O uso da internet/Web no contexto educacional
Flaviane Anunciação Ferreira
Pós-Graduação em Tecnologia da Informação e Comunicação no Ensino Fundamental
UFJF- Universidade Federal de Juíz de Fora
Introdução
Este artigo fará uma abordagem histórica desde a década de 60 até os dias atuais abordando o papel do professor na educação, e posteriormente, a influência da tecnologia e da internet/web e como utilizá-la de forma coerente e investigativa na escola.
Desenvolvimento
Nos tempos atuais, o conceito de educação não é mais o mesmo com a influência das tecnologias no ato de aprender. O profissional da educação não pode estar preso a conceitos arcaicos de que a construção do saber somente se faz com quadro, giz, carteira, cadeira, aluno e professor, mas sim, de que a tecnologia permite o crescimento das potencialidades dos indivíduos e que através dela, podem expor e exercer suas habilidades como forma de transformação social.
A escola e o professor ainda estão "engatinhando" nesta nova forma de conceber o saber, aprendendo a lidar com situações novas, amadurecendo ideias pré-concebidas sobre o uso das tecnologias na educação, ressaltando que estas mudanças necessitam levar em conta o processo humanístico, já que não se pode deixar de lado a ética e a afetividade, que são essenciais no ato de aprender.
Antes de analisar possibilidades e limites do uso da internet/web é pertinente fazer uma retrospectiva do papel do professor ao longo da história, para sim entendermos sua posição diante da tecnologia na educação.
Historicamente, as relações estabelecidas no contexto escolar foram sofrendo mudanças a partir do momento que começou a se enxergar o processo educativo com um "novo olhar".
As interações estabelecidas em sala de aula para que ocorra aprendizagem devem levar em conta, que este espaço é constituído por indivíduos que apresentam diferentes culturas e que a escola está inserida em um contexto social em constante movimento.
O modo de conceber o processo de ensino e aprendizagem sofreu várias alterações, pois na década de 60 a aprendizagem era muito centrada no aluno e o fracasso escolar era atribuído a deficiências mentais ou falta de empenho. Na década de 70 e 80 o fracasso escolar passou a ser de ordem sociológica, em que as condições econômicas explicavam o fracasso ou o sucesso do aluno. Porém, dentro da escola, as duas concepções começaram a conviver, visto que, muitos professores achavam que os problemas dos alunos eram dificuldades de aprendizagem ou falta de estrutura econômica e familiar e as relações entre alunos e professores e os métodos de ensino não eram levados em consideração.
A partir destas concepções a escola até vinte anos atrás conviveu com um confronto de ideias sobre qual o papel de cada um no ensino, pois tudo era atribuído ao aluno e a postura do professor e seu modo de ensinar eram tidos como intocáveis, pois a aprendizagem competia exclusivamente ao aluno que deveria prestar atenção nas aulas, memorizar o conteúdo e transmiti-lo nas avaliações e assim, acreditava-se que o aluno havia aprendido.
Desde a década de 90 até os dias atuais, o que se percebe é que a sala de aula passou a ser o foco para se compreender o processo de aprender, pois começou a se levar em conta a linguagem utilizada, as interações entre professores e alunos e os métodos de ensino, sendo que cada um destes aspectos tem suas características que influem na construção do conhecimento. O que se percebe é que a linguagem deve ser adequada, as interações com propósitos definidos e os conteúdos com significação, e principalmente, diálogo constante para a troca de informações e solidificação do conhecimento para que o conhecimento aconteça.
Temos então, um novo paradigma educacional: a aproximação do mundo da informática e da educação.
Para que isto ocorra efetivamente, é necessário a implantação de políticas públicas que garantam investimento tanto de computadores para as escolas, conectados a internet, com ferramentas de uso adequadas para o bom desenvolvimento do trabalho, professores que aceitem trabalhar com esta nova etapa de transformação no qual perpassa a educação, mas observando o aluno com um olhar crítico, que evidencie suas competências e habilidades,e valorize seu poder criativo de construção.
O uso da internet/web na educação pressupõe um olhar questionador e diferenciado do professor, pois se trata de algo relativamente novo no âmbito educacional, visto que as escolas, principalmente as públicas estão iniciando a educação digital recentemente, com laboratórios de informática que estão sendo implantados aos poucos no sistema educacional.
A era digital teve um avanço enorme e se embrenhou no meio educacional de forma assustadora e relativamente fantástica. Os alunos encontram com facilidade o que desejam pesquisar, utilizam recursos diversos para produzir trabalhos sofisticados, mas...tudo tem que ser avaliado com critério!
A navegação na internet, para se realizar pesquisas em site de buscas como o Google requer discernimento, pois o aluno pode encontrar vários resultados que não são pertinentes ao assunto, respostas equivocadas, e acabar por não encontrar o que pretendia prejudicando o trabalho, por isto o professor, deve orientar a ser bem específico no que procura com palavras-chave bem claras, filtrando assim o que se deseja para o momento da pesquisa.
Com o uso da internet o aluno se torna mais colaborador e participativo, pois a interação e troca de informações facilita a aprendizagem, tornando-a mais significativa e prazerosa, mas tudo deve ser discutido e ponderado com os alunos, pois a internet pode ser uma ferramenta complementar na educação, mas se não tiver critérios de utilização bem definidos, se tornará uma inimiga que destrói o pensamento criativo e reflexivo.
Dentro deste cenário temos o aluno que facilmente sabe utilizar a internet/web e demais tecnologias, mas e o professor?
Em conversas entre professores fica fácil perceber que são poucos educadores que sabem utilizar um computador, ou que tem interesse em aprender, então como instigar no aluno o uso de novas tecnologias se o professor está parado no tempo?
É necessário conscientização, interesse, preparo, para que o professor perceba que a tecnologia se bem empregada pode ser um excelente meio educacional. O professor tem medo de não saber dominar o novo, então por isto se opõe ao que desconhece. É necessário mudança de postura para a educação seja realmente fascinante e instigante
Considerações finais
A internet é uma aliada fabulosa na educação, porém tem que saber utilizar com critérios e consciência para obter o êxito pretendido.
O professor deve ter bem claro quais são seus objetivos ao ensinar e avaliar, pois deve ser criterioso e saber orientar os alunos nos momentos de buscas e pesquisas na internet, sabendo selecionar o que realmente é pertinente ao assunto pretendido, não desviar o foco da atenção com outros assuntos, saber interpretar o que pesquisa e não utilizar a tão famosa ferramenta de "copiar e colar", sem ter uma discussão ou reflexão do que realmente é importante para os objetivos que se pretende atingir.
Embora seja um instrumento notável devido a sua grande capacidade de armazenamento de dados e a facilidade na sua manipulação não se pode esquecer que este equipamento não foi desenvolvido com fins pedagógicos, e por isso é importante que se lance sobre o mesmo um olhar crítico e se busque, face às teorias e práticas pedagógicas, o bom uso desse recurso.
Referência Bibliográfica
BRITO, Gláucia da Silva.Educação e novas tecnologias:um re-pensar.2ºed.Curitiba:Ibpex, 2008.
HILSDORF, Maria Lucia Spedo. História da Educação Brasileira.1ºed.São Paulo:Thomson Learning, 2002.
TAJRA,Sanmya Feitosa.Informática na educação:novas ferramentas pedagógicas para o professor.4ºed.São Paulo:Érica, 2004.
Autor: Flaviane Anunciação
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