CATADOR DE MATERIAL RECICLÁVEL



De um modo geral os catadores de material reciclável são pessoas oriundas das classes desfavoráveis, localizados abaixo da linha da pobreza e por diversas razões, quase sempre, trazem consigo todas as mazelas sociais que inviabilizam a inserção no mercado de trabalho. Diante desta problemática, como tentativa de minimizar a situação de miséria, podem seguir um dos dois caminhos: catar e vender o material arrecadado nas lixeiras, ruas aos atravessadores; ou associar-se a cooperativas ou associações de catadores para venda coletiva do material coletado.
Paralelo a sociedade descartável, isto é, uma sociedade voltada para o consumo imediato, surgem situações que representam as duas faces de uma mesma moeda: de um lado o meio ambiente sem capacidade de produzir infinitamente matéria prima para criação de novos produtos e, também, carência de políticas públicas eficientes e eficazes para o tratamento do lixo gerado; do outro lado temos um exército industrial de reserva, fora do sistema produtivo, que encontra como única alternativa de subsistência a coleta e venda do material rejeitado pelo homem.
A congruência das faces apresentadas contribuiu para obscuridade, precarização e desvalorização do trabalho exercido pelo, vulgarmente chamado, catador de lixo. Isto porque o catador recolhe das ruas (sentido amplo) o resíduo descartado pela sociedade, vendendo para atravessadores ou empresas recicladoras, todavia, aquelas pessoas, muitas vezes, não são reconhecidos como profissionais, mas, sim, seres humanos, sem direito a terem direitos, gerando uma verdadeira indústria da miséria.
Por fim, inferimos através desta leitura que os catadores de rua podem ser compreendidos como mola propulsora para o despertar para a questão do descaso do material reciclável e, fundamentalmente, como peças chaves para romper com o silêncio de uma sociedade excludente que não quer enxergar suas mazelas e nem tão pouco buscar soluções adequadas para garantia de direitos deste segmento social, apoiando inconscientemente oportunistas que utilizam a pobreza absoluta para burlarem, por exemplo, as leis trabalhistas.

Autor: Andréa Mattos


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