Hipócritas



Hipócritas

Vivi no dia 21 de Maio de 2010 uma experiência nova em minha vida, penso que as experiências novas aumentam a nossa visão sobre a vida.
Eu precisava de 100 USD no mínimo para reparar o meu computador, o computador é para mim algo de extrema importância e necessidade, julgando pelo número de trabalhos acadêmicos que tenho. Ficar sem ele ou te-lo avariado é uma preocupação extrema.
Continuando, eu precisava de 100 usd para repara-lo. O meu pai estava sem dinheiro no momento. Então, num desses dias de aulas, o meu colega Pascoal da Faculdade, sabendo que eu era judoca convidou-me para ajuda-lo a manter a segurança em sua festa de casamento. Por não estar habituado fiquei indeciso, mas depois decidi aceitar, porque ele me garantia um valor correspondente com aquilo que necessitava para reparar o meu computador. O que eu não pensava era que tudo seria tão difícil depois.
Recebi o dinheiro três dias antes se a memória não me atraiçoa, resolvi o meu problema e um dia antes do evento, pedi a um dos meus alunos de judô, no caso o Mulambá para que me ajudasse a controlar o cenário. No dia do evento, lá estávamos nós no local anciosos a trabalhar. Os convidados chegavam aos poucos e eu registva a presença de todos visualmente.
Chegou a hora da entrada dos convidados. Nós estávamos na porta, é claro, controlando todo o cenário, ou seja, ninguém podia entrar caso não tivesse o convite em mãos. eu estava meio receado, pois era a primeira vez aviver uma experiência do gênero. Algumas pessoas apresentavam os convites e entravam, outras entravam porque tinham os nomes na relação nominal, em contrapartida, haviam outras que não tinham nenhuma coisa nem outra e, naturalmente não os podíamos deichar entrar, porque não estaríamos a cumprir com a missão para a qual fomos confiados, portanto não os deixamos entrar. Percebi então como se processam as relações humanas numa situação contrastante. É uma relação conflituosa. Esta conflituosidade começa com os olhares, ascende até as palavras, passa depois para a agressão física e pode em muitos casos culminar com a morte de um ou de ambos. O bom de tudo é que não houve agrssao física e, portanto não houve morte.
O que mais me entristeceu foi o facto de que as pessoas convidadas olhavam para mim como se eu fosse um coitado que ganahava a vida trabalhando como porteiro em festas. Eles vinham todos elegantes, com roupas aparentemente caras, com carros etc, e ao serem negadas a entreda pela ausencia dos pressupostos já referidos, criava nelas, o sentimento de raiva e, eu via nos olhos das pessoas a raiva e o desespero que tinham por mim. Confesso, eu já estava a me sentir mal. O olhar das pessoas destruia a minha subjectividade, eu me sentia mal interiormente, mas mesmo assim não os deichei entrar, tinha que cumprir com o meu papel, o papel para o qual havia sido contratado. Então suportei os olhares, até os olhares raivosos de mulheres lindas eu tive de suportar. Se eu fosse uma figura pública ali na porta, talves as pessoas amenizariam os seus olhares raivosos e de despreso e, talves não me diriam palavrões . mas viam diante deles (convidados), um jovem simples, vestido de uma calsa no valor de 1000.00 Kz, um calçado no valor de 2000.00 Kz e, uma camisola de 500.00 Kz. Então, como é que este ali, nos pode impedir? Independentemente dos preconceitos eu os impedi, fi-lo porque tinha competencia para o fazer. Eu percebi que os homens ainda continuam agrilhoados aos preconceitos e a ignorancia, não compreendem nada das coisas e, têm a infeliz incapacidade em distinguir entre o necessário e o contingente, mas como é possível minimizar um homem só pelo facto de não ter vestido roupas caras? Que importancia tem então, a dignidade da pessoa humana?
Todos queriam parecer os mais chiques, os mais civilizados e os mais importantes. No decorrer da festa, já emocionados com a música e a bebida, começaram a tirar as gravatas e os casacos, a desabotoar as camisas, a gritarem animalmente, a beberem vinho direitamente na garrafa, as mulheres começaram a tirar os pisos altos e a andarem descalsas, a dobrarem os vestidos demasiados longos, a dançarem à torta e a direita sem copostura, pelo menos a compostura inicial. E, eu, do portão aconpanhava tudo, acompanahava a maquilhagem a se desfazer lentamente, acompanhava as máscaras a desaparecerem e a darem lugar a real imagem do ser. Era como se tivesse a oportunidade de assistir aos momentos reais da consecussão de um filme. Então descobri que a falsidade é uma iluzão que rápido se descobre. Realmente a mentira tem pernas curtas, tal como diz o velho ditado, mas eu vou mais longe, e digo mesmo que a mentira não tem pernas, ela nunca anda, está estancionária, precisamos é de fazer um esforço mental, um esforço filosófico para podermos descubrir averdade, desmascarando a mentira.
Um dos senhores que veio à festa de fato e gravata, com o nariz todo impinado, com ares de finúria e boa educação, exibindo um olhar responsável e de despreso por me ver na porta a controlar, as altas horas da festa, eu o apanhei com a "boca na botija" a roubar mais de três garrafas de bebidas alcóolicas, desde o vinho ao wishsky, nesta altura os seus olhos já não olhavam para mim, mas para o chão. E como ele, haviam vários na festa e, há vários no mundo. Pessoas que condenam as outras, mas elas mesmas são as mais errantes, pessoas que despresam as outras, mas são elas mesmas dignas disto por isto fazerem, pessoas que, enfim, são autênticas hipócritas, trazem a alma toda imunda e o corpo todo lindo, pessoas que vivem várias vidas de acordo as situações, pessoas que, embora não sendo actores, têm mais filmes do que qualquer outro actor verdadeiro, pessoas que, embora não sendo comediantes, fazem-me rir o tempo todo, hipócritas.



Autor: Fidel Jaime Jorge


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