A REALIZAÇÃO DO ALEITAMENTO EXCLUSIVO POR NUTRIZES DE UM BAIRRO PERIFÉRICO DO MUNICÍPIO DE BARREIRAS - BA
Orientadora: Éricka Samanta Dorfey
RESUMO
O Aleitamento Materno Exclusivo (AME) é recomendado à criança desde o seu nascimento até os seis meses de idade, como forma de prevenção de doenças comuns nessa faixa etária e como complemento de outros alimentos até dois anos, pois fornece todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável. Para tanto, tornou-se fundamental analisar a realização do aleitamento exclusivo por nutrizes de um bairro periférico do município de Barreiras ? BA. O presente estudo de campo adotou uma abordagem quantitativa de caráter exploratório descritivo. A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário estruturado composto de 10 perguntas objetivas. Posteriormente a aplicação do questionário, os resultados foram analisados pela estatística descritiva por meio da média (M) e desvio padrão (DP), pela freqüência (números e porcentagem), expostas em tabelas e gráficos do programa Microsoft Excel, através dos quais se identificou que 28% das nutrizes que não realizaram o desmame precoce tinham a média de idade em anos de 30 ± 3,31, de estudo em anos de 12 ± 2,16 e 20% com mais de um filho. Já os 72% que realizaram o desmame precoce tinham a média de idade em anos de 24,5 ± 6,49, estudo em anos de 10 ± 3,31 e 40% com apenas um filho. Percebemos que as pesquisadas apresentam conhecimento sobre a importância da realização do AME até o sexto mês de vida dos lactentes, porém a inexperiência (concepção precoce/primiparidade), poucos anos de estudo e a falta de compreensão das orientações dadas durante o pré-natal e puerpério, são fatores predisponentes à realização do desmame precoce. Sugere-se que as pesquisas sobre o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, possam ser desenvolvidas por outros pesquisadores a fim de contribuírem para um diagnóstico sobre a realização do AME em varias cidades do Brasil. E que por meio de tais pesquisas, poderão proporcionar um olhar atencioso dos órgãos competentes incumbidos de favorecerem a realização do Aleitamento Materno Exclusivo, através da elaboração de políticas públicas e desenvolvimento de programas específicos para o AME, levando o Brasil a apresentar um baixo índice de desmame precoce entre os lactentes de 0 a 6 meses de vida.
Palavras?chave: Aleitamento Materno; Desmame Precoce; Enfermagem.
COSTA, L. L.; CONCEIÇÃO, M. A. C.; DORFEY, E. S. The creation of exclusive breastfeeding for mothers at a suburb in Barreiras - BA. 2010. f. 59. Monograph (Graduation in Nursing). FASB, Faculdade São Francisco de Barreiras, Barreiras.
Advisor: Éricka Samanta Dorfey
ABSTRACT
Exclusive breastfeeding (EB) is recommended for children from birth until six months old for prevention of common diseases in this age group and as a complement to other foods up to two years, because it provides all the nutrients needed for healthy growth. To do this, it became crucial to analyze the performance of exclusive breastfeeding by mothers in a suburb of Barreiras - BA. This field study took a quantitative exploratory descriptive. The survey was conducted via a structured questionnaire with 10 objective questions. Subsequent to the questionnaire, the results were analyzed by descriptive statistics as media (M) and standard deviation (SD), by frequency (numbers and percentage), shown in tables and graphs in Microsoft Excel, through which it was identified that 28% of the mothers who were not weaned early had a mean age of 30 ± 3.31, study in years of 12 ± 2.16 and 20% with more than one child. 72% who had had early weaning on the average age of 24.5 ± 6.49, study in years of 10 and 40 ± 3.31% with only one child. We noticed that the surveyed have knowledge about the importance of completing the EB until the sixth month of infants life, but the inexperience (early conception / primiparity), fewer years of schooling and lack of understanding of the guidance given during the prenatal and postpartum are predisposing factors to the achievement of early weaning. It was suggested that studies of exclusive breastfeeding until the sixth month of life, can be developed by other researchers to contribute to a diagnosis on the implementation of EB in many cities in Brazil. This research can provide an attentive view of the competent organs responsible for facilitating the creation of exclusive breastfeeding through the development of public policies and development programs specific to the EB, leading Brazil to present a low rate of early weaning among infants 0-6 months of life.
Key words: Breastfeeding; Early Weaning; Nursing.
LISTA DE SIGLAS
ALV ? Alergia ao Leite de Vaca
AM ? Aleitamento Materno
AME ? Aleitamento Materno Exclusivo
AMP ? Aleitamento Materno Predominante
CEP ? Comitê de Ética em Pesquisa
CNS ? Conselho Nacional de Saúde
CONEP ? Conselho Nacional de Ética em Pesquisa
IRAs ? Infecções Respiratórias
HSV ? Vírus do Herpes Simples
HIV ? Vírus da Imunodeficiência Humana
LAM ? Método da Lactação e Amenorréia
OMS ? Organização Mundial de Saúde
OPAS ? Organização Pan-Americana de Saúde
PACS ? Programa de Agentes Comunitários de Saúde
SCIELO ? Scientific Electronic Library Online
SISNEP ? Sistema Nacional de Ética em Pesquisa
UBS ? Unidade Básica de Saúde
UNICEF ? Fundo das Nações Unidas para a Infância
SUMÁRIO
ITEM PÁGINA
1 INTRODUÇÃO 10
2 DESENVOLVIMENTO 14
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO 14
2.1.1 Anatomofisiologia das Mamas 14
2.1.2 Fisiologia da Lactação 15
2.1.2.1 Início da lactação 15
2.1.2.1.1 Composição e demanda metabólica do leite 16
2.1.3 Outros Tipos de Leite 17
2.1.4 Aleitamento 19
2.1.4.1 Forma correta de amamentar.........................................................................20
2.1.4.2 Cuidado com as mamas.................................................................................22
2.1.4.3 Ordenha..........................................................................................................23
2.1.5 Desmame Precoce 25
2.1.5.1 Condições da mãe e do lactente que contra-indicam a amamentação 26
2.1.5.2 Idéias e crenças/mitos que levam ao desmame precoce 27
2.1.6 A Participação da Enfermagem 27
2.2 METODOLOGIA 30
2.2.1 Natureza e Tipo de Pesquisa 30
2.2.2 Delimitação do Universo 30
2.2.3 Tipo de Amostragem 31
2.2.4 Discrição do Desenvolvimento da Pesquisa 31
2.2.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta dos Dados 33
2.2.6 Procedimento para Análise de Dados 33
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 34
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERÊNCIAS 43
APÊNDICE 50
QUESTIONÁRIO........................................................................................................51
ANEXOS 53
CONSENTIMENTO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE 54
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 56
FOLHA DE APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 58
1 INTRODUÇÃO
O leite materno é o único alimento para o bebê durante os seis primeiros meses de vida, sendo complementado com outros alimentos adequados à faixa etária dos lactentes até os dois anos de idade. Além de ser prático e econômico, o mesmo possui todos os nutrientes necessários para a obtenção de um ciclo vital saudável, evitando diarréias, desnutrição, auxilia na maturação do trato gastrointestinal, fortalece os músculos faciais, proporcionando benefícios a longo prazo, além disso, possui anticorpos que atuam na prevenção de infecções oportunistas nesta faixa etária, sendo ainda o colostro a primeira vacina que o mesmo recebe tornando-o imune a várias doenças nesse período. Para a mãe, diminui o risco de hemorragias, proporciona uma rápida involução uterina, é uma forma complementar de anticoncepção natural (Método da Lactação e Amenorréia (LAM)), reduz o risco de câncer de mama, e ainda contribui significativamente para a perda de peso.
É preciso que a mãe sinta-se bem, tenha uma alimentação adequada, para proporcionar uma boa mamada para seu filho, pois esse momento torna-se especial para ambos e ao mesmo tempo prazeroso para os dois, onde ocorre a troca de olhares, o carinho, o amor e o contato físico, possibilitando o reconhecimento da criança para com sua genitora.
A criança que é amamentada no peito cresce mais saudável, dorme mais tempo, é mais tranqüila, com tanto que essa mamada seja ofertada de maneira correta, em ambiente tranqüilo, na posição correta, desde que a mãe esteja com o seu tempo livre de outros afazeres, podendo dar atenção necessária nesse momento para seu bebê.
É observável historicamente, no decorrer das décadas, que obtivemos revoluções, tanto no setor industrial (produtos alimentícios para lactentes de 0 a 6 meses de vida, entre outras faixas etárias), como no trabalhista (a inclusão da mulher no mercado de trabalho), que de forma direta ou indireta, promoveu e ainda promove o desmame precoce nos países de primeiro mundo e, em desenvolvimento, como o Brasil. No setor industrial, é explícito o bombardeio de propagandas de produtos alimentícios para lactentes de qualquer faixa etária de vida, com isso as nutrizes, que não tem ou tem pouco conhecimento sobre os benefícios da amamentação, fazem a substituição sem receio algum, prejudicando a saúde dos lactentes e extinguindo os benefícios que a amamentação pode proporcionar às mesmas. Já no setor trabalhista, é observável um aumento significativo da mulher no mercado de trabalho, fator este, que é importante para o seu bem-estar físico/psíquico/social. As gestantes que estão inseridas no mercado e futuramente serão nutrizes, são munidas de benefícios que por lei (licença maternidade), as asseguram a ausentar-se do trabalho por quatro meses e, conseqüentemente, as nutrizes ainda têm direito a amamentar o lactente no trabalho, com intervalos de uma hora por dia.
Dentre os vários fatores condicionantes que interferem na realização do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até o sexto mês de vida dos lactentes, podemos citar as facilidades encontradas no setor industrial (alimentos para lactentes de qualquer faixa etária), a possível insegurança que algumas mães têm em relação à solicitação da licença maternidade, e conseqüentemente o receio de solicitar 60 minutos de dispensa do trabalho para amamentar o lactente. Devido ao medo de perder o emprego, somando-se à baixa escolaridade, renda familiar, concepção ainda muito jovem, aspectos culturais, pouco ou nenhum conhecimento sobre os benefícios que podem proporcionar o Aleitamento Materno Exclusivo, tanto para o lactente, quanto para a nutriz.
Segundo Valota (2003), na década de 70, o Brasil mostrava elevados índices de morbimortalidade infantil, conseqüentemente relacionado ao desmame precoce que se destacou como um sério problema de saúde pública. De acordo Ministério da Saúde (2009b), ouve um aumento significativo do Aleitamento Materno Exclusivo comparado ao Aleitamento Materno (AM) (quando o lactente recebe leite materno e quaisquer outros líquidos ou alimentos), no período de 1999 e 2008, não sendo satisfatório para atingir as metas propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. Essa situação requer uma atenção especial e estratégica das políticas públicas de saúde, em questão a Atenção Básica de Saúde, direcionando programas voltados à conscientização sobre a importância do Aleitamento Materno Exclusivo.
Conforme descrito por Silveira e Lamounier (2004), as ações determinantes para reverter o alto índice de desmame precoce no Brasil direcionam-se a um trabalho em conjunto com os dois seguimentos envolvidos, a população e os profissionais da saúde, conscientizando-os sobre a importância e os benefícios do Aleitamento Materno Exclusivo até os seis meses, proporcionando à saúde materno-infantil e enfatizando as consequências do desmame precoce para os mesmos. Dentro do contexto, vale ressaltar os programas, pré-natal e puerpério, que se inserem as orientações essenciais que proporcionará a conscientização das gestantes e nutrizes sobre a importância da realização do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do lactente.
Alguns autores acima citados confirmaram que o Brasil, possui altos índices de desmame precoce em todas as regiões, portanto, é um fator preocupante para a saúde pública brasileira, aumentando assim uma maior prevalência de morbimortalidade infantil. Somente a conscientização sobre a realização do AME até os seis meses de vida, pode reverter esta situação. Diante do exposto, surgiu à seguinte pergunta: as nutrizes realizam o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida dos lactentes?
A pergunta nos levou aos seguintes pressupostos, as nutrizes multíparas que possuem maior tempo de estudo e apoio familiar amamentam exclusivamente seus filhos até o sexto mês de vida, levando-nos, a analisar quais as nutrizes realizam o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até os seis meses de vida dos infantes. Assim, nos foi possível pesquisar o perfil das nutrizes quanto aos aspectos socioeconômico, educacional e faixa etária que podem interferir no AME, levantar informações sobre a existência e efetivação de programas de saúde educativos sobre a importância da realização do AME até o sexto mês de vida dos lactentes, identificar a frequência de nutrizes que realizaram o desmame precoce e discorrer sobre os benefícios do aleitamento materno para o binômio (mãe/filho).
A pesquisa adotou uma abordagem quantitativa, exploratória e descritiva de campo, através da aplicação do instrumento de coleta de dados nas residências das nutrizes cadastradas em um posto de saúde de um bairro periférico do município de Barreiras ? BA. Os dados obtidos no presente estudo serão analisados pela estatística descritiva (média e desvio padrão) e frequência (números e porcentagem) e expostas em tabelas e gráficos do programa Microsoft Excel.
Sendo assim, o estudo foi fragmentado em três tempos. No primeiro foi exposta a Introdução, que discorremos sobre o referente tema, os objetivos, a problemática e os pressupostos que subsidiaram a pesquisa, assim como o direcionamento da abordagem metodológica. No segundo, o desenvolvimento em que abordamos o referencial teórico que nos forneceu dados bibliográficos relevantes, elucidando as nossas idéias sobre o tema em questão, à metodologia utilizada e a discussão dos dados obtidos. Por último, a conclusão, que foi explanada a nossa reflexão sobre os dados discutidos, depois de comparados e analisados com bibliografias significantes relacionadas ao tema.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 Anatomofisiologia das Mamas
As mamas são duas glândulas situadas uma de cada lado do tórax, consideradas acessórias do sistema genital feminino. Sua função é a produção do leite após o parto. Suas estruturas externas são: a papila mamária (mamilo) é uma área elevada da mama, constituída de fibras musculares lisas, geralmente circulares e de 15 a 20 ductos lactíferos que desembocam em sua extremidade rugosa; a aréola é uma área pigmentada ao redor do mamilo, que contém glândulas mamárias modificadas (glândulas areolares), que durante a gravidez e lactação formam os tubérculos de Montgomery, que são glândulas sebáceas da aréola, as quais promovem a fabricação de secreção oleosa e anti-séptica, que protege lubrificando o mamilo e a aréola de sucção. Suas estruturas internas são os ductos lactíferos que desembocam no mamilo, comunicando-se com os alvéolos mamários; as ampolas galactóforas que estão situadas abaixo da aréola ejetam o leite na boca do bebê durante a amamentação (FRANZA; SANTOS; SILVA, 2008; ÓRFÃO; GOUVEIA, 2009).
O desenvolvimento das glândulas mamárias inicia-se durante a puberdade estimulada pela ação dos estrogênios, que promovem o crescimento do estroma e do sistema de ductos, ocasionando o crescimento das mamas, que durante a gestação devido à ação do hormônio do crescimento, prolactina, entre outros, leva ao aumento dos ductos mamários ramificando-os, estroma da mama e grande quantidade de gordura são depositados no mesmo (GUYTON; HALL, 2008).
O hormônio progesterona é secretado pela placenta em enorme quantidade durante a gravidez, causando o crescimento dos lóbulos, o brotamento dos alvéolos e o desenvolvimento de características secretoras nas células alveolares (GUYTON; HALL, 2008).
2.1.2 Fisiologia da Lactação
2.1.2.1 Início da lactação
A produção do leite ocorre após o delivramento do feto e resulta da ação de muitos hormônios que exercem influência sobre as células glandulares (KAPIT; ELSON, 2002).
A lactação é estimulada por fatores que envolvem estimulações neurais e endócrinas, relacionados com a sucção do mamilo pelo lactente, que age no eixo hipotalâmico-hipofisário e culmina por determinar a liberação de prolactina (aumento dos níveis de seis a nove vezes) e de ocitocina (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2008).
O hormônio prolactina é essencial na promoção da secreção do leite pelas células alveolares, onde o mesmo pode ser inibido pela alta elevação de estrogênio e progesterona no período gestacional. Após o parto, e ocasionalmente depois da retirada da placenta, esses inibidores da lactação têm a concentração diminuída, extinguindo os seus efeitos antagonistas, proporcionado a secreção do leite. A prolactina é secretada pela hipófise anterior da mãe, e a sua concentração sanguínea aumenta uniformemente desde a quinta semana de gestação até o nascimento da criança, quando apresenta elevação de 10 a 20 vezes em relação ao nível normal não-grávido. Além disso, a placenta secreta grande quantidade de somatomamotropina coriônica humana, que, provavelmente, também tem propriedades lactogênicas, sustentando assim a prolactina da hipófise materna durante a gravidez (GUYTON; HALL, 2002; BRASIL, 2009a).
Quando o lactente começar a mamar, ele não recebe qualquer leite durante os primeiros 30 segundos. Para que ocorra a descida do leite propriamente dita, são necessários vários estímulos, como impulsos sensoriais pelos nervos somáticos dos mamilos para a medula espinhal da mãe e, a seguir, para o hipotálamo, proporcionando a secreção de ocitocina e, mutuamente a secreção do hormônio da lactação (prolactina) (GUYTON; HALL, 2002).
Conforme Órfão e Gouveia (2009), o reflexo neurogênico e hormonal ou "descida" do leite garante a ejeção do mesmo. Algumas estimulações nervosas promotoras da descida do leite são a sucção pelo lactente, produzindo impulsos no hipotálamo, estimulando a liberação de ocitocina pela neuro- hipófise, produzindo a contração das células mioepiteliais (que circundam as paredes externas dos alvéolos) dos alvéolos mamários, ocasionando a ejeção do leite.
2.1.2.1.1 Composição e demanda metabólica do leite
O parto normal proporciona à mãe melhores condições físicas no pós-parto imediato para a amamentação, pois a mesma não está sobre nenhum efeito anestésico, ou seja, sedada, sem ocasionar riscos ao recém-nascido e, automaticamente, os níveis hormonais maternos com o trabalho de parto se elevam, condicionando, assim, a produção do colostro e conseqüentemente o leite. A gestante que é submetida ao parto Cesário para a retirada do feto, necessita ser anestesiada, com anestesia geral ou bloqueio local, ocasionando sedação paciente/cliente, indisponibilizando no pós cesário imediato, a amamentação imediata, devido à mesma não está recuperada totalmente do efeito anestésico (BATISTA; COSTA, 2009).
Durante os primeiros dias do pós-parto há apenas secreção de colostro, de cor amarelada, com grande concentração de proteínas (6%), lipídeos (2,5%), glicídios (3,0%), anticorpos e células tímicas, com agentes antiinfecciosos, particularmente gastrointestinais (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2008).
Segundo Guyton e Hall (2002), o leite humano é composto pelos seguintes elementos, água (88,5%), gordura (3,3%), lactose (6,8%), caseína (0,9%), lactalbumina e outras proteínas (0,4%) e cinzas (0,2). O leite não apenas fornece ao recém-nascido os nutrientes necessários, como, também, proporciona importante proteção contra as infecções. Por exemplo, juntamente com os nutrientes, são secretados vários tipos de anticorpos e outros agentes antiinfecciosos.
Os fatores de defesa presente no leite humano podem ser divididos em quatro grupos: antimicrobianos (a IgA secretora, lactoferrina, lisozima, oligossacarídeos, mucina, fibronectina e complementos), antiinflamatórios (as citocinas, os antioxidantes (catalase, lactoferrina, alfa-tocoferol, beta-caroteno), as antiproteases (alfa¹-anti-tripisina e inibidor da elastase), os fatores de crescimento, prostaglandinas E¹ e E², PAF-acetilhidrolase, imunomoduladores (as citocinas, nucleotídeos, prostaglandina E² e prolactina), e leucócitos (neutrófilos, macrófagos e linfócitos) (GRASSI; COSTA; VAZ, 2001).
A IgA é a principal imunoglobulina do leite materno. Sua principal função é se ligar a microorganismos e macromoléculas bloqueando a aderência de diversos agentes infecciosos às células intestinais, neutralizando toxinas liberadas por patógenos, assim prevenindo o lactente contra a sepse. Além disso, a IgA interage com a lactoferrina e lactoperoxidase, intensificando a função dessas proteínas de defesa ( MATUHARA; NAGANUMA, 2006; BRASIL, 2009a).
Os macrófagos têm a capacidade de fagocitar bactérias e fungos e são também capazes de produzir citocinas, lactoferrina e lisozima, sendo atribuído aos macrófagos como um dos mais importantes imunoprotetores. Já os linfócitos que são secretados pelo leite humano, cerca de 80% são da linha T, que eliminam diretamente células infectadas (GRASSI; COSTA; VAZ, 2001).
Estes componentes do sistema imunológico do lactente citados anteriormente, tem diversas funções complementares entre si, sendo importantes na prevenção de infecções e outras patologias.
2.1.3 Outros Tipos de Leite
O leite de vaca também possui excelentes fatores imunológicos, mas esses fatores só funcionam para a mesma espécie. Mesmo que alguns destes possam funcionar, serão destruídos pela armazenagem e fervura do leite. O leite de vaca ainda possui três vezes mais proteína que o leite humano, porém acidificando o pH sangüíneo e sobrecarregando o rim, quando consumido em alta quantidade, aumentando a excreção urinária de cálcio. A alergia ao leite de vaca (ALV) é a alergia mais freqüente da faixa etária pediátrica, não só por ser o mais utilizado, como pelo seu forte potencial alergênico. Sendo os principais alérgenos encontrados, a ²-lactoglobumina, que não aparece no leite materno, à caseína, a ²-lactoalbumina e albumina sérica, sendo a ²-lactoglobumina o principal fator alérgeno (RIBEIRO; RIBEIRO, 2001).
O leite de cabra tem um alto valor nutritivo, conseqüentemente torna-se uma boa opção de alimento, além disso, o produto tem reação alcalina e dificilmente provoca desconforto estomacal, tornando-se assim um fator de alta eficiência no tratamento de cólicas em crianças. Porém, o leite de cabra não pode ser recomendado indiscriminadamente para todas as crianças alérgicas ao leite de vaca, pois a sua utilização pode causar, em alguns casos, sérios danos à saúde das mesmas, porque o mesmo é acusado de provocar anemia em crianças com ele alimentada, devido ao leite de cabra apresentar baixos níveis de ferro, ácido fólico, vitaminas B12 e C (RIBEIRO; RIBEIRO, 2001; OSMARI et al., 2009).
Podemos observar que nessas diferenças entre estes leites (Tabela 1), sem dúvida o leite humano é composto de todos os nutrientes favoráveis para o bom desenvolvimento do lactente, apresentando fatores imunitários que permitem as recomendações de aleitamento materno exclusivo para todo recém-nascido.
Tabela 1 ? Diferenças entre o leite materno, animal e artificial
________________________________________________________________________________
Leite Humano Leite Animal Leite Artificial _________________________________________________________________________________
Proteínas Quantidade
adequada e
fácil de digerir. Excesso, difícil
de digerir. Parcialmente
Modificado.
Lipídios Suficiente em ácidos graxos
essenciais,
lípase para digestão. Deficiente em ácidos
graxos essenciais,
não apresenta lípase. Deficiente em ácidos
graxos essenciais,
não apresenta lípase.
Vitaminas Suficiente. Deficiente de A e C. Vitaminas adicionadas
Minerais Quantidade
adequada. Excesso. Parcialmente
correto.
Ferro Pouca quantidade,
boa absorção Pouca quantidade,
má absorção Adicionado,
má absorção.
Água Suficiente. Precisa de mais. Pode precisar de mais.
Propriedade
Antiinfecciosas Presente. Ausente. Ausente.
Fatores de
Crescimento Presente. Ausente. Ausente.
_________________________________________________________________________________
FONTE: OMS/CDR/93.6 (Orientações Médicas, 2010).
Constatou-se a presença de vários fatores de defesa no leite humano: células, anticorpos, imunomoduladores e outras substâncias. Já o leite animal, é pobre em nutrientes, podendo ocasionar diversas complicações para o lactente. O leite artificial por ser artificialmente modificado, não supre as necessidades básicas que o mesmo necessita para crescer saudável (GRASSI; COSTA; VAZ, 2001).
Segundo Behrens e Silva (2004, p. 436):
O "leite" de soja pode ser preparado para que tenha o mesmo teor de proteínas que o leite. Entretanto, o valor biológico das proteínas de soja (0,7) é inferior ao das proteínas contidas no leite (0,9), tendo-se como referencial as proteínas do ovo (1,0), reconhecidas como as de maior valor biológico. Quanto à digestibilidade, a soja apresenta em seus grãos oligossacarídeos que não são hidrolisados durante o processo de digestão e, portanto, podem causar flatulência. Além disso, o leite é também uma excelente fonte de cálcio, fósforo e vitaminas B2 e B12, entre outros nutrientes, sendo considerado um alimento quase completo.
O setor industrial alimentício de produtos infantis é um fator predisponente para o desmame precoce, que de forma assombrosa vem influenciando nesse aspecto. Várias indústrias de alimentos infantis trouxeram novidades em fórmulas infantis, mas especialmente a indústria Nestlé, que trouxe de modo pioneiro e constante a maioria das fórmulas para lactentes sadios e para lactentes intolerantes ao leite de vaca, surgindo para os mesmos, fórmulas de leite de vaca isentas de lactose, dentre outras fórmulas oferecidas no mercado pelas várias indústrias de alimentos infantis (AMORIM, 2005; REA, 1990).
2.1.4 Aleitamento
O aleitamento divide-se em três tipos, que são eles, o Aleitamento Materno Exclusivo ? AME (sem quaisquer outros líquidos ou alimentos, exceto medicamento), o Aleitamento Materno Predominante ? AMP (quando o lactente recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como suco de frutas e chás), e o Aleitamento Materno - AM (quando o lactente recebe leite materno e quaisquer outros líquidos ou alimentos) (BRASIL, 2002).
Segundo o Ministério da Saúde (2009b. p. 42-83) na Segunda Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal (PPAM/ Capitais e DF), constatou que:
[...] a prevalência do AME em menores de seis meses foi de 41%, e que a duração mediana do AME foi de 54,11 dias (1,8 meses) e a duração mediana do AM de 341,6 dias (11,2 meses) no conjunto das capitais brasileiras e DF. [...] verificou-se o aumento da prevalência de AME em menores de quatro meses no conjunto das capitais brasileiras e DF, de 35,5% em 1999, para 51,2% em 2008. [...] observando uma maior freqüência do AME no sexo feminino e na região Norte do país; observa-se uma tendência crescente da prevalência do AME com o aumento da escolaridade materna; em relação à idade materna, a maior freqüência de AME foi identificada entre as mulheres entre 20 e 35 anos. [...] foi notório a introdução precoce de água, chás e outros leites, com 13,8%, 15,3% e 17,8% das crianças recebendo esses líquidos respectivamente, já no primeiro mês de vida. Cerca de um quarto das crianças entre três e seis meses já consumia comida salgada (20,7%).
Os efeitos benéficos da amamentação para a saúde das lactantes e lactentes vêm sendo observadas em toda parte. No que diz respeito ao lactente, o aleitamento materno reduz o risco de infecções agudas como diarréia, pneumonia, otite, haemophilus influenzae, meningite, auxilia na maturação do trato gastrointestinal, fortalece os músculos faciais e infecção urinária. Também protegendo contra doenças crônicas como diabetes tipo I, colite ulcerativa e doença de Crohn. A amamentação está associada com uma baixa prevalência de diabete tipo II, sobrepeso e obesidade na adolescência e vida adulta (OMS, 2009; UNICEF, 2009).
A amamentação prolonga a infertilidade da mulher e ainda reduz os riscos de hemorragia pós-parto, câncer de mama, pré-menopausa, câncer de ovário, proporciona uma rápida involução uterina, e ainda contribui significativamente para a perda de peso (TOMA; REA, 2008; REA, 2004; BOTINE et al., 2003).
2.1.4.1 Forma correta de amamentar
Conforme o Ministério da Saúde (2009a), demonstrar a forma correta de amamentar contribui para uma melhor interação entre mãe e filho, pois as lactantes podem escolher qual a melhor forma (sentada, deitada ou em pé) para ofertar o peito para o lactente. Ainda discorre, que quando deitada deve apoiar a cabeça e costas em travesseiros para ficar mais à vontade. Na posição sentada, pode cruzar as pernas ou usar travesseiros sobre suas coxas, ou ainda embaixo dos pés um apoio para facilitar a posição do bebê, permitindo assim, que a boca fique no mesmo plano da aréola.
De acordo Giugliani (2000. p. 242):
Hoje se sabe que a técnica da amamentação é importante para a transferência efetiva do leite da mama para a criança e para prevenir dor e trauma dos mamilos. Por isso, é indispensável que a mãe seja orientada quanto à técnica de amamentação já no período pré-natal, de preferência, ou logo após o parto. Nenhuma dupla mãe/bebê deve deixar a maternidade sem que pelo menos uma mamada seja observada criteriosamente.
A mesma relata que a avaliação de uma mamada indica se a mãe precisa de ajuda e que tipo de ajuda. Portanto, os seguintes itens devem ser observados:
? Roupas da mãe e do bebê são adequadas, sem restringir movimentos? As mamas devem estar completamente expostas e o bebê deve estar vestido de maneira que os braços fiquem livres (não deve estar enrolado).
? A mãe está confortavelmente posicionada, relaxada, bem apoiada, não curvada para trás nem para frente? O apoio dos pés acima do nível do chão é aconselhável.
? O corpo do bebê está próximo, todo voltado para a mãe, tórax com tórax? Uma das regras básicas de uma boa técnica de amamentação é manter corpo e cabeça do bebê alinhados.
? O braço inferior do bebê está posicionado ao redor da cintura da mãe, de maneira que não fique entre o corpo do bebê e o corpo da mãe?
? O corpo do bebê está fletido sobre a mãe, com as nádegas firmemente apoiadas?
? O pescoço do bebê está levemente estendido?
? A mãe está segurando a mama formando um C com o dedo polegar colocado na parte superior e os outros quatro dedos na parte inferior, tendo o cuidado de deixar a aréola livre? Os dedos não devem ser colocados em forma de tesoura, interpondo-se entre a boca do bebê e a aréola.
? A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama, com a boca centrada em frente ao mamilo? É sempre útil lembrar a mãe que é o bebê que vai à mama e não a mama que vai ao bebê.
? Na hora de colocar o bebê para sugar, a mãe estimula o lábio inferior do bebê com o mamilo para que ele, por reflexo, abra bem a boca e abaixe a língua?
? Imediatamente após o bebê abrir a boca, a mãe, com um rápido movimento, leva o bebê ao peito? Mais uma vez, lembrar que é o bebê que vai à mama e não a mama ao bebê.
? O bebê abocanha, além do mamilo, parte da aréola (aproximadamente 2 cm além do mamilo)? Lembrar que o bebê retira o leite comprimindo os seios lactíferos com as gengivas.
? O queixo do bebê está tocando a mama?
? O bebê mantém a boca bem aberta colada na mama, sem apertar os lábios?
? Os lábios do bebê estão curvados para fora, formando um lacre? Para visualizar o lábio inferior do bebê muitas vezes é necessário pressionar a mama com as mãos.
? A língua do bebê fica sobre a gengiva inferior? Algumas vezes a língua é visível; no entanto, na maioria das vezes é necessário abaixar suavemente o lábio inferior.
? A língua do bebê encontra-se curvada para cima nas bordas?
? O bebê mantém-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo?
? As mandíbulas do bebê se movem?
? Pode-se ver ou ouvir a deglutição?
Os seguintes sinais são indicativos de técnica incorreta de amamentação:
? Bochechas do bebê encovadas a cada sucção.
? Ruídos da língua; a deglutição, entretanto, pode ser barulhenta.
? Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada.
? Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê larga a mama.
? Dor na amamentação.
2.1.4.2 Cuidado com as mamas
Segundo o Ministério da Saúde (2009a), o exame das mamas é fundamental, pois por meio dele pode detectar situações que poderão exigir uma maior assistência à mulher logo após o nascimento do bebê como, por exemplo, a presença de mamilos muito planos ou invertidos e cicatrização, entre outros. A "preparação" das mamas para amamentação, tão difundida no passado, não tem sido recomendação de rotina.
No preparo das mamas para o aleitamento, o Ministério da Saúde (2006), discorre que as mesmas devem ser avaliadas na consulta de pré-natal, orientando as gestantes a usar sutiã durante a gestação, recomendando-se banhos de sol nas mamas por 15 minutos, até 10 horas da manhã ou após as 16 horas, ou banhos de luz com lâmpadas de 40 watts, a cerca de um palmo de distância e esclarecendo que o uso de sabões, cremes ou pomadas no mamilo deve ser evitado.
O maior cuidado para se evitar as rachaduras e os traumas mamilares é a grande abertura de boca do bebê com a "pega" correta. Para isso as mamas devem estar macias e os mamilos proeminentes. A higiene adequada é de suma importância para minimizar ou erradicar o risco de infecções, não sendo necessário o uso de óleos ou pomadas. O banho deverá ser o habitual e o próprio leite que se deposita sob o mamilo é suficiente para hidratar a região. Manter as mamas macias, hidratadas por leite materno apenas, arejadas e observar a perfeita "pega" é o necessário para evitar lesões que causariam o desmame precoce (MOLINA, 2004).
2.1.4.3 Ordenha
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) (2010), a ordenha mamária é o ato mecânico de esvaziamento dos seios lactíferos, que pode ser feita manualmente ou com o auxílio de bombas manuais ou elétricas. E ainda discorre sobre as orientações às mães, para a realização de uma ordenha eficaz e higiênica, que são elas:
? Lavar cuidadosamente as mãos e antebraços.
? Não há necessidade de lavar os seios freqüentemente.
? Usar máscara ou evitar falar, espirrar ou tossir enquanto estiver ordenhando o leite.
? Massagear, previamente e delicadamente a mama como um todo com movimentos circulares da base em direção a aréola. Esse procedimento deve ser feito preferencialmente pela nutriz que assim poderá localizar os pontos mais dolorosos.
? Dispor de vasilhame de vidro esterilizado para receber o leite. Preferencialmente vidros de boca larga e com tampas plásticas, que possam ser submetidos à fervura durante mais ou menos 20 minutos.
? Ter a mão pano úmido limpo e lenços de papel para limpeza das mãos.
? Procure estar relaxada, sentada ou de pé, em posição confortável.
? O recipiente onde será coletado o leite materno (copo, xícara, caneca ou vidro de boca larga) deve estar esterilizado e posicionado próximo ao seio.
? Com os dedos da mão em forma de "C", colocar o polegar na aréola ACIMA do mamilo e o dedo indicador ABAIXO do mamilo na transição aréola-mama, em oposição ao polegar. Sustentar o seio com seus outros dedos.
? Use a mão esquerda para a mama esquerda e a mão direita para a mama direita ou use as duas mãos simultaneamente (uma em cada mama ou as duas juntas na mesma mama).
? Pressione seu polegar e o dedo indicador, um em direção ao outro, e levemente para dentro em direção a parede torácica. Evite pressionar demais, pois pode bloquear os ductos lácteos.
? Pressione e solte, pressione e solte. Isto não deve machucar, se doer à técnica está errada. A princípio o leite pode não vir, mas depois de pressionar algumas vezes, o leite começa a pingar. Poder fluir em jorros se o reflexo de ocitocina é ativo.
? Pressione a aréola da mesma forma, a partir dos LADOS, para assegurar que o leite está sendo extraído de todos os segmentos do seio.
? Evite esfregar ou deslizar seus dedos sobre a pele. O movimento dos dedos deve ser mais rotatório.
? Evite comprimir o mamilo entre os dedos, dessa maneira não conseguirá extrair o leite. Acontece o mesmo quando o bebê suga apenas o mamilo.
? Ordenhe um seio por pelo menos 3-5 minutos até que o leite flua lentamente, então ordenhe o outro lado; e repita em ambos os lados.
? Explique que ordenhar leite de peito adequadamente leva mais ou menos 20-30 minutos, em cada mama, especialmente nos primeiros dias quando apenas uma pequena quantidade de leite pode ser produzida. É importante não tentar ordenhar em um tempo mais curto.
? Coloque a aréola entre o polegar e os outros dedos e pressione para dentro, na direção da parede torácica.
? Pressione atrás do mamilo e da aréola, entre os seus dedos e polegar.
? Pressione os lados para esvaziar todos os segmentos.
Em casos em que a amamentação não é iniciada nas primeiras horas após o parto (por exemplo, em recém-nascidos pré-termo devido à sua imaturidade e condição clínica, pois os mesmos não conseguem realizar a sucção, entre outros), a ordenha da mama é recomendada, pois serve para estimular a produção láctea, amamentar o infante e evitar o ingurgitamento mamário (SERRA; SCOCHI, 2004).
2.1.5 Desmame Precoce
O desmame precoce é conceituado como a interrupção do aleitamento materno exclusivo antes do sexto mês de vida do lactente (MOUTINHO; ROAZZI; GOUVEIA, 2006; PARIZOTTO; ZORZI, 2008; VALOTA, 2003).
Historicamente discorrendo, o aleitamento materno é a principal nutrição que o lactente necessita para ter uma vida saudável. Entretanto, com séries de revoluções no setor industrial, em especial no que diz respeito aos alimentos (aleitamento artificial) para infantis, adquiriu uma importância maior (ANTUNES et al., 2008). Como foi citado acima, a industrialização e o aperfeiçoamento de novas técnicas de esterilização do leite de vaca, desencadearam uma produção em larga demanda de leites em pó. As mesmas utilizam de forma intensa e agressiva as propagandas (publicidade), fazendo com que o leite artificial seja encarado como um substituto adequado ao leite materno, devido à sua praticidade, condições adequadas de higiene e o bordão de que o leite artificial supriu com superioridade todas as substâncias nutritivas do leite materno. Devido às séries de revoluções no setor industrial, a entrada da mulher no mercado de trabalho, a baixa idade à concepção, a baixa escolaridade, o baixo rendimento financeiro e a desinformação sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, conseqüentemente favorecem ao desmame precoce (ICHISATO; SHIMO, 2002; ESCOBAR et al., 2002).
Conforme Barros K. M. et al., (2009, p. 1-2), as principais conseqüências do desmame precoce para a saúde do binômio (nutriz/lactente), são:
Aumento da mortalidade infantil, principalmente por diarréia e Infecções Respiratórias (IRAs), podendo ocasionar doenças alérgicas, cânceres, obesidade, diabetes, deficiência no desenvolvimento cognitivo e emocional, anemia ferropriva e doenças cardiovasculares. Já para mulher, é o aparecimento do ingurgitamento mamário, bloqueio dos ductos lactíferos, mastite, ansiedade, estresse e muitas vezes depressão, e podendo ainda predispor um aumento na probabilidade de desenvolver o câncer de mama e ovário, osteoporose, artrite, dificuldade em perder peso e o retorno mais rápido da menstruação.
Estudos indicam que o desmame precoce dos lactentes associado ao convívio em ambiente com higiene precária e com circulação de doenças, tem entre seis e 25 vezes mais probabilidade de morrer por diarréia e quatro vezes mais probabilidade de morrer por pneumonia. Já para a mãe, o mesmo pode ocasionar risco de câncer de mama e algumas formas de câncer de ovário, sobrepeso, anemia, gestações freqüentes, entre outros (UNICEF, 2009).
2.1.5.1 Condições da mãe e do lactente que contra-indicam a amamentação
Os lactentes que não devem receber leite materno nem qualquer outro leite, exceto fórmulas especiais, são os acometidos por patologias como, galactosemia clássica, doença da urina de xarope do bordo e fenilcetonúria. Já para os lactentes que podem necessitar de complementação com outro leite por um período limitado, são os nascido com menos de 1500g (muito baixo peso ao nascer), com menos de 32 semanas de idade gestacional (muito prematuros), com risco de hipoglicemia, como são os pré-termos, pequenos para idade gestacional ou que tenha experimentado significante estresse com hipóxia e isquemia intraparto, aqueles que estão doentes e cujas mães são diabetes, e se sua glicemia não melhorou com a amamentação (OMS, 2009).
Conforme Organização Mundial de Saúde (2009) e Cunha (2009), a condição materna, que pode justificar evitar amamentar de forma permanente é a Infecção pelo HIV.
Conseqüentemente as condições maternas que podem justificar evitar amamentar de forma temporária, são patologias como a doença grave que impede a mãe de cuidar de seu filho, por exemplo, sepsis, o vírus do Herpes simples tipo I (HSV ? I), algumas medicações maternas, por exemplo, drogas sedativas, psicoterápicas, anti-epiléticas e opiáceos e suas combinações podem causar efeitos colaterais tais como tontura e depressão respiratória, iodo-131 radioativo, o uso excessivo de iodo ou iodofor tópico, quimioterapia citotóxica. Condições maternas que são contra-indicadas amamentar, embora elas representem problemas de saúde que causam preocupação, como no abcesso mamário, na Hepatite B, quando a amamentação for muito dolorosa (Mastite), na Tuberculose, na utilização de certas substâncias, que já se demonstrou que tem efeitos danosos sobre o bebê amamentado e sobre a nutriz o uso pela mesma de nicotina, álcool, ecstazy, anfetaminas, cocaína, opiáceos, benzodiazepínicos, maconha (cannabis) e estimulantes relacionados (OMS, 2009; BRASIL, 2005).
2.1.5.2 Idéias e crenças/mitos que levam ao desmame precoce
Conforme Ramos e Almeida (2003, p. 387), são muitas as razões apontadas pela mulher para explicar o desmame precoce:
"... mamou até quase seis meses porque secaram, aí eu não dei mais não, eu tava dando mingau porque o leite era pouco [...] ela chupava e chupava e chorava, tinha hora que ela chupava, se danava e gritava chorando..."
"... o meu leite é pouco, se eu não botar ele pra sugar bastante, aí é que não vai ter mesmo [...] vez em quando ele mamando, porque o leite é pouquinho, aí é que seca mesmo."
"... eu chorava muito porque eu não tinha muito leite pra dar pra ele [..] nem aquela água não saía [...] quando ele acordou foi com a fome danada [...] ele não me deixou dormir de jeito nenhum porque eu não tinha leite..."
"... eu não tenho mais nem leite, não tenho leite de jeito nenhum [..]ela suga assim e eu acho que nem sai nada [...] os peitos tão seco."
"... ele mamava bem, mas aí com pouco tempo ele já tava chorando, aí novamente eu dava, ele chorava [...] eu achando que era fome [...] aí eu peguei e fiquei assim em dúvida, meu Deus o que será, será que realmente não existe leite fraco? Eu fiquei assim na dúvida, até hoje eu ainda tenho até essa dúvida. [...] eu acho que o leite às vezes é fraco, eu acredito que sim, porque ele chorava muito, e a partir do momento que eu passei a dar o leite, ele diminuiu mais né, o choro, ele passou a dormir melhor..."
Algumas mães deixam de amamentar seus filhos, por problemas de ordem fisiológica, como o leite é insuficiente, e psicológica, que a faz pensar quando o lactente chora é porque está com fome, devido ao leite fraco e insuficiente para nutri-lo (TABAI, 1997; OPAS, 2003).
2.1.5.3 Complicações mamárias que podem influenciar no desmame precoce
De acordo Parizotto e Zorzi (2008), as complicações mamárias, são fatores que se destacam como predisponentes associados a não realização do Aleitamento Materno Exclusivo, que dentre elas estão, mamilos doloridos, trauma mamilar, ingurgitamento mamário, baixa produção de leite, mastite, abcesso mamário, candidíase, mamilos planos ou invertidos.
O Ministério da Saúde (2009a) discorre que as nutrizes enfrentarão alguns problemas que surgirão durante a amamentação, se os mesmos não forem diagnosticados e tratados precocemente, podendo até interromper o aleitamento materno. Dentre estes problemas estão: os mamilos invertidos, que podem dificultar o início da lactação, mas não necessariamente a impedem; o ingurgitamento mamário, que é a compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saía do leite pelos alvéolos; a dor nos mamilos/mamilos machucados, sendo que é comum a mulher sentir dor discreta ou moderada no início da amamentação, devido à forte sucção do lactente nas mamadas; a mastite, que é um processo inflamatório de um ou mais seguimentos da mama, geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana; a candidíase ou monilíase (Candida sp), é uma infecção bastante comum no puerpério, pois a mesma pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos; o abcesso mamário, que é causado pela mastite não tratada ou com tratamento iniciado tardiamente ou ineficaz, entre outros.
2.1.6 A Participação da Enfermagem
A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos e leais (SANTOS et al., 2006; COFEN, 2007).
As ações do profissional de enfermagem ao incentivo ao aleitamento materno podem ser classificadas em três importantes fundamentos indissociáveis para a efetivação da amamentação exclusiva do lactente até o sexto mês de vida, que diz respeito à promoção, proteção e do apoio à mulher, desde o início da gestação (CASTRO; BASTOS, 2009).
Durante o pré-natal, o profissional de enfermagem, deve preparar a gestante para o aleitamento materno, para que no pós-parto o processo de adaptação, seja facilitado e tranqüilo, evitando assim, dúvidas, dificuldades e possíveis complicações (RANDOW; ARRUDA; SOUZA, 2008).
Como as atividades de prevenção e promoção para a saúde, fazem parte do papel da enfermagem, ela deve investir em atividades educativas, incentivando a manutenção do aleitamento exclusivo, intensificando as ações para garantir, que o mesmo continue após o fim da licença maternidade (ALMEIDA; FERNANDES; ARAÚJO, 2004).
É importante enfatizar as gestantes sobre a importância dos cuidados com as mamas, alimentação, higiene, a forma adequada de amamentar o lactente e da importância do aleitamento materno exclusivo, e sobre a futura alimentação do lactente, discorrendo sobre as vantagens do aleitamento materno até o sexto mês de vida e as desvantagens da introdução precoce de leites artificiais. A ação educativa e assistencial do enfermeiro, é imprescindível para que as gestantes e nutrizes, frente às intercorrências ao longo do seu ciclo vital, possam obter êxito, amamentando por um período suficiente, para proporcionar um pleno desenvolvimento físico e psíquico para o infante.
2.2 METODOLOGIA
A metodologia abrange uma variedade de métodos e técnicas, que podem ser utilizados para a pesquisa, podendo ocorrer variações no decorrer da mesma, proporcionando ao pesquisador os instrumentos necessários para uma busca direta de dados, fornecendo subsídios que contribuam a identificação de possíveis restrições e complicações que possam interferir na pesquisa (BARROS; LEHFELD, 2002; MINAYO, 1994).
2.2.1 Natureza e Tipo de Pesquisa
O presente estudo adotou uma abordagem quantitativa, exploratória e descritiva de campo através de visitas realizadas às nutrizes em suas residências, sendo aplicado um questionário, contendo 10 questões objetivas. As mesmas foram escolhidas aleatoriamente por conveniência, de acordo com o período mínimo de uma semana pós-parto, pesquisando-se 25 lactantes.
Para Wood e Haber (2001), "à medida que se lê e critica estudos quantitativos, muitas vezes fica evidente que o pesquisador concentrou-se na medição de uma ou mais características humanas".
Segundo Andrade (2003), a pesquisa exploratória "é o primeiro passo de todo trabalho científico. Através das mesmas avalia-se a possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa sobre determinado assunto".
Na pesquisa descritiva, "observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los" (CERVO; BERVIAN, 2002).
2.2.2 Delimitação do Universo
O estudo foi realizado na residência das nutrizes, que são cadastradas em um posto de saúde, que funciona como Programa de Agentes Comunitários ? PACS, do bairro Vila Brasil, na cidade de Barreiras-BA, sendo composta por aproximadamente 75 nutrizes que estejam amamentando há no mínimo uma semana e que foram encontradas na Unidade Básica de Saúde ? UBS, para algum tipo de atendimento.
2.2.3 Tipo de Amostragem
A pesquisa foi realizada com 25 nutrizes, que se encontravam amamentando no mínimo uma semana e que estavam na UBS, para algum tipo de atendimento. As mesmas foram abordadas aleatoriamente por conveniência no momento anterior ou posterior a consulta pós-parto ou por outro motivo (consulta pediátrica, vacinação, curativo, etc.). Sendo selecionadas cinco nutrizes no turno matutino e cinco no turno vespertino de acordo à demanda de consultas em dois dias de coleta, selecionando-se mais cinco aleatoriamente em outro dia.
Foram adotadas como critério de inclusão para os sujeitos da pesquisa, as lactantes em qualquer faixa etária com no mínimo uma semana pós-parto, cadastradas no posto de saúde do bairro Vila Brasil.
Como critérios de exclusão foram adotados as seguintes medidas: não ter realizado o pré-natal, não ser cadastrada no posto de saúde do bairro Vila Brasil, e as que se recusaram a participar da entrevista ou que não foram encontradas em suas residências no dia da visita.
2.2.4 Descrição do Desenvolvimento da Pesquisa
Dado que os sujeitos do estudo são seres humanos, obedeceremos ao previsto na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde do Brasil submetendo - o à análise e julgamento do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB), que é reconhecido pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), sendo apresentado por meio de seu envio e de carta de encaminhamento à presidência juntamente com Folha de Rosto padronizada pelo Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP).
Após a apreciação e a anuência desses órgãos, o projeto de pesquisa foi aprovado com o número da CAAE: 0072.0.066.000-10, e posteriormente foi iniciada a coleta de dados. Para tanto, os participantes do estudo foram esclarecidos dos objetivos da pesquisa e receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO), elaborado conforme as normas da Resolução 196/96, que versa sobre os aspectos éticos em pesquisas envolvendo seres humanos (Conselho Nacional de Saúde (CNS), 1996). Cada participante recebeu uma cópia do citado termo, após sua assinatura.
Os pesquisadores procederam aos devidos esclarecimentos aos sujeitos da pesquisa, sobre o objetivo deste estudo, verificando assim, o seu interesse em participar do mesmo. Também, foi garantido pelos profissionais, o sigilo das informações, a voluntariedade na participação e a possibilidade de interromper o preenchimento do instrumento a qualquer momento, sem penalidade alguma e sem prejuízo às suas atividades profissionais.
A coleta de dados se deu no mês de agosto de 2010, em três dias alternados de acordo a disponibilidade dos pesquisadores e das pesquisadas, sendo solicitada para a eventual coleta de dados à permissão do (a) responsável pela unidade de saúde (ANEXO). A coleta de dados foi realizada em duas fases: sendo a 1ª fase no posto de saúde, onde as nutrizes foram escolhidas e convidadas a participarem da pesquisa, com datas agendadas explicitando o tema abordado "Realização do aleitamento exclusivo por nutrizes de um bairro periférico do município de Barreiras ? BA". Após o consentimento verbal, foi agendada a entrevista no domicílio das pesquisadas, sendo selecionadas cinco nutrizes no turno matutino e cinco no turno vespertino de acordo à demanda de consultas em dois dias de coleta, selecionando-se mais cinco aleatoriamente em outro dia. Já na 2ª fase foi realizada a entrevista no domicílio das mesmas, onde os pesquisadores se apresentaram identificados com o crachá da FASB, com exposição do tema proposto e sua importância para os lactentes e lactantes e apresentação do "Termo de Consentimento Livre e Esclarecido", garantindo anonimato e sigilo no tratamento dos dados.
Foi utilizado para a fundamentação e embasamento teórico, Monografias de Graduados e Livros da biblioteca da FASB, Dissertações de Mestrado, Manuais do Ministério da Saúde, além de artigos de revistas em bases de dados do SCIELO.
A coleta de dados poderia ser suspensa, se houvesse alguma intercorrência que pudesse impossibilitar-se aos pesquisadores efetuarem a mesma, como por exemplo, greve na instituição de saúde ou recesso da mesma.
2.2.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta dos Dados
Foi utilizado um questionário, contendo 10 questões objetivas, com as seguintes variáveis: aspectos socioeconômicos, educacionais, faixa etária, tempo de amamentação. O mesmo foi sendo aplicado após as tramitações ética/legais e a aceitação da entrevista pelas nutrizes pesquisadas.
2.2.6 Procedimento para Análise de Dados
Para uma melhor explanação e compreensão dos resultados e discussões obtidos no presente estudo, optamos por dividir as 25 nutrizes pesquisadas em dois grupos: o grupo A é composto pelas nutrizes que não realizaram o desmame precoce dos lactentes, e o grupo B pelas nutrizes que realizaram o mesmo. Para análise dos dados, dentre elas as variáveis, escolaridade (anos), idade (anos), renda familiar e idade que engravidou, foram analisadas pela estatística descritiva (média e desvio padrão). As variáveis (restantes) foram analisadas pela freqüência (números e porcentagem) e expostas em tabelas e gráficos do programa Microsoft Excel, os quais nos permitiram analisar o perfil e a frequência de nutrizes que realizaram e não realizaram o AME até o sexto mês de vida dos lactentes, nos proporcionando relacionar com outras pesquisas da mesma relevância.
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até o sexto mês de vida do lactente é de suma importância, pois o mesmo fornece todos os nutrientes necessários para o lactente, ter uma vida atual e futura, saudável. Além disso, possui agentes antiinfecciosos que agem como barreira, protegendo-o contra infecções, já que o sistema imunológico do mesmo ainda está imaturo (BRASIL, 2007). O AME, não traz benefícios só para o lactente, a nutriz que amamenta exclusivamente após o nascer e posteriormente até os seis meses, aumenta os laços afetivos, tem uma redução no risco de sangramento pós-parto, pode ser um método de anticoncepção complementado com outros, diminui a incidência de câncer de mama, além de ser barato e prático (BRASIL, 2002).
A pesquisa de campo foi realizada com uma população de aproximadamente 75 nutrizes que estão cadastradas em um posto de saúde, que funciona como Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), localizado no bairro Vila Brasil, na cidade de Barreiras-BA e, dentre elas foram selecionadas aleatoriamente por conveniência 25. Conforme gráfico 1 observa-se que a prevalência do AME aconteceu em apenas 28% das nutrizes enquanto que 72% realizaram o desmame precoce antes do sexto mês. De acordo o Ministério da Saúde (2009b), em pesquisa realizada nacionalmente, a qual obteve uma prevalência de AME em menores de seis meses de 41% no conjunto das capitais brasileiras, sendo que a região Norte foi a que apresentou maior prevalência desta prática (45,9%), seguida da Centro-Oeste (45%), Sul (43,9%) e Sudeste (39,4%), com a região Nordeste apresentando a pior situação (37%).
Gráfico 1. Frequência relativa do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em meses.
FONTE: Pesquisa de Campo - 2010.
Conforme o gráfico acima se percebe que a porcentagem de lactentes amamentados exclusivamente até um mês de idade 20%, está abaixo da média nacional quando comparado a uma pesquisa realizada nas capitais brasileiras, a qual obteve uma prevalência de 47,5%, sendo que a região Sul possui os maiores índices de AME para todas as idades 58,5% (SENA; SILVA; PEREIRA, 2007). Percebe-se ainda, na comparação acima, que os dados obtidos neste estudo sobre o AME até um mês de idade está abaixo da média nacional, porém demonstra um baixo índice de desmame precoce no primeiro mês de vida do infante. Esse percentual nos faz refletir sobre o desmame em faixa etária cada vez mais precoce, sendo que o ideal seria a oferta de AME aos lactentes até os seis meses de vida.
Após a coleta de dados, as mesmas foram divididas em dois grupos: o grupo A é o das nutrizes que não realizaram o desmame precoce dos lactentes, e o grupo B, é composto pelas mães que realizaram o mesmo.
Na tabela 1, observam-se as variáveis socioeconômicas dos dois grupos, dentre elas estão, a escolaridade materna, idade, renda familiar mensal, idade que engravidou, apoio familiar durante a amamentação, estado civil e números de filhos.
No Grupo A, a média de estudo em anos foi de 12 ± 2,16; a idade em anos foi de 30 ± 3,31; a renda familiar foi de R$ 646,66 ± R$ 220,22; a idade em anos que engravidou foi de 24,5 ± 6,49; quanto ao estado civil, casadas 20%, e com união estável 8%; quanto à quantidade de filhos foram de 8% (um filho), 12% (dois filhos) e 8% (mais de três filhos). No Grupo B, a média de estudo em anos foi de 10 ± 3,31; a idade em anos foi de 24,5 ± 6,49; a renda familiar foi de R$ 646,66 ± R$ 220,22; a idade em anos que engravidou foi de 19 ± 3,31; quanto ao estado civil, casadas 24%, com união estável 36% e solteiras 12%; quanto à quantidade de filhos foram de 40% (um filho), 12% (dois filhos), 12% (três filhos) e 8% (mais três filhos).
É possível observar entre os grupos A e B que quanto menor for à escolaridade (anos de estudo) e a idade (anos), maior foi à realização do desmame precoce dos lactentes. No Brasil, mulheres com menos de 7 anos de estudo apresentam um padrão de fecundidade extremamente jovem ( grupo de 20 a 24 anos), inversamente proporcional ( grupos de 20 a 24, 25 a 29 anos) os que possuem um maior tempo de estudo (superior a 8 anos) (BRASIL, 2010).
De acordo com a pesquisa realizada, dentre as variáveis, idade materna (anos), escolaridade (anos), número de pessoas na família, renda familiar mensal per capta (reais), dentre outras, a que obteve maior relevância associada ao desmame precoce, foi à escolaridade materna (quanto menor o tempo de estudo, mas propicio o lactente estará ao desmame) (VOLPINI; MOURA, 2005). Conforme Frota e Marcopito (2004), as mães adolescentes que só estudam, apresentam uma maior proporção para o desmame até o sexto mês de vida.
Tabela 1. Média (M) e desvio-padrão (DP) ou freqüência (números e porcentagem) das variáveis socioeconômicas associadas ao desmame precoce.
_________________________________________________________________________________
Desmame precoce ___________________________________________
Variáveis socioeconômicas Sim (n=18) Não (n=7) Total
(grupo B) (grupo A)
______________ _____________ ______________
M ± DP M ± DP M ± DP
_________________________________________________________________________________
Escolaridade (anos) 10 ± 3,31 12 ± 2,16 11 ± 1,41
Idade (anos) 24,5 ± 6,49 30 ± 3,31 27,25 ± 3,88
Renda familiar (reais) 646,66 ± 220,22 646,66 ± 220,22 646,66 ± 0
Idade que engravidou (anos) 19 ± 3,31 24,5 ± 6,49 21,75 ± 3,88 _________________________________________________________________________________
Desmame precoce _______________________________________
Variáveis socioeconômicas Sim (n=18) Não (n=7) Total
____________ ____________ ____________
n % n % n % _________________________________________________________________________________
Estado civil materno
Casada 6 24 5 20 11 44
União estável 9 36 2 8 11 44
Solteira 3 12 0 0 3 12
Números de filhos
Um 10 40 2 8 12 48
Dois 3 12 3 12 6 24
Três 3 12 0 0 3 12
Mais de Três 2 8 2 8 4 16
_________________________________________________________________________________
FONTE: Pesquisa de campo - 2010.
Em uma pesquisa realizada, sobre os fatores que influenciam o desmame precoce e a extensão do aleitamento materno, o fator idade entre a faixa etária (<15 a 25 anos) obteve um maior índice de desmame (CARRASCOZA; COSTA JUNIOR; MORAES, 2005; FRANÇA et al., 2007). Nesse contexto, podemos afirmar que a idade, contribuiu para o desmame precoce, pois na maioria das vezes as adolescentes engravidam, por não ter as informações necessárias para evitar uma gravidez, tornando-as inseguras e, relacionado aos cuidados com a criança, adaptação a nova experiência em ser mãe precocemente, e muitas vezes sem a presença paterna da criança, pode interferir no AME. A ausência do pré-natal diferenciado para as adolescentes nas UBS, a falta de diálogo com as mães, as idéias e as crenças, acabam também influenciando as adolescentes a realizarem o desmame precoce.
Quanto à renda familiar, não houve diferença entre os grupos (A e B), pois a média total foi de R$ 646,66. Então podemos salientar que no presente estudo, a renda familiar não é um fator predisponente ao desmame precoce. Mas de acordo Volpini e Moura (2005), a baixa renda familiar mensal per capta é um aspecto que interfere para a prática do Aleitamento Materno Exclusivo de 0 a 6 meses.
No que diz respeito ao estado civil, as solteiras deixam de amamentar num período mais curto, que as mães casadas (BERNADI; JORDÃO; BARROS FILHO, 2009). As solteiras em sua maioria são adolescentes inexperientes, em fase escolar que não encontram apoio familiar e que não tiveram orientação no pré-natal diferenciado para elas. Quando casadas as mães sentem-se mais confiantes para realizar a prática do AME, geralmente são mulheres mais experientes e com um maior número de filhos (FROTA; MARCOPITO, 2004; FRANÇA et al., 2007).
Com relação à primiparidade e multiparidade, esta pesquisa identifica que as mães que tiveram um filho, tendem a desmamar precocemente, quanto que as multíparas geralmente amamentam por mais tempo. É importante que as mães primíparas em sua maioria adolescente recebam uma atenção diferenciada durante o pré-natal e posteriormente ao parto, pois a ansiedade e as dúvidas próprias de uma primeira gestação podem influenciar na prática de aleitamento (RAMOS; RAMOS, 2007).
Na Tabela 2, permite-se avaliar as variáveis assistenciais do Grupo A, 6 (24%) nutrizes receberam orientação sobre os benefícios do AME; 1 (4%) não recebeu orientação sobre os cuidados com as mamas e orientação sobre as formas corretas de amamentar, enquanto que todas receberam apoio familiar. Com relação ao grupo B, 11 (44%) receberam orientação sobre os benefícios do AME no pré-natal e puerpério, e 7 (28%) não foram orientadas; quanto a orientação sobre os cuidados com as mamas, 10 (40%) receberam informação e 8 (32%) não receberam, nas orientações relacionadas às formas corretas para amamentar, 9 (36%) receberam orientação e 9 (36%) não receberam, apenas 1 (4%) não recebeu apoio da família.
Tabela 2. Freqüência (números e porcentagem) das variáveis assistenciais das lactantes associadas ao desmame precoce.
_________________________________________________________________________________ Desmame precoce _____________________________________
Variáveis assistenciais Sim (n=18) Não (n=7) Total
(grupo B) (grupo A)
_____________ ______________ ______________
n % n % n % _________________________________________________________________________________
Orientação sobre:
Benefícios do AME
Sim 11 44 7 28 18 72
Não 7 28 0 0 7 28
Cuidados com as mamas
Sim 10 40 6 24 16 64
Não 8 32 1 4 9 36
Formas de amamentar
Sim 9 36 6 24 15 60
Não 9 36 1 4 10 40
_____________________
Apoio da família durante a
amamentação
Sim 17 68 7 28 24 96
Não 1 4 0 0 1 4
_________________________________________________________________________________
FONTE: Pesquisa de Campo - 2010.
Quanto às orientações recebidas durante o pré-natal, podemos perceber que a maioria das nutrizes do Grupo A, que não realizaram o desmame, relatou com maior freqüência ter sido orientada pelo profissional de saúde, quando comparado ao Grupo B, percebe-se que as nutrizes do grupo B receberam algum tipo de informação sobre o aleitamento materno, porém não amamentaram exclusivamente seus filhos até os seis meses de vida. Este é um fator preocupante para a saúde pública, pois o profissional responsável por esta educação em saúde, deveria intensificar as orientações durante o pré-natal e puerpério, sensibilizando as nutrizes a realizar o aleitamento materno exclusivo de 0 a 6 meses de vida dos lactentes, diminuindo o índice do desmame precoce e contribuindo para a redução da morbimortalidade infantil.
Carrascoza, Costa Junior e Morais (2005), afirmam que dentre as variáveis socioeconômicas relacionadas ao desmame precoce e à extensão do AME, que as informações (orientações) obtidas durante a gestação, não foi fator predisponente ao desmame precoce ou extensão do AME. No entanto, a pesquisa de campo nos revela que, as nutrizes recebem orientações durante o pré-natal sobre AME, porém não assimilam as informações com a prática do mesmo, realizando o desmame precoce antes do sexto mês de vida ao introduzir alguns alimentos nos intervalos das mamadas. Percebe-se que as nutrizes têm algumas dúvidas quanto ao AME, que muitas vezes, passa despercebida pelo profissional da enfermagem. Pois, em sua maioria entendem o AME como aleitamento no peito, e não como aleitamento materno exclusivo sem a introdução de outros alimentos.
O enfermeiro é o profissional da equipe multidisciplinar, que mantêm um maior contato com as gestantes e puérperas durante o pré-natal e puerpério, podendo atuar mais intensamente nas orientações quanto à importância e os benefícios que o AME traz para as nutrizes e lactentes até o sexto mês de vida.
É de total responsabilidade desse profissional, que essas informações sejam compreendidas por parte das gestantes no pré-natal, e puérperas durante o puerpério, sendo que a cada consulta, o profissional pode estar solicitando que as mesmas falem o que entendem sobre aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno misto, tirando-lhes as dúvidas quanto aos mesmos, dando embasamento para acreditar que as mesmas não realizarão o desmame precoce antes do sexto mês de vida do lactente.
Com relação à variável apoio familiar durante a amamentação, o presente estudo observou que, o apoio familiar é o um fator positivo para a prática da realização do AME até o sexto mês de vida dos lactentes. O fato de as mães terem uma união estável e o apoio de outras pessoas, especialmente do marido ou companheiro, parece exercer uma influência positiva na duração do aleitamento materno (FALEIROS; TREZZA; CARANDINA, 2006).
Para que haja uma queda dos índices elevados de desmame precoce no Brasil, se faz necessário uma maior divulgação dos benefícios do AME e as consequências que o desmame pode trazer para o lactente, através de campanhas em meios de comunicação, e programas específicos de aleitamento materno exclusivo, durante e após o pré-natal. É importante que a família esteja envolvida nesse processo, contribuindo para a eficácia do aleitamento materno exclusivo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após realização do presente estudo, percebe-se que as metas que propusemos nos objetivos foram alcançadas, sobretudo direcionadas a analisar a realização do Aleitamento Materno Exclusivo por nutrizes de um bairro periférico do município de Barreiras-BA. Posteriormente, a análise dos dados colhidos, sugere um baixo índice de conhecimento sobre a importância do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) de 0 a 6 meses de vida do lactente, principais cuidados com as mamas e as formas corretas para amamentar.
Sugere-se que as pesquisadas apresentam pouco conhecimento em relação ao desmame precoce, muitas realizam sem saber, pois quando questionadas sobre o desmame afirmam ser contra o mesmo, que pretendem amamentar até o filho recusar o peito delas, ao mesmo tempo em que nos revelam que ofertam outro tipo de leite e água nos intervalos das mamadas, por achar que os filhos ainda sentem fome, pois dormem pouco tempo e acordam chorando. Se fossem mais bem orientadas, saberiam que quando as crianças mamam no peito, elas tendem a fazer a digestão mais rápida, mamando mais vezes. Sendo assim, podemos afirmar que as nutrizes não praticam o AME, por não saberem diferenciar do Aleitamento Materno.
Quanto à importância do Aleitamento Materno Exclusivo, as mesmas relatam que sabem que se amamentarem os seus filhos, eles não vão ficar doentes, desconhecendo a excelência dos benefícios que o AME traz para o binômio (lactente/lactante). Para o lactente, o mesmo proporciona um crescimento saudável, pois o leite materno possui todos os nutrientes necessários (vitaminas e sais minerais). Já para a mãe, o AME proporciona uma rápida involução uterina, além de evitar hemorragias, entre outras. Os lactentes podem adquirir com o desmame precoce uma série de patologias, dentre elas, está à diarréia e as Infecções Respiratórias (IRAs). Com relação ao pré-natal as nutrizes dizem que não foram informadas sobre as conseqüências do desmame. Por esse motivo, elas não sabem relatar as doenças ocasionadas no desmame precoce.
Com relação aos cuidados com as mamas (banho de sol, higienização com o próprio leite, não usar cremes e óleos nos seios, não ficar manipulando os seios durante a gestação e o uso do sutiã adequado para o período da amamentação), muitas oferecem o peito sem nenhum preparo prévio por não terem sido orientadas durante o pré-natal e puerpério.
Demonstrar a forma correta de amamentar contribui para uma melhor interação entre mãe e filho, pois as lactantes podem escolher qual a melhor forma (sentada, deitada ou em pé) para ofertar o peito para o lactente. O importante é tornar esse momento prazeroso para ambos, ocorrendo uma troca de afeto e o reconhecimento da mãe por parte do bebê durante as mamadas, podendo ser abordado durante as consultas do pré-natal e puerpério.
Conclui-se neste trabalho, que o desmame precoce representa um problema de grande prevalência entre as nutrizes pesquisadas. Durante a pesquisa de campo, notou-se que os profissionais da área de saúde precisam intensificar as orientações no pré-natal, destacando os benefícios que o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) traz para o binômio e a diferença entre AME e Aleitamento Materno (AM), principalmente às nutrizes de menor idade, que entre as varáveis socioeconômicas apresentou um maior índice de desmame precoce, quando relatam que foram orientadas sobre a importância do AME de 0 a 6 meses de idade durante o pré-natal, puerpério e ainda assim continuam a realizar o desmame precoce. Nos deixa claro que elas, não compreenderam as orientações realizadas pelos profissionais, ou os mesmos podem estar utilizando uma linguagem técnica/científica inadequada para a população.
Ainda com relação aos profissionais de saúde, os mesmos precisam adequar uma linguagem clara para proporcionar melhor compreensão por parte das gestantes e nutrizes quanto às orientações sobre o desmame, a importância do AME, cuidado com as mamas, posição correta para amamentar e outras, dando uma melhor atenção às mesmas durante e após o pré-natal, intensificando os benefícios que o aleitamento materno exclusivo traz para o binômio, isso pode ser feito através de palestras com recursos áudio-visual, e durante as visitas puerperais, já que, são nas visitas que se observa como está sendo ofertado o aleitamento para o lactente, o ambiente familiar (calmo, agitado) as rotinas da mãe antes das mamadas, pois esses fatores podem interferir na amamentação.
Os dados obtidos durante o estudo sobre a existência e efetivação de programas de saúde educativos voltados à saúde da lactante e lactente, nos levou a entender, que existem, mas não são efetivados de maneira fidedigna, observando-se que uma pequena porcentagem das mães que realizaram o desmame precoce, não receberam todas as orientações cabíveis.
Outro fato bem relevante, explícito pelas pesquisadas, é a dificuldade na pega da mama pelo recém-nascido nas primeiras horas pós-parto, isso pode trazer stress para a nutriz por se tratar na maioria das vezes de inexperiência da mãe e do recém-nascido em abocanhar o mamilo logo após o parto, podendo se estender por um longo período até a maturidade de ambos, situação em que a mesma deve ser preparada para enfrentar ainda no pré-natal, sendo orientada quanto à maneira correta para amamentar.
Ainda com relação à educação em saúde direcionados para gestantes e mães, a mesma poderia ser inserida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dessa cidade, o qual iria contribuir para um melhor entendimento das orientações feitas durante o pré-natal, pois num espaço físico adequado, os assuntos abordados, as dúvidas que surgem durante a gestação por parte das nutrizes, podem ser discutidas com uma maior clareza, pois o fato das consultas do pré-natal e puerpério terem na maioria das vezes uma curta duração, devido à alta demanda de cliente/pacientes, torna-se difícil esclarecer todas as dúvidas que as mesmas têm, podendo assim, melhor serem esclarecidas através de encontros de grupos de gestantes e mães, incentivando a participação da família no apoio à amamentação ressaltando sempre a importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e só introduzir outros alimentos após esse período, e amamentar, até os dois anos de vida.
Sugere-se que as pesquisas sobre o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês da vida, possam ser desenvolvidas por outros pesquisadores a fim de contribuírem para um diagnóstico sobre a realização do AME em várias cidades do Brasil, que diante dos resultados das mesmas, possam proporcionar um olhar atencioso dos órgãos competentes incumbidos de favorecerem a realização do Aleitamento Materno Exclusivo, através da elaboração de políticas públicas e desenvolvimento de programas específicos para o AME, levando o Brasil a apresentar um baixo índice de desmame precoce entre os lactentes de 0 a 6 meses de vida.
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Autor: Lisiene Lopes
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