PROFESSORES DE HISTÓRIA, SUJEITOS DA HISTÓRIA





PROFESSORES DE HISTÓRIA, SUJEITOS DA HISTÓRIA.

Milvane Regina Eustáquia Gomes Vasconcelos (*)

RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade fazer discussões sobre o papel do professor em sala de aula como sujeito da História capaz de transmitir conhecimento, formador de mentalidades críticas. Não podemos mais deixar que nossa disciplina torne-se uma mera repetidora de datas e fatos que enalteçam as proezas do Estado, narrem os acontecimentos superficialmente e que não ensine ao aluno a ser um cidadão consciente de seus direitos em nossa sociedade. Ao longo de nossa formação acadêmica, nos questionamos a cerca de vários assuntos ligados a disciplina de História, trabalhamos fontes, pesquisamos em arquivos lemos autores famosos, porém é notório entre os graduandos a falta de interesse em assuntos que revelam o verdadeiro compromisso com a licenciatura. Se de fato pretendemos exercem o magistério, precisamos de "bagagem", conhecimento pedagógico. Não podemos aceitar de forma nenhuma que a disciplina de História seja vista sobre o olhar de assuntos menos importantes temos por dever quebrar esses paradigmas construídos durante o período militar com o intuito de silenciar e alienar a sociedade brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: professor de História, formador de mentalidades, rotina escolar , cidadão e sociedade.

(*) Graduanda do curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú , trabalho apresentado a disciplina de Metodologia do ensino de História II, ministrada pelo prof. Valéria Pontes.


INTRODUÇÃO

Ao longo de nossa formação acadêmica, nos questionamos a cerca de vários assuntos ligados a disciplina de História, trabalhamos fontes, pesquisamos em arquivos lemos autores famosos da História, porém é notório entre os graduandos a falta de interesse em assuntos que revelam o verdadeiro compromisso com a licenciatura. Se de fato pretendemos exercem o magistério, precisamos de "bagagem", conhecimento... não podemos aceitar de forma nenhuma que a disciplina de História seja encarada como uma mera repetidora de datas, de assuntos decorativos, temos por dever quebrar esses paradigmas construídos durante o período militar (1) com o objetivo de silenciar e alienar a sociedade brasileira.
O nosso sucesso ou fracasso profissional depende diretamente de como fazemos uso das práticas pedagógicas. E é rotina escolar que construímos e adquirimos experiências afim de moldar nossa identidade docente. Precisamos ser mediadores, recuperadores de Histórias, procurando reacender sonhos, mostrar caminhos ainda intocáveis, falar de fracassos, pois a História da humanidade não é feita somente de alegrias, temos o dever de expor lacunas, trabalhar mentalidades formar consciência, para isso , não podemos esquecer que somos sujeitos históricos, fazer história ou mata-la depende da conduta que adotamos em sala de aula, poderemos fazer da prática social o campo de atuação, devemos portanto nos aproximar mais dos alunos e suas vivencias.



1 Regime militar período de História do Brasil que compreende os governos Autoritários com pouca abertura a participação popular que compreende os anos de 1964 até 1983. Nesse período a disciplina de História foi submetida a inúmeras proibições.

Desde a década de 60 que professores historiadores tentam modificar o modelo de ensino praticado nas escolas, quebrando com características positivistas(2), na busca por romper com essa História tradicionalista(3), observe:

A questão do ensino de história ganha força com a luta pela extinção dos Estudos Sociais como disciplina que abriu diferentes espaços para o repensar deste ensino. Bem como a revisão de seus conteúdos curriculares (...) essa luta foi contra a descaracterização de História e Geografia, proveniente de um tratamento unificador, acrítico e superficial, fazendo com que professores e alunos sofressem sérios deformações em sua relação com o saber e o fazer história. ( Revista Brasileira de História, SP, V07 n 13 página 153.)

Déa Fenelon em seu discurso sobre a formação do profissional de História e a realidade do ensino, trata exatamente desses realidades ao questionar o ensino praticado nas escolas. As tendências mais recentes seguem a linha inovadora dos Annales (4) promovendo a renovação da disciplina, trazendo consigo a problematização do fato histórico.

o essencial não é sonhar, hoje, como um prestígio de ontem ou de amanhã. É saber fazer a história de que temos hoje necessidade. Ciência de domínio do passado e da consciência do tempo deve ainda definir-se como ciência de mudança, de transformação (LE GOFF, Jaccques & Nora, Pierre Fazer História, 1977, p 14)




(2) ensino positivista: forma de apresentar os fatos históricos de maneira linear, cronológico, com exaltação dos grandes feitos pelo Estado.
(3) ensino tradicional : mero repetidor de conteúdos, acrítico, dominado pela ideologia do poder publico.
(4)Annales : Escola que surge em 1929, com o objetivo de romper com os paradigmas positivistas, promovendo a renovação e analisando os fatos históricos.



1.A ESCOLA DOS ANNALES

A escola dos Annales surge em 1929 para romper com a História positivista. Ela promove a "renovação" da disciplina, trazendo consigo a problematização do fato Histórico.
O Historiador passa a ase ocupar com sujeitos comuns, homens e mulheres da vida cotidiana, dando ênfase a ação no tempo histórico, sendo uma construção, contínua que aborda o todo e não fragmentos mínimos de movimentos históricos, tudo passa a ser história.
O ato de narrar um fato é substituído por um ato problematizador, os historiadores passam a analisar documentos, fazem crítica e buscam a verdade real dos fatos. Eles não mais se prendem a história política com exaltação dos feitos de Estado, e passam por se ocupar da história das atividades humanas dentro de um contexto global.
Os Annales também contribui para o surgimento de outra metodologia abordando a perspectiva humanista introduzida pela interdisciplinaridade através das disciplinas afins como geografia, economia etc.
Outra função do historiador é a importante ampliação das fontes de pesquisa que antes eram fornecidas em principal pela igreja (dogmatizado) com isso dinamiza o ofício dos historiadores fugindo dos parâmetros tradicionais, pesquisando e buscando o entendimento dos conflitos existentes desde os primórdios da humanidade.
Através da ampliação da noção de fontes documentais, o historiador passa a fazer análises do ponto mínimo até chegar no máximo de um ponto. Com isso pode-se concluir que tudo que o homem produz, modifica ou acrescenta em uma sociedade serve de base para o trabalho de historiador, ele como sujeito produz história e como profissional faz a respectiva análise.




O PROFESSOR FAZ A HISTÓRIA
O professor de História não pode ser considerado como um instrumento do Estado em reproduzir suas ideologias, sua forma de ensinar muitas vezes é determinada pela falta de oportunidades em refletir a dinâmica social, dada a ele em sua formação acadêmica. Cabe a nós graduandos produzir conhecimento, fazer história, mostrar possibilidades discutir perspectivas e traças desafios.
Falar em formação docente e ensino de História na atual conjuntura sócio-histórico brasileiro significa refletir sobre dinâmica social e a relação direta com o processo de formação e atuação profissional do professor, pois esta dinâmica esta diretamente ligada ao processo de formação do alunado que as escolas recebem e que os professores transmitem. (Revista ESPAÇO ACADÊMICO, n77 outubro de 2007 ? ano VII issn 1519.6186)
Como a escola é uma representação oficial dos interesses do Poder Público, ela foi condicionada nesse contexto a ser mera repetidora oficial dos interesses dominantes. Durante muito tempo essa condição afetou profundamente a disciplina de História haja vista que ela não pode ser aplicada de forma crítica e formadora de consciência, passou a simples disciplina decorativa de datas da história, perdeu seu sentimento, estagnou. Ainda bem que a História nova defende o papel histórico em formar , emancipar e libetar pensamentos, e cabe ao professo executar esse papel em sala de aula em conjunto com os alunos, aproximando questões ensinadas com a realidade vivida. Segundo Fonseca é preciso pensar a disciplina como:
(...) disciplina fundamentalmente educativa formativa, emancipadora e libertadora. A História tem como papel central a formação da consciência histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades, a elucitação do vivido e a intervenção social e praxes individual e coletiva. (FONSECA, 1989, p 17)
Para que esses aspectos tornam realidade o professor de história transforma sua experiência de vida em saber ensinável, não deixando lacunas entre o compreender e o aprender do discente.
A intervenção com a realidade possibilita a construção do saber histórico, o professor apreende o produto do conhecimento e não precisa ser apenas um executor de ideias estabelecidas.
O ensino de História é a peça indispensável na compreensão dos fatos históricos, cabe ao professor articular com a realidade e as possibilidades de transformar essa disciplina em um grande mecanismo formador de consciência e gerador de oportunidades.

















BIBLIOGRAFIA
(Revista ESPAÇO ACADÊMICO, n77 outubro de 2007 ? ano VII issn 1519.6186 acesso em 12/10/2010 as 16:35 h
Revista Brasileira de História, SP, V07 n 13 página 153.
LE GOFF, Jaccques & Nora, Pierre Fazer História, 1977 ? ed. Primus
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes Ensino de História São Paulo: Cortez, 2004
Autor: Milvane Gomes


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