Humildade; Humildade; Humil...



A grande virtude pregada pelo cristianismo e muitas outras religiões como sendo modelo de piedade e "santidade", é a humildade. Estive pensando a respeito dessa "virtude", e observando-a de um ponto de vista diferente dos que até então tinha observado. Perguntei-me se seria possível que algo tão "belo e nobre" tivesse um lado negativo e ruim e comecei a ponderar sobre ela através de uma linha de pensamento bem pessimista, a fim de encontrar algum defeito nessa virtude, se é que isso seja possível! Vejamos: A humildade é algo próprio dos humildes; não falo dos humildes do ponto de vista cristão e metafísico e sim do ponto de vista "real", ponto de vista esse que trata a humildade como sendo fraqueza e resultado de carência de algo, "inferioridade". Quando tais classes de pessoas inferiores se conformam com a situação em que vivem e se colocam em sua real posição na sociedade, a humildade torna-se para eles uma espécie de "acusador implacável" que a cada manhã lhes aponta o dedo como que querendo dizer a altura máxima à qual sua cabeça pode se erguer, digamos que ela é um demarcador de limites. Quando há ausência de conformação por parte dessas pessoas, duas coisas podem acontecer: ou essas pessoas tornam-se anarquistas e baixas, fazendo da sua situação um pretexto para a desordem e a bagunça, ou se lançam em uma busca racional por saída dessa situação tornado notório o desconforto moral causado pela humildade. A humildade para eles é indesejável ? falo dos "inconformados racionais" ? ficando apenas o conforto psicodélico, causado pela humildade cristã, que prega que os últimos sempre serão os primeiros e que o pequeno é que é digno de reinar. Essa valorização da humildade por parte do cristianismo provocou dois fenômenos perigosos para a sociedade, um é justamente essa conformação com seu estado de desgraça tornando-o sublime ? "essa vida é passageira mesmo, o que vale é o paraíso que nos espera depois da morte". O outro fenômeno é bem notório entre os políticos, é o que costumam chamar de falsa humildade, seja em seu sentido "real" ou "cristão". Ameaçados pela possibilidade de fracasso à que a democracia os expõe, ? democracia que termina ao fim do pleito ? tentam velar sua superioridade sobre a massa dando mostras de que pertencem ao "povão" quando na verdade seus títulos os colocam acima disso. E isso não acontece só entre os políticos como também e mais perigosamente entre os líderes religiosos, visto que a demonstração de humildade diante de um fato que mostre superioridade incontestável por parte de quem a ostenta torna-se uma das mais infalíveis formas de exaltação, figurando, portanto, como uma mentira, ou seja, falsa humildade. Esse último caso, o dos religiosos, não é tão notório quanto o dos políticos e por isso é bem mais danoso, tendo em vista a sublimação dessas pessoas por parte da sociedade, já que o político, mesmo sendo honesto, é tido como corrupto. Foi essa a conclusão à que cheguei a respeito da humildade, não classificando, portanto, falta de orgulho e de exaltação como sendo humildade e sim como sendo um adorno, um embelezamento do fato de ser superior ? superioridade natural; "ou até mesmo mentira, para os mais rigorosos" ? quando não, torna-se também falsa humildade.

Jônatas Félix da Silva.
Autor: Jônatas Félix Da Silva


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