As Dificuldades na leitura e escrita no processo alfabetização



As Dificuldades na leitura e escrita no processo alfabetização

Quando se trata de leitura, encontra-se desde o conceito de atribuição de sentido ao que se lê, até a aprendizagem da mesma, ou seja, a alfabetização. A leitura sem nenhuma dúvida é compreender o significado texto.
A compreensão da leitura abrange capacidades de percepção, atenção, memória, raciocínio, imaginação, motivação, interesse e muitos outros aspectos. Pesquisam comprovam que quanto melhor o entendimento da linguagem falada e do conhecimento do mundo mais facilmente a criança aprende a ler e escrever, não importando quando isso tenha início. Existem inúmeras diferenças individuais na aprendizagem da leitura, ou seja, nem toda criança aprende da mesma forma.
Ler, necessariamente significa identificar os elementos informativos de um texto e dispor das informações necessárias.
A aprendizagem da leitura envolve habilidades como; lingüísticas, perceptivas, motoras e cognitivas. Por essa razão não devemos atribuir a nenhuma delas isoladamente a responsabilidade das inadequações escolares.
A leitura não é apenas um processo pelo qual a reproduz o som de sinais ou símbolos. A leitura dá-se quando existe compreensão do que se lê, por meio da interpretação dos sinais gráficos escritos. Segundo ANA TEBEROSKY:

"...este processo inicial da leitura envolve a discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre palavra impressa e som é chamado de decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas para ler não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista também, a compreensão e análise crítica... sem a compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora, pois nada tem a dizer ao leitor...".

Sendo assim, o ato de ler não deve ser concebido apenas como uma adição de informações, mas como um processo de coordenação das informações com o objetivo de obter significado.

Para tanto, a leitura envolve quatro momentos:

1 ? Perceptivo
É aquele que determina o reconhecimento da informação e para isso a memória é fundamental.

2 ? Léxico
Está relacionado com o conhecimento a cerca da informação, ou seja, o reconhecimento das palavras já foi processado anteriormente. Abrange o reconhecimento das palavras e dos padrões ortográficos, o conhecimento da representação semântica e o reconhecimento auditivo das palavras pela representação fonológica.

3 ? Sintático
Refere-se ao conhecimento sobre a estrutura gramatical básica da língua, conhecimento este necessário para a leitura correta. Por isso o processo da leitura não pode ser classificado como simples, visto que envolve conhecimentos prévios, como a compreensão da relação das palavras dentro de uma frase, a ordem das palavras, o tipo de complexidade gramatical da oração, o uso dos sinais de pontuação, etc.

4 ? Semântico
Está voltado para a compreensão do significado da palavra.
Sendo assim, o processo da leitura é muito complexo e sua aptidão exige entre outros, os seguintes fatores:
a ? Psicodinâmicos, que incluem-se o crescimento e a maturidade da criança.
b ? Sociais, incluem-se níveis econômicos, culturais e lingüísticos dos pais, as experiências e oportunidades que a criança teve.
c ? Emocionais, incluem-se a estabilidade emocional e o autocontrole.
d ? Intelectuais, incluem-se as capacidades: mental, perceptiva e psicomotora.
É necessário frisar que o processo de leitura apresenta inúmeras dificuldades que iremos conhecer a seguir, que poderão ser observadas no reconhecimento e na compreensão do material lido e que aparece na leitura lenta, com omissões, distorções, interrupções e substituições de palavras.
Considerando as dificuldades de decodificação da leitura, podemos constatar:
Déficits perceptivos, resultantes de problemas gerais de percepção.
Déficits de processamento fonológico, ou seja, da correspondência da forma escrita de uma palavra à sua estrutura sonora.
Déficits de memória em curto prazo, quando a transformação letra-som é prejudicada pela memória.
Há ouras situações a serem analisadas nas crianças que apresentam dificuldades;
- aquelas que compreendem uma explicação oral, mas tem dificuldades para reconhecer palavras e escritas e para compreender textos (são chamadas disléxicas).
- aquelas que conseguem ler bem as palavras, mas tem dificuldade para compreender o que lêem.
- aquelas que têm dificuldade para reconhecer as palavras e compreender sua forma oral e escrita.
Segundo CAGLIARI:

"Uma incapacidade para ler não somente cria problemas para a aprendizagem escolar, como limita a maturidade social, as relações sociais e a tomada de responsabilidade. Leva à dependência em relação a outras pessoas numa intensidade que não se espera nas crianças com inteligência normal".

Sabe-se que muitos são os fatores que podem contribuir para a deficiência da leitura, porque as nossas crianças e seus pais vivem num universo onde não se lê e escreve e que são atividades cotidianas; ali a leitura é pouco significativa, uma vez que não há materiais disponíveis para isso fora da escola.
Analisemos que o termo dislexia equivale ao distúrbio específico de leitura, embora não haja comprometimentos neurológicos, a dislexia apresenta incapacidade de ler normalmente, por ocorrer uma disfunção no cérebro. Sendo uma dificuldade para aprender a ler, que pode ter origem nas causas emocionais, sócio-culturais, etc. A dislexia refere-se a inabilidades ou dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita em razão de causas que ainda não são claramente conhecidas. Por isso devemos nos atentar que podemos através de uma simples mudança de critérios podem alterar, sem que qualquer coisa precise ser mudada no mundo real. Os distúrbios específicos de leitura determinam:
O nível funcional da leitura: compreensão do texto lido.
Potencial e a capacidade da leitura: realizar tarefas de leitura correlacionando-as com o nível cognitivo.
Deficiências específicas da leitura; se está abaixo do esperado para a idade e a escolaridade.
A extensão da deficiência da leitura; comparar a idade e escolaridade com o resultado obtido pela criança em tarefas de leitura com compreensão.
Disfunção neuropsicológica; verificação do comportamento e seus resultados qualitativos.
Fatores associados; identificar fatores que causam desordem primária como; falta de motivação, nível sócio-econômico e cultural.
Estratégias de desenvolvimento de recuperação, verificando as habilidades e dificuldades através de uma avaliação.
Sendo necessário observar as habilidades e dificuldades para que as crianças apresentem na leitura adequando possíveis metodologias e estratégias de recuperação.
Um segundo fator a ser considerado são as dificuldades verificadas no processo da escrita, por ser uma atividade complexa, constituída de símbolos visuais utilizados para transmitir pensamentos, sentimentos e idéias. A escrita é uma das mais antigas "tecnologias" que a humanidade já conheceu. Quando se tornou necessário explicar o que significavam os desenhos, a leitura aconteceu.
Faz-se necessário que a criança compreenda a palavra falada e depois ela aprenda a ler para expressar-se por meio da escrita.
Sendo a escrita uma atividade mais elaborada, requer certo grau de desenvolvimento intelectual, motor e afetivo, socializados em determinados ambientes. Por isso a criança ao escrever estabelece uma relação entre o som, o significado e a palavra impressa, que é o que se escreve. E para que ela escreva corretamente é preciso que esta relação esteja automatizada, ou seja, a criança precisa saber ler para escrever. A escrita precisa ser ensinada. Embora a leitura e escrita estejam baseadas em conjuntos, mas os processos cognitivos que envolvam tais habilidades acontecem separadamente.
O processo da leitura acontece a partir dos seis anos quando a criança já terá adquirido as funções cognitivas e de linguagem necessárias para selecionar e organizar palavras. Sendo importante entender que o desenvolvimento da escrita não repete o desenvolvimento da fala, pois a motivação é muito pequena, pelo fato da criança não sentir a necessidade de escrever. Ela nem sempre tem consciência dos sons que emite e está inconsciente das operações mentais que executa.
No desenvolvimento da escrita, alguns fatores são fundamentais para que essa se aperfeiçoe, como por exemplo, o praticado exercício para melhorar os movimentos psicomotores e dessa forma obter uma melhor grafia.

FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986.
__________Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.
_________(org.) Os filhos do analfabetismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
_________Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1990.


Autor: Joseane Rodrigues Dourado


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