PREVENÇÃO DAS PRINCIPAIS INFECÇÕES EM UTI: PNEUMONIAS NASOCOMIAIS E INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO



PREVENÇÃO DAS PRINCIPAIS INFECÇÕES EM UTI: PNEUMONIAS NASOCOMIAIS E INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO

JULIANA MACIEL ANGELINO
Graduada em Enfermagem Pelas Faculdades Integradas do Tapajós ? FIT.

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo principal oferecer informações sucintas aos profissionais da área da saúde sobre as principais infecções que ocorrem em UTI: As Pneumonias Nasocomias e as Infecções do Trato Urinário. A metodologia utilizada é basicamente a pesquisa bibliográfica , os resultados esperados são que os profissionais de saúde ampliem seus conhecimentos sobre o tema, contudo ofereçam maior comprometimento com as medidas de Prevenção das Principais Infecções em UTI: Pneumonias Nasocomias e Infecções do Trato Urinário.
PALAVRAS- CHAVE: Prevenção, Infecções em UTI, Pneumonia nasocomial, Infecções do trato urinário.
INTRODUÇÃO:
Uma das causas mais freqüentes dos altos índices de morbidade e mortalidade nas Unidades de Terapia Intensiva é , sem dúvida, a infecção.
O paciente crítico tratado em UTI fica exposto a um série de risco que podem contribuir para agravar ainda mais o seu já comprometido estado geral. A infecção, seja ela endógena ou exógena acarreta sérias ameaças ao doente, causando, por isso, constante preocupação á equipe que lhe presta assistência.
Hutzler cita como fator preponderante no aparecimento de infecções,na unidade de terapia intensiva,as más condições gerais do paciente, que, acarretando diminuição das defesas orgânica, favorecem a disseminação de agentes patogênicos. Além disso, as mudanças na constituição da flora normal do organismo, provindo da gravidade do estado do indivíduo, assim como a contaminação causada pelos microrganismos do meio ambiente hospitalar, facilitam a instalação de processos infecciosos. Salienta, ainda, que a maioria das infecções provavelmente provem dos próprios tratos contaminados dos doentes, como a luz intestinal, árvore respiratória, sistema urogenital e superfície cutânea.
A partir dessa concepção, é relevante que possamos ampliar nossos conhecimentos sobre as principais infecções que ocorrem na Unidade de Terapia Intensiva. Ao decorrer deste serão esclarecidas de forma sucinta medidas preventivas para as pneumonias nasocomiais e infecções do Trato Urinário.
PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO MECÂNICA OU NASOCOMIAL
A Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica ou Nasocomial se desenvolve após 48 horas de IOT ( Intubação Oro- traqueal) e VM ( Ventilação Mecânica), onde o paciente não estava intubado no momento. A precoce surge nos primeiros 4 dias do IOT e VM, e a tardia ocorre após 5 dias nas mesmas condições.
FISIOPATOLOGIA
A pneumonia associada a ventilação mecânica é conseqüência da falta de equilíbrio entre os mecanismos de defesa do individuo e o agente microbiano, devido ao tamanho do inoculo ou virulência do microorganismo. Os pacientes intubados perdem a barreira natural entre a orofaringe a traquéia, eliminando o reflexo da tosse e promovendo o acumulo de secreções contaminadas acima do cuff, o que permite maior colonização da arvore traquéo brônquica e a aspiração de secreções contaminadas para vias aéreas inferiores.
Há quatro vias relacionadas a patogênese da pneumonia associada a ventilação mecânica: aspiração do conteúdo orofaríngeo; contaminação do equipamento respiratório; transmissão de uma pessoa para outra; e a disseminação hematogênica. A pneumonia associada a ventilação mecânica também pode ser adquirida através de outros focos extrapulmonares como infecções pélvicas, feridas cirúrgicas e infecções a partir de cateteres vasculares.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA
§ Febre
§ Expectoração purulenta
§ Leucocitose ou leucopenia
§ Infiltrado pulmonar, novo ou progressivo ao RX de
Tórax.

FATORES DE RISCO
A duração prolongada da Ventilação Mecânica (VM) em pacientes com Intubação Oro- traqueal (IOT) está associada a um aumento da morbidade e mortalidade em UTI. A pneumonia associada a ventilação mecânica apresenta um risco para sua ocorrência de 1% a 3% a cada dia de permanência em ventilação mecânica. A principal fonte de surto de bactérias multirresistentes são as UTI s, devido ao excessivo consumo de antimicrobianos, uso rotineiro de técnicas invasivas e a presença de pacientes com doenças graves.
O fator de risco para pneumonia aumenta de 6 a 20 vezes nos pacientes que encontram-se em IOT e VM. A IOT é o fator de risco mais importante para o surgimento da pneumonia associada a ventilação mecânica, pois pode se tornar um reservatório para a proliferação bacteriana, aumentar a aderência e colonização bacteriana nas vias aéreas superiores e levar a isquemia secundaria às altas pressões no cuff, o que reduz a atividade mucociliar e a tosse.
Tendo em vista todo o transtorno que a Pneumonia Nasocomial pode causar são citados a seguir algumas medidas preventivas adquiridas de vários exemplares bibliográficos que tratam desse tema importantes aos profissionais de saúde para se prevenir tal infecção.

PRINCIPAIS MEDIDAS PREVENTIVAS PARA PREVENÇÃO DE PNEUMONIAS NASOCOMIAIS:
1- Usar fluidos estéreis nos reservatórios de umidificadores e nebulizadores; os fluídos devem ser colocados imediatamente antes do uso.
2- Evitar que a água coletada nos circuitos respiratórios retornem ao umidificador ou alcance o paciente.
3- Os circuitos dos ventiladores devem ser previamente esterelizados ou submetidos a desinfecção de alto nível.
4- A aspiração da traqueostomia ou da cânula orotraqueal deve ser feita com técnicas assépticas, evitando contaminação cruzada.
5- Não reprocessar equipamento de uso único.
6- Lavar as mãos antes da aspiração dos pacientes.
7- Utilizar uma nova sonda de aspiração cada vez que aspirar o paciente.
8- O maquinário interno dos ventiladores não deve ser rotineiramente desinfectado ou esterelizado.
9- Os ambús devem ser esterelizados ou desinfectados após a utilização.
10- Antes de esvaziar o balonete ( cuff) da cânula endotraqueal para sua remoção, limpar as secreções a cima da região glótica.
11- Não administrar antibióticos para prevenir pneumonia.
12- Não contaminar as cânulas orotraqueais durante o procedimento de intubação. Os guias também devem ser desinfectados antes de sua utilização.

INFECÇÕES URINÁRIAS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
Considera-se infecções urinárias em unidade de terapia intensiva ( UTI) as infecções nosocomiais, ou seja, adquiridas no ambiente hospitalar, as quais 80% estão relacionadas ao cateterismo vesical. Apesar disso, a introdução de sistemas fechados nas décadas de 1960 e 1970 representa até hoje a medida mais eficaz na redução de ITU em ambientes hospitalares ? o risco de ocorrer bacteriúria é estimado em 5% para cada dia de sondagem.
FISIOPATOGENIA
Em circunstâncias normais, o trato urinário acima da porção distal da uretra é estéril. Mesmo com introdução de bactérias na bexiga, os mecanismos de defesa como osmolaridade e acidez urinária, imunoglobulinas, defesa local de mucosa, esvaziamento de bexiga e fluxo urinário previnem a colonização ou infecção. O cateter permite que microrganismos cheguem à bexiga por inoculação direta (durante a inserção ou a migração intraluminal) ou pela superfície externa (através da membrana mucosa Periuretral). Além disso, o cateter favorece o crescimento bacteriano contínuo e a persistência de sedimento urinário vesical; isso ocasiona a destruição de algumas das defesas naturais, por dano epitelial e da dificuldade de drenagem vesical completa. Os balões de retenção obstruem a saída vesical e desenvolve-se um pequeno resíduo vesical.
Apesar disso, nem toda bacteriúria associada ao cateter é traduzida por infecção sintomática e cerca de 70% delas podem ser resolvidas mesmo com o cateter ou após a sua rápida retirada.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS ITUs
A maioria das infecções bacterianas no trato urinário são assintomáticas. Considera-se que menos de 1/3 das bacteriúrias sejam sintomáticas. Os sintomas mais freqüentes são dor pélvica ou hipogástrica, dor no flanco, disúria, náusea, vômito e febre. Uma vez presente a bacteriúria, menos de 5% das infecções podem resultar em bacteremias caracterizadas por tremores, febre e eventuais alterações hemodinâmicas.
FATORES DE RISCOS ITUs:
§ Sexo feminino, idade avançada,
§ Doença subjacente severa,
§ Manipulação do trato urinário, duração da cateterização,
§ Qualidade no cuidado do cateter e colonização do meato urinário.
A seguir serão citadas medidas preventivas contra infecções do trato urinário de relevante importância para nós profissionais de saúde.

MEDIDAS PREVENTIVAS DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO EM UTI:
§ Higienizar as mãos (lavar as mãos com água e PVP-I degermante e álcool a 70% ), por 20 segundos.
§ Lavar minuciosamente a área perineal e genital do paciente, com água e sabão, utilizando luvas de procedimentos.
§ Realizar novamente a higienização das mãos (lavar as mãos com água e PVP-I degermante e álcool a 70% ).
§ Calçar luvas ésteres.
§ Insuflar o balão da sonda vesical para verificação do seu bom funcionamento.
§ Realizar anti-sepsia do meato urinário e a área adjacente com PVP I tópico.
§ Aplicar gel anestésico estéril sobre a superfície do cateter urinário lubrificando amplamente.
§ Proceder à instalação com técnica asséptica utilizando sistema de drenagem fechado estéril. O cateter deve estar conectado ao sistema coletor antes da inserção.
§ Fixar o cateter no hipogástrio para o sexo masculino e na face anterior na coxa para o sexo feminino.
§ Fixar o saco coletor no extremo oposto à cabeceira.
§ Higienizar a região perineal com água e sabão, pelo menos duas vezes ao dia.
§ Higienizar as mãos, (lavar as mãos com PVP-I degermante e álcool a 70% ) antes e após o manuseio do cateter e/ou tubo e/ou saco coletor, por 20 segundos
§ Manter o fluxo contínuo de urina, favorecendo a drenagem continua/ espontânea por gravidade;
§ Esvaziar o saco coletor a cada 6 horas e quando necessário, assegurando se que a bolsa coletora permaneça abaixo do nível da bexiga. Utilizar nestas tarefas luvas de procedimento, obedecendo e seguinte técnica:
§ Higienizar as mãos (lavar as mãos com água e PVP-I degermante ou álcool gel a 70%) por 20 segundos e calçar luvas de procedimentos.
§ Retirar o tubo de drenagem do saco protetor posicionando-o para o recipiente que irá receber a urina, evitando o contato de ambas às superfícies durante o procedimento;
§ Acompanhar o esvaziamento espontâneo da urina do saco coletor no recipiente de uso individualizado;
§ Fechar o clamp do tudo de drenagem;
§ Realizar desinfecção, com álcool etílico a 70%, da superfície externa e ponta do tubo de drenagem
§ Colocar o tubo de drenagem no seu protetor;
§ Desprezar a urina no vaso sanitário
§ Retirar e desprezar as luvas de procedimento no lixo;
§ Higienizar as mãos (lavar as mãos com e PVP-I degermante ou álcool gel a 70%), por 20 segundos.

Obs: todos os passos desta técnica devem ser repetidos para o esvaziamento da urina de cada paciente. Não é recomendado o esvaziamento simultâneo de vários sacos coletores, nem a utilização de um único recipiente para várias coletas

INDICAÇÕES DE TROCA:
§ Obstrução da luz do cateter ou tubo coletor.
§ Presença de grumos
§ Contaminação do cateter por técnica inapropriada na instalação e manuseio.
§ Desconexão acidental do cateter com tubo coletor, ou quando apresentar mau funcionamento.
§ Pacientes sondados admitidos no hospital procedentes de outras instituições.
§ Pacientes sondados admitidos na UTI procedentes de outros setores do hospital.

RECOMENDAÇÕES ESPECIAIS:
§ O uso de germicidas/antibacterianos por irrigação vesical ou aplicação diretamente no saco coletor é contra-indicado.
§ O cateter deve ser de uso único. Não é adequado o reprocessamento para reutilização
§ Realizar exame de urina rotina em todos os pacientes no momento da sondagem
§ Pacientes procedentes de outros hospitais sondados deverão ter a sonda vesical trocada e uroculturas solicitadas no 1º dia de internação.

Após reconhecermos a suscetibilidade com que as bactérias tem em se instalarem no organismo de um paciente acamado principalmente em pacientes de UTIs, reconhece-se que cabe a nós profissionais da área da saúde sabermos como prevenir às prováveis infecções por bactérias. Com isso sabe-se que as informações dadas nesse presente artigo são de suma importância para evitarmos possíveis infecções nasocomias em nossos pacientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pretendeu-se nesse trabalho proporcionar, de forma sintética, uma ampliação do nível de conhecimento dos profissionais da saúde sobre medidas preventivas contra infecções nasocomias na Unidade de Terapia Intensiva, onde enfatizei sobre as principais infecções pneumonia nasocomial e Infecções do trato urinário . Para alcançar esse objetivo optei primeiramente por uma descrição sucinta das mesmas n, e posteriormente enfatizei o ápice do trabalho que são as medidas preventivas para tais infecções. Tal trabalho constituirá um instrumento de pesquisa e referência constante para acadêmicos e profissionais da área da saúde que desejam prevenir e conseqüentemente diminuir os índices de ocorrência de Infecções hospitalares, desde que saibam seguir as orientações aqui expostas com responsabilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1-GOMES, Alice Martins. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 2° edição.Editora EPU- Editora Pedagógica e Universitária, 1988, São Paulo.
2-SCHOR, Nestor. Infectologia ? Guias de Medicina Ambulatorial e hospitalar. Editora Manoli, 2004, São Paulo.
3- AMARAL, Carlos Faria Santos; PEDROSO Enio Roberto Pietra. Infecção Hospitalar- Enciclopédia da Saúde. Editora Medsi, 2001, Rio de Janeiro.


Autor: Juliana Maciel


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