Análise Do Desempenho Dos Acadêmicos Dos Cursos De Matemática E Física Na Disciplina De Cálculo Diferencial E Integral I Da Unir – Campus De Ji-paraná



ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS ACADÊMICOS DOS CURSOS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NA DISCIPLINA DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I DA UNIR – CAMPUS DE JI-PARANÁ


PEREIRA, Eliana Alves

ARÁOZ, Susana Maria Mana


RESUMO


Este estudo teve como objetivo identificar e esclarecer os fatores que têm ocasionado a evasão dos acadêmicos na disciplina de Cálculo I, dos cursos de matemática e física da Unir campus de Ji-Paraná/RO. A amostra estudada foi de 40 (quarenta) acadêmicos. Para atingir os objetivos definidos, foram utilizados questionários direcionados aos acadêmicos, debates em sala de aula e um levantamento bibliográfico. A partir das informações obtidas foi possível identificar algumas causas que contribuem para a reprovação e desistência universitária. Este estudo pode contribuir para o diagnóstico e intervenções pedagógicas futuras que são necessárias para melhorar o desempenho dos acadêmicos. Além do mais, foi possível perceber que se faz necessário que os responsáveis pelas políticas educacionais conheçam o problema para que dessa forma possam ter subsídios para propor alternativas às dificuldades encontradas pelos acadêmicos.


Palavras-chave: Evasão, cálculo, desempenho e aprendizagem.


INTRODUÇÃO


Do início da vida escolar à acadêmica, a matemática tem sido o problema. É a "dor de cabeça" de vários estudantes. É claro que existem as exceções. Geralmente, este temor é mais justificado pela superficialidade do conhecimento acerca da importância de tal disciplina, do que pela dificuldade de apreender os conceitos.
Com isso, a aquisição do conhecimento matemático vem se tornando improdutivo, por não conceder um conhecimento significativo e eficaz, sendo na maioria das vezes estritamente mecânico. Isso reflete de forma direta na vida acadêmica, principalmente na área de ciências exatas.

De acordo com a pesquisa realizada, o principal fator identificado como responsável pelo baixo rendimento dos acadêmicos na disciplina de Cálculo I, da Universidade Federal de Rondônia campus de Ji-Paraná, é a falta de conhecimentos básicos em matemática.
Para a grande maioria dos estudantes que ingressam nos cursos de matemática e física da universidade, e especificamente na disciplina de Cálculo I, este é o primeiro contato com a matemática do ensino superior. Então, frente a essa nova realidade, os alunos deixam transparecer a fragilidade dos conhecimentos e habilidades supostamente aprendidos nos ensinos fundamental e médio. Logo, essas deficiências têm se constituído como um obstáculo ao aprendizado do acadêmico, que se agrava à medida em que os professores ignoram o problema, preocupando-se somente em cumprir seus programas de ensino.
Essas deficiências estão presentes em todo o ciclo educacional brasileiro, como nos revelam os resultados de pesquisas sobre a educação básica e fundamental no Brasil. No mês de fevereiro de 2007, o Ministério da Educação divulgou resultados da avaliação do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) referentes a 2005, produzidos pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O Saeb avalia alunos, em Português e Matemática, na 4ª e 8ª série do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio.
Através das pesquisas realizadas, constatou-se que: nos últimos dez anos a educação no Brasil piorou, ou seja, em todos os dados comparativos, o desempenho dos alunos na avaliação de 2005 é inferior a de 1995. De acordo com os dados do Saeb, a situação do Ensino Médio é ainda mais crítica. A média do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006, divulgada recentemente pelo MEC, também indica queda no rendimento dos alunos em relação ao ano anterior.
Os atuais dados das pesquisas educacionais do MEC são trágicos para a sociedade brasileira, pois a educação brasileira ainda deixa muito a desejar. Para o avanço de uma cidadania plena, o principal desafio é em relação à escola pública, que precisa ser colocada como condição de prioridade nacional.
Logo, os dados revelados pelo SAEB vêm confirmar infelizmente uma realidade em que se encontra o ensino da matemática e física em nosso país, que afeta sem dúvida o desempenho dos alunos que ingressam na universidade, principalmente aqueles que optam por cursos da área de exatas. Essa realidade está presente na Unir Campus de Ji-Paraná/RO. De acordo com a pesquisa realizada, dentre os fatores que interferem no processo de ensino e aprendizagem do cálculo, a falta de base em matemática é apontada pelos acadêmicos como o principal. Outra variável apontada é a forma em que essa ciência é transmitida aos alunos, ou seja, a metodologia de ensino utilizado em sala de aula.

REVISÃO DE LITERATURA
Educação Universitária
De acordo com Souza (1991) os primeiros cursos superiores no Brasil tiveram início em 1808, na Bahia, com o Colégio Médico – Cirúrgico e logo em seguida foi implantado no Rio de Janeiro. A primeira universidade no Brasil foi fundada somente em 1934, Universidade de São Paulo - USP.
Para Aranha (1996), a educação no país passou a despertar maior atenção a partir da década de 30, podendo ter uma série de motivos, tais como: movimentos dos educadores, iniciativas governamentais e a criação do Ministério da Educação e Saúde, responsável pelas reformas educacionais no âmbito nacional e pela estruturação da Universidade. Dessa forma, ocorreu uma maior autonomia didática e administrativa, bem como o interesse pela pesquisa e difusão da cultura, com a finalidade de beneficiar a comunidade.
Na década de 60, houve uma reforma universitária que tinha como objetivos unificar o vestibular e aglutinar as faculdades em universidades, visando eficácia e produtividade. Em 1961, foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). De acordo com Catani (1998), a LDB tinha tendências bastante favoráveis ao ensino superior privado, que se concretizaram com o golpe militar. Nessa década, ocorreram grandes mudanças devido à universalização do capitalismo na maioria dos países do mundo.
Em 1968, entrou em vigor a Lei 5.540/68 que tinha com um dos objetivos reformular o ensino universitário. Isso ocorreu na Ditadura Militar, período em que a educação sofreu muitas mudanças. Então na década de 70, ocorreu um grande avanço no ensino superior, mesmo tendo em vigência o regime militar. Neste período, houve a ampliação e a facilidade da educação para todos, que culminou para o reconhecimento de várias universidades particulares na década de 80. Além disso, o Conselho Federal de Educação aprovou milhares de cursos novos em todo o território nacional.
Na década de 90, foi promovida uma reforma da educação superior, envolvendo alterações políticas, legais, estruturais e gerenciais no âmbito das universidades. Com essa reforma, abriu-se um leque de ação para as universidades, pois as mesmas adquiriram autonomia para realizar atividades para captação de recursos, oferta ensino, pesquisa e extensão, podendo ainda abrir e fechar cursos e criar vagas sem autorização. Nesse momento, a universidade passou a ser definida como instituição pluridisciplinar (CATANI, 1998).
Nos anos mais recentes, foram adotadas diversas iniciativas em relação ao Ensino Superior, tais como: mudanças na Educação Superior com vistas a fortalecer e expandir o ensino público gratuito; política de estabelecimento de quotas para estudantes carentes, negros e indígenas; ProUni – Programa Universidade para Todos(MEC, 2005).
Curso de Matemática no Brasil
Quando comparado com o dos outros países latino-americanos, o desenvolvimento da Matemática no Brasil foi muito tardio. Pois a matemática de nível superior só passou a ser estudada no Brasil com a criação da Escola de Engenharia de Porto Alegre em 1896, hoje Escola de Engenharia da UFRGS. Os primeiros professores de matemática dessa escola tinham a formação matemática da Escola Militar, sediada no Rio de Janeiro. Isso equivale a dizer que, além de ser uma matemática limitada pelos interesses práticos e profissionais daquela época, a matemática que se ensinava seguia a linha positivista. A linha positivista empunha delimitações exageradas, por exemplo: não aceitava as idéias probabilistas, negava a validade de várias noções básicas da Análise Matemática, dava uma orientação mais metafísica do que científica aos estudos e desconhecia os desenvolvimentos matemáticos. No Brasil, a reação contra o Positivismo acelerou-se nas duas primeiras décadas do século XX, sendo que sua derrota foi simbolicamente declarada em 1925, com a vinda de Einstein ao Brasil: com isso, o Brasil dizia ao mundo que reconhecia a Ciência Moderna, recebendo aqui, com todas as honras, seu maior expoente. Mas, a construção brasileira dessa Ciência Moderna iniciou só a partir de 1930, com a fundação da Universidade de São Paulo ( USP ), com a criação do Curso de Matemática na Faculdade de Ciências e Letras da USP, e os das outras faculdades de Filosofia que logo passaram a ser fundadas pelo resto do Brasil. Deixou-se definitivamente de lado a orientação positivista e passou-se a trabalhar na linha das melhores universidades européias da época, tanto no ensino como na pesquisa, pois a comissão que criara a USP contratou na Europa, vários renomados mestres para lecionar matemática, como o prestigiado matemático italiano Luigi Fantappié. Ao iniciar seu trabalho na USP, Fantappié reformulou os programas das cadeiras cálculo diferencial e integral e geometria. Além disso, ministrou sobre funcionais analíticos, teoria dos números, cálculo tensorial e álgebra.
Em 1936, chega ao Brasil um outro italiano para trabalhar na USP, Giacomo Albanese. Ele ministrava geometria analítica e projetiva. Esses dois matemáticos impulsionaram o ambiente matemático em São Paulo e no Brasil da época. Ainda na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, vários educadores liderados por Anísio Teixeira (1900 – 1971), fundaram, em 1935, a Universidade do Distrito Federal – UDF, instituição de faculdades voltadas para o ensino e para a pesquisa básica continuada. A Faculdade de Ciências também fora responsável pelo ensino das matemáticas.
Foi em 1930 que iniciou o processo de formação de uma comunidade matemática brasileira. Antes da década de 1930, havia alguns matemáticos brasileiros, dentre eles, Otto de Alencar Silva, M. Amoroso Costa, Lélio Gama e Theodoro Ramos. Nessa época já existia a preocupação por parte destes matemáticos de se fazer pesquisas matemáticas e de publicá-las.
Curso de Física no Brasil
A implementação da física no Brasil teve início com a chegada da Família Real Portuguesa, para o Brasil colônia. Portugal na época era um país muito atrasado com relação ao conhecimento científico e cultural, comparando-se com o resto da Europa.
Dom João VI fundou a Academia Real Militar, Academia de Marinha, as Escolas Médicas, que destinavam-se a formar profissionais que o governo necessitava, para reformar seu exército e marinha.
Foi a partir desse momento, através do ensino militar e médico, que o ensino de nível superior da física iniciou. Embora de má qualidade e pouco atualizado, esse ensino começou a formar grupos pequenos de pessoas que tinham um conhecimento em matemática e com algum senso de experimentação. As primeiras aulas práticas de física e de química das escolas militares e médicas do Rio de Janeiro foram ministradas no Laboratório de Física e Química, instalado no Museu Nacional em 1820, pelo diretor João de Silveira Caldeira.
A partir desse momento, foi ampliada a ação do Ensino Superior, de modo que apenas as escolas literárias tinham importância para a sociedade naquela época. Em 1893 foi criada a Escola Politécnica de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências em 1916. Porém, faltava condição para pesquisa em Física Pura, fato que só se consumou com a criação em 1930 da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Com condições mais favoráveis às pesquisas, faltavam pessoas qualificadas para o desenvolvimento da física. A década de 40 foi fundamental para a criação de fato da física no Brasil. A Universidade de São Paulo se expandiu e grupos experimentais em física nuclear começaram a implantação dos primeiros aceleradores de partículas.
Na parte teórica, destacou-se Mário Schenberg, que estimulou jovens em São Paulo. No Rio de Janeiro, destacaram-se nas atividades cientificas Gross e Joaquim Costa Ribeiro e outros jovens como: Leite Lopes, Jayme Tiomno, Elisa Frota Pessoa, na Faculdade de filosofia da Universidade do Brasil.
Com esse elevado nível de pioneiros, criou-se a tradição de rigor e de qualidade que colocou a Física em posição de destaque na Ciência Brasileira.
Cálculo Diferencial e Integral
O Cálculo Diferencial e Integral, também chamado de cálculo infinitesimal, ou simplesmente Cálculo, é um ramo importante da matemática, desenvolvido a partir da Álgebra e da Geometria, que se dedica ao estudo de taxas de variação de grandezas (como a inclinação de uma reta) e a acumulação de quantidades (como a área debaixo de uma curva ou o volume de um sólido). Onde há movimento ou crescimento e onde forças variáveis agem produzindo aceleração, o cálculo é a matemática a ser empregada. O cálculo foi criado como uma ferramenta auxiliar em várias áreas das ciências exatas.
Desenvolvido por Isaac Newton e Gottfried Leibniz, em trabalhos independentes, o Cálculo ajuda em vários conceitos e definições desde a matemática, química, física clássica e até a física moderna. O estudante de cálculo deve ter um conhecimento em certas áreas da matemática, como funções, geometria e trigonometria, pois são a base do cálculo. O cálculo tem inicialmente 3 (três) "operações-base", ou seja, possui áreas iniciais como o cálculo de limites, o cálculo de derivadas de funções e a integral de funções.
Evasão Universitária
A evasão é um dos grandes desafios do Sistema Educacional. Pois a mesma pode ocorrer por vários motivos. Muitos alunos têm que dividir seu tempo entre a faculdade e o trabalho, o que é mais comum em instituições públicas. Geralmente, o aluno é vencido pelo cansaço ou opta pelo trabalho necessário à própria sobrevivência. Outro fator muito importante e que pode contribuir para a evasão, é o processo educacional, pois o aluno está acostumado a um processo bem diferente do adotado na universidade. O aprendizado adquirido anteriormente consiste geralmente em memorização, o que não contribui para uma formação investigativa. Na universidade, o aluno tem que pesquisar e criar seus próprios textos, o que não é comum no ensino fundamental e médio, pois os professores se contentam com cópias, e isso reflete de forma direta na produção científica dos acadêmicos. Com isso, o aluno sofre um impacto na forma como as disciplinas geralmente são ministradas na universidade, podendo, dessa forma, até perder o interesse pelo curso. Além do mais, muitos professores são extremamente tecnicistas, não estimulando e nem promovendo a aprendizagem.
Na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, ocorrem muitas reprovações e desistências. E isso é uma realidade nacional. Essa é umas das preocupações vivenciadas durante os últimos anos. Acredita-se que várias são as causas que originam tais resultados no processo de ensino. Entre outras, podemos citar: falta de conhecimentos básicos em matemática por parte do aluno ao ingressar na universidade e a pouca motivação do aluno para os estudos. Certamente algumas das causas indicadas contribuem para o insucesso ou fraco desempenho dos alunos que cursam esta disciplina.

METODOLOGIA DO ESTUDO UTILIZADA
O projeto teve a aprovação do comitê de ética, e o procedimento adotado foi o de análise de conteúdo. Tentou-se com isso obter informações significativas de cada questão respondida pelos acadêmicos.
População

A população objeto de estudo é constituída pelos acadêmicos dos cursos de matemática e Física, matriculados na disciplina de cálculo diferencial e integral I, na UNIR – campus de Ji-Paraná.



Instrumentos

Para o desenvolvimento do estudo serão utilizados questionários direcionados aos acadêmicos, para identificar algumas causas que contribuem para a reprovação e desistência universitária.

Procedimentos

Para a realização desta pesquisa, fez-se necessário em princípio uma autorização da Universidade Federal de Rondônia, UNIR – Campus de Ji-Paraná, uma vez que o acesso às notas dos acadêmicos de matemática e física na disciplina de cálculo I seria imprescindível para desenvolvimento do estudo.
Houve também a necessidade de uma recomendação por parte do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, informando sobre a necessidade destes procedimentos para o desenvolvimento da pesquisa e sobre a veracidade da mesma. E também para que se pudesse aplicar um questionário direcionado aos acadêmicos de matemática e física que se encontram cursando a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I.

Tratamento dos dados

Os dados coletados foram apresentados em porcentagens e gráficos. E também foi realizada uma análise das respostas apresentadas pelos acadêmicos. A partir dos dados levantados fez-se uma analogia aos dados bibliográficos pesquisados, cujos resultados serão mencionados na conclusão desta pesquisa, em que serão citados os fatores responsáveis pela evasão na disciplina de Cálculo I.

ANÁLISE DOS RESULTADOS
Recorreu-se aos autores que tratam da dificuldade de aprendizagem nas disciplinas de exatas. Já que não foram encontradas referências bibliográficas que citassem especificamente sobre a evasão na disciplina de Cálculo I nos cursos de matemática e física. Entre estes autores podem-se citar: Maria Lúcia de Arruda Aranha, Afrânio M. Catani, Paulo N. Pereira Souza, Arilda S. Godoy, Zoya Ribeiro Freire, Clóvis Pereira da Silva, S.M. Ueno Arruda e Demerval Saviani.
Os autores discorrem sobre assuntos como a evasão universitária, o processo educacional em nosso país e sobre a dificuldade de aprendizagem nas disciplinas de exatas. Foi possível perceber no estudo que as divulgações citadas concordam com os dados levantados neste estudo. Pois mediante aos dados observa-se que dentre algumas dificuldades apresentadas pelos autores em relação à aprendizagem na disciplina de Cálculo I. Também são mencionadas pelos acadêmicos participantes da pesquisa. Dentre os quais podem-se citar: deficiência na formação básica em matemática, metodologias tradicionais em que alguns professores insistem em trabalhar, ausência de aptidão na disciplina e dificuldade de abstração dos resultados dos Cálculos em formas geométricas e trigonométricas.
Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário aplicado aos acadêmicos componentes da amostra em que foram feitas perguntas que estão relacionadas com questões aqui levantadas e que dizem respeito a questões aqui levantadas:
• A formação básica dos acadêmicos, em matemática em nível básico para introdução ao Cálculo I.
• Se a formação no ensino fundamental e médio ocorreu em instituição pública e privada.
• Os fatores que determinaram à escolha do curso que faz
• Quais as dificuldades encontradas na aprendizagem da disciplina de Cálculo I.
• Metodologia utilizada pelo professor em sala de aula
• Fatores que contribuem para o baixo rendimento dos acadêmicos, na disciplina de cálculo.
Analisados os resultados obtidos no presente estudo, tem-se as seguintes conclusões:
• Quanto ao tipo de Instituição freqüentada pelos acadêmicos no Ensino Fundamental e médio, obteve- se o seguinte resultado:

Figura 1: Porcentagem de alunos provenientes de escolas públicas e privadas.
83% dos acadêmicos são oriundos da rede pública, 10% da rede privada, sendo que cursaram ambas as instituições 7%.
• Com relação à formação básica do aluno em matemática, no ensino fundamental e médio, a pesquisa revela que:

Figura 2: Porcentagem dos que acreditam possuir ou não formação básica em matemática.
Um percentual de 48% dos entrevistados consideram que o ensino fundamental e médio na rede pública tem sido negligente e muito falho. Isso especialmente nas disciplinas de exatas. Dessa forma, as dificuldades em conteúdos básicos de matemática são visíveis na universidade. E foi o principal fator citado pelos acadêmicos como sendo o responsável pelo baixo desempenho dos acadêmicos na disciplina de cálculo.
• Sobre os principais fatores que influenciaram na escolha do curso, nota-se que:

Figura 3: Motivos da escolha dos cursos de matemática ou física.
44% revelam que a gratuidade dos cursos levou à escolha do curso. Poucos entrevistados escolheram o curso por aptidão a disciplina de matemática ou física. Logo, os acadêmicos vêem o curso superior como uma opção de ter uma graduação, aperfeiçoamento profissional ou para concursos públicos.
• Dificuldades de aprendizagem apresentadas na disciplina de cálculo I:

Figura 4: Percentual dos que consideram ter ou não dificuldades em Cálculo.
Dificuldade de assimilação nos conteúdos do ensino superior, pois os acadêmicos não conseguem fazer relação dos conteúdos já vistos no ensino fundamental e médio com os do Cálculo I. E existe dificuldade de trabalhar com abstração nas fórmulas, ou seja, de imaginar uma figura geométrica ou o gráfico que resulta uma função através da resolução de cálculos.
• Quanto ao tipo de metodologia utilizada pelo professor em sala, pode-se concluir a partir da pesquisa que:
As aulas têm sido, na maioria das vezes, teóricas. Dessa forma, muitas vezes não são desenvolvidas atividades específicas. Com isso há uma ausência da articulação entre o conteúdo estudado e as diversas áreas do conhecimento. Encontram-se muitas dificuldades na disciplina por não dominar alguns conceitos, ou estruturas fundamentais da disciplina. As práticas têm se limitado às aulas expositivas, resolução de listas de exercícios, alguns trabalhos e avaliações por escrito.
• Os fatores identificados como os responsáveis pelo baixo rendimento dos acadêmicos na disciplina de cálculo I.
A pesquisa constatou que referente a essa questão, na opinião dos acadêmicos os fatores que mais contribuem para o fracasso do acadêmico são: a deficiência na formação básica em matemática; o distanciamento dos conteúdos exigidos no ensino médio com relação aos exigidos especialmente na disciplina de cálculo I; e a metodologia utilizada em sala de aula pelo professor. Pois, apesar dos acadêmicos admitirem que as maiores falhas recaem sobre eles, devido a deficiência na formação em matemática, admitem que há falhas na metodologia utilizada pelo professor em sala de aula. E que de uma forma direta isso interfere na aprendizagem do acadêmico. São citados dentre elas: falta de objetividade e motivação na transmissão dos conteúdos, ausência de aulas práticas em laboratórios específicos e recurso praticamente teórico. Além do mais, a biblioteca dispõe de um acervo pequeno na área de exatas para pesquisas. Com isso, esses fatores condicionam o baixo rendimento dos acadêmicos na disciplina de cálculo I.
Logo, pode-se afirmar que, na visão dos acadêmicos, não existe apenas um responsável pelo fraco desempenho na disciplina de Cálculo I. Na realidade, são vários fatores, sendo que alguns interferem de uma forma mais acentuada do que outros. Dentre os responsáveis são citados: o aluno, o professor e a instituição. Cada um possui sua parcela de responsabilidade neste contexto. Observa-se que o baixo rendimento dos acadêmicos é uma das conseqüências geradas pelo atual sistema educacional. Para que este problema seja solucionado, a transformação tem que acontecer primeiramente na base, ou seja, desde as séries iniciais ao ensino médio. Assim, o bom desempenho será conseqüência de um todo. Mas para que isso aconteça, faz-se necessário que os governantes tenham a educação como prioridade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste estudo foi de investigar e discutir alguns fatores que ocasionam o baixo rendimento dos acadêmicos do curso de matemática e física na Unir Campus de Ji-Paraná/RO, na busca de reunir subsídios para obter prováveis soluções para o problema e contribuir para uma discussão mais aprofundada sobre a questão.
Percebeu-se que o ensino do cálculo poderia se tornar mais significativo se os professores e os responsáveis pela política da instituição assumissem a responsabilidade de educador e a instituição de um ambiente que proporciona o conhecimento.
É inviável para educação fingir que o problema não existe, ou então intitular alguns culpados para o mesmo. É necessário que cada um assuma de fato o seu papel no contexto educacional.
Permanecer calado a alguns questionamentos que persistem nas salas de aula, como por exemplo, a perguntas relacionadas ao lado aplicável dos conteúdos abordados na disciplina, que muitos docentes não respondem por atribuírem essa tarefa a outros profissionais. Isso ocorre por que o profissional coloca como prioridade a transmissão de conhecimentos. E não valoriza o desenvolvimento de habilidades e técnicas para a resolução de problemas, para prováveis aplicações posteriores.
É através dos significados que os alunos conseguem relacionar de situações prováveis a serem vivenciadas futuramente. Com isso procuram assimilar mais conhecimentos e desenvolver habilidades. A maioria dos alunos vêem significado, quando os mesmos são motivados, isto é, quando há satisfação das suas necessidades. Dessa forma abre-lhes as perspectivas.
Outro fator que poderia melhorar o desempenho em Cálculo seria o professor levar em consideração a história da origem do Cálculo, como se deu seu desenvolvimento, quais as necessidades que levaram a criação de modelos utilizados em cálculo. Além do conhecimento de modelos e teoremas matemáticos é preciso ter uma visão crítica e segura da relevância dos conteúdos ensinados, e sua localização histórica. Para que haja dessa forma haja uma aprendizagem significativa, tendo conhecimento algébrico, numérico e histórico. A matemática e o seu desenvolvimento deu-se a partir da necessidade dos povos na Grécia, Egito, Mesopotâmia e na Índia. Só há significado quando se conhece a origem, ou seja, a história. Faz-se necessário voltar-se as origens, pois hoje têm-se tanta tecnologia, mas o desenvolvimento de novos teoremas, e de fórmulas objetivas e qualquer outra criação neste contexto, está a passos lentos. Bem diferente do desenvolvimento que ocorria no berço das civilizações e sem nenhum avanço tecnológico.

ABSTRACT


This study aimed to identify and clarify the factors that have caused the circumvention of the academic discipline of calculation I, the courses of mathematics and physics of the Uniting campus of Ji-Paraná/RO. The sample studied was 42 (forty-two) academics. To achieve the objectives set, were used questionnaires targeted to scholars, debates in the classroom and a bibliographic survey. From the information obtained was possible to identify some causes that give the disapproval and abandonment university. This study may contribute to the diagnosis and future educational interventions that are necessary to improve the performance of academics. Furthermore, it was possible to see that is necessary that those responsible for educational policies aware of the problem so that this way may have subsidies to propose alternatives to the difficulties encountered by academics.


Key-words: Evasion, calculation, performance and learning.


REFERÊNCIAS


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www.jornaldaeducacao.inf.br. Educação Básica: Os resultados preocupantes do SAEB (Edição Fevereiro/2007) Escrito por Norberto Dallabrida. Acessado dia 04/12/2007


Autor: Eliana Alves Pereira


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