Silva


Artigos Relacionados


AvaliaÇÃo

Avaliação Diagnóstica, Formativa E Somativa.

AvaliaÇÃo No Processo Ensino - Aprendizagem

Modalidades E Funções Da Avaliação Na Educação Infantil.

Critérios De Avaliação No Processo De Ensino Aprendizagem Escolar Dos Professores Do 1° Ano Do Ensino Fundamental

TeÓricos Da AvaliaÇÃo

Avaliar Para Incluir E Produzir Conhecimentos