Pais e filhos: encontros e desencontros.



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Pais e filhos: encontros e desencontros.

Autora: Elis Cristina do N. Farias/2010

A história da humanidade descreve que as famílias se constituem de pais e filhos, sem contar os parentes mais próximos que de alguma maneira fazem parte da família. Então, por que não citá-los neste artigo sobre os encontros e desencontros entre pais e filhos.
Venho de uma família muito extensa e mista, de cultura afro-brasileira e portuguesa, por parte de mãe e, de cultura italiana e gaúcha, por parte de pai. Por falar em família, o conceito de família varia de sociedade para sociedade, para algumas, é a primeira comunidade que conhecemos, a comunidade familiar, que na escola se aprende dessa forma, nas aulas sobre quem sou eu ou quem faz parte da minha família. Ora, o que é família senão aquelas pessoas com quem convivemos todos os dias? Neste caso, aparecem amigos e vizinhos, aquelas pessoas que desejamos ou não que participem de nossa vida familiar. Porém, voltemos ao assunto em questão: os encontros e desencontros entre pais e filhos. Mas, pensando melhor, essas pessoas com as quais convivemos são responsáveis, na maioria das vezes, pelos conflitos familiares. Vejam que acordando pela manhã, lá pelas 8 horas, meio que cansado do dia estressante que foi ontem, me deparo na janela com meu vizinho, aquele que poucas vezes vejo e falo sobre qualquer assunto. Neste momento penso que não deveria ter ido primeiro a janela e sim direto ao banheiro fazer minha higiene pessoal. Depois, um café da manhã acompanhado de uma vista linda da minha varanda no segundo andar. Tudo maravilhoso, se não fosse o primeiro passo dado logo que acordei. Sendo pai ou mãe, funciona da mesma forma, nada pode sair do desejado logo pela manhã para que o dia seja perfeito. E, então começa o dia, se for fim de semana é certo que apareçam a parentada e as coisas começam a fluir de maneira positiva ou negativa dependendo do seu humor ou do seu ponto de vista.
A família brasileira é diversificada, podendo ser de pais e filhos em comum acordo e união ou de pais separados e filhos de um pai só. Podem ser também de uma ou duas mães, vai do gosto de cada um. Muitos filhos não sabem bem de sua origem, então a coisa fica complicada. Na escola esses filhos, sejam de pais unidos pelo matrimônio ou separados, ou ainda, de pais desconhecidos, é que deixam transparecer os problemas emocionais, apenas e tão somente, emocionais. A professora, hoje chamada educadora por muitos autores, e educando os seus alunos, é que recebe toda carga de depressão, repressão, rebeldia, fome, insatisfação, degradação, irritação, apatia entre outros sentimentos advindos da falta de estrutura familiar, seja por falta dos membros da família ou por falta de acesso aos mesmos, ou ainda por falta de diálogo, de comida, ou sei lá o que, são tantas as problemáticas familiares, enfim, que o educando trás em sua bagagem de mundo e que não consegue organizar dentro de si acabando por pôr em risco toda condição de aprendizagem que possa ter naquele momento.
Os pais, seres tão notadamente familiares aos filhos, em busca de o melhor para seus rebentos sempre fazem o que podem e o que não está ao seu alcance, mas podem dizer que fez por seu filho o que seus pais não puderam fazer por eles. Que impressionante esta atitude heróica em busca de satisfazer aos próprios desejos em função da vida dos filhos. Nossa cultura, infelizmente, copia dos povos globalizados internacionais costumes como dar ao seu filho, cuidar dele mesmo que já tenha 40 anos e seja um solteirão ou até mesmo casado. Se o filho passa no vestibular, ganha um carro com carteira de motorista ou não, depende da compreensão dos pais sobre o que é responsabilidade social ou jurídica, conforme o gosto. Até os encontros e desencontros se anexarem a vida cotidiana, sem que se perceba aquele bebê tão lindo e fofinho cresceu e se tornou um adolescente, mais conhecido como "aborrescente" entre os adultos que não conseguem alcançar a compreensão das ações espontâneas e hormonais de seus filhos nesta fase. A garotada está em completa transformação de seus corpos e mentes e, como se não bastasse, sentem uma dificuldade enorme de se compreenderem neste período da vida. O fato é que os pais ficam mais perdidos que nunca quando se vêem diante de situações como deixar seu filho ou sua filha sair com os amiguinhos pela primeira vez. E quando a filha resolve namorar, mesmo que seja aquele namorico inocente, o pai quase tem um enfarto. Fica pelos cantos como um animal arredio ou entra em parafuso e se choca com a adolescente como um tanque de guerra contra a armada de uma batalha. "Pobre menina, não tem ninguém", já dizia a música cantada na Jovem Guarda. Hoje cabe corretamente nas situações em que se encontram as famílias no que diz respeito ao diálogo e atenção aos filhos. Eles na verdade não tem ninguém com quem conversar, dialogar, bater um papo, colocar as ideias no lugar, curtir ou viver em comunhão. Os filhos adolescentes precisam de espaço, ter seu próprio cantinho, onde possam se expor sem medo nem vergonha, se estabilizar e se aprimorar conhecendo a si mesmos novamente, pois esta é uma fase difícil. Falo difícil para o adolescente e, um pouquinho difícil para os pais.
Lendo livros que me interessam sobre pais e filhos, posso citar de Cury, em seu livro Pais brilhantes, professores fascinantes, que "Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo", visto que é mais fácil para os pais fingir que não viu ou não entendeu para não se sentir responsável pelo resultado, seja ele bom ou não. Os pais a que me refiro, geralmente, vivem ilhados sem se importar com o que acontece ao entorno deles, não se comunicam e nem se expõem, não apresentam qualquer tipo de sentimentos e, assim se tornam alvos de sua própria loucura. Não se pode tolir os sentimentos, escondê-los ou falsificá-los como se fosse uma mercadoria barata. Os filhos aprendem com os pais sobre os sentimentos quando esses pais se expõem perante seus filhos, se deixam transparecer e tentam de alguma forma transformar em aprendizado essa experiência com os sentimentos. Os filhos se tornam fortes sentimentalmente, configuram uma certeza em seus atos como se soubessem que o que fazem é certo, como se já tivessem passado por aquela situação e, então, agem de maneira correta sem medo de erros, sem se fragilizar, sem se esconder. Assumi integralmente a formação de sua personalidade moldada nos altos de uma família consolidada e feliz. Cuidar do diálogo familiar é uma segurança para a convivência entre os membros dessa família.

Autor: Elis Cristina Nascimento Farias


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