Artigo: A prática do bullying e suas conseqüências para a vítima
Roberto Ramalho é Advogado, Relações Públicas e Jornalista e estudioso de assuntos educacionais
O fenômeno bullying se caracteriza por atos repetitivos praticados contra vítimas escolhidas pelo agressor ou grupo de agressores para causar nas mesmas um estado permanente de tensão emocional, gerando-lhes muita dor e sofrimento.
No entanto, o bullying é uma prática antiga, porém a designação do termo é algo recente e muitas dúvidas ainda norteiam o tema.
O fenômeno tem sido estudado em diversos setores sociais como o escolar, por exemplo, (ex: trotes universitários, "xoar" etc.), na área do trabalho, da informática (Cyberbullying através de MSN, Orkut, Facebook, Myspace, Twitter, etc, e inclusive em instituições militares).
Há diversos tipos de bullying - horizontal, vertical ascendente e descendente. Porém a responsabilidade dos agressores são as mesmas, dos pais, tutores e curadores - se o agressor é menor de 18 anos de idade -, das escolas - relação de consumo-, empresas - no caso de bullying no ambiente de trabalho-, assim como, também, do Poder Público em caso de bullying praticado no âmbito da Administração Pública.
De origem inglesa, a palavra bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica que ocorrem principalmente nas instituições de ensino sejam elas públicas ou privadas. É um tipo de agressão intencional, que ridiculariza, humilha e intimida suas vítimas.
Algumas crianças por serem diferentes de seus colegas - altos ou baixos demais, gordinhos ou muito magros, tímidos, nerds, mais frágeis ou muito sensíveis -, acabam sofrendo intimidações constantes.
Discriminados em sala de aula, as vítimas de bullying, na maioria das vezes sofrem caladas frente ao comportamento de seus ofensores sem nada poderem fazer, inclusive ficam com medo de denunciar as agressões sofridas e as conseqüências podem ser desastrosas: ocasionando desde repetência e evasão escolar até o isolamento, depressão e, em casos extremos, suicídio e homicídio.
De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, mesma autora de "Mentes Perigosas" e "Mentes Inquietas" , como chega a ser normal que as crianças impliquem uma com as outras, se dêem apelidos e briguem de vez em quando, porém nem sempre é fácil identificar quando o problema surge.
Por essa razão é preciso que os pais e os professores estejam atentos para que percebam quando simples brincadeiras sadias, que ocorrem de forma natural e espontânea entre os alunos, acabam se tornando verdadeiros atos de violência e perversidade, sendo que somente alguns se divertem à custa de outros que sofrem.
Em "Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas", a Dra. Ana Beatriz faz uma verdadeira análise profunda sobre um dos tipos de violência cada vez mais noticiado, que precisa com urgência ser combatido.
"Além de os denominados bullies" - os agressores - escolherem um aluno como o alvo preferido deles e a vítima se encontram em franca desigualdade de poder, geralmente ele também acaba apresentando uma baixa auto-estima.
A prática de bullying termina por agravar o problema preexistente, e pode muito bem abrir quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que, praticamente em muitas ocasiões terminam trazendo prejuízos irreversíveis para as vítimas.
"No exercício diário da minha profissão, e após uma criteriosa investigação do histórico de vida dos pacientes, observo que não somente crianças e adolescentes sofrem com essa prática indecorosa, como também muitos adultos ainda experimentam aflições intensas advindas de uma vida estudantil traumática", alerta a referida psiquiatra.
De forma acessível e muito esclarecedora, o livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa faz uma verdadeira investigação do problema, trazendo informações necessárias aos pais, professores, alunos e profissionais de diversas áreas, identificando esse tipo de violência e suas conseqüências, assim, como, também, o que se pode fazer para combatê-la.
As conseqüências do bullying podem ser irreversíveis, dependendo da forma como ele é praticado. Hoje, praticamente o mundo todo sofre com esse problema crônico. São milhares de pessoas perseguidas, sem motivo algum, todos os dias principalmente em escolas públicas e privadas dentro do ambiente escolar, levando os pais a transferirem seus filhos das escolas, além de também existir no trabalho, através do uso de mensagens pela internet, endereçadas pelo agressor a sua vítima, trazendo sofrimento, e até gerando casos mais graves, como ações violentas ou suicídio.
Autor: Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti
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