Marxismo e Taylorismo: Notas Para Um Debate



Invocando a história, como guia de interpretação das inúmeras fases percorridas pela a ação de pensar sobre os problemas passíveis de ocorrência numa organização, este trabalho avaliou a importância de algumas correntes de pensamento: hegelianismo, kantismo, positivismo lógico etc. Sendo que foi dada uma ênfase ao marxismo por se considerar de inicio uma relação de compatibilidade com o taylorismo, expressa numa abordagem determinista do homem, que está sujeito às leis inerentes à evolução econômica e material da existência.
Para o movimento teórico encetado por Marx para o entendimento da natureza do processo de trabalho capitalista, é fundamental destacar os aspectos intimamente vinculados entre si da desqualificação do trabalho e da alienação do homem trabalhador relativamente ao processo no qual se envolve. (BENEDITO NETO, p. 1)

Esse determinismo, que ocupou grande parte do presente trabalho, pode possui conotações diversas, dependendo do contexto específico no qual venha ser tratado, nesse caso em particular, a conotação adequada é a de determinismo econômico (Entenda-se econômico, no sentido de necessidades materiais.). Segundo esta modalidade de determinismo, o homem reduz-se a uma dimensão econômica, portanto, toda a sua essência está contida integralmente num contexto economicamente determinado, o que ele é pensa que é etc.

A questão de atribuir ao pensamento humano uma verdade objetiva não é uma questão teórica, mas prática. É na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a realidade é a força, o caráter terreno de seu pensamento. A disputa a cerca da realidade ou irrealidade do pensamento (visto isoladamente da práxis) é uma questão puramente escolástica. (MARX, IDEOLOGIA ALEMÃ, 1845, p. 120)

Ao utilizar de forma subentendida o conceito de homo economicus, Taylor já dava sinais de que tipo de abordagem empreenderia em suas pesquisas, e isso pode ser constatado nas medidas tomadas por ele na pretensão de resolver os problemas que afligiam a organização. Outra grande influencia no taylorismo foi o positivismo lógico. Um grupo de intelectuais, influenciados pelas idéias de Frege na lógica e Wittgenstein na filosofia; empreenderam uma crítica as concepções da ciência e da filosofia clássicas: o conhecimento só pode ser adquirido quando submetido a critérios experimentais de ordem quantificada, não basta refletir sobre determinado problema, o que interessa é saber se esse problema pode ser reduzido a uma questão de lógica (formal) técnica ou matemática.
As análises do fenômeno do trabalho incidem diretamente sobre visões de mundo, pois é no trabalho que o individuo adquire sua ideologia, tudo isso devido à atividade controlada e racionalizada das ações dele (o sujeito), e é nessas circunstâncias que a divisão do trabalho exerce forte influencia, através da sistematização do trabalho; esta analise do trabalho perpassa por toda a história social da Europa a partir da revolução industrial, as técnicas tayloristas foram estabelecidas no intuito de viabilizar instrumentalmente esta forma de enxergar o trabalho, além disso, serviram de critério de demarcação entre a boa e má administração.
Epistemologicamente foram esboçadas diretrizes conceituais importantes na história, que norteiam até hoje a forma de se resolver problemas de índole organizacional (Psicologia Organizacional, Sociologia das Organizações, mecanização, dentre outras), no entanto, o objetivo principal é demonstrar em que proporção estas metodologias entraram no roteiro de soluções concebidas por Taylor, e até que ponto seus princípios representavam avanços na compreensão das organizações e saber se os princípios possuem um nível de aplicabilidade plausível capaz de dar conta das diversas maneiras de como o meio organizacional pode se comportar. A supremacia do empirismo sobre as demais formas de abordagem representa a possibilidade de se estabelecer uma projeção integrada dos fatores componentes da lógica de uma organização, a saber: o ciclo de um raciocínio, que começa com as impressões obtidas pela análise "racional" e finalmente culmina na efetivação prática destas impressões. Este ciclo demarcou o campo de influência propício ao surgimento do taylorismo enquanto método.

2 Procedimentos da Pesquisa
A pesquisa consistiu no exame de algumas obras, que versam sobre questões especificas como: A Ideologia Alemã, Manuscritos Econômicos Filosóficos, ambas de Karl Marx, que tratam especificamente da dependência do homem em relação aos meios de produção. Foi utilizada também uma obra de filosofia introdutória, visando contribuir para a compreensão do contexto ideológico, no qual o marxismo surgiu. No tocante ao taylorismo foram utilizadas três obras como referências: Teoria Geral da Administração, Sociologia das Organizações e Teoria Geral da Administração de Maximiniano, Silvio Luiz de Oliveira e Fernando Claudio Prestes Motta e Isabella Gouveia de Vasconcelos, respectivamente. Na parte referente à Revolução Industrial, as obras utilizadas foram Ciência, Técnica e Capital e Século XX e teoria marxista do processo de Trabalho.
Outras obras como: La Filosofía Hoy, Introdução ao Direito, e as Regras do Método Sociológico, serviram de base sempre que se fizeram referencias aos aspectos sociais, psicológicos e humanos na pesquisa.

3 A influência de Karl Marx no pensamento moderno
Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia, então província da Prússia, em 5 de maio de 1818, época bastante conflituosa a respeito de visões mundo. Pelo fato de se pensar em termos hegelianos - dialética idealista - as reflexões concernentes ao homem, a sociedade e as organizações, estavam condicionadas a uma concepção determinista: o homem nascia racionalmente apto a tornar-se o que ele é; todas as formas de enxergar o elemento humano estavam moldadas por uma perspectiva em que imperava uma espécie de racionalidade abstrata, o mesmo não tinha poder sobre si mesmo e não podia transformar o mundo no qual estava inserido; as transformações se davam antes de tudo na esfera ideal, a materialidade do mundo estava condicionada a uma estrutura a priori que determinava o que iria ocorrer no mundo "real", é o que critica Marx quando afirma: "Os filósofos interpretaram o mundo de diferentes formas, quando o que interessava de verdade, era transformá-lo." Devido principalmente a forte influência do Kantismo no pensamento europeu, consolidou-se por mais de um século uma tradição filosófica idealista, que priorizava a busca da "verdade" estabelecida idealmente, em detrimento de uma realidade sempre passível de mudanças e transformações; após a morte de Kant em 1804 esse legado passou às mãos de Hegel, que interpretou o mundo em termos dialéticos, (mudanças, transformações, transitoriedade etc.), porém sempre ressaltando a ausência de lugar no mundo concreto para o homem, o que para Marx constituía numa visão errônea e equivocada quando diz: "o homem não é um ser abstrato acovardado fora do mundo." (MARX, MANUSCRITOS ECONÔMICOS FILOSÓFICOS, 1848, p. 45).
As expensas de um labor insano em seus diversos estudos, Karl Marx concebeu um novo método dialético, porém, desta vez o que estava em evidência era a dimensão material da realidade, ou realidade mesma (práxis); enquanto Hegel sustentava ser o homem um ser condicionado por atributos abstratos imateriais e transcendentes, Marx afirmava que o mesmo é um produto, ou conseqüência da forma como são configuradas as estruturas matérias que o homem tem o poder de transformar, mas que terminam por tornarem-se molde de seu espírito e de sua existência.
O materialismo dialético vem sobrepor-se a toda forma de reflexão que não tenha como pressuposto inicial a existência material e histórica das coisas e do homem; o homem na verdade aparece como elemento exclusivamente econômico, ou seja, tudo o que ele é e se torna, deve-se à forma como são dispostos os meios de produção de mercadorias destinadas à satisfação de suas necessidades; a moral, a religião, o espírito e, sobretudo as idéias são reflexos da realidade material na mente do homem (superestrutura). Esta forma de compreensão difundiu-se de forma avassaladora nos círculos intelectuais da Europa e principalmente nos métodos científicos de diversas áreas do saber. Em seguida este trabalho se deterá às conseqüências diretas do Marxismo, na forma como era concebido o trabalho e principalmente o homem no ambiente organizacional previsto pela administração científica, por Friedrich Taylor, seu expoente máximo. (FEDERICO SCIACCA, 1956, p. 14)

4 O Mundo do Trabalho
Antes de adentrarmos no taylorismo propriamente dito, será necessário esclarecer que o trabalho na concepção marxista, é o meio pelo qual o homem se utiliza para exercer influência no seu ambiente, para transformá-lo.

Os pressupostos com os quais começamos não são arbitrários, nem dogmas, são pressupostos reais dos quais só é possível abstrair na imaginação. Os nossos pressupostos são indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de vida. (KARL MARX, apud COTRIN, 2006, p. 182)

Entretanto, esta forma de "ação" possui um substrato lógico, determinado por um encadeamento lógico-racional, em que o homem depara-se com uma situação mais ou menos acabada e que a transforma de maneira determinada por esta lógica (dialética); o marxismo também é uma filosofia determinista, pois a maneira pela qual o homem exerce esta "ação" é determinada por categorias que não estão submetidas ao seu poder e influência. O trabalho, que é a essência da práxis, passa a ser submetido a critérios racionais e econômicos, mas acima de tudo a uma necessidade infinitamente crescente e insaciável, pois o homem involuntariamente torna-se dependente do seu meio.
Como historicamente o processo de transformação possui suas instâncias predeterminadas (tese, antítese e síntese), toda e qualquer atuação do homem no âmbito concreto deverá fatalmente respeitar esta lógica.
O homem aparece como força de trabalho e só poderá ser livre enquanto tal. Se o indivíduo perder a autonomia sobre seu trabalho perderá também a liberdade e se tornará "alienado". Essa alienação se torna mais acentuada com a racionalização do trabalho (divisão do trabalho) que no dizer de Marx "é a expressão econômica do caráter social do trabalho no interior da alienação." (MANUSCRITOS ECONÔMICOS FILOSÓFICOS, p. 160)
Neste aspecto detecta-se uma clara ruptura de Taylor com o marxismo já que a divisão do trabalho na obra deste possuiu status de princípio; segundo Silvio Luiz de Oliveira:

Com a obra de Taylor, a produção econômica recebe uma base nova. A principal inquietação de Taylor era reduzir cada arte manual ou ofício, a movimentos elementares que pudessem ser exatamente cronometrados, descritos e ensinados a qualquer pessoa. (OLIVEIRA, SOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES, 1999).

O que mostra a utilização por parte de Taylor da divisão do trabalho, conceito idealizado e fundamentado por Adam Smith. Mas o que interessa no presente trabalho são as implicações filosóficas e sociológicas inerentes às duas correntes (Marxismo e Taylorismo), pois ambas caracterizam-se por uma compreensão unidimensional do homem e será esse aspecto que será tratado com ênfase. A forma metodológica de organizar as tarefas no Taylorismo coaduna-se melhor com as correntes liberais caracterizadas pela procura da reprodução maximizada de capital, tão criticadas por Marx; para tanto era necessário conceber uma forma determinada de se realizar as tarefas, a divisão do trabalho foi um dos mecanismos encontrados para satisfazer esta necessidade, ou seja, ela representa um meio de viabilizar efetivamente a maior produtividade possível, enquanto na concepção de Marx trata-se do "estabelecimento alienado da atividade humana como uma atividade genérica real ou como atividade do homem enquanto ser genérico." (MARX, MANUSTRITOS ECONOMICOS FILOSOFICOS, 1848).
Portanto na visão de Karl Marx a divisão do trabalho consiste num mecanismo de alienação e, por conseguinte de escravização do trabalho, pois ela aumenta os lucros do capitalista, mas não os salários dos trabalhadores, este como outros conceitos marxistas, serviram de pressuposto para estabelecer sua teoria da mais valia, que pode ser definida, como um processo encontrado pelos detentores do capital para aumentar seus lucros através do aumento da produtividade por meio do aumento de carga horária (mais valia absoluta), sem que isso resulte para o trabalhador aumento de salário. No entanto este processo não ocorre de forma voluntária, muito pelo contrário, trata-se da lógica imanente do capitalismo, o operário detém apenas poucas horas de trabalho para compensar seu salário, depois todo seu trabalho é alienado, ou seja, trabalha de graça. A divisão do trabalho é o meio pelo qual o empregador se apropria da força de trabalho de seus empregados de forma sistemática ao ponto de extrair dos mesmos um nível de produtividade maior no âmbito da operacionalidade.
Todavia, tecnicamente, na medida em que se perpetra uma ideologia do trabalho, necessariamente na práxis ocorre uma conjuntura que propicia esta ideologia, ou seja, tudo que ocorre no campo ideológico e conceitual precisa antes de uma base material que a condicione e a determine de maneira a possibilitar o desdobramento técnico dessa concepção, pois,
"A forma pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende, sobretudo da natureza dos meios de vida já encontrados e que eles precisam reproduzir. Não se deve, porém, considerar tal modo de produção de um único ponto de vista, ou seja, a reprodução da existência física dos indivíduos. Trata-se muito mais de uma forma determinada de atividade dos indivíduos, de uma forma determinada de manifestar sua vida, um modo de vida determinado. Da maneira como os indivíduos manifestam sua vida, assim são eles. O que são coincide, portanto, com sua produção, tanto com o que produzem como o modo como produzem. O que os indivíduos são, por conseguinte, depende das condições materiais de sua produção. (IDEOLOGIA ALEMÃ, p. 44)

Por isso podemos concluir que a principal característica comum do marxismo com o taylorismo é a preponderância do aspecto material sobre as necessidades e a essência humanas, vistas nessas circunstancias como fatores induzidos a partir da forma como se organizam os elementos determinantes dessas necessidades. O fato de se considerar as idéias e o pensamento como fatores condicionados incide diretamente sobre a principal preocupação de Marx, que seria a tentativa de se estabelecer a total subordinação das necessidades individuais do homem aos aspectos exclusivamente existenciais, ou para sermos mais exatos, concretos; com existência incondicionada no mundo, no tempo; e isso se explica pelo fato da existência do elemento coercitivo do mecanismo da infra-estrutura, que grosso modo significa: o conjunto de fatores de ordem material que determinam a vida do homem em absolutamente todas as suas dimensões sejam elas materiais, psicológicas ou históricas. Esse determinismo histórico, longe de significar uma ruptura com o materialismo clássico, pelo contrário desdobra-o em determinismo econômico, o que de inicio influencia diretamente na concepção de homo economicus, que não está explicitamente em Taylor, mas que pode ser deduzido a partir de sua obra, quando o mesmo supõe como mecanismo de motivação o pagamento de incentivos pecuniários.
Devemos enxergar o taylorismo não como uma perspectiva mecanicista o que por hora já é tautológico, mas como uma tentativa de limitar os diversos aspectos componentes da vida real humana num só contexto, que todos estivessem subentendidos e previstos de forma a tornarem-se passíveis de manipulação. Não se pode esquecer a implicação filosófica do marxismo, principalmente depois de Marx Weber ter demonstrado a não imprescindibilidade das bases econômicas nas questões ideológicas.
Tem-se tentado inúmeras vezes, utilizando critérios pretensamente epistemológicos invalidar a eficácia do taylorismo perante a perspectiva Adlilistrativa moderna, sem lEvarem considera§ão g que de h&)cim propunha Taxlor aoi seus métldos. L q5e Interessav` papa ela, era a org`nização enquanto conj4nto `e mecanIsmos e disporitivos* Er` o estudo da qma dimensão eSpecifica da organizaçãm, o aue não ILpediu em difdrqar gcasiõer de rerem observ!dos aspectos impoPtantes que mais tarde foram enfatizados pelos humanistas do pen3amento administradivo.

5 Surgimento das condições históricas que culminaram no taylorismn
@o re adeitir a primazia das cmndições materiais nas ci2#ulstancias em 1te se faz necessábio entender deterianada idéia (representaçco que dazemos da "real)dade"), tornA-sd imppesbindÍfel colsiderar de antemãm que qualqudr análise que se faÇa a respeito dd um fe.ômeno, rempre estarà submetida a o crivo de um crité2io de avaliação específico surceptível de crítica e quertionamentos, este trabalhm partirá da analise de uma situação histórica para entender o taylopicmo, não po2qua esta seja a maneira mais pr%cisa, eas porque El` possuh um valor objetito, que nor possibilita situap as idéias num conpexto palpável e passìvel de anáhise controlada e qu`ntitativa
à moda do neo%posititismm.
Não está implícita nesse mom%nto, a )ntenåão de se %sboçar de forma ex `rofesso uma análise da pevolução industrial gu russa, qqe de lgnge escapa à competência dos autores deste tra`alho, se fará apenas uma analogia ? històrica ? entre as formac de convivência social ubbana e organizacional qud baracterizaram e propiciaram o surgimeltg da teoria da admhnistração científica.
Detemos voltar nossa atenãão para as palavras de Lênin que considerava o taylorismo como uma das "laiores realizações científhcas no campg da análise $or iovhmentor mecânicos dqranta o trabalhk, da eliminaçâo dos lovimentgs supérfluos e desajeitados e dj plandjamendk dgs métodos corretos de trabalho" (LÊNIN apud MAXILIANO, p* 63).
Esta è uma impnrtante lição de como as organizaçõ%s Lid va com o laior pRoblema da época: produtividade. Como a União SoRiética Caracterizava%se por uma ecknnmiA planificada, necessipava de mecanismos qua possibilitassem atijgir uI` produção capaz de suprir toda a populaçãm soviética, não exiStia pbaticamelte nenhum inter`âmbio comercial com outras naçõdc derido à incolpatibilidade pghítica e o acirramento dos blocos pgl­ticos antagônicos. Toda esta configuraåão deveu,se a forma cgMo as transformações ocorreram; opientadas a partir da revodução industrial, houve uma intensificação massificada das neCessida$es e anseios dos indivíduos, as neaesqidades tornaram-se mais sof!sticadas, os an3eims mahs idealhstas; o procesqo de produção diversificou-s% de tal manEira que culeinmu na necessidade de adaptar a indústri` àq necessidades reais e cotidiana3 do homem ocidental+ a diversificaãão dos procedimentos de produção oc!sionou o aumento da complexi`ade na forma de se criar os produtos, e para que esta cnmplehidade fosse hnstrumenta,izada de forma satIsfatória e afiaiente, teve que surgir formas diferd
tds de conceber o trabalho e principalmente de aomo eld $everia ser executado; o trabalho `assku a ser feito em função dessa nova perspectiva social, moldada por uma crescente ilovação no aparato técnico de produção$ cofcebido na intençã/ a priori, determinada pela configupaçáo social então existente. A primeira preocupação então er! como distribuib os mei/s de pro`ução, perseguindo objetivos preestabelecidos, esta necessIdade faz com que se acdite a clássic` crítiCa ao taylorismo como um modelo mecanicista, com pessalvas, pois os fluxos de necessidade foram antes determinadOs e não concEbidos, T ylor necessariamente teve que par4ir de qma conCepção iN abstrapo qual se*a: reiodedar os espaços a fim de ectabe,ecer um conjunto de dispositivos capaz de se adaptar a toda configuraç£g possív%l que as necessidades pudecsem trazer a tona, tudo isso no âmbitn restrito da organaz`ção. Nesse íNterim podeeos identificar a forma como o marxismo influenciou Taylnr em sua concepção oreaniracional.

Tu`o o que Marx alunciA em relação às características aspecificameNte baPitalistas do proaesso de trabalho (parcelamento de tarefas, incorporação do saber técnico no maquinismo, caráter despótico da direção) o realiza Taylor, ou mais exatamente lhe dá uma extensão, que até então não havia tido. (BENJAMIN CORIAT, 1976)

A partir da aplicação das novas técnicas de trabalho convencionou olhar para a organização como um sistema composto apenas por utensílios, e todo o labor dos engenheiros concentrava-se em esboçar formas de organização internas que possibilitasse uma produtividade sempre crescente, e foi justamente nisso que consistiu os avanços proporcionados pela a administração científica. Até então o trabalho era realizado de forma parcialmente organizado, não possuindo caracterização típica, que pudesse ser comunicada e aplicada em quaisquer situações, o trabalho de Taylor veio consolidar técnicas com alto nível de aplicabilidade, sendo possível adaptar qualquer ambiente às diretrizes previstas nestas técnicas. O que possibilita a precisão de determinado sistema, é sua susceptibilidade de se tornar pragmático sempre que se fizer necessário resolver algum problema que indique a necessidade de se utilizar os princípios norteadores desse sistema. A seguir nos deteremos aos aspectos técnicos do taylorismo, para identificarmos de qual forma elas influenciaram a forma de se ver uma organização na modernidade.

6 As Técnicas
Frederick Winslow Taylor nasceu em 1856 na Pensilvânia, veio de uma família abastada, o que não o impediu de ingressar nos trabalhos manuais de uma fábrica de bombas hidráulicas, ambiente que lhe proporcionou as primeiras reflexões a respeito da administração, que na sua visão, era muito mal executada, nessa fábrica. O que primeiro lhe chamou a atenção, foi a ausência de um método que evitasse o "corpo mole" dos operários e a péssima relação dos trabalhadores com os gerentes, e foi nesse sentido que começou a desenvolver os métodos que o tornaria famoso no mundo inteiro.
Como a prioridade era conceber uma forma de dispor os recursos nos espaços ? haja vista Taylor ser engenheiro - e depois criar um mecanismo de coação que impusesse aos operários um nível de produtividade plausível sem que eles pudessem utilizar de artimanhas que lesassem a gestão, a primeira medida tomada esse sentido foi a racionalização do tempo, visando estabelecer uma unidade de tempo básica necessária na execução de determinada tarefa, o que se tornou possível graças ao "estudo sistemático do tempo", pois assim seria possível determinar quanto tempo um trabalhador dando o melhor de si poderia executar uma tarefa, mas isso não era tudo, Taylor sabia que simplesmente cronometrando o tempo necessário para concluir uma tarefa não era suficiente para alavancar a eficiência na produtividade, porque os trabalhadores poderia simplesmente estagnar o serviço sempre que estivessem insatisfeitos ou contentes com a situação vigente, ora apressando ora diminuindo o ritmo de trabalho, tudo isso de acordo com suas vontades e necessidades; esta observação fez com que Taylor despertasse para outra importante questão: como induzir o trabalhador a dar o máximo de si, como evitar oscilações no nível de produtividade? É nesse momento em que se manifesta o caráter humanístico do taylorismo - humanístico, porque expressa uma concepção do indivíduo que vigorava em todas as instâncias de seu trabalho - pois foi nesse momento que Taylor entendeu que mesmo esboçando um método que tornasse possível adquirir uma produtividade máxima, de alguma forma perdurariam problemas que só poderiam ser sanados quando houvesse consentimento e adequação coletiva dos trabalhadores, ou seja, ao estabelecer os incentivos salariais, Taylor incorporou em sua teoria elementos de ordem diversa daquelas que diziam respeito à reengenharia do ambiente de trabalho. É claro que não estavam implícitas nessas medidas preocupações com o bem estar dos indivíduos, mas tão somente com a eficiência nas tarefas, porém isso mostra que Taylor já considerava aspectos extra mecânicos na organização e os considerava importantes no processo de formação dos mecanismos necessários à eficiência na execução dos trabalhos. Na busca de resolução dos problemas internos da organização, ao recorrer tecnicamente ao conceito de homo economicus, Taylor fez uso de um principio antigo utilizado com bastante ênfase pelos economistas clássicos (Adam Smith) e também por filósofos como Thomas Hobbes e John Locke, o conceito de homo economicus, consistiu, para a teoria de Taylor na admissão de um vasto complexo ideológico e cultural que tradicionalmente condicionava as reflexões a respeito do sujeito no âmbito econômico e social, pois partindo da visão de que o homem é um ser egoísta e ganancioso por natureza, estipularam-se conceitos predeterminados a respeito da verdadeira natureza humana que ao invés de constituir, alternativas para uma devida compreensão do indivíduo, representaram paradigmas ou dogmas do homem a respeito do homem. (MOTTA; VASCONCELOS, p. 25-27)
O principal pilar do taylorismo foi o estudo de tempos e movimentos, que consistiu num desdobramento do estudo de tempos. Tecnicamente a remodelagem do espaço físico serviu de referência a todas as formas de concepção que mais tarde se seguiram.

7 Uma Crítica Epistemológica
Toda forma de compreensão de mundo, pressupõe uma noção básica do que é o homem, de como ele é visto e de como ele se encaixa numa determinada perspectiva, pois a realidade também é constituída pela maneira específica de se refletir sobre ela, por isso antes de se fazer quaisquer apreciações a respeito do taylorismo, do marxismo ou de qualquer outro enfoque, precisa-se admitir a imprescindibilidade da existência humana.

O ideal máximo do homem é ? se tivermos que classificá-lo ? o homem pleno, o homem integral, e não o super homem. Até hoje o homem tem demonstrado em sua evolução ser um objeto de imensa plasticidade. Por isso, o maior perigo para uma antropologia filosófica é conceber uma idéia do homem excessivamente limitada, derivando-a, sem perceber, de uma única forma natural ou histórica do homem. A idéia do animal racional em sentido clássico era excessivamente limitada. O homo faber dos positivistas, o homem dionisíaco (Klages), o homem como enfermidade da vida, o super-homem, o homo sapiens de Lineu, homme machine, o homem poder de Maquiavel, o homem libido de Freud, o homem econômico de Marx, o Adão ?caído?, criatura de Deus, todas essas representações são excessivamente limitadas. Todas são por assim dizer, idéias de coisas... (MAX SHELER apud, POLETTI, 1996)

A preocupação com o humano não é muito presente não só no taylorismo, mas em quase todas as concepções vigentes da época, as razões que nortearam as pesquisas no inicio do século XX, no Direito, na filosofia, na sociologia, na psicologia e porque não na administração, não tinham como pressuposto o indivíduo, mas a intenção de estabelecer logicamente uma realidade transcendente ao sujeito, os parâmetros lógicos seriam válidos mesmo se ele ? o homem - não existisse; por exemplo, na psicologia ao invés da clássica visão individualista do eu Freudiano, do racionalismo cartesiano, vemos agora a interpretação behaviorista, em que o homem resume-se à forma de comportamento que ele expressa em grupo e não mais individualmente, esta concepção já é clara em Durkheim, quando o mesmo propõe a preponderância da consciência coletiva e da existência objetiva, em relação à compreensão individual do sujeito.

É certo que o termo coerção, pelo qual os definimos, corre o risco de assustar os zelosos partidários de um individualismo absoluto. Como professam que o indivíduo é perfeitamente autônomo, parece-lhes que se está a diminuí-lo sempre que lhe fazem sentir que não depende unicamente de si próprio. Uma vez, porém, que é hoje incontestável que a maior parte de nossas idéias e tendências não são elaboradas por nós, mas antes nos vêm do exterior, elas só podem penetrar em nós impondo-se; é isto apenas o que nossa definição significa. (DURKHEIM AS REGRAS DO METODO SOCIOLÓGICO)

ou seja, o homem só pode ser compreendido enquanto ser coletivo, toda e qualquer manifestação supostamente individual deve suas causas à convivência coletiva, e por conseguinte só pode ser compreendido na medida em que se estabeleça perspectivas que levem em consideração apenas o que aparece no binóculo da experiência empírica. Voltando para o Marxismo, podemos encontrar vasto aparato que indique a total dependência do indivíduo ? dito de outra forma ? ao que ele produz, é um circulo vicioso de normatização, a existência social do homem. "O ponto de vista do antigo materialismo é a sociedade ?civil?. O ponto de vista do novo materialismo é a sociedade humana ou a humanidade social." (A IDEOLOGIA ALEMÃ).
Ao conceber suas técnicas, Taylor e todos os pensadores de sua época, previam apenas os fatos imediatamente quantificados, os demais aspectos, podiam até ser considerados como algo possivelmente existente, mas como não eram suscetíveis de controle técnico não podiam ser considerados.
Junto com Marx, pode ser considerada como base ideológica das ciências modernas - incluindo a administração ? uma corrente de pensamento que se excetuou pelo rigor científico e pela tentativa de matematização do conhecimento. Surgido na primeira metade da década de 20 no século xx, o Circulo de Viena determinou o método de abordagem científica em praticamente todas as áreas do saber: economia, sociologia, psicologia, e principalmente filosofia. O "círculo", contou com as contribuições teóricas de muitos vultos do pensamento científico, Einstein, Wittgenstein, Carnap, Karl Popper e outros. De acordo com o positivismo lógico, corrente de pensamento característica do Circulo de Viena, a análise de um objeto deve partir sempre dos dados quantitativos da pesquisa, se uma analise não for capaz de reduzir um fenômeno a dimensões susceptíveis de experimentação, este fenômeno não constitui um problema, portanto, se não é um problema não pode ser resolvido; do mesmo modo para Friedrich Taylor a organização constituía um conjunto de peças que se funcionasse de forma devida poderia provocar nos indivíduos o tipo de comportamento adequado para a gestão, tudo estava subentendido na forma como estavam organizados os objetos, e se fosse possível encontrar a maneira perfeita de organizá-los, tudo seria condicionado de acordo com este sistema inclusive o homem.
Para esclarecer a posição do positivismo lógico diante da ciência podemos ressaltar a critica à filosofia ? entendida nesse contexto como uma atividade especulativa. ? A filosofia serve apenas para, usando a linguagem, identificar os problemas, mas nunca propor solução para eles, se o problema não pudesse ser reduzido instrumentalmente, logo era dispensado e relegado à condição de pseudo-problema, por isso que as características psicológicas do individuo não eram previstas pelo taylorismo, porque como engenheiro, Taylor não dispunha de critérios que fossem capazes de reduzir estas características à livre análise laboratorial. (WIKIPÉDIA)
Geralmente se colocam ao crivo da psicologia organizacional as questões humanas da organização, no entanto não podemos esquecer que o método psicológico também sofreu grande influencia não só do positivismo lógico, mas também do existencialismo (Heidegger, Sartre etc.) Portanto não é possível entendermos os elementos teóricos do taylorismo sem ressaltarmos a importância ideológica da perspectiva cientifica que o determinou e sem nos adentrarmos nessas teorias mesmas, para encontrar as raízes que o fundamentaram.

8 Considerações Finais
Fazer um esboço de uma forma específica encontrada para resolver os problemas organizacionais, não nos autoriza a indagarmos como esta forma deve ser objetivada. Porém dentro das diretrizes traçadas a priori pelos autores deste trabalho, torna-se possível, identificar de que maneira esta forma ? modelo taylorista de gestão ? que não se trata de um modelo de gestão propriamente dito, pois o que interessava para Taylor era o que ocorria no chão de fábrica - ainda nos dias de hoje aparece como solução de diversos problemas cotidianos das organizações. Mesmo com o aumento na ênfase nos recursos humanos, na qualidade, etc. Para que a dimensão operacional seja compreendida, necessariamente precisa-se recorrer a uma metodologia galgada pela análise da engenharia do ambiente.
Acusam Taylor de não ter levado em conta os aspectos humanos da organização, no entanto, podemos acusar os seus críticos de não considerarem os dispositivos mecânicos desta mesma organização.
Cotidianamente nos deparamos com certa ordem ao nosso redor que parece perdurar-se, não percebemos as transformações no nosso meio, a não ser de maneira sensitiva, o que não quer dizer que elas não estivessem ocorrendo antes, a nossa tendência ao experimentalismo vem desde Aristóteles e se perpetuou em todas as vertentes da "razão" moderna e contemporânea, determinar uma praticidade para o conhecimento requer um gral muito intenso de valoração, o conhecimento não pode ser teleológico, estabelecer uma finalidade para o conhecimento nos leva ao risco de nos submetermos às perspectivas de controle vigente, mesmo as formulações de alto nível de experimentação comprovou-se parciais. (IMMANUEL KANT, p. 270)
Mas isso não nos impede de tecermos algumas considerações pertinentes a respeito. Se existe uma parcela da realidade que pode ser conhecida empiricamente então uma abordagem como a de Taylor torna-se a condição sine qua non, para o devido entendimento dessa parcela; e se existe de fato uma lógica no sentido formal, então é possível adentrarmos na realidade do mundo utilizando apenas as características imanentes à nossa forma de raciocinar, os objetos se adequarão à forma de conceituação deles mesmo. Ver atualmente uma organização como objeto, passa necessariamente por um reexame de tudo aquilo que se produziu no intuito de entendê-la.
O marxismo à sua maneira é uma dentre as diversas perspectivas de se refletir sobre o mundo e o homem, a problematização feita pelo marxismo, contribuiu para que adentrássemos na existência das coisas enquanto objeto concreto, as reflexões até então consistiam num desdobramento infinito de conceitos de ordem pretensamente pura (Metafísica), a verdade estava subentendida na forma como racionalmente se pensava ela (Racionalismo dogmático), o marxismo representou a ruptura com os sistemas ideológicos defasados, que não davam de conta da realidade em suas instâncias transitória e dialética, que intentavam a manutenção de um status quo do pensar, esse papel foi desempenhado também por Taylor, pois ao esboçar métodos de organização ele também quebrou paradigmas, a forma de pensar livre era inerente apenas à psicologia e às ciências sociais, Taylor aplicou estes conceitos numa esfera de ordem diversa, mas também susceptível de objetivação que é uma empresa; no mais as conclusões tiradas desse estudo nos leva a vislumbramos a maneira pela qual o método taylorista se insere na nossa atual visão do mundo organizacional, por isso ao fazermos uma analogia com outras correntes de pensamento devemos sempre nos nortear pelos princípios comuns a todas elas, que servirá como sustentáculo das necessidades que provocam a sua aplicação. Taylor foi um típico filho do século XX.


Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Coriat. Ciência, Técnica e Capital. Madrid, H. Blume, 1976

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Autor: Lucas Honorio Silva


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