Trabalho: um olhar histórico e crítico



Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar a centralidade da categoria trabalho na sociedade, perceber como ela se insere na conjuntura atual e como exemplo cita Brasília, nas citações de grandes estudiosos.

Palavras - chave: Trabalho; Capitalismo; Neoliberalismo; Reestruturação Produtiva; Brasília


O trabalho é fonte de riqueza e sempre foi categoria central nas sociedades humanas, o trabalho conceitualmente pode ser entendido como a transformação da natureza pelo homem e olhar atento sobre sua constituição é essencialmente histórica.
Friedrich Engels sobre o papel do trabalho nos apresenta como as teorias cientificas evolucionistas de Darwin e La marque demonstram que o homem criando o trabalho criou-se a si mesmo. Exemplo claro é o desenvolvimento do membro da mão, que não é só órgão de trabalho, mas fruto dele, num processo adaptativo.
Seus estudos concluem que o trabalho nos fez seres sociais, desenvolvendo o pensamento e os sentimentos nas relações sociais. A exemplo da comunicação: fala, considerada uma gigantesca evolução e diferenciação do homem dos outros animais.
Milhares e milhares de anos nos fizeram viver em sociedade e pelo trabalho fomos conhecendo as diversas formas de interação e desenvolvimento. Da elaboração de instrumentos, vimos a caça e a pesca, desta vimos a agricultura e o surgimento da grande disputa, até hoje nas sociedades atuais, a propriedade privada, depois vimos as artes, ciências, política e religião.
Nesse ritmo a cabeça que planejava já era capaz de obrigar o trabalho a mãos alheias. Foi assim que conhecemos a escravidão, como modo de produção.
O trabalho se desenvolveu historicamente e por isso gerou conseqüências imediatas e mediatas imprevisíveis para quem a protagonizava na época. Todos os modos de produção existentes procuravam efeito útil do trabalho, mas não faziam medições das conseqüências.
Fato demonstrado nas análises de Engels é ainda a divisão em certa medida da população em todos os modos de produção em classes diferentes. Como senhor e escravo; Nobre e Servo; dominantes e oprimidos.
Hoje vemos a burguesia (rica) e o proletariado (pobre), aquele detentor da propriedade privada, meios de produção, do comercio e do consumo e este detentor da força de trabalho, bem transformado em mercadoria a ser "livremente" comercializada.
Sobre esse pressuposto, podemos explicitar aqui a teoria do valor desenvolvida por Marx, que em linhas gerais é a percepção do trabalho vivo como possuidor de valor de uso e de troca, este existente por que existe o de uso e aquele por sua vez, por que tem potencialmente trabalho vivo ( força de trabalho empregada)
No decorrer de sua aparição desde a Revolução Francesa como apropriação política e ideológica e Revolução industrial como apropriação econômica e as duas como desenvolvimento histórico, percebeu-se a lógica da acumulação do sobre valor do trabalho e a priorização do crescimento econômico numa onda crescente de globalização e mundialização do capital, em momentos exacerbado em detrimento da vida, da qualidade de vida para todos e dos direitos proclamados pela própria revolução burguesa ( Francesa).
E bem sabido a inerência das crises do capital, por sua natureza contraditória, onde acumula riqueza e produz em escalas gigantescas mais miséria.
Foi por crises como essas que conhecemos momentos do século XX que cada vez mais em espaços de tempo mais curtos percebemos as estratégias do capital para continuar dominando e superar seus abalos. A exemplos, a crise de 1929, a crise de 1970 e a atual crise.
O neoliberalismo, conhecido no mundo inteiro é forma de viabilização do capital, sustentabilidade, responsabilidade social, empreendedorismo são formas de se pensar na continuação e não na superação desse sistema de exploração de muitos por poucos.
No que tange ao desenvolvimento do trabalho a reestruturação produtiva ocorrida na DIT ( divisão internacional do trabalho), de padrão conservador, em larga escala e de forma concentrada e centralizada do taylorismo e fordismo para o toyotismo flexibilizado, participativo porem com grave destruição das conquistas da organização trabalhista é a maior concretização da viabilização política neoliberal não só na China, onde surge esse método de produção, mas no mundo inteiro, em especial no terceiro mundo , detentor de grande exercito de reserva barata, aproveitado pelas grandes corporações controladas somente pelos próprios ditames do mercado que representam como OIT, OMC, ONU, FMI.
Ricardo Antunes, grande estudioso da sociologia do trabalho nos apresenta que o capitalismo aprofundou as penalizações ao universo laborativo. Contrariou-se o trabalho estável e regulado, herdeiro do fordismo, e ampliou o trabalho precarizado, atípico.
Hoje as formas de trabalho mascaram a superexploração, auto-exploração, como o empreendedorismos, voluntariado, falso cooperativismo, exigido pelo mercado como requisito para inserção.
Preponderância de um trabalho morto, robotizado, tecnificado, que deprime e desconfigura o trabalho vivo detentor do verdadeiro valor-trabalho, num processo de via toyotista de jus in time, multifuncional idade.
È nessa lógica que Braverman citado por Antunes, intitula o século XX como a era da degradação do trabalho.
O padrão flexibilista atual é mais coisificado, e mais participativo, mas é responsável pela desconstrução dos direitos sociais do trabalho e novas formas de precarização (terceirização, privatização, subemprego, emprego temporário, informalidade, quarteirização, aumento do tempo trabalhado, precarização da proteção social)
Giovanni Alves apresenta o Brasil nesse contexto como um país que se inseriu subalternametne no processo de mundialização do capital. Adoção de políticas neoliberais submeteu o país a lógica da financeirização vigente, ocorrido nas décadas de 90 e em andamento atualmente.

Uma critica sempre atual é a de Paul Lafargue em o Direito a preguiça, trabalhem, trabalhem operários, enquanto trabalham aumentam as riquezas da sociedade e as vossas misérias individuais tornando-vos mais pobres tenham mais razões para trabalhar e serem mais miseráveis. É sabido que nunca o capitalismo dará emprego para todos, o desemprego estrutural corrente hoje é como o nome diz, estrutural lhe é inerente existir pobreza, miséria, por que é por ela que ele consegue sobrepor o valor, e acumular seus lucros. Lafargue declara que o direito ao trabalho é um dogma inquestionável e inerente a ideologia capitalista que vê o trabalho de forma utilitarista. Como direito a preguiça ele apresenta a oportunidade se perceber o trabalho como algo bom, como instrumento essencial a sociedade, mas que seja exercido por todos e em medida controlada, percebendo a distribuição da riqueza de forma igual e produzindo o essencial, sem excessos.
O trabalho como é visto pelo capitalismo, nunca será fonte de riqueza, ninguém se tornará rico trabalhando, mesmo no empreendedorismo. O trabalho precisa ser emancipado, ser livre da exploração do lucro. Até lá exerçamos o nosso direito a preguiça, não como um direito de vagabundos, mas como um direito de cidadãos, de sujeito de direitos, como reivindicam o povo na frança hoje pelas aposentadorias, como reivindicam o povo na Grécia pelas reformas do estado da previdência e seguros sociais em geral, como reivindicam os povos dos países do primeiro mundo que ainda guardam em sua memória as lembranças de anos de mobilização (1848, 1968).
A America latina, com o Brasil não está fora da crise, em todo este contexto mundial também sofremos os avanços do capital em detrimento de nossas garantias constitucionais, sempre cada vez mais , destituídas, desregulamentadas. Também temos lembranças de lutas, principalmente por que vivemos sobre a égide de ditaduras de modernizações conservadoras que até hoje vivem tradicionalmente parasitando o nosso poder.É preciso agir, entender o processo de trabalho, o papel do trabalho e buscar meios de superar o capital como fez a critica socialista, ainda tão útil pra entender e perceber outra ordem societária, é preciso não só criticar, mas organizar-se para alem das fronteiras do capital.

BIBLIOGRAFIA


ALVES, Giovanni. Trabalho e reestruturação produtiva no Brasil Neoliberal, precarização do trabalho e redundância. Revista Katálisis, 2008.

ANTUNES, Ricardo. Editorial: As configurações do trabalho na sociedade capitalista. Revista Katálisis, 2008.

ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do Trabalho. Ebook, 2005.

LAFARGUE, Paul. O direito a preguiça. Ebook. 2009.

http://diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=7785:chaves-para-entender-a-greve-da-franca&catid=89:laboraleconomia&Itemid=99, Acessado em 24 de Outubro de 2010.

Autor: Lucas Alecrim


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