DORES DA VIDA



DORES DA VIDA

Um sujeito simples, homem do povo, ingênuo de coração e muito temente a Deus, resolveu perguntar ao Todo Poderoso, por que a vida era tão difícil e dolorosa para a sua gente e tão opulenta e generosa para uns poucos doutores que as letras e o dinheiro fez.
Sentou-se sozinho, debaixo de uma árvore retorcida no meio da mata seca do sertão, fechou os olhos, deixou o coração calar e logo as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, escorrendo pelo nariz, boca, queixo, até banhar-lhe o corpo e o pequeno pedaço de chão onde se encontrava sentado.
Mal começou a indagar os motivos de tantas injustiças e desigualdades entre irmãos, sentiu um cheiro muito forte vindo da terra molhada pelo sal de suas lágrimas. Olhou então para aquilo que surgia rompendo a carne do solo e nascendo num parto de dor e esperança: era uma sementinha que com suas lágrimas havia ajudado a germinar e florescer.
Naquele momento, calado e curioso com o que acabara de ver acontecer, pensou que seria a resposta que Deus havia lhe mandado, mesmo antes de ter ouvido sua pergunta: a dor existe para que os pobres chorem e assim possam lavar a terra de seus pecados e fazer renascer no coração dos homens o desejo ardente de fraternidade, amor e solidariedade.
Acreditando ter recebido a resposta a qual buscara, foi correndo chamar outros irmãos mais sofredores do que ele e convocou-os para juntos regarem a terra com suas lágrimas e, assim, poderem fertilizá-la com a nobreza silenciosa e obediente de sua dor.




Autor: Magda Dantas Calíope Sobreira


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