Caos no rio



Tudo começou há mais de um século atrás quando, após a abolição, os negros desprezados pela sociedade não viram alternativa se não subir os morros, desde então este se tornou refugio para todos que foram excluídos socialmente.
O fato é que esta comunidade que se formara foi ignorada pelas autoridades competentes. Sem o apoio do governo, criativo como só o povo brasileiro consegue ser, o jeito foi se virar sozinho, os moradores conseguiram estabelecer serviços de luz, água, telefonia, entre outros, embora não fosse tão eficientes como os fornecidos pelo governo ao restante da população, garantem a mínima condição de moradia.
A falta de saneamento básico, o transporte inadequado, são apenas alguns de tantos problemas enfrentados diariamente pelos moradores, em uma comunidade tão carente, que tem apenas a si próprio como apoio, foi alvo fácil para a criminalidade, que logo tornar-se-ia um sistema tão organizado quanto os dos senhores feudais na idade média, um monstro que engoliria a cidade anos mais tarde, um problema que poderia ter sido evitado, se a comunidade que se formara não fosse negligenciada desde o inicio.
Enquanto este problema estava apenas dentro da ?favela?, as autoridades fechavam os olhos, os sociólogos fechavam os olhos, os antropólogos fechavam os olhos, mas quando a violência desceu o morro, quando as balas perdidas atingiram os prédios da alta classe, quando os tiroteios foram manchetes de jornais no mundo todo, o governo foi obrigado a tomar providencias, principalmente depois que as olimpíadas passaram a ser almejadas pelo país, nada poderia sujar a imagem da cidade maravilhosa.
Todos esses fatos culminaram no estado de caos que se encontra o cartão postal de nosso país.
É valido lembrar que em uma guerra, todos perdem, mas talvez a reação de violência da parte dos grupos de traficantes, seja mesmo um ato de desespero perante a derrocada de seu poder.
Depois de tantos anos de total abandono, finalmente foram tomadas medidas aparentemente eficazes, com certeza muita coisa ainda tem que ser feita, mas talvez este seja realmente o começo do fim.

Autor: Bruna Dal Seno


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