Cortina de Fogo



Acendo a luz, mas a escuridão permanece. Esfrego os olhos, sinto nos ombros o macio de suas mãos, Me beija, pede e a súplica dispara para o vazio do silêncio. A partir de agora não há palavras, ditam os gestos. Vejo o branco de seus olhos, depois não vejo mais, a luz, eu preciso de luz, mas ela não a suporta. Persigo suas curvas, ora tenras, ora gelatinosas, ela sussurra qualquer coisa que escuridão não me deixa ouvir. Avanço. Metralha beijos no meu pescoço, encosta a cabeleira ruiva no meu peito. Eu gosto de sentir o cheiro acre do suor que lava seus cabelos. Pego-a de jeito, belisco as carnes, mordo, ela geme. Não respondo, também não cesso o ato. É flácida na cintura, as nádegas dois pudins, paro. Ela reclama, me incita. Embora eu entenda que a escuridão em mim é cortina de fogo, incendeio, vencido, sobre ela.
Autor: Claudia Curcio


Artigos Relacionados


Revelar A Escuridão

O Que Restou De Mim

Sem Sentido

Salva-me

Agonia Do Poeta

Encontros E Despedidas

Anjos Da Noite